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domingo, 25 de setembro de 2016

Eleição fantasma

Situação do PT nos três maiores colégios eleitorais dá a medida de sua derrocada

Ano atípico este de 2016. Impeachment presidencial, cassação do mandato de um presidente da Câmara, prisões, delações, Lula acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução de Justiça, meio mundo político na mira da Lava Jato, suspeita de que ministro comandava a economia enquanto arrecadava fundos “por fora” para o PT. Com tudo isso e muito mais, a campanha eleitoral passou praticamente em branco no cenário nacional.

Quando a gente se dá conta de que a eleição de prefeitos e vereadores é daqui a uma semana, soa muito repentino. Já? Pois é. O rebuliço reinante na República atraiu todas as atenções e deixou em segundo plano a movimentação dos aspirantes a administradores do nosso cotidiano. Das decisões dos eleitos dependerá o maior ou menor grau de conforto ou desconforto na vida das cidades e de seus habitantes. Portanto, o voto de domingo próximo é crucial para o próprio bem (ou mal) do eleitor.

O resultado dessa situação de peculiar desinteresse, veremos daqui a uma semana. Dois indicadores políticos, no entanto, já se destacam nas pesquisas de opinião: a dispersão partidária entre os apontados como favoritos nas capitais e o desempenho sofrível, e já esperado, do PT nessas localidades. O partido lidera a disputa apenas em Rio Branco (AC).

Verdade que das grandes legendas nenhuma concentra quantidade expressiva de primeiros colocados
. O PSDB está na frente em cinco (São Paulo, Manaus, Teresina, Belo Horizonte e Maceió), o PMDB em três (Goiânia, Porto Alegre e Florianópolis) e nas demais capitais há divisão entre pequenos e médios partidos. Das 26 (no Distrito Federal não há prefeitura), em 14 lideram candidatos do PRB, PMN, PSOL, Rede, DEM, PSD, PSB, SD, PCdoB e PDT, um retrato da fragmentação do quadro partidário.

A diferença é que o PT mandou – e desmandou – no País durante os últimos 13 anos e tinha o projeto, quando assumiu a Presidência da República em 2013, de conquistar a hegemonia nos governos dos Estados e na administração dos municípios, notadamente nas capitais.  Pois hoje, a uma semana da eleição, o partido perde para o PSOL, o PCdoB e o PDT na escala dos líderes nas pesquisas. Iguala-se aos nanicos do porte do PMN e só não fica no mesmo patamar do DEM porque a legenda que Lula jurou de morte política está em primeiro lugar em Salvador, o maior colégio eleitoral do Nordeste.

Nas três maiores capitais do País, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, o quadro é absolutamente desfavorável. No Rio, onde Lula e Dilma tiveram grandes votações para a Presidência, o PT nem sequer tem candidato. Marcelo Crivella consolidou-se na dianteira e políticos que aderiram à versão do “golpe” estão no grupo de sete candidatos que almejam uma vaga com índices que variam de 10% a 2% da preferência.  Tudo indica que o prefeito Eduardo Paes, com todo o sucesso da Olimpíada não conseguirá fazer de Pedro Paulo seu sucessor. Aí pode ter pesado menos a proximidade de Paes com Lula e mais a insistência do prefeito de manter a candidatura depois de seu escolhido ter sido acusado de agredir a ex-mulher.

Em Belo Horizonte, o petista Reginaldo Lopes está com 4% na pesquisa divulgada na última sexta-feira. Isso num Estado governado pelo PT e onde Aécio Neves perdeu para Dilma Rousseff em 2014.  A derrota mais anunciada, e nem por isso menos desastrosa, desenha-se em São Paulo, onde o prefeito Fernando Haddad olha de longe (10% das intenções) três adversários, João Doria, Marta Suplicy e Celso Russomanno brigarem pela liderança com índices entre 25% e 20%. Até ontem Lula não havia aparecido na cidade para ajudar seu correligionário, que, aliás, andou tirando o símbolo do partido do material de campanha.  Convenhamos, o quadro geral não corresponde à ideia de Lula de que, uma vez candidato em 2018, não teria para mais ninguém. 


Fonte: Dora Kramer - Estadão

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Lula: temos que ajudar Dilma a sair da "encalacrada que a oposição colocou"

Lula é tão estúpido que acusa a oposição pelo ninho de cobras em que a Dilma se meteu - esquece que foi Dilma quem decidiu mentir descaradamente, para vencer as eleições.

Venceu as eleições e agora está desmoralizada - por incompetência e ser uma mentirosa - e prestes a ser expulsa da presidência

O ex-presidente cobrou respostas e propostas da juventude do PT e disse que "escrever num documento 'Fora Levy, ou fora PMDB' é muito pouco"

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou nesta sexta-feira (20/11) que é preciso empenho para defender o mandato da presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, antes de pensar em 2016 e 2018, é preciso tirar o governo da agonia criada pela oposição. "Temos que ajudar a companheira Dilma a sair da encalacrada que a oposição nos colocou depois das eleições", defendeu, durante o 3º Congresso da Juventude do PT, em Brasília. "Eles não souberam perder."

Lula disse ainda que o partido pode fazer uma "surpresa" para aqueles que acham que o PT já acabou e que é fundamental que o partido se fortaleça ainda mais nas eleições do ano que vem para garantir a continuidade do seu projeto. "Não tem 2018 se a gente não tiver 2016", disse. "Nós precisamos construir 2016, precisamos ter candidatos onde puder ter candidato."


Sem citar os prováveis adversários do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, Lula afirmou que a mídia trabalha para mostrar que a política está apodrecida. "E aí quem tenta resolver possivelmente seja um programa de TV ou um apresentador", disse. Na pré-campanha em São Paulo, nomes de jornalistas e apresentadores como Celso Russomano (PRB), João Dória (PSDB) e José Luiz Datena (PP) aparecem na disputa.

O ex-presidente voltou a dizer que não se pode permitir "que ladrão fique chamando petista de ladrão" e fez uma defesa do ex-tesoureiro João Vaccari, preso por suspeita de corrupção no esquema de propina da Petrobras. "Eu quero saber se o dinheiro do PSDB foi buscado numa sacristia", provocou. [Lula, agora são 99,99% dos petistas que são chamados merecidamente de ladrão e você não está entre as poucas exceções.]


Cobrança dos jovens
Lula minimizou as palavras de ordem que ouviu de jovens do PT e lembrou o episódio de criação do partido, em 1980, para dizer que na época "havia muito mais radicalismo". "As palavras de ordem que estou vendo aqui é como doce de cupuaçu em comparação ao que a gente ouvia no Colégio Sion", disse - o colégio Sion, em São Paulo, foi palco de uma reunião que culminou com a criação do PT.


Lula ouviu cobranças da juventude do PT assim que subiu no palco: "Lula, eu quero ver você romper com o PMDB", gritavam. Os jovens também pediam a saída do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O petista afirmou acreditar que o "ideal" seria que um único partido pudesse governar tudo. "O ideal de um partido é que ele pudesse ganhar a presidente, 27 governadores, 81 senadores e 513 deputados sem se aliar a ninguém", disse. "Seria maravilhoso."

Depois, o ex-presidente ponderou que isso é uma utopia e que é preciso aceitar o resultado das eleições e "construir a governabilidade". "Entre a política e o sonho, entre o meu desejo ideológico partidário e o mundo real da política, tem uma distancia enorme", disse. Lula afirmou que as alianças são fundamentais já que sempre "alguém vai ganhar e alguém vai perder".

Os jovens pediram, ainda, a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy e abriram uma faixa escrita "Nem Meirelles, Nem Levy", numa referência ao ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.Lula nega, publicamente, que esteja atuando para convencer a presidente Dilma pela substituição de Levy por Henrique Meirelles, que foi presidente do Banco Central durante seus mandatos. 

Lula cobrou respostas e propostas da juventude e disse que "apenas escrever num documento 'Fora Levy, ou fora PMDB', é muito pouco". Ao discursar, afirmou que em encontro recente com o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica, os dois conversaram sobre a possibilidade de escrever um livro ou fazer um vídeo para "provocar a juventude a assumir um papel mais importante na política".
Antes das cobranças, o ex-presidente foi recebido aos gritos de "Lula guerreiro do povo brasileiro". A frase também estampa algumas faixas que ocupam o ginásio onde cartazes com fotos estilizadas de petistas que tiveram os nomes envolvidos nos escândalos do mensalão e da Lava Jato, como o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro do partido, João Vaccari - ambos presos

Também estavam presentes no evento presidente nacional do PT, Rui Falcão, o presidente da CUT, Vagner Freitas, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, os deputados Zé Geraldo e Paulo Pimenta.


Fonte: Correio Braziliense


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Explicação cega



O Brasil de hoje (ou de sempre?) está tão bizarro que o deputado Eduardo Cunha pode escapar da condenação por quebra do decoro parlamentar devido a uma engenhosa montagem financeira que protegeu seu dinheiro ilegal no exterior.

Como está sendo processado por supostamente ter mentido na CPI da Petrobras ao afirmar que não tinha contas no exterior, Cunha não se preocupará, nesse primeiro momento, em se explicar sobre os outros crimes que presumivelmente cometeu, como sonegação fiscal e evasão de divisas, além, claro, da acusação mais grave, a de que recebeu propina do dinheiro desviado da Petrobras.

 A explicação para o depósito de U$ 1,5 milhão feito por um envolvido no Lava Jato é tão bizarra quanto a situação em si: diz que não sabe por que esse dinheiro foi depositado, e imagina que seja uma dívida paga pelo filho de um deputado já falecido, a quem emprestara o dinheiro.  O advogado Marcelo Nobre, que defende Cunha no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, explica didaticamente por que seu cliente não faltou com a verdade. "Ele não tem conta corrente em outros países e isso é absolutamente simples de entender. Eduardo Cunha, na verdade, faz parte de um truste, de um fundo, do qual é tão somente beneficiário. Ele não sabe onde esse fundo tem contas, onde aplica o dinheiro, ele não administra nada".

Por essa descrição, o presidente da Câmara tem na verdade um “blind trust” e aí a situação começa a ficar grotesca. Um “blind trust” é aquele administrado sem que os beneficiários tenham interferência nas aplicações, geralmente utilizados por políticos e outras personalidades que querem evitar conflitos de interesse entre suas atuações no setor público e os investimentos dos fundos. Daí o nome, algo como uma carta branca para os administradores do fundo.

O ex-ministro da Justiça do governo Lula, colocou todo seu dinheiro em um “blind trust” quando se tornou ministro justamente para evitar mal-entendidos. O “blind trust” é muito útil também para os que querem manter sua fortuna protegida dos bisbilhoteiros.  Resta saber qual é o caso de Cunha: ou tentou esconder o dinheiro num “blind trust”, ou, pelo contrário, procurou evitar conflitos de interesse dando a terceiros a administração desse dinheiro que, alega, ganhou fora da política, em negócios de exportação.

Cunha manteve seu dinheiro administrado por um “blind trust” e, portanto, não precisava ter uma conta pessoal num banco estrangeiro. Tudo deve estar em nome de empresas ligadas ao “trust”, inclusive os cartões de crédito que serviram para pagar as aulas de tênis na Flórida e outras despesas suas e de sua família
. [convenhamos que o valor das aulas de tênis na Flórida é tão baixo, que até os ex-membros da ex-nova Classe C tinham condições de na época do crédito fácil arcar com o pagamento do custo das tais mensalidades.]

Com essa explicação, ele pretende safar-se da perda de mandato no Conselho de Ética da Câmara, o que é muito possível. As manobras políticas que Cunha domina tão bem poderão, no entanto, prejudicá-lo. O relator escolhido, deputado de primeiro mandato Fausto Pinato, do PRB, só entrou na Câmara graças à votação de Celso Russomano, a grande estrela do partido da Igreja Universal.

Candidato mais uma vez, desta vez à Prefeitura de São Paulo, Russomano como sempre começa liderando as pesquisas. Não vai querer logo na largada aparecer como o protetor de Eduardo Cunha.  De qualquer maneira, na Câmara Cunha ainda tem margem de manobra. Mais difícil será provar a origem lícita dessa dinheirama que está no exterior sem ser declarada oficialmente. Sobretudo convencer a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal de que o dinheiro depositado em sua conta por um dos intermediários das falcatruas da Petrobras na verdade não tem nada a ver com elas, mas com uma antiga dívida paga em nome de um defunto.

Mas se o projeto do governo de repatriação do dinheiro no exterior for aprovado pelo Congresso, Cunha poderá legalizar seu dinheiro sem maiores problemas.

Fonte: Merval Pereira