Sem rumo
na política, o Partido dos Trabalhadores fez sua estreia no ramo humorístico.
Divulgou na sua página eletrônica uma nota em apoio à greve dos petroleiros.
"O movimento é em defesa da Petrobras", esclareceu. "A política
de deliberada destruição da Petrobras só interessa aos concorrentes
estrangeiros da empresa e aos inimigos do desenvolvimento soberano do
Brasil", acrescentou. É como se o PT tentasse extrair graça da desgraça
que promoveu. Faz isso de forma involuntária, quase sem notar. A cúpula do
petismo não se deu conta da seguinte fatalidade: quando o cinismo se prolonga
por muito tempo, o humor ganha vida própria, escapa do controle, e se torna
negro.
Dilma
Rousseff aderiu à pantomima. "Não ao desmonte da Petrobras!", ela
anotou, ao divulgar nas redes sociais um vídeo que exibe conversa da presidente
do PT, Gleisi Hoffmann, com quatro petroleiros grevistas. "A greve é para
salvar a Petrobras da privatização", diz notícia produzida pelo PT sobre o
vídeo. Nesta terça, Gleisi deve se reunir com Lula para definir os próximos
passos da utilização política da greve que entra no 18º dia e já envolve 21 mil
trabalhadores da Petrobras. É tudo tragicamente cômico. A ruína da Petrobras,
como se sabe, tem nomes: Lula e Dilma.
Sob Lula,
inaugurou-se a pilhagem. Sob Dilma, manteve-se o assalto. Mas o petismo acha
que é uma boa ideia fazer graça. O PT sustenta em nota oficial que o
"processo de destruição da maior empresa do povo brasileiro" é
"um crime que começou no governo golpista de Michel Temer e continua com
Bolsonaro." Mantendo-se nessa linha, a legenda de Lula, um ex-presidiário
condenado um par de vezes na segunda instância por corrupção, acabará
reeditando em 2022 o antipetismo e o voto útil —aquele que vai para qualquer
candidato, desde que o PT vá para o inferno.
O programa de desestatização do ministro Paulo Guedes (Economia) não
inclui a Petrobras. Sob Bolsonaro, a estatal tenta se desfazer de ativos
secundários para manter a estrutura do negócio. O PT sabe disso. Mas reedita a
cantilena antiprivatista —uma piada velha. Na campanha presidencial de 2006,
Lula e seus operadores de marketing encurralaram o PSDB, acusando o tucanato de
ter cogitado vender a Petrobras. Tratava-se de uma mentira. Mas funcionou. Os
tucanos morderam a isca. A tentativa de requentar a anedota tem pouca chance de
prosperar. Por uma razão simples: um brasileiro desavisado poderia acreditar
que Geraldo Alckmin, o presidenciável tucano de 2006, talvez quisesse privatizar
a Petrobras. Hoje, entretanto, nem a mais ingênua das criaturas acreditaria na
piada segundo a qual o PT pode se converter de bandido em petromocinho.
Sem rumo na política, o
Partido dos Trabalhadores fez sua estreia no ramo humorístico. Divulgou
na sua página eletrônica uma nota em apoio à greve dos petroleiros. "O
movimento é em defesa da Petrobras", esclareceu. "A política de
deliberada destruição da Petrobras só interessa aos concorrentes
estrangeiros da empresa e aos inimigos do desenvolvimento soberano do
Brasil", acrescentou.
É como se o PT tentasse extrair graça da desgraça que promoveu. Faz isso
de forma involuntária, quase sem notar. A cúpula do petismo não se deu
conta da seguinte fatalidade: quando o cinismo se prolonga por muito
tempo, o humor ganha vida própria, escapa do controle, e se torna
negro.... - Veja mais em
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