Se preferirem, voa em céu de brigadeiro
Ao contrário do
que ele faz parecer, governar não está sendo uma tormenta para Jair
Bolsonaro. Se as medidas econômicas fracassarem, ele porá a culpa em
Paulo Guedes e o substituirá por outro ministro. Já tem nomes em exame. Se a política de
segurança pública não der os resultados esperados, ora, a culpa será de
Moro. Poderia haver melhor nome do que o dele para o Ministério da
Justiça? Bolsonaro acha que Moro vai bem, mas que ainda não aprendeu
direito a fazer política.
Quer tê-lo por perto
porque é melhor que “ele mije para dentro do acampamento do que para
fora”. Moro poderia ser um desafio para Bolsonaro se disputasse com ele a
próxima eleição. [Moro é o vice ideal para formar chapa com o presidente Bolsonaro em 2022.] Como vice, talvez fosse o ideal, data vênia o general
Hamilton Mourão. O Congresso tem
torpedeado parcialmente as muitas propostas que o governo lhe remete.
Bem, Bolsonaro tem honrado seus compromissos com os que o elegeram, mas o
Congresso é outro poder e goza de independência. Fazer o quê?
Lotear o governo com os
partidos para que eles aprovem no Congresso tudo o que Bolsonaro mandar?
Aí seria demais. Os bolsonaristas mais devotos não admitiriam. Dá para
distribuir cargos com menor visibilidade, e isso está acontecendo. É a Nova Política –
“voila”. Também faz parte dela o uso de dinheiro público para a execução
de obras nos Estados. Se o deputado ou senador vota como o governo
quer, é recompensado. Nada a ver com dinheiro de emendas parlamentares.
O pagamento de emendas
parlamentares é obrigatório. O governo não pode fugir disso. Mas pode
garantir mais dinheiro por fora, previsto no orçamento dos ministérios.
Cabe ao parlamentar obediente dizer ao governo onde aplicar o por fora.
A aprovação da reforma da
Previdência custou por fora uma nota ao governo. Algo como R$ 4
bilhões, segundo parlamentares bem informados. E assim será quando o
governo quiser aprovar as próximas reformas sugeridas por Guedes. Nada
sai de graça. Bolsonaro sabe e finge
não saber. Os críticos acusam o governo de não dispor de uma boa
articulação política com o Congresso. Os atuais articuladores seriam
fracos. Bolsonaro não liga para isso. O Congresso é um poder
independente, não é? E segue o baile. [este parágrafo deixa claro que o tama lá, dá cá, é imposto pelo Congresso;
que é um Poder independente. Maia e Alcolumbre sempre que criam alguma dificuldade, são movidos pelo toma lá, dá cá - prática que as vezes tem como objetivo obter o 'engrandecimento' do Legislativo, que aparece na fita como o Poder que controla o Poder Executivo. E torna o Poder Executivo e o presidente Bolsonaro reféns do Congresso Nacional.]
Os chamados formadores de
opinião azucrinam o governo por causa da sua política relativa aos
costumes. Podem azucrinar. Delas, Bolsonaro não abrirá mão. [o Brasil precisa voltar, custe o que custar, a ser uma Nação na qual os BONS COSTUMES, a FAMÍLIA, a RELIGIÃO, a MORAL voltem a predominar.] É o que lhe
assegura os votos dos evangélicos e demais denominações religiosas. Os militares estão
pacificados. Governo algum os tratou tão bem. Não só por arranjar-lhes
empregos, mas por ter-lhes assegurado uma aposentadoria privilegiada e
um aumento generoso de salários na hora em que se cobraram sacrifícios
ao resto do povo.
Se militar empregado no
governo não funciona bem, troca-se por outro. A caserna pode até fazer
cara feia, mas já se acostumou. Bolsonaro evitou a volta ao poder do PT –
e esse é um preço que os militares jamais terão como pagar. Só
agradecem.
A imagem do governo lá
fora está muito ruim principalmente por seu descaso com a política
ambiental. Os que reclamam disso lá fora não votam aqui. Os daqui que
reclamam não votam em Bolsonaro. Os daqui que se beneficiam com o
descaso votam nele.
Bolsonaro só teme
investigações que possam lhe render um pedido de impeachment (tic, tac). [Bolsonaro tem razão em ter justo receio de um pedido de impeachment. Afinal, um pedido de tal natureza depende da Câmara dos Deputados - Rodrigo Maia - do Alcolumbre - Senado Federal - e do presidente do Supremo - ?Dias Toffoli. Convenhamos que é muito peso, mesmo para quem recebeu quase 60.000.000 de votos.
Bolsonaro tem a seu favor que não cometeu crime algum. A maior parte das acusações são imprecisas, resultado de interpretações tortuosas das leis - onde está escrito que apoiar o Governo Militar que esteve no comando do Brasil de 1964 a 1985, é crime? que apoiar um brasileiro que se empenhou em combater o terrorismo, mantendo o Brasil na condição de NAÇÃO SOBERANA é crime? E as demais acusações todas são primas ou mesmo irmãs das citadas.] Por isso, enquadrou os filhos para que não ataquem a Justiça e estende o
tapete vermelho para o ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo
Tribunal Federal.
No mais, bola pra frente,
festas privadas no Palácio da Alvorada, comer pastel em feiras
populares, estar sempre presente em estádios de futebol, chamar a Record
para falar quando achar oportuno e recuar de decisões quando elas
significarem encrenca. Mandou cancelar as
assinaturas que o governo tinha do jornal Folha de S. Paulo? Isso
implicaria no risco de ser processado por improbidade administrativa?
Recuou. Brigou com a Globo? Um dos seus ministros prediletos já pediu
uma trégua à Globo.
Quanto a Lula… [Lula só não é um coitado devido os crimes que cometeu terem sido de extrema gravidade;
mas, está pior que um coitado, sendo vaiado - vide matéria abaixo.] Mesmo que
continue solto, a Justiça não revogará suas condenações, o que o
impedirá de ser candidato. Sem ele, a oposição de esquerda ficará órfã.
Há, sim, que impedir oposição à direita. Então tome pau em João Dória e
em Luciano Huck.
Em resumo: observado do ponto de vista do presidente e dos que o cercam, o mar está calmo. E o céu, azul.
Vaias para Lula
Rejeição
Enquanto o céu
parece brilhar para o presidente Jair Bolsonaro, trovões assustam
líderes do PT sempre que o ex-presidente Lula aparece em locais públicos
considerados inseguros. Os trovões são as vaias
que já o recepcionaram em vários lugares fora do controle do PT. O que
isso possa significar é uma coisa que os petistas não ousam sequer
pronunciar o nome – rejeição.
Mesmo assim, a rejeição a
Lula, medida pela pesquisa VEJA-FSB, é menor do que a de Fernando
Haddad, que disputou a eleição presidencial passada com Bolsonaro.
Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA