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sexta-feira, 22 de novembro de 2019

A nova missão do general Villas Bôas: um instituto sobre doenças raras - VEJA - Radar

domingo, 29 de abril de 2018

Doenças raras

Como conviver com doenças raras: pacientes revelam suas lutas

Apesar das adversidades, eles encontram meios de viver plenamente

O publicitário Pedro Rafael da Costa, 30 anos, está afastado do trabalho há um ano. Ele sofre de retocolite ulcerativa, uma doença inflamatória intestinal crônica autoimune. O primeiro desafio pelo qual passou é comum à maioria das pessoas com uma patologia rara: o diagnóstico, que só foi dado depois de mais de um mês de diarreia e idas a inúmeros médicos. Eles acreditavam que o problema se tratava apenas de uma infecção intestinal.

“Passei um mês sem poder sair de casa. Mexia o abdômen, já precisava ir ao banheiro. Comia alguma coisa, corria para o banheiro. Até que um dos médicos pediu uma endoscopia e veio a suspeita”, relembra Pedro. O doutor e professor da Universidade de Brasília (UnB) Natan Monsores de Sá, coordenador do Observatório de Doenças Raras da universidade, explica que muitos profissionais da saúde só tiveram contato com certas doenças em livros e textos, durante a faculdade. “Ocasionalmente, esbarram com elas no internato, na residência, principalmente nos hospitais universitários. Em um pronto-socorro, numa unidade básica de saúde, em que se trabalha basicamente com anamnese, histórico clínico, é difícil mesmo identificar que se trate de uma doença rara. Vai suspeitar de um mal comum, que aparece com mais frequência”, justifica.

No caso da retocolite, ela pode ser confundida com uma simples infecção, com a doença de Crohn, também rara e cuja inflamação envolve todo o intestino, e com a síndrome do intestino irritável, que nada tem a ver com inflamação. Isso porque os sintomas são comuns: dores abdominais e diarreia, urgência para evacuar e aumento na frequência dos movimentos intestinais. No caso da retocolite e de Crohn, ainda pode haver hemorragia retal.
 
Milhões de raros
Conhecer alguém com uma doença rara parece difícil. O adjetivo passa a impressão de que são poucos, afinal, por definição, ela afeta até 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos, ou seja, 1,3 para cada 2 mil pessoas. Atualmente, há entre 8 e 9 mil patologias raras conhecidas. Portanto, embora cada tipo tenha poucos casos na população, somados, formam uma grande comunidade de pacientes.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há cerca de 400 milhões de pacientes com doenças raras no mundo. Segundo pesquisa da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), lançada em março, estima-se que, no Brasil, esse número chegue a 13 milhões. Cerca de 80% das patologias são de origem genética, enquanto as demais têm causas infecciosas, virais ou degenerativas. Até hoje, a maior parte dos tratamentos é feito com drogas paliativas, que tratam apenas os sintomas, e serviços de reabilitação, como fisioterapia. Menos de 2% dos casos recebem medicamentos capazes de interferir na progressão da doença.
 
Difícil tratamento
Dos aproximadamente 100 medicamentos disponíveis para doenças raras, apenas 30 têm protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas para uso no Sistema Único de Saúde (SUS). “Muitas vezes, uma pessoa nasce e morre com uma doença que passou a vida tratando os sintomas e nunca a base”, queixa-se Maria Cecília Oliveira, presidente da Associação dos Familiares, Amigos e Portadores de Doenças Graves (Afag). 

O resultado, segundo ela, é a judicialização. “Os tratamentos para doenças normalmente são órfãos, únicos no mundo, e têm que passar primeiro pelo registro da Anvisa antes de ter um protocolo clínico. A maioria deles já têm registro, mas ainda não estão incluídos do SUS.” O professor Natan explica que, com os medicamentos em geral, são feitos estudos clínicos. Eles gerarão resultados que poderão dar a razão do custo efetivo. “Mas com as doenças raras é complicado, porque há doença que afeta apenas 10 pacientes no mundo. Então, em vez de olhar só a questão econômica, deve-se observar os anos de vida, a redução de internações, a melhora de qualidade de vida”, enumera.
 
Depois da primeira crise, Pedro Rafael passou a tomar anti-inflamatório continuamente e corticoide. Após estabilizado, deveria parar o corticoide. Como não estava bem informado sobre a doença, o publicitário imaginou que não voltaria a passar por tudo aquilo de novo. Mas passou. Várias vezes: em 2007, em 2010, em 2011 e no ano passado, quando precisou se afastar do trabalho. “No início, eu fiquei mal por não trabalhar, mas hoje eu entendo que preciso cuidar da minha saúde.”
 
Depois da segunda crise de 2007, o publicitário passou a se automedicar. Até 2010, ele tomava corticoide sem parar. “Era como aspirina para mim. Eu precisava dele para poder ir à faculdade, ao estágio.” Mas, à noite, a diarreia sempre voltava. Programas comuns para a maioria dos jovens eram impossíveis para ele: um cinema, um bar com os amigos. “Eu também não podia viajar, fazer planos de um intercâmbio. Nada.” Em 2011, diante de mais uma crise, ele foi internado no Hospital Universitário de Brasília (HUB) e, a partir de então, passou a tomar o fleximabe, um medicamento biológico de alto custo um frasco custa cerca de R$ 4 mil administrado por meio de soro. A cada oito semanas, Pedro passava uma tarde no HUB para tomar a medicação.

Por seis anos, ficou relativamente bem, mas passou dois meses sem o medicamento, o que prejudicou o tratamento. Embora não se tenha certeza sobre as causas exatas das crises, sabe-se que há gatilhos emocionais e alimentares, e ele já identificou alguns. “Depois da última crise, estou mais focado na dieta e me consultando com psicóloga para controlar a ansiedade.” Ele lembra que já teve depressão. “Quando se vai ao banheiro até 25 vezes por dia, é muito difícil ficar com o emocional bem”, desabafa. Na última crise, chegou a perder 18kg.  Mesmo assim, sempre fez piada da própria condição. Não se importa que as pessoas saibam nem que brinquem com isso. 
 
Os pacientes reclamam que as pessoas tendem a resumi-los à doença. Fernanda Martinez, 20 anos, sonha em ser médica, adora ouvir música e ler e tem um dom especial para escrever. O talento fica claro na página que criou no Facebook há quase um ano, “Convivendo com doenças raras”, em que conta aos seguidores um pouco da rotina. Ela tem angioedema hereditário, doença rara do sistema imunológico que causa ataques episódicos de inchaço e pode fechar a glote do paciente —, disautonomia e funcionamento inadequado do sistema nervoso autônomo, que é responsável pelo controle das funções inconscientes do corpo.

No caso dela, o sistema cardiovascular é afetado. Além disso, Fernanda tem síndrome de artéria mesentérica, o que lhe causou desnutrição, e passou por um câncer de tireoide na adolescência. Para ela, até tomar banho não é tão simples, pois tem urticária aquagênica — alergia à água. Uma hora antes do banho, toma um antialérgico.

Mas não é porque fala abertamente sobre as doenças e expõe sua realidade que gosta ou aceita ser vista só como a garota com doenças raras e crônicas. “Eu não nego que a doença ocupa uma parte de mim, toma meu tempo e me limitou bastante, mas eu não sou fraca nem invencível. Tenho altos e baixos, como todos. Algumas pessoas acham que sou prisioneira da minha doença, que só sei falar e viver assim e que sou muito frágil.”

Expor-se é questão de sobrevivência. Ali, Fernanda encontra apoio psicológico e também financeiro. Diante de doenças tão raras, os gastos com medicamentos são muito altos, então ela fez uma campanha que já arrecadou mais de R$ 20 mil, cerca de 75% do dinheiro de que precisa. 

400 milhões
de pessoas sofrem com alguma doença rara no mundo.

13 milhões
é o número estimado de pacientes com patologia rara no Brasil.

80%
das doenças raras são de origem genética.

Em cada grupo de
2 mil pessoas, 1,3 tem uma patologia rara. 

(...)
 
 


segunda-feira, 10 de abril de 2017

Novo serviço vai ajudar pessoas com doenças raras a tirarem dúvidas

Serviço originário de Portugal chega ao Brasil para ajudar pessoas com doenças raras; por meio de telefonemas e e-mails, é possível fazer perguntas e a resposta chega em até uma semana

Elas têm nomes estranhos, causas desconhecidas e são de difícil diagnóstico. A investigação de doenças raras pode levar meses ou anos. Uma angústia para famílias, pacientes e médicos. Exatamente o drama do comerciante Raimundo Everardo Gomes, 46 anos. “Comecei a sentir dores, que se intensificaram e se tornaram insuportáveis. Não sabemos as causas, nem como tratá-las”, conta. Há suspeita de fibromialgia, mal que atinge a musculatura, mas os laudos não são conclusivos e a apuração continua. Baseado nos sintomas, Raimundo faz pesquisas na internet para tentar diminuir a aflição.

Pelo menos 13 milhões de pessoas são acometidas por uma doença rara no Brasil, segundo estimativa do Instituto Vidas Raras. A entidade sem fins lucrativos implantou um canal de acesso à informação para atenuar o sofrimento dos pacientes. O modelo é originário de Portugal, onde existe há oito anos. No Brasil, foi implantado há pouco mais de um mês e funciona assim: por telefone ou por e-mail, atendentes recebem as dúvidas, e a resposta, ancorada na consultoria de especialistas, vem em até uma semana. Brasília se destaca. A cidade é responsável por 7% de toda a procura.

Ana Cleide Rodrigues Farias, 47 anos, esposa de Raimundo, fez uma das 35 ligações que o Linha Rara recebeu do DF. “Como não temos muitas pistas do que está acontecendo, passei a buscar informações para nortear o que vamos fazer ou a quem recorrer”, explica. Antes mesmo de acabar o prazo, a família recebeu o retorno. Não se trata do diagnóstico, mas de uma ajuda. Os médicos alertaram que o Hospital Universitário de Brasília (HUB) tem expertise para acompanhar o caso. As visitas aos reumatologistas e neurologistas se intensificaram.

Apesar de afetarem grupos pequenos — alguns males atingem menos de 100 pessoas no Brasil —, o volume de enfermidades raras assusta: são 8 mil identificadas pela ciência. “As famílias ficam sem diretrizes de o que fazer. Se tratar uma doença com diagnóstico é sofrido, imagina a dor de não se conhecer o que se tem”, pondera a diretora do Instituto Vidas Raras, Regina Próspero. Até mesmo médicos estão recorrendo ao serviço, como o caso de um dermatologista de São Paulo, que pediu auxílio na investigação da doença de um menino de 8 anos. Juntos, os especialistas concluíram o caso e iniciaram o tratamento.

A aposentada Marlucia Braz de Queiroz, 49 anos, espera ter o mesmo sucesso da criança paulista. Ela viu manchas tomarem suas pernas e ainda não sabe o que tem. Os primeiros sinais surgiram há sete anos. “Cada médico me falou de uma possibilidade, mas nada se confirmou. Uma apreensão sem fim”, conta a moradora de Cristalina, distante 125km de Brasília. Ela já passou por vários hospitais no município goiano, em Luziânia, em Goiânia e, há duas semanas, esteve no DF para se consultar. “A Linha Rara me guiou na busca do diagnóstico, isso facilita o acesso aos médicos e ao possível tratamento”, conclui.

Regina comemora a avaliação de Marlucia. Essa é exatamente a intenção do canal. “Não podemos fazer diagnósticos pelo telefone ou e-mail. O intuito é levar o paciente para o caminho onde ele vai encontrar essa solução de maneira mais correta, rápida e precisa para que não fique peregrinando de ambulatório em ambulatório, de médico em médico, tentando entender o que tem”, detalha. Regina é mãe de paciente com doença rara e luta pela causa há três décadas.

Mobilização
Além de um coordenador de saúde, a equipe do Linha Rara conta com seis técnicos, que realizam o cadastro do usuário. As perguntas são respondidas com base nos dados da Linha Rara Portugal e também do manual de serviços da Secretaria de Saúde de São Paulo, com apoio do Hospital das Clínicas. Até março, foram 380 ligações e 121 e-mail respondidos — média acima do esperado pelo grupo. Eles se prepararam para 12 solicitações diárias, hoje recebem cerca de 25. A implantação do serviço levou cinco anos.


A procura não é somente por diagnósticos. Pacientes e familiares buscam assistência jurídica e social, centros especializados e pesquisas. “As pessoas precisam de acolhimento. Em muitas situações, elas querem apenas desabafar. Costurar o apoio e o acesso à informação traz alívio”, destaca Regina. O serviço, lançado em 21 de fevereiro, quer agora aumentar a base de dados e atrair a colaboração de especialistas. Segundo o Ministério da Saúde, atualmente, existem, no Brasil, cerca de 240 serviços que oferecem ações de assistência e diagnóstico.


O que é?
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), doença rara é a enfermidade que afeta até 65 pessoas em cada 100 mil indivíduos, ou seja, 1,3 para cada 2 mil pessoas. A literatura médica diz que 80% desses males têm origem genética. Algumas dessas doenças se manifestam a partir de infecções bacterianas ou causas virais, alérgicas e ambientais, ou são degenerativas e proliferativas. A maior parte dessas doenças são crônicas, progressivas, degenerativas e, muitas vezes, com risco de morte. Elas não têm cura eficaz existente, mas há medicamentos para tratar os sintomas.

Atendimentos
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), doença rara é a enfermidade que afeta até 65 pessoas. Em oito anos de funcionamento, a Linha Rara Portugal recebeu 9 mil solicitações e atendeu 6 mil pessoas. São mais de mil doenças na base de dados no serviço europeu, com o apoio de mais de 20 países. Em 2014, a iniciativa disponibilizou um site em formato bilíngue em português e inglês.


"As pessoas precisam de acolhimento. Em muitas situações, elas querem apenas desabafar. Costurar o apoio e o acesso à informação traz alívio"
Regina Próspero, diretora do Instituto Vidas Raras

Contato por e-mail:  vidasraras@vidasraras.org.br

Por telefone:  (11) 2414-3060 

Baixe o Aplicativo VIDAS RARAS: http://www.vidasraras.org.br/site/41-home-category/101-aplicativo-vidas-raras 

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