Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
"Ensina-me, Senhor, a ser ninguém./ Que minha pequenez nem seja minha". João Filho.
Faustão Assim que saiu a notícia de que Faustão tinha conseguido um coração, começaram as especulações quanto à rapidez do processo. Ô loko, meu!| Foto: Reprodução / Band
Fausto Silva, o Faustão de todas as tardes de domingo, foi submetido a um transplante de coração na tarde de hoje (27). Por sinal, um domingo. Isso apenas uma semana depois de o estado de saúde dele virar motivo de preocupação nacional. Sabe-se lá o que (especula-se que tenha sido a vacina contra a Covid-19) causou uma insuficiência cardíaca grave (se bem que toda insuficiência cardíaca é grave, né, Paulo!) no simpático ex-gordo.
Assim que saiu a notícia – feliz! – de que Faustão tinha conseguido um coração, começaram também as especulações – infelizes! – quanto à rapidez do processo.
“Meu tio/primo/avô/sobrinho/cachorro/papagaio está há dois/cinco/dez/cinquenta anos esperando um coração. Aí vai um rico e consegue em uma semana. É muita injustiça”, indignou-se mais de uma pessoa pelo Twitter – que durante algum tempo ainda me recusarei a chamar de X.
“Quantos Rolex custou esse coração aí?”, perguntou outro, insinuando que o apresentador furou a fila na base do pixuleco. Faustão que, você há de saber, é fã de relógios.
A desconfiança é tanta que até a instituição queridinha daquela esquerda que acredita que o Estado é capaz de prover tudo, o SUS, ganhou cifrões e virou $U$. Tudo porque Faustão foi salvo por um transplante rápido.
Exceção à regra Não é mistério para ninguém que o SUS não mora no lado esquerdo do meu peito, mas nessa coisa de transplante (e até como exceção que confirma a regra) a fila única funciona. E é justa – tanto quanto é possível dizer que pode ser justo decidir quem tem prioridade de acordo com certos critérios. Lembrando que a fila única serve tanto para os hospitais públicos quanto privados.
O que explica, então, que Faustão tenha recebido um coração tão rápido assim? Primeiro, o estado de saúde dele. Faustão era o número 2 da fila. Depois há o fator compatibilidade.
E, novamente, Faustão foi “agraciado” com um tipo sanguíneo mais raro, B. Mas eu, você e até a torcida do Flamengo sabemos que vivemos num tempo em que nada é tão simples assim. Ou melhor, nada pode ser tão simples assim.
Vivemos tempos cheios de ressentimento contra as pessoas bem-sucedidas. Tempos em que se acredita que o dinheiro compra absolutamente tudo, de coração para transplante a eleição presidencial. Pior! Vivemos tempos em que a corrupção está entranhada em nós. Ah, quer saber? Não vou perder a oportunidade do trocadilho tosco: vivemos tempos em que a corrupção está entranhada em nosso... coração.
Ô loko, meu!
O que é perigoso, muito perigoso, perigosíssimo. E aqui vou abandonar a primeira pessoa do plural porque quero ficar fora dessa. As pessoas (vocês!) não conseguem confiar minimamente no próximo. Não conseguem pressupor um mundo em que as relações não sejam regidas por negociatas e conchavos de todos os tipos.
Não conseguem nem mesmo se compadecer da dor alheia, quanto mais ficar felizes quando a medicina consegue salvar a vida de um ícone da cultura popular.
A corrupção, repito, está entranhada em nós. A ideia de corrupção. Esse medo cotidiano de estarmos sendo enganados. O. Tempo. Todo. De estarmos sendo feitos de otários por malandros. Malandros ricos. E se voltei a me incluir na multidão é porque reconheço: também eu não estou imune a essa paranoia que há muito abandonou a política para fazer parte de todos os aspectos da nossa vida.
Mas aí o psicanalista que habita em mim se vê obrigado a perguntar:será que as pessoas não reagem assim (percebeu?) porque projetam suas “espertezas” nos outros?
Usando o caso do Faustão, será que no lugar dele você correria para oferecer um pixuleco ao primeiro médico que encontrasse, só para poder furar a fila de transplantes?
E indo mais além: será que você não procura corrupção em tudo porque já está com o coração corrompido pela velha e má Lei de Gérson?
Por conta de tudo o que se passou, o apoio popular de que ainda desfruta o ex-presidente hoje divide espaço com o desencanto
Foto: Montagem Revista Oeste/Wikimedia Commons
“Não me agrada a rigidez nas espadas longas e nas mãos. Rigidez significa uma mão morta. Flexibilidade significa uma mão viva” — ensina o célebre samurai Miyamoto Musashi, em seu O Livro dos Cinco Anéis, clássico manual de estratégia.
Tendo vivido no Japão da virada do século 16 para o 17, consta que esse Ronin, guerreiro solitário e autodidata, jamais perdeu um combate, sagrando-se invariavelmente vitorioso contra mais de 60 oponentes. Dominando tanto a arte do manuseio da katakana (espada longa) quanto da wakizashi (espada curta ou “companheira”), Musashi sabia bem quão fatal podia ser a rigidez de movimentos em combate.
Mas, se na guerra a rigidez é trágica, na vida cotidiana, ao contrário, ela é cômica. É o que Henri Bergson sugere em O Riso: Ensaio Sobre o Significado do Cômico. Como explica o filósofo francês, uma das causas do cômico é a presença de certa rigidez mecânica ali onde seriam esperadas a maleabilidade atenta e a flexibilidade viva. Alguém que, a correr pela rua, tropeça e cai, provoca riso nos transeuntes, porque, por falta de agilidade, por desvio ou teimosia do corpo, continuou realizando o mesmo movimento, quando as circunstâncias exigiam algo distinto. O mesmo se dá em relação ao sujeito demasiado metódico, que se empenhasse em suas pequenas ocupações cotidianas com uma regularidade matemática. Caso algum gozador embaralhasse seus objetos pessoais, o contraste entre o comportamento habitual e a nova situação gerada pela broma provocaria riso: o pobre mete a pena no tinteiro e sai cola; acredita sentar numa cadeira sólida e se estatela no chão; tenta calçar os sapatos, mas os pés estão trocados.
A razão da comicidade é a mesma nos dois casos, e consiste na incapacidade de se adaptar, em tempo, a um obstáculo imprevisto ou a uma alteração nas circunstâncias. Trata-se, noutro plano, da comicidade que caracteriza o Dom Quixote de Cervantes, pois o nobre fidalgo, como que congelado na história, continuava a se portar como no tempo mítico dos cavaleiros andantes, sem atinar para a mudança de era e para a realidade em que viviam os seus contemporâneos. E, com efeito, a rigidez quixotesca é responsável por algumas das páginas mais cômicas — e, simultaneamente, um tanto quanto melancólicas — da literatura universal.
Na política — que, sob certo aspecto, está a meio caminho entre a comédia e a guerra —, a rigidez tende a resultar num misto de tragédia e comédia, ou, se preferirem, numa tragicomédia. No universo político brasileiro, ainda mais. A possibilidade de um destino tragicômico, por exemplo, talvez seja o maior risco representado pelo retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro ao Brasil, a principal notícia política desta quinta-feira, 29. Risco, por óbvio, da perspectiva de seus eleitores, apoiadores e simpatizantes.
No seio da direita brasileira contemporânea, muitos parecem ter concluído que, se Bolsonaro foi um bom administrador do país, também foi, por outro lado, um mau combatente
Tudo dependerá, a meu ver, da postura de Bolsonaro em relação às novas circunstâncias. Dependerá, em último caso, da alternativa entre uma eventual rigidez — que aniquila o político ou faz dele um objeto cômico (o que, em termos de estima pública, vem a dar no mesmo) — e uma esperada flexibilidade, que lhe garante sobrevida e o imuniza contra o riso (de deboche) alheio. Que Bolsonaro é esse que retorna dos EUA?
Um político ágil e flexível à la Miyamoto Musashi, ou um rígido tragicômico como Dom Quixote e as vítimas do samurai?
Confesso ser essa a minha maior curiosidade no momento.
O risco da rigidez apresenta-se considerável, sobretudo porque algumas das condições sociopolíticas anteriores se mantiveram parcialmente, o que pode servir para obliterar a percepção das mudanças.
A persistência do fascínio popular exercido por Bolsonaro já havia ficado clara, por exemplo, durante sua estadia nos EUA.
Por onde quer que passasse, ele não cansava de receber efusivas manifestações de apoio, provenientes não apenas de brasileiros, mas também de representantes da direita norte-americana.
No início do mês, o ex-presidente brasileiro talvez tenha sido a principal estrela do CPAC 2023 (Conferência de Ação Política Conservadora), chegando a ofuscar Donald Trump. Um feito e tanto.
Já no Brasil, parecem se repetir as cenas familiares, que mostram um Jair Bolsonaro sendo recepcionado por multidões de apoiadores, ainda fortemente mobilizados pelo carisma político do ex-presidente, quase como se o tempo não tivesse passado.
No Aeroporto de Brasília, em suas vias de acesso e na frente da sede do PL, ressoam insistente o tradicional coro de “mito, mito” bem como a declamação ritmada do lema da última campanha: “Deus, pátria, família e liberdade”.E o que não faltam são políticos e parlamentares bolsonaristas oferecendo lealdade e disposição para a briga.
Portanto, não parece haver dúvida de que Bolsonaro conserva um considerável capital político.
Caso consiga resistir à pesada artilharia do conluio institucional antibolsonarista, o ex-presidente pode surpreender e ter uma sobrevida política, sobretudo na ausência de novos quadros no arco do anticomunismo.
Mas, obviamente, toda essa aparência de continuidade pode induzir à rigidez de comportamento, sugerindo a ideia de que, para enfrentar as batalhas políticas vindouras, se devem manter as mesmas estratégicas, táticas, armas e ferramentas do período anterior. E aí, justamente, residiria o maior erro do “novo” bolsonarismo.
Pois a verdade é que, entre as gigantescas manifestações populares da celebração da Independência e o momento atual, intercorreu o fatídico 8 de janeiro, com todos os seus conhecidos desdobramentos.
Não, não navegamos mais nos ventos favoráveis de 2018.
E já não nos movemos no contexto favorável de ascensão entusiasmada da assim chamada direita brasileira.
Não estamos mais no bojo da esperança restauradora de 7 de setembro de 2021, logo frustrada por um acordo manco, costurado desde cima. Nem, tampouco, no frenesi aguerrido de 7 de setembro de 2022, que muitos na direita viram como a batalha decisiva pela sobrevivência de um projeto de país soberano.
Vivemos, em vez disso, o período pós-derrota. Para a direita, uma derrota que não foi apenas eleitoral, mas sobretudo política e cultural. O contexto atual é o de um novo regime, controlado com mãos de ferro por socialistas, que, depois de décadas de aparelhamento estatal (e, em especial, do Judiciário), se mostram dispostos a lançar mão de toda a expertise em reprimir politicamente a oposição.
Já em seus primeiros dias, esse regime tratou de comandar milhares de prisões políticas, que tiveram como alvos aqueles apoiadores que, em vão, depositaram esperanças exageradas em Bolsonaro e nas Forças Armadas.
No seio da direita brasileira contemporânea, muitos parecem ter concluído que, se Bolsonaro foi um bom administrador do país, também foi, por outro lado, um mau combatente, tendo fracassado na desmontagem das estruturas de poder do inimigo. Sem entrar no mérito da justeza ou não dessa conclusão, resta evidente que, se as estratégias outrora adotadas — que revelaram uma desproporção entre os furiosos rosnados na direção do inimigo e as débeis mordidas que se lhes seguiam — já eram inadequadas à época, hoje o são, a fortiori, ainda mais. Para a direita, o momento é de flexibilidade, adaptabilidade e reformulação nos métodos.
É, sobretudo, um momento de autocrítica. No passado recente, a direita entregou-se muito rápido a um estado de triunfalismo ingênuo, cuja imagem simbólica talvez seja a de Bolsonaro chutando para longe um boneco do Pixuleco, uma cena catártica, que sugeria o fim definitivo da ameaça comunopetista ao Brasil. Hoje, que essa ameaça se concretizou de maneira avassaladora, a direita saltou diretamente do triunfalismo para um estado de desencanto paralisante. Em sendo urgente livrar-se desse último, já não se pode fazê-lo, contudo, retomando o primeiro. Afinal, a presente situação é a de uma guerra travada no terreno inimigo e em franca desvantagem bélica. E, num tal contexto, afigura-se como tragicômica toda e qualquer bravataria, mesmo aquela que, num passado recente, talvez fosse dotada de algum sex appeal.
A hora é de discrição, não de espalhafato.
É de aproximações sucessivas, não de pé na porta.
É do silencioso Miyamoto Musashi, não de anacrônicos cavaleiros andantes munidos de memes e “tic tacs”, e menos ainda do Cavaleiro Negro do Monty Phyton, aquele que, reduzido pela espada do inimigo a pouco mais que um cotoco humano, continuava bravateando a sua iminente vitória…
A atual versão do petista promete superar a versão antiga na arte de se repetir
Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
— Viu que o Lula prometeu um novo espetáculo do crescimento?
— Ah, é? Como vai ser?
— Vai ser espetacular.
— Imagino. Geralmente espetáculo é espetacular. Mas qual é o plano?
— Desenvolvimentista.
— É, soa bem.
— Muito mais que soar bem. Dá certo. Faz o país crescer.
— Isso é bom. Só não estou lembrando bem como foi o primeiro espetáculo do crescimento.
— Que primeiro?
— Ué, esse não é o novo? Achei que então tivesse havido outro antes.
— Antes, quando?
— Quando o Lula governou o Brasil.
— Ih, nem me lembrava disso.
— Não faz tanto tempo assim.
— É que esse Lula de agora é outro Lula.
— Como assim? Então onde está o anterior? Preso?
— O Lula do passado ficou no passado. O de agora é muito mais preparado.
— Preparado pra quê?
— Pra fazer o espetáculo do crescimento.
— O outro espetáculo do crescimento não deu certo?
— Não é que não tenha dado certo. Aquele Lula ainda não conhecia direito a maldade do capitalismo e a gula dos poderosos.
— Você está dizendo que o antigo Lula foi vítima do sistema?
— Totalmente. Não o deixaram trabalhar. Nem a Dilma. Preconceito contra o trabalhador e a mulher.
— E qual foi o resultado desse boicote?
— Uma recessão.
— O espetáculo do crescimento virou encolhimento?
— Uma recessão sem precedentes causada pela discriminação.
— E os bilhões de reais devolvidos aos cofres públicos pela Operação Lava Jato? Aquilo foi causado também por discriminação?
— Tudo armação. O sistema poderia gastar até muito mais que isso pra incriminar o Lula.
— Impressionante. E você acha que o novo Lula não vai ser vítima do sistema?
— Acho.
— Por quê?
— Tarimba.
— Certo. E qual é o plano para o novo espetáculo do crescimento?
— É simples e genial: usar dinheiro dos bancos públicos e das estatais para impulsionar empresas privadas de forma controlada pelo governo.
— Não foi assim que fizeram o Mensalão e o Petrolão?
— Não entendi.
— Me corrija se eu estiver errado: o Petrolão e o Mensalão não foram triangulações entre empresas públicas, empresas privadas e políticos que estavam no governo?
— Como assim, triangulações?
— Tipo um Triângulo das Bermudas, onde o dinheiro público sumia e virava pixuleco.
— O antigo Lula era muito ingênuo. Com o novo Lula isso jamais voltará a acontecer.
— Você está dizendo que o antigo Lula foi ludibriado pelas más companhias?
— Totalmente. Você não reparou a quantidade de picaretas que sempre tinha em volta dele?
— De fato eram muitos.
— Pois é. Tudo plantado pelos poderosos.
— E ele não notou nada em mais de 13 anos do PT no poder?
— Aí é que eu te falo: o antigo Lula era muito inocente. Achava que o dinheiro desviado era pra chegar mais rápido ao povo.
— É. Desvio de dinheiro pro povo é muito exótico mesmo.
— Entendeu a armação? O sistema plantou uma ladroagem desenfreada em torno do antigo Lula para acusá-lo de corrupção. O novo Lula jamais deixaria isso acontecer.
— Não curtiria sítio com benfeitorias de empreiteira amiga?
— Nem por todo o dinheiro do mundo.
— O novo Lula não gosta de dinheiro?
— Gosta, mas não precisa.
— Por quê?
— Não sei. Acho que o antigo Lula emprestou pra ele.
Nada aconteceu. Foi uma ilusão de ótica decorrente da
vara errada, do tribunal errado, da galáxia errada. A condenação de Lula
foi coisa do outro mundo
Fachin
acordou invocado e inocentou o Lula. É assim mesmo que a Justiça tem
que ser: rápida, decidida e leal aos seus padrinhos. Justiça boa é
justiça amiga. A decisão histórica do ministro do STF livrou o Brasil de
uma névoa de incertezas com as quais os brasileiros não suportavam mais
conviver. A principal delas era a mais óbvia:por que o maior ladrão do
país, condenado a mais de 20 anos de prisão por corrupção passiva e
lavagem de dinheiro, estava à solta sem pagar pelos seus crimes?
Fachin resolveu essa angústia nacional: o ladrão é inocente. Fim de papo. Ladrão inocente é ladrão solto. Desenvolto. Desimpedido. Desembargado para exercer em paz sua delinquência benévola, sua rapinagem testada e aprovada em altos círculos intelectuais. A burguesia rica que ama seu picareta de estimação, seu revolucionário 171, seu bibelô da falsa preocupação social está aliviada. Ela poderá voltar a fantasiar seu egoísmo de solidariedade só com as duas palavrinhas empáticas — Lula livre. Não precisa nem gastar dinheiro com costureira. É o carnaval mais barato da Terra.
No quesito alegoria e adereços, ninguém barra o desfile de Luiz Edson Fachin.
Ele tirou da cartola um embargo de declaração e transformou em purpurina três instâncias da Justiça brasileira.
Não valeu nada. Tava tudo no lugar errado. Foram sete anos de confirmações, em cortes de todos os níveis, de que estava tudo no lugar certo. Mas, como informamos anteriormente, Fachin acordou invocado — e quando um homem resoluto acorda invocado ele pode corrigir até o Big Bang. Aí as plantinhas podem ir devolvendo aquela fotossíntese toda porque a luz veio do sol errado. Sem choro: contrata um advogado amigo do STF e vai procurar o seu sol.
A bolsa despencou porque não entendeu a beleza do ato de Fachin. Com uma canetada, ele acabou com a insegurança jurídica no país, desfazendo uma torrente de dúvidas que paralisavam os brasileiros.
Para início de conversa, ninguém conseguia entender por que o sítio do Lula que não era do Lula tinha pedalinhos personalizados com o nome do ladrão mais honesto do Brasil.
Ou por que o caseiro do sítio se comunicava com o Instituto Lula para informar a situação dos pintinhos que não eram dele. Todo mundo sabe que Lula assaltou a Petrobras sem deixar de ser um homem bom.
Mas usar o dinheiro roubado para cuidar do pintinho dos outros já é bondade demais.
Fachin resolveu essas angústias. Nada disso aconteceu. Foi uma ilusão de ótica decorrente da vara errada, do tribunal errado, da galáxia errada.
A condenação de Lula foi coisa do outro mundo. Neste aqui sempre esteve tudo bem. Como diria a quadrilha do PT: o petróleo é nosso e o pixuleco também. O resto é choro de perdedor. Otário é você que não soube fazer as amizades certas. O Fachin soube — e agora está fazendo história. O Brasil odeia quem dá certo.
A angústia passou. Aquela incerteza incômoda sobre se iria ou não ser instalado um elevador privativo no tríplex do Guarujá acabou. Foram anos de sofrimento dos brasileiros, pensando que isso era assunto deles. Agora está esclarecido, para alívio geral: isso era assunto particular do Lula com os empreiteiros que o ajudaram a assaltar a Petrobras, e ninguém tinha nada com isso. Finalmente as coisas estão sendo colocadas nos seus devidos lugares.
O astral está tão bom que já é hora de a imprensa amiga plantar uma notinha dizendo que Lula vai processar o Brasil por danos morais. Seria mais do que justo. Passar anos sendo alvo da desconfiança de milhões de pessoas? E não tendo feito absolutamente nada além de se locupletar e enriquecer seus familiares, amigos, correligionários e cúmplices com o produto do roubo progressista e democrático? Que país é este?
Exija reparação, Lula! E não só você. Também o Bumlai, o Vaccari, o Dirceu, o Delúbio, o Cerveró, o Paulinho do Lula, o Duque, o Silvinho, o Valério, o Valdomiro, a Rose, a Erenice, enfim, o bando todo.
O Fachin certamente vai se sensibilizar com a perseguição raivosa sofrida por vocês.
E andem logo, porque, se isso aqui não tiver virado um bordel, daqui a pouco a polícia estará voltando a conversar com vocês sobre as suas obras completas. Nem 200 milhões de Fachins poderão apagá-las.
EVOCAÇÃO DO PASSADO - Bolsonaro: elogios à ditadura militar desde a época de deputado (Marcos Corrêa/PR)
Ao contrário do
que ele faz parecer, governar não está sendo uma tormenta para Jair
Bolsonaro. Se as medidas econômicas fracassarem, ele porá a culpa em
Paulo Guedes e o substituirá por outro ministro. Já tem nomes em exame. Se a política de
segurança pública não der os resultados esperados, ora, a culpa será de
Moro. Poderia haver melhor nome do que o dele para o Ministério da
Justiça? Bolsonaro acha que Moro vai bem, mas que ainda não aprendeu
direito a fazer política.
Quer tê-lo por perto
porque é melhor que “ele mije para dentro do acampamento do que para
fora”. Moro poderia ser um desafio para Bolsonaro se disputasse com ele a
próxima eleição. [Moro é o vice ideal para formar chapa com o presidente Bolsonaro em 2022.] Como vice, talvez fosse o ideal, data vênia o general
Hamilton Mourão. O Congresso tem
torpedeado parcialmente as muitas propostas que o governo lhe remete.
Bem, Bolsonaro tem honrado seus compromissos com os que o elegeram, mas o
Congresso é outro poder e goza de independência. Fazer o quê?
Lotear o governo com os
partidos para que eles aprovem no Congresso tudo o que Bolsonaro mandar?
Aí seria demais. Os bolsonaristas mais devotos não admitiriam. Dá para
distribuir cargos com menor visibilidade, e isso está acontecendo. É a Nova Política –
“voila”. Também faz parte dela o uso de dinheiro público para a execução
de obras nos Estados. Se o deputado ou senador vota como o governo
quer, é recompensado. Nada a ver com dinheiro de emendas parlamentares.
O pagamento de emendas
parlamentares é obrigatório. O governo não pode fugir disso. Mas pode
garantir mais dinheiro por fora, previsto no orçamento dos ministérios.
Cabe ao parlamentar obediente dizer ao governo onde aplicar o por fora.
A aprovação da reforma da
Previdência custou por fora uma nota ao governo. Algo como R$ 4
bilhões, segundo parlamentares bem informados. E assim será quando o
governo quiser aprovar as próximas reformas sugeridas por Guedes. Nada
sai de graça. Bolsonaro sabe e finge
não saber. Os críticos acusam o governo de não dispor de uma boa
articulação política com o Congresso. Os atuais articuladores seriam
fracos. Bolsonaro não liga para isso. O Congresso é um poder
independente, não é? E segue o baile. [este parágrafo deixa claro que o tama lá, dá cá, é imposto pelo Congresso;
que é um Poder independente. Maia e Alcolumbre sempre que criam alguma dificuldade, são movidos pelo toma lá, dá cá - prática que as vezes tem como objetivo obter o 'engrandecimento' do Legislativo, que aparece na fita como o Poder que controla o Poder Executivo. E torna o Poder Executivo e o presidente Bolsonaro reféns do Congresso Nacional.]
Os chamados formadores de
opinião azucrinam o governo por causa da sua política relativa aos
costumes.Podem azucrinar. Delas, Bolsonaro não abrirá mão. [o Brasil precisa voltar, custe o que custar, a ser uma Nação na qual os BONS COSTUMES, a FAMÍLIA, a RELIGIÃO, a MORAL voltem a predominar.] É o que lhe
assegura os votos dos evangélicos e demais denominações religiosas. Os militares estão
pacificados. Governo algum os tratou tão bem. Não só por arranjar-lhes
empregos, mas por ter-lhes assegurado uma aposentadoria privilegiada e
um aumento generoso de salários na hora em que se cobraram sacrifícios
ao resto do povo.
Se militar empregado no
governo não funciona bem, troca-se por outro. A caserna pode até fazer
cara feia, mas já se acostumou. Bolsonaro evitou a volta ao poder do PT –
e esse é um preço que os militares jamais terão como pagar. Só
agradecem.
A imagem do governo lá
fora está muito ruim principalmente por seu descaso com a política
ambiental. Os que reclamam disso lá fora não votam aqui. Os daqui que
reclamam não votam em Bolsonaro. Os daqui que se beneficiam com o
descaso votam nele.
Bolsonaro só teme
investigações que possam lhe render um pedido de impeachment (tic, tac). [Bolsonaro tem razão em ter justo receio de um pedido de impeachment. Afinal, um pedido de tal natureza depende da Câmara dos Deputados - Rodrigo Maia - do Alcolumbre - Senado Federal - e do presidente do Supremo - ?Dias Toffoli. Convenhamos que é muito peso, mesmo para quem recebeu quase 60.000.000 de votos.
Bolsonaro tem a seu favor que não cometeu crime algum. A maior parte das acusações são imprecisas, resultado de interpretações tortuosas das leis - onde está escrito que apoiar o Governo Militar que esteve no comando do Brasil de 1964 a 1985, é crime? que apoiar um brasileiro que se empenhou em combater o terrorismo, mantendo o Brasil na condição de NAÇÃO SOBERANA é crime? E as demais acusações todas são primas ou mesmo irmãs das citadas.] Por isso, enquadrou os filhos para que não ataquem a Justiça e estende o
tapete vermelho para o ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo
Tribunal Federal.
No mais, bola pra frente,
festas privadas no Palácio da Alvorada, comer pastel em feiras
populares, estar sempre presente em estádios de futebol, chamar a Record
para falar quando achar oportuno e recuar de decisões quando elas
significarem encrenca. Mandou cancelar as
assinaturas que o governo tinha do jornal Folha de S. Paulo? Isso
implicaria no risco de ser processado por improbidade administrativa?
Recuou. Brigou com a Globo? Um dos seus ministros prediletos já pediu
uma trégua à Globo.
Quanto a Lula… [Lula só não é um coitado devido os crimes que cometeu terem sido de extrema gravidade;
mas, está pior que um coitado, sendo vaiado - vide matéria abaixo.] Mesmo que
continue solto, a Justiça não revogará suas condenações, o que o
impedirá de ser candidato. Sem ele, a oposição de esquerda ficará órfã.
Há, sim, que impedir oposição à direita. Então tome pau em João Dória e
em Luciano Huck.
Em resumo: observado do ponto de vista do presidente e dos que o cercam, o mar está calmo. E o céu, azul.
Vaias para Lula
Rejeição
Por Ricardo Noblat
Carro de som com a figura de um pixuleco
durante protesto contra o ex-presidente Lula, na praia de Copacabana, no
Rio (Ricardo Moraes/Reuters)
Enquanto o céu
parece brilhar para o presidente Jair Bolsonaro, trovões assustam
líderes do PT sempre que o ex-presidente Lula aparece em locais públicos
considerados inseguros.Os trovões são as vaias
que já o recepcionaram em vários lugares fora do controle do PT. O que
isso possa significar é uma coisa que os petistas não ousam sequer
pronunciar o nome – rejeição.
Mesmo assim, a rejeição a
Lula, medida pela pesquisa VEJA-FSB, é menor do que a de Fernando
Haddad, que disputou a eleição presidencial passada com Bolsonaro.
Pixuleco do presidente da Câmara dos
Deputados, Rodrigo Maia, é visto durante protesto a favor do governo
Bolsonaro nos arredores da Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ) -
26/05/2019 (Ricardo Moraes/Reuters)
Em grupos de WhatsApp, Rodrigo Maia demonstrou irritação com
manifestantes que o criticaram neste domingo – boneco inflável que o
chamara de traidor e o associava à corrupção chegou a ser exibido no
Rio.
Revista Veja [presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia perde tempo e prestígio tentando manobrar para queimar o governo de Bolsonaro e disputar - sem a participação do capitão - as eleições presidenciais de 2022, Não vai dar certo - apesar da atuação do quinta coluna deputado, Bolsonaro vai fazer um excelente governo e ser convidado pelo povo (nas eleições quem vota é o povo, no dia a dia são os parlamentares e Bolsonaro vai aprender a negociar com o Congresso) a ser candidato a reeleição; - mesmo que Bolsonaro não participe, para vencer as eleições de 2022 é preciso ter votos, milhões e milhões de sufrágios, e o presidente da Câmara nas eleições passadas teve pouco mais de 70 mil votos. Pouco, muito pouco. Nas eleições 2014, Bolsonaro teve mais de 400.000 votos para o cargo de deputado federal.]
Maia é alvo de protesto e vira boneco inflável em ato pró-Bolsonaro no Rio
Manifestantes criticaram presidente da Câmara, chamado de 'funcionário do centrão'
Maior parte dos apoiadores do governo pedem pela
aprovação da reforma da Previdência, do pacote anticrime de Moro e
defendem Lava Jato
Os manifestantes no Rio de Janeiro
que saíram às ruas neste domingo (26) em apoio ao presidente Jair
Bolsonaro levaram um boneco inflável com a imagem do presidente da
Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Havia também um boneco do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No
Rio de Janeiro, o ato pró-Bolsonaro acontece no bairro de Copacabana.
A maior parte dos apoiadores de Bolsonaro pedem pela aprovação da reforma da Previdência, do pacote anticrime do ministro da Justiça, Sergio Moro, e defendem operação Lava Jato.
Participação de Bolsonaro Bolsonaro afirmou que não participaria de nenhum dos atos,
seguindo a orientação de membros do governo. O presidente disse que as
pessoas que pedem pelo fechamento do Congresso e do STF (Supremo
Tribunal Federal) estão "na manifestação errada" e que esses temas
estariam mais para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e não
cabem no Brasil.
Neste domingo, Bolsonaro compartilhou vídeos de atos em Juiz de Fora
(MG), local onde foi esfaqueado durante campanha eleitoral em 2018, e
São Luiz do Maranhão (MA).
Périplo de Lula pelo Rio Grande do Sul
se transforma num retumbante fracasso. Petista condenado foi recebido
com protestos e pedradas em todas as cidades por onde passou
PIXULECO NA GAIOLA Ruralistas de Bagé se uniram para protestar contra a presença de Lula (Crédito: Itamar Aguiar)
O ex-presidente Lula constatou in loco que o seu capital
político se esvaiu pelo ralo. Apesar de ter demonstrado êxito nas
armações de bastidor no STF, ao realizar na semana passada uma
fantasiosa caravana de pré-campanha à Presidência por dez cidades do Rio
Grande do Sul, o petista se deparou com mais opositores do que com
correligionários e praticamente foi escorraçado das cidades por onde
passou, como Bagé, onde deu início ao fracassado projeto. Por todas as
cidades do périplo pelo Sul, Lula foi recebido com vaias e até pedradas
contra os três ônibus que compunham sua comitiva.
“Não vamos pagar pelo que essa gente fez ao Brasil” Divaldo Lara (PTB), prefeito de Bagé Os protestos inflamados contra Lula começaram já na chegada
ao campus da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), na segunda-feira
19, o primeiro ato da caravana. A comitiva petista se deparou com
outdoors espalhados pela cidade proclamando “Bagé não, Lula Ladrão”e um
pixuleco – boneco com a imagem de Lula vestido de presidiário – em uma
gaiola no alto de uma grua, instalada nas imediações da universidade
onde o ex-presidente falaria. Cerca de dois mil opositores aguardavam a
comitiva dos ônibus petistas.
Eles foram vaiados e rechaçados. Alguns
militantes do MST se dirigiram ao local para apoiar o petista, mas foram
alvejados com pedras pelos militantes contrários ao ex-presidente,
sobretudo por ruralistas da região. O buzinaço que promoveram abafou o
discurso de Lula na porta da universidade. Acostumado a pronunciamentos
longos e espalhafatosos, Lula dessa vez falou por meros oito minutos.
Coube à ex-presidente Dilma tentar rebater os ruralistas: “Nós fomos o
governo mais deu recursos aos produtores rurais”, disse ela, sem
mencionar obviamente os crimes cometidos por seu mentor político. Em
meio ao tumulto, a visita à universidade foi abreviada. Entre os mais
exaltados estava o prefeito de Bagé, Divaldo Lara (PTB), que fez
discurso inflamado: “Não vamos pagar pelo que essa gente fez ao Brasil”.Sem conseguir circular por Bagé livre de apupos, Lula reclamou. “Saio
triste daqui”.
A história se repetiu em Santana do Livramento. Nem a
companhia do ex-presidente do Uruguai José Pepe Mujica ajudou na segunda
parada da viagem. Na verdade, nem Mujica aliviou. Recomendou que a
esquerda “cuidasse enormemente”do modo de agir de seus líderes e que os
partidos não devem se organizar em torno de uma“figura única”. Os
protestos prosseguiram na terça 20, em Santa Maria, onde houve uma
tentativa de bloqueio na entrada da cidade, o que obrigou a comitiva a
ser escoltada pela polícia.
No caixão de Getúlio Em São Borja, onde estão enterrados os presidentes Getúlio
Vargas e João Goulart, a caravana lulista teve que fazer um desvio por
uma estrada de terra que cruza dois assentamentos do MST para evitar um
bloqueio na rodovia feito por ruralistas. No local, Lula fez um discurso
de 20 minutos na praça ao lado do Mausoléu de Getúlio, de novo debaixo
de vaias de manifestantes. Em função das hostilidades, petistas chegaram
a sugerir que Lula interrompesse sua charanga desafinada, mas ele
decidiu prosseguir até o fim. Como se nota, o petista, acometido por uma
cegueira moral, se recusa a enxergar o próprio infortúnio político.
Golpe, se há algum, está sendo dado pelo Judiciário – mais
especificamente, pelo STF. O habeas corpus concedido pelo ministro Dias
Toffoli ao ex-ministro Paulo Bernardo – e sobretudo os termos com que o
justificou – foi uma ducha de água fria na Lava Jato.
Aplicada aos demais, esvaziará as prisões de Curitiba. O mesmo STF que
estabeleceu a prisão em segundo grau – isto é, antes que a sentença
transite em julgado -, desfez, via Toffoli, o instituto da prisão
preventiva. Haja paradoxo. Paulo Bernardo, acusado de desviar R$ 100 milhões de pensionistas e
aposentados – dinheiro que a polícia ainda não sabe onde está -,tem
agora meios de desfazer provas e garantir a ocultação do que amealhou.
Para ele, a liberdade, sim, é preventiva.
Anteriormente, ainda em princípios da Lava Jato, o STF mandou soltar
Renato Duque, que tornou a ser preso, dias depois, por estar fazendo
exatamente o que a sentença de Sérgio Moro tentara evitar:movimentando
uma conta secreta em Mônaco, fornida pelas propinas da Petrobras. A
lição, pelo visto, foi inútil.
O ativismo político do STF, que dificultou o quanto pôde o rito do
impeachment no Congresso, sobrepondo-se à lei, o torna caudatário do
desgaste de que o conjunto das instituições do Estado hoje padece. O
caso Paulo Bernardo não é o mais grave. Teori Zavascki, que cuida dos que, envolvidos na Lava Jato, têm foro
privilegiado, foi severo em relação ao juiz Sérgio Moro, por ele ter
divulgado o áudio de Lula, em que Dilma lhe dá o salvo-conduto da
nomeação ministerial para que não seja preso.
As gravações dos telefonemas de Lula estavam autorizadas pela Justiça.
Incidentalmente, Dilma ligou para ele. Não houve violação do sigilo da
presidente. Em situação análoga, em 2012, o mesmo STF reagiu de maneira
diferente, quando os grampos da Justiça flagraram uma conversa entre o
contraventor Carlos Cachoeira (novamente preso) e o então senador
Demóstenes Torres.
Demóstenes, como Dilma, tinha foro privilegiado, mas pagou o preço de
estar conversando com um investigado. Nem de longe se cogitou de anular a
eficácia daquela prova pelo fato de o senador ter sido fortuitamente
capturado pelos grampos de uma autorização judicial de instância abaixo
da que a lei lhe reservava.
No caso de Lula, apelou-se para uma ridícula minudência: a autorização
havia cessado duas horas antes, embora a notícia não houvesse chegado
ainda aos agentes e à telefônica – um lapso de tempo inevitável.
Prevaleceu o rigor burocrático contra a gravidade do que fora captado.
Lula e Dilma adoraram. Deixaram de ser vilões (não obstante o ato imoral
que protagonizaram) e tornaram-se vítimas. De quebra, Sérgio Moro levou
uma bronca pública.
E não só:Teori requereu tudo o que havia contra Lula, mesmo não tendo
ele foro privilegiado, já que sua nomeação ao ministério fora suspensa
pelo mesmo STF, por uma liminar do ministro Gilmar Mendes. Desde então,
lá estão os processos contra o ex-presidente, sem que haja qualquer
explicação para esse privilégio. Ele não é e não foi ministro e já não
há o governo a que ele serviria.
A impressão que fica é de que a Lava Jato incomoda o STF, que, sempre
que pode, age para detê-la. A presidente afastada Dilma Roussef repetia –
e isso foi reiteradamente registrado na mídia, sem que houvesse
desmentidos- que tinha seis votos no STF. Não é difícil para quem acompanha o noticiário identificá-los. E Dias
Toffoli, ex-advogado do PT e ex-assessor de José Dirceu, integra a lista
dos, digamos assim, suspeitos. Igualmente, outros capturados por
gravações – Delcídio do Amaral, Aloizio Mercadante, José Sarney –
mencionaram ligações com ministros do STF para tentar sustar denúncias e
processos. A reincidência, confrontada com atos como os de Teori e
Toffoli, dá verossimilhança às suspeitas.
A presteza com que o tribunal agiu contra Eduardo Cunha e Jair
Bolsonaro – este, goste-se ou não dele, sem qualquer fundamento legal -,
não se repete em relação a outros nomes, com protagonismo na defesa do
PT. É preocupante que a instituição que deveria pairar acima dos conflitos
políticos, para poder arbitrá-los, tenha se tornado partícipe desse
mesmo processo, perdendo a confiança da sociedade. Não é um antídoto
contra a crise. É, hoje, parte dela.
No país da piada pronta, a presidência do
Supremo Tribunal Federal aciona a polícia contra o responsável pelo
boneco Lewandowski
“A honra” do ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), foi gravemente atingida pela exibição nas ruas
de São Paulo de um boneco inflável com a cara dele, o penteado igual ao
dele, todo o jeitão dele, apenas muitas vezes maior do que ele. Como se
não bastasse, o boneco atentou também contra “a credibilidade do Poder
Judiciário”.
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Com base nesses argumentos, a presidência do STF acionou a Polícia
Federal para que investigue o responsável pelo boneco. Ou melhor: pelos
bonecos. Sim, porque outro boneco, bem parecido com o procurador-geral
da República, Rodrigo Janot, foi visto na Avenida Paulista, em São
Paulo, no dia 19 de junho, em uma manifestação anti-PT.
De acordo com documento assinado pelo chefe de segurança do STF, Murilo
Herz, e avalizado por Lewandowski, o uso dos bonecos representou "grave
ameaça à ordem pública e inaceitável atentado à credibilidade" do Poder
Judiciário. Herz pediu que a Polícia Federal interrompa a "nefasta
campanha difamatória" contra Lewandowski, inclusive nas redes sociais.
Os dois bonecos têm nomes. Um se chama Petrolowski. O outro, Enganô.
Petrolowsk tem os pés cobertos de ratos e segura uma balança em que um
dos pratos pende para o lado em que aparece a estrela vermelha, símbolo
do PT. Enganô, o corpo em forma de um arquivo com duas gavetas, uma
delas aberta, onde está escrito a palavra “petralhas”.
Para poupar tempo à Polícia Federal, tão ocupada desde que irrompeu a
Operação Lava-Jato, o responsável pelos dois bonecos procurou diversos
órgãos da imprensa e identificou-se. Trata-se de Carla Zambelli Salgado,
uma das líderes do Movimento Nas Ruas. No ano passado, ela foi uma das
pessoas que se acorrentou na Câmara dos Deputados para exigir o
impeachment de Dilma.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, Carla disse que não vê motivo para a
investigação de “charges críticas” a figuras públicas. Em defesa da sua e
da inocência dos bonecos, afirmou ainda que “grave ameaça são algumas
decisões que o próprio ministro toma, inclusive, como presidente do
processo de impeachment". Lewandowski preferiu não comentar as
declarações de Carla.
Petrolowski e Enganô são da mesma família de bonecos inaugurada pelo
Pixuleco – um Lula gigante, metido em roupa de prisioneiro. Dilma virou
“Bandilma”. Os ministros Teori Zavascki e Dias Toffoli, Teoridra e
Toffoleco, respectivamente. O boneco que homenageia – ou insulta – o
ministro Marco Aurélio Mello, do STF, ainda não foi batizado. Passeatas do PT já foram abrilhantadas por bonecos do juiz Sérgio Moro e
do senador Aécio Neves. Até aqui, nenhum dos embonecados havia tido a
ideia de chamar a polícia.
Secretário
de Segurança do Supremo não entende o que é liberdade de expressão. Sua concepção de crítica serviria
a uma ditadura, mas não serve à democracia
Vai mal um Poder, ou franjas dele, que não consegue distinguir da
difamaçãoo direito de crítica e a liberdade de expressão. E olhem que quem está
escrevendo é um sujeito que não acredita em direitos absolutos, como sabe, por
exemplo, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). Por que digo isso?
O grupo NasRuas levou para
a Avenida Paulista dois bonecos infláveis, ao estilo Pixuleco:um de Ricardo Lewandowski e outro de Rodrigo Janot. Ambos aparecem caracterizados como petistas. A caricatura do
presidente do STF é chamada de “Petralowski”— que funde o nome do ministro
com a palavra “petralha”(que eu inventei, diga-se),e a de Janot, de “Enganô”. O grupo, como se vê, é
crítico da atuação das duas autoridades e
considera que elas, vamos dizer, amaciam as coisas para os petistas.
O NasRuas tem o direito de
pensar isso? Tem, sim. Não estão acusando as
digníssimas autoridades de crime nenhum. Desde que as charges passaram a ser publicadas pela imprensa, a
abordagem é mesmo crítica. E, como diz uma das representantes do grupo, bonecos como Pixuleco, Petralowski e Enganô
são charges em três dimensões.
Mas, para isso, é preciso que se respeitem os valores constitucionais, não é? Parece
que, em certos nichos do Supremo, as coisas não caminham por aí. Eis que o senhor Murilo Herz, secretário de Segurança do Supremo, viu nas representações
uma “grave ameaça à ordem pública e
inaceitável atentado à credibilidade” do Judiciário, que ultrapassariam os
limites da liberdade de expressão.
E, como consequência, o STF
enviou à Polícia Federal, calculem, um pedido de investigação. Carla
Zambelli, do movimento NasRuas, é apontada como uma das responsáveis pelo
boneco. Diz o ofício: “Tais condutas, no
entender desta secretaria, que atua no estrito exercício de suas atribuições
funcionais, representaram grave ameaça à ordem pública e inaceitável atentado à
credibilidade de uma das principais instituições que dão suporte ao Estado
Democrático de Direito, qual seja, o Poder Judiciário, com o potencial de
colocar em risco – sobretudo se foram reiteradas – o seu regular
funcionamento”.
Eu desafio o sr. Herz, e publicarei a sua resposta se houver,a me dizer como um boneco
ameaça o“regular funcionamento do Judiciário”.
Trata-se de uma piada de mau gosto. Ele
foi mais longe:
“Configuram, ademais, intolerável atentado à honra do Chefe desse
Poder e, em consequência, à própria dignidade da Justiça Brasileira,
extrapolando, em muito, a liberdade de expressão que o texto constitucional
garante a todos os cidadãos, quando mais não seja, por consubstanciarem em
tese, incitação à prática de crimes e à insubordinação em face de duas das mais
altas autoridades do país.”
Mais um desafio:onde está a incitação ao
crime? Qual crime, doutor? A “subordinação” a “duas das mais altas autoridades do país”supõe concordar
com suas opiniões? Alguém precisa dizer a este zeloso funcionário que decisão da Justiça, a gente tem de acatar,
sim. Mas só a ditaduras proíbem que sejam discutidas.Ou estaremos criando duas
castas de autoridades que estão acima da crítica: juízes e
membros do Ministério Público.
Alguém precisa dizer a este senhor que, desde que as pessoas não
pratiquem ou incitem a prática de crimes, têm o direito de pensar o que lhes
der na telha. Quem ameaça a democracia é
a opinião do senhor Herz. Na prática, o
que ele está defendendo é a censura.
E, para escrever o que escrevo, não preciso concordar com quem se
manifesta. Carla, por exemplo, foi
ouvida e afirmou o seguinte: “Grande ameaça são as decisões do Supremo e desembargadores amigos
de preso, que vêm tentando desconstruir a Lava Jato, como a soltura do
ex-ministro Paulo Bernardo [que foi preso na Operação Custo Brasil], e a contrariedade ao entendimento da segunda instância fixado pelo
próprio Supremo”.
Acho que Carla está errada
nos dois casos. Penso
que Toffoli agiu de acordo com o Artigo 312 do Código de Processo Penal quando mandou soltar Paulo
Bernardo e que a
decisão de Celso de Mello, que deu liminar contra a prisão de alguém condenado em segunda
instância, encontra abrigo na Constituição, embora eu
possa não gostar disso. Também não acho que a Lava Jato esteja correndo qualquer
risco.
Vale dizer:nessas questões, discordo de
Carla e de seu movimento. E daí? Para que as pessoas tenham o direito de se manifestar, não preciso
concordar com elas. O troço é um despropósito absoluto. Vai mal um país quando
juízes decidem recorrer à Justiça para impedir que blogs publiquem textos que
consideram errados, como aconteceu no Paraná, ou quando, por intermédio
de um funcionário graduado, o próprio Supremo tenta instaurar a censura. E estamos falando daquele
tribunal que pôs fim à Lei de Imprensa.
Pegue de volta essa
porcaria desse ofício, ministro Lewandowski.Evite que a Justiça
brasileira se torne motivo de chacota entre os que conhecem os valores da
democracia.
E Lula agora oferece o próprio corpinho para tentar salvar Dilma. E lá vem
a conversa mole de plebiscito - O chefão petista também diz a senadores
que, caso a Afastada volte ao poder, o comando será dele; anuncia ainda uma guinada na
economia!
E Luiz Inácio Lula da Silva, o investigado, está em Brasília de
novo. Continua,
informa-se, tentando ganhar o voto de senadores que estariam indecisos sobre o
impeachment de Dilma, embora tenham votado pela admissibilidade do processo.
Estão na lista Cristovam Buarque (PPS-DF), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Antonio
Carlos Valadares (PSB-SE). Também Romário (PSB-RJ) e Marcelo Crivella (PRB-RJ)
seriam conversáveis.
Nota:exceção
feita ao PDT, os outros três partidos compõem a base do governo Temer e contam
com ministério: Raul Jungmann, do PPS, está na Defesa; Fernando Bezerra Filho,
do PSB, está em Minas e Energia, e Marcos Pereira, do PRB, no
Desenvolvimento Indústria e Comércio. Sigamos.
Lula agora está oferecendo o próprio
corpinho para ter o voto de senadores. Caso
estes queiram se candidatar a prefeito ou tenham aliados que vão fazê-lo, o
chefão petista se compromete a comparecer pessoalmente na campanha. O investigado ainda acha que bate um bolão.
Mas não só. Ele faz outras promessas. Se Dilma voltar, ele
próprio, Lula, seria o homem forte do governo, vejam que graça! Mais: a presidente renascida também se
comprometeria com um plebiscito para saber se a população quer ou não a
convocação de novas eleições.Segundo informa a Folha, ele teria ficado
irritado com a demora de seu partido em cuidar desse assunto.
Eu realmente fico muito espantado que esse tipo de conversa ainda
prospere na imprensa como uma possibilidade. O papo impressiona porque o plebiscito seria ilegal e impossível de várias maneiras. Em primeiro lugar, mudar
a data da eleição é inconstitucional, com ou seu plebiscito.Em segundo lugar, para que tal consulta prosperasse, seria preciso passar pelo
Congresso. E não passa. Em terceiro lugar,seria necessário combinar
com Michel Temer. “Ué, Reinaldo, com Temer
por quê? Não é para a hipótese de Dilma voltar?”Exatamente. Ela pode, se quiser,
renunciar. Mas e ele? Alguém
já combinou? Digamos que a dita “presidenta”voltasse (não vai acontecer);digamos
que a antecipação de eleições fosse constitucional (não é); digamos que o Congresso
aprovasse um plebiscito (não aprovaria), o que se faria com o mandato do vice? Ele seria cassado?
De todas as conversas absurdas sobre o futuro, essa certamente é a número um. O petismo não sabe mais o que fazer para tentar se
manter no noticiário.Já
percebeu que a população considera Dilma letra morta. E ela também se vê assim. Ou não teria, na defesa que encaminhou à
comissão do Senado nesta quarta, classificado de farsa o processo no qual será julgada.
Ah, sim: Lula promete ainda uma guinada na economia
caso Dilma volte à Presidência. Já imaginaram? Na entrevista concedida ao
SBT há dias, a Afastada manifestou outra
intenção espetacular:governar se entendendo diretamente com o povo, sem a intermediação
do Congresso.
Vocês não acham que isso tem tudo para dar certo? O que falta a essa gente é noção do ridículo.