Blog do Josias
Jair Bolsonaro recebeu no Planalto, há cinco dias, três togas supremas.
Entre 10h e 10h15, conversou com Dias Toffoli e Alexandre de Moraes. Das 11h às
11h25, esteve com Gilmar Mendes. O que aconteceu entre as quatro paredes do
gabinete presidencial só os interlocutores podem dizer. Mas qualquer brasileiro
está autorizado a concluir que vai mal uma República em que a população é
incapaz de reconhecer a seriedade das autoridades e estas são incapazes de
demonstrá-la. Perguntou-se ao porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo
Barros, qual foi o teor da prosa. Ele fez segredo: "É uma decisão pessoal,
de foro íntimo do presidente, comentar ou não comentar determinadas audiências".
Os ministros do Supremo também avaliaram que não devem nada ao brasileiro que
financia seus contracheques, muito menos explicações. Perderam-se as mais
comezinhas noções de recato. Já não há nem mesmo o cuidado de maneirar.
Noutros
tempos, Bolsonaro não daria aos ministros do Supremo nem bom-dia. E vice-versa.
Hoje, mimam-se mutuamente. Toffoli é autor da liminar que desligou o Coaf da
tomada e trancou investigações contra o primogênito Flávio Bolsonaro. Gilmar é
signatário da decisão que reforçou a blindagem que livra o Zero Um de inquérito
sobre peculato e lavagem de dinheiro. Junto com Alexandre, os dois integram a
ala da Corte que deseja realizar o sonho da oligarquia que quer o fim da Lava
Jato.
As
conversas sigilosas ocorreram num instante em que o Supremo está na bica de
rever a regra sobre prisão de condenados na segunda instância. O vereador-geral
da República Carlos Bolsonaro lembrou que seu pai é a favor da tranca. Fez isso
no Twitter do presidente. Foi forçado a se desculpar. Apagou o tuíte. Além de
admitir que as redes sociais do pai trazem as suas digitais, o Zero Três como
que escancarou a mudança de prioridades do capitão.
Os
"garantistas" do Supremo, sobretudo Gilmar, utilizam as mensagens
roubadas dos celulares de procuradores da Lava Jato como matéria-prima para minar
o surto anticorrupção que acometeu o país nos últimos cinco anos e meio. [o que contém qualquer ideia de usar conteúdo roubado como prova é que aquele parágrafo - 5º - inciso - LVII - é de tal clareza que não comporta nenhuma interpretação.
Já o conceito de trânsito em julgado é bem amplo, flexível, e pode ser interpretado sem necessidade de pisotear a Carta Magna aceitando provas ilícitas.
Assim, o bom senso recomenda que mude o que é regido por legislação infraconstitucional - esta é que tem que se adaptar ao mandamento constitucional.
Inverter esta ordem de valores é tripudiar sobre a CF e, isto ocorrendo, romper com o 'estado democrático de direito', rompido este as portas estão abertas para qualquer opção.] e pode ser adaptado de forma Ganha
um kit completo com as mídias do 'Intercept' quem for capaz de recordar uma
frase de Bolsonaro em defesa do ex-juiz Sergio Moro, hoje seu ministro da
Justiça. O material que chega às manchetes em conta-gotas de fato tisna o
trabalho de Curitiba. Mas a dúvida que bóia na atmosfera é a seguinte: as
comunicações sigilosas de Bolsonaro com as togas amigas resistiriam à ação de
um hacker?
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