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segunda-feira, 23 de março de 2020

Bolsonaro cava sua própria sepultura - Blog do Noblat

Por Ricardo Noblat 

Ele de um lado, o povo do outro

O presidente Jair Bolsonaro ficará rouco de tanto repetir que ele está do lado do povo. O que acontece, segundo a mais recente pesquisa do instituto Datafolha, é que o povo não está do lado dele.

[Pontos da pesquisa Datafolha que mostram não ser um retrato fiel - não por má fé ou incompetência dos seus realizadores e sim pela situação que o Brasil atravessa - da situação.
NÚMERO DE PESQUISADOS: pouco mais de 1.500 e comparando fatores diferentes - total para todo o Brasil.
- qual o significado concreto dado por uma pesquisa que compara o desempenho do presidente da República com o desempenho do governador do Rio? 
- declara que o desempenho dos governadores no combate ao coronavírus é muito parecido = 54%. São 27 governadores, o que motiva a pergunta: comparou um com outro ou cada um de forma individual?]

A pesquisa feita por telefone em todas as capitais e no Distrito Federal mostra que 55% dos brasileiros consideram ótimo ou bom o desempenho do ministro da Saúde. O desempenho dos governadores no combate ao coronavírus é muito parecido – 54%. Quanto ao presidente que arrisca a própria viva em defesa do povo, só 35% aprovam a sua conduta. [qual conduta? em que situação? até para um bolsonarista de raiz o meu caso fica dificil não reconhecer que só na questão do corona vírus o Presidente do Brasil, adotou várias posturas.
Qual delas motivou os 35%? qual o critério? ou foi escolhido o menor percentual pró Bolsonaro?]

Quase 70% dos entrevistados reprovaram o gesto de Bolsonaro de recepcionar seus devotos na rampa do Palácio do Planalto. Foi durante a manifestação convocada contra o Congresso e a Justiça. Ali, Bolsonaro foi duplamente irresponsável. Primeiro porque participou de um ato que ele mesmo desaconselhara. Segundo porque pôs em risco a vida dos manifestantes. [como se chegou a esses 70%? uma pergunta do tipo: sendo o coronavírus extremamente contagioso, você acha que o presidente se arriscou e aos seus apoiadores?]

Ele acabara de voltar dos Estados Unidos. Trouxera na sua comitiva um auxiliar contaminado. Mais de um. Até aqui, foram 27 contaminados. E tocou em 272 pessoas. Que tal? A primeira parte da pesquisa, publicada, ontem, pela Folha de São Paulo, mostrara que Bolsonaro está na contramão dos brasileiros ao se preocupar com mais com a economia do que com vidas. 92% das pessoas concordam com a suspensão de aulas, 94% aprovam a proibição de viagens internacionais e 92% apoiam o fechamento de fronteiras. Bolsonaro era contra tudo isso.

[O importante é onde é feita a pergunta:
Este blog [Blog do Noblat]  perguntou no Twitter: 
Quem está enfrentado melhor o coronavírus?
E 44.977 leitores, numa mobilização formidável para um dia de domingo e de coronavírus, responderam assim:
Bolsonaro – 64.1%

Os governadores – 35.9% ]

Em entrevista, nesse domingo, à TV Record, nervoso, gaguejando muito, Bolsonaro afirmou que julga “exagerados” os números sobre a pandemia divulgados pelo Ministério da Saúde. Ora, ele não havia feito questão de dizer que seu time “está ganhando” por governar bem? E de lembrar que o técnico do time era ele? Suplicava por reconhecimento.
Numa hora dessas, como ele ousa pôr em dúvida o que anuncia um ministro escolhido por ele mesmo? Se o que informa Luiz Henrique Mandetta não merece fé, por que Bolsonaro não o demite? Não manda Mandetta embora porque ele não seria tão maluco a esse ponto. Mas o ministro está convencido de que será mandado embora antes do fim do ano. Não se incomodará se for.

Pesquisa IBOPE, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, quis saber quanto valeria o apoio de Bolsonaro e de outros líderes políticos a um candidato a prefeito da capital paulista. O apoio de Bolsonaro diminuiria em 41% a vontade do eleitor em votar no candidato que ele apoiasse. O apoio de Lula, em 36%. O de João Doria, em 40%. E o de Geraldo Alckmin em 34%. [A pesquisa  IBOPE mostra o inexplicável
O apoio de Bolsonaro, comparado com o dos outros 3 - faltou incluir Marcola e Fernandinho Beira-mar, já que a presença do condenado petista credencia os não inclusos a participarem = questão de isonomia - é o que mais prejudica o candidato apoiado.
Só que o atual presidente venceu com quase 60.000.000 de votos o mais bem colocado na pesquisa.] 

O apoio de Bolsonaro aumentaria em 17% a vontade do eleitor em votar no candidato dele. No caso do apoio de Lula, aumentaria em 26%. No de Doria, 9%. No de Alckmin, 10%.  Pesquisa XP-Ipesp, da última sexta-feira, conferiu que a popularidade de Bolsonaro recuou quatro pontos percentuais se comparada com a pesquisa de fevereiro último. O processo de derretimento da imagem do presidente da República está correndo mais rápido do que ele próprio imaginara. Daí o seu pânico.

Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA


sábado, 7 de dezembro de 2019

Bolsonaro navega em mar de almirante e Vaias para Lula - VEJA

Se preferirem, voa em céu de brigadeiro

Ao contrário do que ele faz parecer, governar não está sendo uma tormenta para Jair Bolsonaro. Se as medidas econômicas fracassarem, ele porá a culpa em Paulo Guedes e o substituirá por outro ministro. Já tem nomes em exame.  Se a política de segurança pública não der os resultados esperados, ora, a culpa será de Moro. Poderia haver melhor nome do que o dele para o Ministério da Justiça? Bolsonaro acha que Moro vai bem, mas que ainda não aprendeu direito a fazer política.

Quer tê-lo por perto porque é melhor que “ele mije para dentro do acampamento do que para fora”. Moro poderia ser um desafio para Bolsonaro se disputasse com ele a próxima eleição. [Moro é o vice ideal para formar chapa com o presidente Bolsonaro em 2022.] Como vice, talvez fosse o ideal, data vênia o general Hamilton Mourão. O Congresso tem torpedeado parcialmente as muitas propostas que o governo lhe remete. Bem, Bolsonaro tem honrado seus compromissos com os que o elegeram, mas o Congresso é outro poder e goza de independência. Fazer o quê?

Lotear o governo com os partidos para que eles aprovem no Congresso tudo o que Bolsonaro mandar? Aí seria demais. Os bolsonaristas mais devotos não admitiriam. Dá para distribuir cargos com menor visibilidade, e isso está acontecendo. É a Nova Política – “voila”. Também faz parte dela o uso de dinheiro público para a execução de obras nos Estados. Se o deputado ou senador vota como o governo quer, é recompensado. Nada a ver com dinheiro de emendas parlamentares.

O pagamento de emendas parlamentares é obrigatório. O governo não pode fugir disso. Mas pode garantir mais dinheiro por fora, previsto no orçamento dos ministérios. Cabe ao parlamentar obediente dizer ao governo onde aplicar o por fora.
A aprovação da reforma da Previdência custou por fora uma nota ao governo. Algo como R$ 4 bilhões, segundo parlamentares bem informados. E assim será quando o governo quiser aprovar as próximas reformas sugeridas por Guedes. Nada sai de graça.  Bolsonaro sabe e finge não saber. Os críticos acusam o governo de não dispor de uma boa articulação política com o Congresso. Os atuais articuladores seriam fracos. Bolsonaro não liga para isso. O Congresso é um poder independente, não é? E segue o baile. [este parágrafo deixa claro que o tama lá, dá cá, é imposto pelo Congresso;
que é um Poder independente. Maia e Alcolumbre sempre que criam alguma dificuldade, são movidos pelo toma lá, dá cá - prática que as vezes tem como objetivo obter o 'engrandecimento' do Legislativo, que aparece na fita como o Poder que controla o Poder Executivo. E torna o Poder  Executivo e o presidente Bolsonaro reféns do Congresso Nacional.] 

Os chamados formadores de opinião azucrinam o governo por causa da sua política relativa aos costumes. Podem azucrinar. Delas, Bolsonaro não abrirá mão. [o Brasil precisa voltar, custe o que custar, a ser uma Nação na qual os BONS COSTUMES, a FAMÍLIA, a RELIGIÃO, a MORAL voltem a predominar.] É o que lhe assegura os votos dos evangélicos e demais denominações religiosas. Os militares estão pacificados. Governo algum os tratou tão bem. Não só por arranjar-lhes empregos, mas por ter-lhes assegurado uma aposentadoria privilegiada e um aumento generoso de salários  na hora em que se cobraram sacrifícios ao resto do povo.

Se militar empregado no governo não funciona bem, troca-se por outro. A caserna pode até fazer cara feia, mas já se acostumou. Bolsonaro evitou a volta ao poder do PT – e esse é um preço que os militares jamais terão como pagar. Só agradecem.
A imagem do governo lá fora está muito ruim principalmente por seu descaso com a política ambiental. Os que reclamam disso lá fora não votam aqui. Os daqui que reclamam não votam em Bolsonaro. Os daqui que se beneficiam com o descaso votam nele.

Bolsonaro só teme investigações que possam lhe render um pedido de impeachment (tic, tac). [Bolsonaro tem razão em ter justo receio de um pedido de impeachment. Afinal, um pedido de tal natureza depende da Câmara dos Deputados - Rodrigo Maia - do Alcolumbre - Senado Federal - e do presidente do Supremo - ?Dias Toffoli. Convenhamos que é muito peso, mesmo para quem recebeu quase 60.000.000 de votos.
Bolsonaro tem a seu favor que não cometeu crime algum. A maior parte das acusações são imprecisas, resultado de interpretações tortuosas das leis - onde está escrito que apoiar o Governo Militar que esteve no comando do Brasil de 1964 a 1985, é crime? que apoiar um brasileiro que se empenhou em combater o terrorismo, mantendo o Brasil na condição de NAÇÃO SOBERANA é crime? E as demais acusações todas são primas ou mesmo irmãs das citadas.]    Por isso, enquadrou os filhos para que não ataquem a Justiça e estende o tapete vermelho para o ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal.

No mais, bola pra frente, festas privadas no Palácio da Alvorada, comer pastel em feiras populares, estar sempre presente em estádios de futebol, chamar a Record para falar quando achar oportuno e recuar de decisões quando elas significarem encrenca. Mandou cancelar as assinaturas que o governo tinha do jornal Folha de S. Paulo? Isso implicaria no risco de ser processado por improbidade administrativa? Recuou. Brigou com a Globo? Um dos seus ministros prediletos já pediu uma trégua à Globo.
Quanto a Lula… [Lula só não é um coitado devido os crimes que cometeu terem sido de extrema gravidade;
mas, está pior que um coitado, sendo vaiado - vide matéria abaixo.] Mesmo que continue solto, a Justiça não revogará suas condenações, o que o impedirá de ser candidato. Sem ele, a oposição de esquerda ficará órfã. Há, sim, que impedir oposição à direita. Então tome pau em João Dória e em Luciano Huck.
Em resumo: observado do ponto de vista do presidente e dos que o cercam, o mar está calmo. E o céu, azul.

Vaias para Lula

Rejeição

Enquanto o céu parece brilhar para o presidente Jair Bolsonaro, trovões assustam líderes do PT sempre que o ex-presidente Lula aparece em locais públicos considerados inseguros.  Os trovões são as vaias que já o recepcionaram em vários lugares fora do controle do PT. O que isso possa significar é uma coisa que os petistas não ousam sequer pronunciar o nome – rejeição.

Mesmo assim, a rejeição a Lula, medida pela pesquisa VEJA-FSB, é menor do que a de Fernando Haddad, que disputou a eleição presidencial passada com Bolsonaro.

Blog do Noblat - Ricardo Noblat, jornalista - VEJA


segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Bolsonaro fez do desfile seu parque de diversões - UOL

Blog do Josias - UOL

Com a popularidade em declínio e sob ataque dos próprios aliados nas redes sociais, Jair Bolsonaro foi ao desfile de 7 de Setembro como quem vai a um parque de diversões. Os guarda-costas tiveram de molhar o paletó. Com a felicidade a pino, o capitão deu de ombros para as normas de segurança. Queria ver e, sobretudo, ser visto. No ápice da ostentação, Bolsonaro se autoconverteu na atração principal da parada militar. Deslizou do palanque de autoridades para o asfalto. Interrompeu a evolução de tanques e soldados para desfilar sua alegria. Faixa presidencial no peito, saboreou algo como dois minutos de arquibancadas. Filtrada pelos órgãos de segurança, a plateia gritou "mito".

[as fotos e o vídeo parcial mostrados no próprio post ora transcrito ou na íntegra do vídeo tornaram complicado aos adversários do presidente Bolsonaro e, por extensão, do Brasil, fundamentar a queda da popularidade do presidente e dificuldades no relacionamento com Moro.

Nas mídias linkadas se constata que  um presidente com a popularidade em queda nao receberia tantas demonstrações de apoio, amizade, afeto e respeito em plena Capital da República e que se o ministro Sérgio Moro estivesse insatisfeito no governo Bolsonaro não aceitaria jamais adotar a postura mostrada nas fotos e vídeos.]

Alguns ministros acompanharam Bolsonaro no ataque ao asfalto. Entre eles Sergio Moro, cujo prestígio, segundo o Datafolha, é 25 pontos maior do que o do chefe. Súbito, o público gritou "Moro, Moro…" E as cotoveladas que o ex-juiz da Lava Jato recebe do capitão nos bastidores foram substituídas por abraços. As mãos de Bolsonaro atraíram Moro rapidamente para o seu lado. Foi como se Bolsonaro quisesse enviar um pedido de perdão à tropa das redes sociais, em guerra contra a indicação de Augusto Aras para o posto de procurador-geral da República. Escolhido à revelia de Moro, Aras é visto pela força-tarefa de Curitiba como adversário. O nome foi mal recebido na bolha bolsonarista da internet. O capitão passou a ser chamado de "traidor" no seu habitat natural.

Outras três cenas marcaram o desfile. Na chegada em carro aberto, acompanhado por Carlos Bolsonaro, seu filho 02, o presidente mandou parar o Rolls-Royce presidencial para chamar uma criança. Dividiu os instantes inaugurais de sua manhã no parque com Ivo César Gonzalez, de nove anos. No palanque, Bolsonaro expôs uma segunda imagem em alto relevo. Exibiu-se ao lado do apresentador Silvio Santos e do autoproclamado "bispo" [as aspas foram inseridas pelo Blog Prontidão Total.] Edir Macedo, donos do SBT e da TV Record. Enquanto esteve em cena, a dupla ganhou mais destaque do que o vice-presidente Hamilton Mourão. Até a primeira-dama Michelle e a caçula Laura Bolsonaro, 8, foram enviadas para a retaguarda.

Nem o SBT nem a Record transmitiram o desfile em seus canais abertos. Apenas a TV estatal transmitiu ao vivo. Suprema ironia: entre as emissoras privadas, ironicamente, só a TV Globo, considerada por Bolsonaro como "inimiga", injetou flashs  do divertimento do presidente em sua programação matinal. [atualizando: a TV Record durante o desfile, transmitiu em sua programação normal flashs  do desfile.] Terminado o desfile, Bolsonaro não cabia em si. Tampouco cabia dentro do automóvel fechado que o cerimonial estacionou defronte do palanque para conduzi-lo de volta ao Alvorada. Para desespero dos seguranças, o capitão dependurou-se do lado de fora do carro, com a porta aberta. Produziu-se, então, a derradeira cena marcante. Com uma mão, Bolsonaro agarrava-se ao automóvel. Com a outra, acenava para a plateia. Foi com o se o presidente desejasse esticar a atmosfera de parque de diversões. Degustou cada segundo. Até o último centímetro de arquibancada.

Blog Josias de Souza - UOL - Leia MATÉRIA COMPLETA


 
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