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sexta-feira, 26 de maio de 2023

Jornalistas de Taiwan são impedidos de cobrir evento da OMS após pressão chinesa

Mundo - Gazeta do Povo

Assembleia Mundial de Saúde

Dois jornalistas de Taiwan foram impedidos de fazer a cobertura da Assembleia Mundial de Saúde (AMS), em Genebra, na Suíça. De acordo com informações do Taipei Times, eles foram informados por representantes do evento de que não poderiam participar devido à pressão da China, que considera Taiwan parte de seu território e se opõe à sua participação em organizações internacionais.

Os jornalistas Judy Tseng e Tien Hsi-ju trabalham para a Agência Central de Notícias de Taiwan (CNA, na sigla em inglês), que é o veículo de comunicação oficial do país. Eles tentaram retirar suas credenciais de mídia na segunda-feira (22), mas foram rejeitados por um funcionário da ONU, que disse que eles não eram elegíveis por terem passaportes de Taiwan.  A decisão gerou protestos e críticas de várias organizações de mídia e defensores da liberdade de imprensa, que acusaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a ONU de ceder às pressões políticas do regime chinês e violar os direitos dos jornalistas.

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) disse em um comunicado que negar o credenciamento de imprensa a jornalistas verificados, principalmente em eventos de importância global como a AMS, órgão da OMS, logo após a pandemia de Covid-19, "representa uma ameaça clara à liberdade de imprensa". A FIJ e sua afiliada, a Associação de Jornalistas de Taiwan (AJT), pediram que a OMS e a ONU "reconsiderem sua decisão e garantam o acesso igualitário à informação para todos os jornalistas".

Taiwan foi excluído da OMS em 1972,
mas foi autorizado a participar da AMS como observador entre 2009 e 2016, durante uma distensão das relações com Pequim. No entanto, desde que a atual presidente, Tsai Ing-wen, assumiu o poder em 2016, com uma postura mais firme em relação à China, Taiwan perdeu seu status de observador e não foi convidado para as últimas cinco edições da AMS.

Taiwan conta com o apoio dos Estados Unidos, que destacaram sua resposta à pandemia de Covid-19, em oposição à gestão da China. Antes da reunião, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, defendeu que as ameaças à saúde exigem "uma colaboração internacional estreita" e que convidar Taiwan "ilustraria o compromisso" da OMS com uma "abordagem inclusiva". No entanto, o embaixador da China na OMS, Chen Xu, denunciou a proposta como uma "manipulação política".

Mundo - Gazeta do Povo 

 

segunda-feira, 1 de maio de 2023

O tratado internacional mais perigoso já proposto - Molly Kingsley

Revista Oeste

Com a proposta, um sistema global de “certificados de saúde” digitais para a verificação da situação vacinal ou dos resultados de exames se tornaria rotineiro


Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

A história humana é uma história de lições esquecidas. Apesar do colapso catastrófico da democracia europeia nos anos 1930, parece que a lenda do século 20 — em que cidadãos, amedrontados por ameaças existenciais, aceitaram rejeitar a verdade e a liberdade em favor da obediência e da propaganda política, enquanto permitiam que líderes despóticos assumissem poderes ainda mais absolutistas — está perigosamente perto de ser esquecida.

Em nenhum lugar isso fica mais evidente do que em relação à aparente displicência com que foram recebidos dois acordos internacionais que estão a caminho da Organização Mundial da Saúde: um novo tratado pandêmico e as emendas ao Regulamento Sanitário Internacional de 2005. Ambos devem ser apresentados ao órgão diretor da OMS, a Assembleia Mundial de Saúde, em maio do ano que vem. Como pesquisadores e juristas preocupados já detalharam, esses acordos ameaçam reformular fundamentalmente a relação entre a OMS, os governos nacionais e os indivíduos.

Eles transformariam em legislação internacional uma abordagem vertical supranacional à saúde pública em que a OMS, atuando em alguns casos por meio do discernimento de um único indivíduo, seu diretor-geral, teria poderes de impor diretrizes amplas e legalmente obrigatórias a Estados membros e seus cidadãos, que vão desde a imposição de contribuições financeiras de governos até o requerimento de produção e distribuição internacional de vacinas e outros produtos de saúdepassando pela exigência de cessão de direitos de propriedade intelectual, pela suplantação de processos de aprovação de segurança nacionais para vacinas, terapias genéticas, equipamentos e diagnósticos médicos e pela determinação de quarentenas nacionais, regionais e globais que impeçam os cidadãos de viajarem e imponham exames e tratamentos médicos. OMS teria poderes de impor diretrizes amplas e legalmente obrigatórias a Estados membros e seus cidadãos | Foto: Shutterstock

Um sistema global de “certificados de saúde” digitais para a verificação da situação vacinal ou dos resultados de exames se tornaria rotineiro, e uma rede de biomonitoramento cujo propósito seria identificar vírus e variantes de interesse e monitorar a adesão nacional a diretrizes políticas da OMS nesses casos — seria incorporada e expandida.

Para que qualquer um desses amplos poderes seja invocado, não seria necessário haver uma emergência sanitária “real”, em que as pessoas estejam sofrendo danos consideráveis, na verdade, bastaria que o diretor-geral, agindo por seus próprios critérios, identificasse o simples “potencial” dessa emergência.

É difícil superestimar o impacto dessas propostas na soberania dos Estados membros, nos direitos humanos, nos princípios básicos da ética na medicina e no bem-estar das crianças
Em suas versões atuais, essas propostas negariam a autonomia do governo e a soberania do Reino Unido em priorizar políticas sociais e sanitárias e, por meio dos impactos indiretos das quarentenas e dos lockdowns forçados, e porque cada Estado membro seria obrigado a comprometer um mínimo impressionante de 5% de seu Orçamento nacional para a saúde e uma porcentagem ainda não especificada de seu PIB para a prevenção e a resposta à pandemia da OMS, além dos aspectos críticos de política econômica.

O uso de máscaras, o lockdown, a aceitação de novas vacinas. Todas essas medidas foram incorporadas às propostas como diretivas potencialmente obrigatórias, a serem impostas a Estados membros e, em consequência, aos cidadãos individuais

Os novos poderes propostos representariam um conflito não apenas
à Declaração Universal de Direitos Humanos, mas também à Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU. 
Eles representariam um divisor de águas na nossa compreensão de um pilar dos direitos humanos: uma emenda ao Regulamento Sanitário Internacional apaga o trecho que atualmente diz que “a implementação deste Regulamento será feita com pleno respeito à dignidade, aos direitos humanos e às liberdades fundamentais das pessoas” para substituí-lo por “implementação deste Regulamento será feita com base nos princípios de igualdade, inclusão, coerência…”.

As disposições exigem
(ênfase minha) em particular que a OMS desenvolva orientações reguladoras ágeis para a “rápida (ou seja, relaxada) aprovação de uma vasta gama de produtos de saúde, incluindo vacinas, terapias genéticas, equipamentos médicos e diagnósticos ameaçam, aos olhos dos juristas, “padrões muito reivindicados de legislação médica, cujo objetivo é garantir a segurança e a eficácia de artigos médicos” e deveria ser motivo de preocupação especial para os pais.

De fato, nada nesses documentos obrigaria a OMS a diferenciar suas orientações obrigatórias pelo seu impacto em crianças, permitindo assim que medidas indiscriminadas, incluindo testagem em massa, isolamento, restrições a viagens e vacinação possibilitando que produtos experimentais e em fase de investigação tenham sua aprovação acelerada —, sejam impostas a populações pediátricas saudáveis, com base em uma emergência real ou “potencial” declarada unilateralmente pela diretoria. Os novos poderes propostos representariam um conflito também à Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU | Foto: Shutterstock

Como se isso não fosse suficientemente problemático, o que agrava as coisas é que, como escreve Thomas Fazi, “a OMS está em grande parte sob o controle do capital privado e de outros interesses escusos”. Como, e outros explicam, a estrutura de financiamento em evolução da organização e em particular a influência de corporações com foco em soluções em resposta a pandemias (vacinas, predominantemente) afasta a OMS de seu éthos original de promover uma abordagem democrática e holística à saúde pública e aproxima a organização de abordagens corporativas baseadas em commodities que “geram lucro para seus financiadores privados e corporativos” (David Bell). Mais de 80% do orçamento da OMS hoje vem de fundos “especificados” na forma de contribuições voluntárias tipicamente destinadas para doenças e projetos específicos na forma especificada pelo financiador. 

Aulas de História
“A história não se repete, mas ensina”, afirma o prólogo do livro Sobre a Tirania: Vinte Lições do Século XX para o Presente, de Timothy Snyder. Se ao menos nos dedicássemos a ensinar, haveria lições para aprender sobre o tanto que já avançamos no caminho da tirania do autoritarismo pandêmico e como, se os planos da OMS avançarem, a pandemia da covid-19 pode revelar que foi apenas o começo.

“Não obedeça de antemão”, alerta a Lição 1, e de fato hoje pareceria que a obediência voluntária foi dada de forma tão descuidada pelos cidadãos do mundo em 2020-22 — o uso de máscaras, o lockdown, a aceitação de novas vacinas. Todas essas medidas, e outras, foram incorporadas às propostas como diretivas potencialmente obrigatórias, a serem impostas a Estados membros e, em consequência, aos cidadãos individuais.

“Defenda as instituições”, aconselha a Lição 2, uma vez que “as instituições não se protegem sozinhas”; trata-se de um lembrete preocupante à luz da autodesignação da OMS nessas propostas, como “a autoridade coordenadora e orientadora para as reações internacionais de saúde pública”: uma designação que colocaria expressamente a organização acima dos Ministérios Nacionais da Saúde e dos Parlamentos eleitos e soberanos.

A Lição 3, “Cuidado com o Estado de partido único”, nos faz lembrar que “os partidos que reconstruíram os Estados e suprimiram os rivais não foram onipotentes desde o começo”. A OMS não finge ser um partido político, mas tampouco vai precisar fazer isso depois de se ordenar a controladora global exclusiva não apenas de identificação de pandemias e pandemias em potencial, mas também da elaboração e da execução das respostas, enquanto garante para si mesma uma vasta rede de monitoramento de saúde e uma força de trabalho global — parcialmente financiada pelos impostos das nações sobre as quais a OMS vai se impor — proporcional ao seu novo status supremo.

“Lembre-se da ética profissional” Lição 5 — teria sido um conselho sensato em 2020, mas, por mais que lamentemos o abandono da ética médica da nossa perspectiva em 2023 (“se os médicos tivessem obedecido à regra que proíbe cirurgias sem consentimento”, lamenta Snyder em relação à tirania do século 20), as propostas da OMS garantiriam que esses desvios dos pilares fundamentais da ética na medicina — consentimento informado, desconsideração pela dignidade humana, pela autonomia sobre o próprio corpo e até pela liberdade em relação a experimentos — podem se tornar a norma aceita, em vez de uma exceção deplorável.

Atenção, alerta Snyder, com “o desastre repentino que exige o fim dos mecanismo de controle… esteja atento às noções fatais de emergência e exceção”. Divulgadas como um passo necessário para a conquista da coordenação e da cooperação de saúde pública global, as propostas da OMS criariam uma administração e uma infraestrutura de monitoramento permanente e global, cuja razão de ser será buscar e reprimir emergências sanitárias.

O financiamento dessa rede virá de interesses privados e corporativos e deve se beneficiar financeiramente das possíveis reações baseadas em vacinação; assim, as oportunidades de exploração privada de crises de saúde pública serão enormes. E, ao ampliar e antecipar as circunstâncias em que esses poderes podem ser acionados — deixa de ser preciso haver uma emergência de saúde pública “real”, basta uma emergência “potencial” —, podemos esperar que a ameaça de um Estado de emergência excepcional se torne uma característica semipermanente da vida moderna.

“Acredite na verdade”, afirma a Lição Dez — uma vez que “abandonar os fatos é abandonar a liberdade” , é adequada à nossa era orwelliana de “duplipensar”, os slogans ganham status de religião e a ideologia se faz passar por integridade: “Seguro, esperto e gentil” (dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, 2020). O que George Orwell diria, podemos nos perguntar, da Unidade de Combate à Desinformação do Reino Unido e do Ministério da Verdade dos Estados Unidos, ou das propostas que não apenas permitem, mas exigem que a OMS desenvolva capacidade institucional para impedir a disseminação de desinformação e fake news – e ungida como a única fonte de informação de verdade sobre a pandemia?  
George Orwell | Foto: Wikimedia Commons

O que Hannah Arendt diria das intrusões de 2020-22 do Estado na vida privada dos indivíduos e das famílias e dos consequentes períodos de isolamento e — em decorrência da adoção do isolamento forçado e da segregação como ferramentas de saúde pública respeitáveis — da elevação dessa destruição da vida privada a uma norma aceita mundialmente? “Assuma responsabilidade para com o mundo”, afirma Snyder na Lição 4. Poderia haver um símbolo mais potente das manifestações de lealdade visíveis da sociedade ao novo normal do que os rostos cobertos por máscaras de 2020-21?

“O preço da vigilância é a eterna liberdade” é uma citação não menos verdadeira por ser erroneamente atribuída a Jefferson, mas depois da vida em meio aos escombros do autoritarismo fracassado da covid-19 por três anos. Talvez estejamos próximos demais para compreender quanto já nos afastamos da democracia liberal.

Mesmo que alguém concordasse sinceramente com o enfoque da OMS nos preparativos para pandemias e com as respostas intervencionistas geradas por ele, atribuir poderes tão amplos a uma organização supranacional (quanto mais a um indivíduo dentro dela) seria assombroso. Isso, como a reação à pandemia ilustrou de forma tão brutal, a versão otimizada para o lucro do “bem maior” almejado pela OMS tende a entrar em conflito com a saúde e o bem-estar das crianças, nos pede para aderir a um erro grotesco contra nossas crianças e jovens.

A lição mais importante de Snyder talvez seja “Destaque-se. No momento em que você dá o exemplo, quebra-se o encanto exercido pelo statu quo”. O Reino Unido foi suficientemente investido de soberania nacional para se retirar do Reino Unido um exemplo de democracia em comparação com a OMS não eleita; sem dúvida seria impensável navegar por propostas que fariam o Reino Unido a abrir mão de sua soberania sobre políticas públicas fundamentais de saúde, sociais e econômicas para a OMS.

Molly Kingsley é cofundadora da UsForThem, uma iniciativa de pais formada em maio de 2020 contra o fechamento das escolas. Desde então, o grupo teve a adesão de milhares de pais, avós e profissionais em todo o Reino Unido e outros locais, defendendo a ideia de que as crianças sejam priorizadas na reação a pandemias e em outras situações

Leia também “O espetáculo sinistro das ditaduras”
 

sábado, 12 de novembro de 2022

UTILIDADE PÚBLICA - 12 fatores de risco para o Alzheimer, e o que você pode fazer hoje para prevenir

Angélica Banhara 

Treino HIIT pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver Alzheimer

O Alzheimer é a forma mais comum de demência e não tem cura. A cada 3 segundos um novo caso é diagnosticado. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 55 milhões de pessoas no planeta vivam com algum tipo de demência. Dessas, perto de 50 milhões têm Alzheimer. No Brasil são aproximadamente 1,5 milhão de pessoas com a doença.

A OMS alerta para a tendência de aumento progressivo, com o envelhecimento da população. Segundo estimativas da Alzheimer’s Disease International, no Reino Unido, os números globais podem chegar a 74,7 milhões em 2030 e 131,5 milhões em 2050.“O Alzheimer é uma doença neuro-degenerativa progressiva, com aumento do número de casos após os 65 anos. Ele causa uma perda também progressiva das células neuronais a partir do acúmulo das proteínas tau e beta-amiloide no cérebro, que levam à atrofia”, explica Alessandra Rascovski, endocrinologista e idealizadora do Cérebro em Ação, projeto socioeducativo para a prevenção do Alzheimer.

Segundo Alessandra, “o Alzheimer é considerado uma doença de estilo de vida. Apesar de não ter cura, já se sabe que ele tem uma fase pré-clínica enorme. Começamos a ‘construir’ esse cérebro doente cerca de 30 antes do diagnóstico.”

A médica afirma que, em um primeiro momento, a proteína beta-amiloide começa a acumular no cérebro. Depois surgem disfunções nas sinapses dos neurônios e lesões pelo acúmulo da proteína tau: há diminuição do volume do cérebro com alteração estrutural. Em torno de 7 a 10 anos antes do diagnóstico de demência começam os sintomas de Alzheimer, como alteração de memória e de comportamento.

O estudo finlandês Finnish Geriatric Intervention Study to Prevent Cognitive Impairment and Disability, realizado em 2015 e chamado de Estudo FINGER, foi a primeira referência para prevenção da demência. “Ele avaliou pacientes de 60 a 77 anos com diagnóstico de declínio cognitivo. Foram observadas todas as doenças crônicas (como diabetes, hipertensão, colesterol alto, obesidade), depressão, consumo de álcool, sedentarismo etc. Esses pacientes foram submetidos a uma diretriz com atividade física regular, dieta do tipo Mediterrânea e 10 minutos por dia de meditação. No final de dois anos, houve uma melhora ou não evolução para demência em uma boa parte dos casos. Ou seja: existe como realmente construir um cérebro mais saudável.

O estudo analisou todos os fatores envolvidos no desenvolvimento do Alzheimer e apontou sete principais fatores de risco para a doença, todos passíveis de prevenção: sedentarismo, tabagismo, diabetes, obesidade, hipertensão, depressão e baixa escolaridade.

A hipótese de que cerca de 40% dos casos de demência podem ser evitados ou retardados foi corroborada por descobertas da The Lancet Commission on Dementia Prevention, Intervention and Care, também divulgadas na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC).

De acordo com as recomendações do relatório da US National Institute on Aging (NIA) e da comissão de especialistas da The Lancet, a intervenção no estilo de vida do FINGER será adaptada e testada em vários outros países.

A partir de estudos desenvolvidos pelos pesquisadores da comissão The Lancet, em 2017 foram acrescentados o isolamento social e a perda de audição na meia-idade à lista de fatores relevantes para a demência. Em 2020 a comissão acrescentou mais três pontos: o consumo excessivo de álcool, a poluição e os traumatismos cranianos à lista dos riscos.

Esse movimento resultou na formação da rede World Wide FINGERS em 2017, uma iniciativa de pesquisa para prevenir ou retardar o início do declínio cognitivo. A proposta é gerar evidências sólidas sobre a eficácia das intervenções combinadas em diferentes contextos e populações.

“Sabemos que temos que promover neuroplasticidade, ou seja, criar novos circuitos de neurônios a partir do que a gente faz. Então, partir daquilo que desencadeia ou acelera o processo de neurodegeneração e demência chegamos às atitudes protetoras do cérebro, que podem ser adotadas no dia a dia”, diz Alessadra.

A seguir, ela fala sobre os 12 fatores de risco para Alzheimer e demência — e o que podemos fazer para prevenir ou atrasar a demência em 40%.

1 - Sedentarismo

As diretrizes recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam de 150 a 300 minutos de atividade física aeróbica moderada por semana. Dá pouco mais de 20 minutos por dia, ou 30 minutos de caminhada esperta cinco dias por semana.

Para reforçar a importância de incluir a atividade física na rotina, um estudo publicado na revista científica Jama (Journal of the American Medical Association), uma das mais conceituadas do planeta, mostrou que participantes que deram pelo menos 7000 passos/dia, comparados com aqueles que andaram menos, tiveram um risco de mortalidade entre 50% e 70% menor.

“O exercício físico que parece ser o mais benéfico para a saúde do cérebro é o aeróbico e intervalado de alta intensidade (HIIT, High Intensity Interval Training), que provoca a oscilação da frequência cardíaca. É importante, no entanto, que as pessoas desenvolvam outras habilidades, como flexibilidade, equilíbrio e força muscular. Uma vida cotidiana ativa já é muito interessante”, diz Alessandra.

Ela afirma que, com as últimas descobertas da ciência, em 2020 o músculo foi “promovido” a órgão endócrino, ou seja, foi descoberto que o músculo é um órgão que produz hormônios e substâncias que agem tanto no próprio órgão como à distância.

“Uma contração muscular produz, além de todos os benefícios ligados ao exercício em si, uma substância chamada irisina, que faz a conexão provável entre a atividade física e a função cerebral. O exercício também aumenta o fator neurotrófico cerebral (produz neuroplasticidade), o que também acontece quando aprendemos coisas novas ou quando mudamos processos, como escovar os dentes com a mão esquerda.”

O aumento do fluxo cerebral promovido pelo exercício diminui o acúmulo de beta-amiloide no cérebro, reduzindo o risco e a progressão do Alzheimer. A atividade física também ajuda a modular o cortisol, o hormônio produzido durante o estresse crônico. O cortisol diminui a resistência insulínica e aumenta o risco de diabetes, obesidade e de inflamação crônica do organismo.

“A atividade física aeróbica é eficaz até para a mudança do volume do cérebro. Estudos mostraram que exercícios aeróbicos provocam reversão da diminuição do hipocampo, área do cérebro relacionada com a memória”, diz.

2 - Tabagismo

“Existe uma associação do fumo com a progressão do Alzheimer e piora de demência, talvez até por causas vasculares. E não é só o cigarro convencional, mas tabaco, naguile e cigarro eletrônico também.”

Por outro lado, depois de 10 anos sem fumar a pessoa é considerada não fumante para doenças pulmonares. “Como ainda não existem estudos sobre a ação no cérebro de parar de fumar, usamos essa referência.”

3 - Diabetes

Metade das pessoas que têm a doença não sabem. Para elucidar o efeito do açúcar no cérebro a médica cita um estudo relevante, publicado com o título "The Starving Brain" (o cérebro faminto), que usa o termo diabetes tipo 3 para se referir ao Alzheimer. Ele foi feito com pacientes com diabetes e que consumiam muito açúcar.

“Dentro do neurônio normal deveria ter açúcar, que é o combustível da célula. O que se viu em imagens de ressonância é que o cérebro do paciente com Alzheimer tem muito pouco açúcar porque a resistência insulínica impede que ele entre no neurônio. O resultado é perda neural. O consumo excessivo de açúcar está associado ao estresse oxidativo cerebral.”

4 - Obesidade

“Existe uma conexão alimentação-cérebro. A dieta tem impacto sobre memória, humor, envelhecimento e doença”. Várias metanálises de dieta e nutrição sugerem a Dieta Mediterrânea como a mais saudável para o cérebro. Ela prioriza o consumo de alimentos frescos: legumes, verduras, frutas, gorduras boas (como azeite e oleaginosas) e peixes, com restrição ao consumo de carnes e alimentos de origem animal, ricos em gorduras saturadas.

“Os nutrientes que merecem destaque para o cérebro são vitamina D, antioxidantes, ácido fólico, colina, ômega 3 e magnésio. No estudo FINGER foi demonstrado que dois a quatro cafezinhos por dia melhoram o desenvolvimento e o desempenho da cognição.”

Também devemos considerar a importância da microbiota intestinal (o conjunto de bactérias) saudável, e o que comemos impacta na microbiota.

“Um agravante para o envelhecimento é a microbiota da boca: dificuldade de escovação, cáries, perda dentária e doenças da gengiva mudam muito as bactérias da boca. E elas têm um grande impacto no desenvolvimento do Alzheimer.”

5 - Hipertensão arterial

Como no caso do diabetes, muita gente tem hipertensão e não sabe. Fatores de risco nem sempre provocam sintomas e às vezes a doença vai se instalando devagar.

“O consumo diário de sal recomendado é de até 5 gramas por dia. No Brasil o último levantamento mostra o consumo de 12 gramas por dia. E muitas vezes achamos que não estamos consumindo sal e a açúcar, mas eles estão presentes em excesso nos produtos industrializados. Então, o primeiro passo é diminuir o consumo de sal e de açúcar.”

6 - Depressão

“Ela é considerada um fator isolado de predisposição para o Alzheimer, com papel importante mesmo que o paciente não tenha nenhum dos outros fatores”, diz a médica. Ela reforça que depressão é doença: ficar triste a maior parte do tempo, não ter vontade de fazer as coisas que fazia antes, perder o interesse por hobbies e não querer socializar não é normal. É preciso pedir ajuda profissional.

“A depressão não tratada por si só causa inflamação e neurodegeneração. Estudos mostraram que a cada 10 anos de depressão sem tratamento, 20% do cérebro degenera. Outro estudo interessante avaliou pessoas que não quiseram tomar medicação.Trataram de outro jeito ou não fizeram nada. Entre esses, houve 30% de inflamação no córtex pré-frontal esquerdo, a área do cérebro responsável pela emoção positiva e pelo raciocínio lógico.”

Alessandra chama atenção para o fato que, nesse século 21, as mulheres vão viver cerca de 30% da vida na menopausa. E sem reposição hormonal pode haver um impacto grande na memória. “A reposição deve ser feita com acompanhamento médico, considerando prós e contras. A neuroproteção do estrógeno acontece principalmente quando se inicia a reposição, em torno de três a cinco anos que a menopausa se instalou.”

O estudo FINGER destacou a importância da meditação para o cérebro. Existem vários estudos científicos que comprovam que a meditação aumenta a capacidade de atenção, ativa regiões corticais profundas que promovem relaxamento, melhoram o declínio cognitivo e o humor.

“Um estudo bem importante associou um tipo específico de meditação, chamada Kirtan kriya, ao controle do estresse e prevenção de Alzheimer. Com 12 minutos por dia, a meditação mudou morfologicamente a estrutura do cérebro no lobo frontal e regulou genes inflamatórios. Meditar ainda aumenta a longevidade.”

Segundo a médica, a enzima telomerase, que funciona como protetora dos telômeros (extremidades do cromossomo do DNA, que vão encurtando com o passar dos anos e são considerados biomarcadores de envelhecimento) aumentou em 43% com essa meditação.

7 - Isolamento social

“O isolamento tem um papel absurdo para a progressão do Alzheimer. A interação social e o convívio com os outros não só são recomendáveis, mas fundamentais. Existe um estímulo de diferentes regiões corticais quando a gente aprende com os pares. E é importante que esse convívio tenha periodicidade para manter esse estímulo, criando agenda mensal ou semanal de encontros com amigos e familiares.”

8 - Comprometimento auditivo

“Não escutar direito acaba gerando o isolamento do idoso. Por outro lado, o uso de aparelho auditivo pode até reverter o declínio cognitivo”. O cuidado deve começar agora: evite usar fones de ouvido o tempo inteiro e fique atento ao volume. É importante de tempos em tempos fazer uma audiometria.

9 - Baixa escolaridade na infância

“As primeiras vivências da infância moldam a estrutura cerebral. A finalidade da escola é também promover reserva cognitiva, uma conexão neuronal mais firme e duradoura. É o aprendizado sucessivo, que se repete várias vezes, que estrutura o cérebro.”

E mais: quanto maior o número de anos estudados, maior reserva cognitiva. Ou seja, estudar (em qualquer idade) é um fator protetor para o declínio cognitivo.

10 - Consumo excessivo de álcool

“Existe muita controvérsia sobre se existe de fato um limite seguro para o consumo de álcool. Costumamos sugerir como limite máximo até sete doses por semana para mulheres e até 14 doses para homens.”

11 - Poluição

Acrescentado recentemente, esse item chama atenção para a poluição gerada pelos carros, pela indústria e pela fumaça que atinge o fumante passivo. Evite correr ou fazer esportes em locais de muito trânsito e busque, sempre que possível, momentos de contato com a natureza.

12 - Traumatismos cranianos

Não se trata apenas do trauma causado por um acidente grave que acaba no pronto-socorro. Pancadas na cabeça podem causar dano: em esportes (como futebol e boxe) e no trânsito (use capacete ao andar de bike).

“O Alzheimer não tem cura e, por enquanto, não tem tratamento. Mas podemos prevenir a doença a partir dos nossos hábitos e das nossas escolhas no dia a dia. Essa responsabilidade é de cada um: pessoal e intransferível”, conclui Alessandra.

Se você mora em São Paulo, participe do evento Cérebro Em Ação, neste domingo, 13 de novembro, no Parque do Ibirapuera (Serralheria).

O Cérebro em Ação (@projetocerebroemacao #chegadealzheimer) é um projeto social e educativo para espalhar conhecimento e motivar as pessoas a fazer boas escolhas no dia a dia, adotando hábitos mais saudáveis para proteger o cérebro.

Espiritualidade e Bem-estar - O Globo - MATÉRIA PUBLICADA = UTILIDADE PÚBLICA

 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

OMS recua e desiste de classificar velhice como doença - Folha de S. Paulo

Mudança, que passaria a figurar na CID a partir de janeiro, ocorre após protestos 

Após forte pressão internacional de organizações científicas e da sociedade civil, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recuou da decisão de classificar velhice como doença na nova versão CID 11 (Classificação Internacional de Doenças), que entra em vigor em janeiro de 2022. A mudança foi confirmada nesta terça (14) por um diretor da entidade ao médico e gerontólogo brasileiro Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade e que já dirigiu o programa de envelhecimento da OMS.

A proposta anterior era substituir o termo senilidade (código R-54), que já existe na CID, por "velhice sem menção de psicose; senescência sem menção de psicose; debilidade senil" (MG2A).  Mas houve uma forte reação negativa porque o entendimento foi que, ao assinar um atestado ou um diagnóstico, o médico poderia passar a considerar velhice como doença.

A sugestão agora é que o texto do código seja "declínio da capacidade intrínseca associado ao envelhecimento". Porém, ainda pode haver alterações até o fim do ano.  A CID é um conjunto de 55 mil códigos usados por profissionais da saúde, pesquisadores e formuladores de políticas públicas. Está na sua 11ª atualização.

À primeira vista, a mudança pode parecer sutil, mas especialistas em envelhecimento dizem que ela já acalma os ânimos da comunidade internacional. Nos últimos meses, ocorreram mobilizações de governos, sociedades médicas e entidades ligadas ao envelhecimento em diversos países, inclusive no Brasil, pedindo que a OMS alterasse o código.

A avaliação era que, ao relacionar velhice à doença, a nova classificação poderia ser usada para negligenciar os diagnósticos de doenças nos mais velhos, impedir o registro correto das causas de mortes e ainda aumentar a discriminação contra a população idosa "Essa decisão agora coloca um freio no idadismo que iria atingir níveis sem precedentes. De repente, ficaríamos todos com o rótulo de velhos. Se é velho, deixa morrer. Não vai tratar, não vai fazer diagnóstico", diz Alexandre Kalache.

Para a enfermeira Yeda Duarte, professora da USP e coordenadora do estudo Sabe, que acompanha o envelhecimento na capital paulista, o recuo da OMS foi muito importante, mas a comunidade científica aguarda ansiosa a publicação final do texto. "Por enquanto, houve uma promessa de mudança. Ainda não é a melhor classificação, mas a CID é sempre uma coisa que você pode fazer sugestões, apresentar evidências e ele vai sendo ajustado no meio do caminho."

 No Brasil, 3 em cada 4 mortes ocorrem a partir dos 60 anos. São desfechos de doenças cardiovasculares, oncológicas e neurológicas. Para o médico Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, seguindo o entendimento do código proposto anteriormente, todos os óbitos futuros dessa faixa etária poderiam ter a causa catalogada como velhice.

Em abril deste ano, a morte aos 99 anos do príncipe Philip, marido da rainha Elizabeth , do Reino Unido, acendeu o alerta internacional para a questão. A causa da morte foi "idade avançada", segundo o atestado assinado pela equipe médica que cuida da família real britânica. Mas semanas antes da morte, o príncipe havia sido submetido a uma cirurgia cardíaca.

Em audiência na Câmara dos Deputados sobre o assunto, Maria Cristina Hoffmann, representante da Coordenação de Saúde do Idoso do Ministério da Saúde, disse que a alteração poderia levar a registros nos atestados de óbitos sem a garantia de investigar a causa real da morte, o que prejudica a elaboração de políticas públicas. "Declaração de óbitos é uma fonte importante de conhecimento de saúde. Seria um risco se começassem a colocar lá que a pessoa morreu de velhice. A gente perderia o controle de quantos tinham Parkinson de quantos morreram Alzheimer, informações muito importantes para o planejamento de políticas públicas", diz o geriatra Marco Túlio Cintra, vice-presidente da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia).

Na audiência pública da Câmara, Juan Escalante, representante da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), braço da OMS para as Américas, justificou que a intenção da CID não foi classificar a velhice como doença, mas sim permitir que a inclusão da palavra agrupasse fatores que influenciam na saúde. Na opinião de Marco Cintra, da SBGG, a polêmica também pode ter sido provocada fatores culturais. "Para nós, de língua portuguesa e espanhola, o termo velhice ficou pejorativo. A gente tem lutado muito para combater estigmas e preconceitos contra o envelhecimento. Envelhecer não é uma doença, não é peso para sociedade. Depende do envelhecimento de cada pessoa."

Outra questão muito discutida nos últimos meses foi que, uma vez associada a doença, a velhice virasse um alvo ainda maior da indústria 'anti-ageing' e de tratamentos sem evidências com promessas de retardá-la. "Não falta quem queira entrar nesse mercado. A indústria anti-ageing comanda US$ 37 bilhões nos EUA por ano. Há um lobby poderoso", afirma Kalache.

Para ele, o novo termo que deve ser adotado pela OMS (declínio da capacidade intrínseca) também não é o ideal porque remete à capacidade biológica de cada um e tira a importância dos determinantes sociais da saúde. "Os fatores hereditários, intrínsecos, biológicos respondem por apenas 25% das chances de se chegar bem à longevidade; 75% dependem da forma como você vive, o acesso que tem a uma alimentação saudável, à saúde, à educação, à prática de atividades físicas."

Na sua opinião, é possível que a discussão sobre o novo código se arraste no próximo ano. "Minha aposta é no desenvolvimento de um código relacionado à fragilidade. Fragilidade é algo que podemos definir, mensurar, fazer intervenções, qualquer pode se tornar uma pessoa fragilizada em qualquer etapa da vida."

Para Ieda Duarte, a classificação anterior seria um enorme contrassenso para a luta por um envelhecimento ativo e saudável e também em relação a uma publicação da própria OMS, no início de 2021, de relatório denunciando o idadismo contra idosos. A classificação do envelhecimento biológico como doença foi feita em artigos publicados em periódicos internacionais a partir de 2015, por grupos de pesquisadores da Bélgica, da Suécia, do Reino Unido, entre outros.  Em maio de 2019, a incorporação da classificação da CID-11 foi aprovada na 72ª Assembleia Mundial de Saúde, mas passou praticamente despercebida até que a morte do príncipe Philip reacendeu o debate.

Saúde - Folha de S. Paulo


quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Terceira dose? Alon Feuerwerker


Análise Política

A polêmica do momento em torno das vacinas contra a Covid-19 é sobre aplicar ou não a terceira dose, ou dose de reforço, diante do repique de casos e mortes provocado, segundo se acredita, pelas novas variantes.

O Brasil decidiu fazer (leia). Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz não haver comprovação científica para a medida (leia) e, além do mais, defende que os estoques de vacinas excedentes deveriam ser direcionados para países pobres, cuja imunização anda bem atrasada.

Enquanto cada país escolhe o seu caminho, é relevante notar que o "soft power" da OMS vai se enfraquecendo, conforme as necessidades da vida vão se impondo. Mesmo que sejam as necessidades da vida política. [além de ser um celeiro de incompetência, e incompetentes, a OMS é um fracasso crescente, imagine uma organização voltada para cuidar da saúde ten do como presidente um ex-guerrilheiro = atividade que cuida da eliminação de vidas.]

Pois até países que saíram na frente e aplicaram maciçamente vacinas ocidentais propaladas como mais eficazes, como por exemplo Estados Unidos e Israel (veja no gráfico acima, fonte: Financial Times), enfrentam realidades crescentemente complicadas. 
 
RECOMENDAMOS: Curvas atualizadas

Situações em que governos são pressionados a tomar medidas mesmo sem saber direito se elas vão funcionar.

 Alon Feuerwerker, jornalista e analista político


sábado, 7 de agosto de 2021

Ciência, ciência e silêncio - Oeste

Ana Paula Henkel

O que vai acontecer quando uma multidão começar a resistir a essas ordens draconianas e inconstitucionais?

Aqui nos Estados Unidos, país que já vacinou mais de 165 milhões de pessoas, deveríamos estar voltando à vida normal. Afinal, eles prometeram: achatar a curva, máscaras, um pouco mais de lockdown, só mais um pouco, use duas máscaras, estamos quase lá para a vida normal, tranca tudo de novo, agora vacinas, pronto. Vida que segue. Não. Agora eles estão exigindo que você — mesmo totalmente vacinado — use máscara novamente, mesmo quando estiver em ambientes externos. Mas eles nos prometeram que as vacinas trariam a vida normal… Mas eles não te contaram tudo. Eles nunca nos contam tudo.

O que está acontecendo? À medida que a pandemia caminha para seu segundo aniversário — já que investigações mostram que, em outubro de 2019, a China já sabia que algo estava errado com a população de Wuhan —, mais e mais perguntas surgem. Em uma sociedade totalmente imersa na politização de absolutamente tudo, responda sem pensar: em qual instituição você confia para liderar a pandemia? OK, permita-me refazer a pergunta. Em qual instituição você confia para liderar INFORMAÇÕES sobre pandemia? OMS, Anvisa, o CDC norte-americano? Quem está no leme desse barco para explicar o raciocínio por trás da “ciência” que manda você se trancar em casa, usar máscaras, se trancar de novo, tirar as crianças da escola por um ano, agora se vacinar porque “assim a vida pode voltar ao normal”?

Como? Temos de usar máscaras de novo mesmo vacinados? Mas o que aconteceu com as vacinas superseguras e eficazes contra o vírus chinês? As picadas milagrosas e maravilhosas das Big Farmas que eram absolutamente perfeitas e que você não tinha permissão para questionar — mas que não funcionam da maneira que disseram que funcionavam? A ciência é mais complicada do que pensávamos. Ou do que eles pensavam.

Vários desses “crimes” agora estão se transformando em conclusões oficiais de governos

A verdade, que vai traçando o seu caminho como “fogo morro acima e água morro abaixo “, como dizemos lá em Minas, é que ainda há muita coisa que não sabemos. Todas essas vacinas são experimentais e estão se comportando como tais. O resultado é que um grande número de pessoas vacinadas está contraindo o vírus e algumas delas estão ficando muito doentes, até mesmo morrendo. Temos visto isso no Brasil, no Chile e nos Estados Unidos. Mas também é verdade em Gibraltar, Islândia e Israel, territórios pequenos com altas taxas de vacinação que estão vendo grandes picos nos casos de covid. De acordo com o CDC, três quartos dos infectados em um surto recente em Massachusetts já haviam sido vacinados. O próprio CDC anunciou recentemente que pessoas imunizadas podem carregar o vírus e  facilmente espalhá-lo para outras pessoas, mas por que não nos permitem perguntar o que está acontecendo?

Vamos descobrindo que praticamente tudo o que nos contaram sobre as vacinas contra a covid não estava tão correto. Parece que o crime inafiançável de questionar sempre foi o caminho certo, mesmo com os jacobinos virtuais querendo degolar reputações nas redes sociais e plataformas de informação, inclusive de médicos. Muito do que dissemos desde 2020 sobre o vírus, vacinas e medicações “proibidas” que não enriquecem os lordes das Big Farmas era censurado imediatamente por ser considerado “desinformação”? Agora, contudo, vários desses “crimes” estão se transformando em conclusões oficiais de governos.

Apesar da tirania da turba virtual, degoladores das opiniões alheias, a ciência é assim, ela muda rapidamente. Nada está realmente resolvido num piscar de olhos, apesar do que nos dizem ou querem que acreditemos. Se os governantes tivessem admitido questionamentos desde o início, estaríamos em um patamar bem mais alto. Cidadãos sem agendas político-ideológicas podem lidar com a verdade, por mais dura que ela seja. O que não suportamos mais é que nossos governantes — não líderes, porque líderes não agem dessa maneira — continuem mentindo implacavelmente.

E isso é exatamente o que está acontecendo. Há algumas semanas, o próprio Antony Fauci foi questionado por um repórter se a vacina funcionaria contra a nova variante Delta da covid. Qual seria a resposta honesta? “Não temos certeza” ou “Esperamos que sim” ou “Estamos investigando”. Mas não foi isso o que aconteceu. Fauci é um mentiroso, assim como tantos que perderam as máscaras na pandemia, e fingiu saber o que não sabia. “Sim, ela funciona”, respondeu.

Se olharmos com atenção, todos eles fizeram isso. Gritaram durante um ano inteiro e condenaram aqueles que ousaram fazer perguntas fora do script. Neste momento, mesmo depois de tanto tempo e tantas evidências de que erraram, ninguém pediu desculpas. 
Em vez disso, novamente eles nos culpam pelos seus desastres e tentam nos punir com mais restrições, mais escolas fechadas, mais lockdowns e passaportes sanitários draconianos. A culpa é sua e minha e de mais ninguém, entendeu? Shh. Zip. Boca fechada. 
Aqui na América, todos os dias ouvimos “O CDC é um órgão respeitado” ou “Segundo a respeitada OMS…”, como se a repetição de qualquer ladainha tornasse algo verdadeiro.

Por quanto tempo vamos tolerar tudo isso?

Depois de intermináveis lockdowns em 2020 na Grã-Bretanha, as autoridades observaram um grande aumento nos casos da chamada “variante Delta” no último mês. 
Mas o governo britânico não reinstituiu as restrições e não forçou uma nova ordem obrigatória para o uso de máscaras. O que aconteceu? 
Os casos e mortes por covid no Reino Unido despencaram.
 
Portanto, a questão é: 
- por que o Brasil ou os Estados Unidos ainda precisam de ineficientes lockdowns, como governadores e a Casa Branca democrata querem repetir fórmulas que se mostraram ineficientes? 
Por que forçar o uso de máscaras em crianças? 
No entanto, o governo de Joe Biden, além de exigir máscaras para crianças, agora exige até para aqueles que já foram vacinados.  
O doutor Vivek Murthy, conselheiro da Casa Branca, chegou a exigir que as pessoas vacinadas usassem máscaras em ambientes externos: “Digamos que você seja um pai como eu, que tem filhos pequenos em casa que não foram vacinados; se você interagir muito com pessoas que não foram vacinadas, é preciso um cuidado extra e usar a máscara até ao ar livre, mesmo se você estiver totalmente vacinado”.

O que acontece com esses profissionais que desconsideram os números oficiais e as várias pesquisas já realizadas em inúmeros países? Crianças e jovens não correm o risco de morrer de covid, a menos que tenham quadros de comorbidades graves ou uma doença preexistente profundamente perigosa. Caso contrário, eles ficarão bem. Isso é que dizem os números. E os governos do Rio de Janeiro e de São Paulo ainda querem cometer a atrocidade de aplicar uma vacina emergencial e experimental em um grupo que tem a mortalidade por covid na casa do 0,002%.

Por quanto tempo vamos tolerar tudo isso? O que vai acontecer quando uma multidão começar a resistir a essas ordens draconianas e inconstitucionais? E o mais perturbador é ver jornalistas e veículos de comunicação estimulando o governo a suspender os direitos civis para atender à demanda das mentiras que propagam.

É assustador pensar nos próximos anos, tentar acelerar a fita da história, e perceber o que de fato ocorreu nessa pandemia. Mortes que poderiam ter sido evitadas com um tratamento barato, rápido e eficiente; 
os bilhões de dólares conquistados por meio do medo e da coerção; 
um programa de vacinação irresponsável e perigoso para crianças e adolescentes; o poder acima de tudo. Como sempre nos lembra o psiquiatra Jordan Peterson, um dos melhores pensadores da atualidade, “se você acha que homens durões são perigosos, espere até ver do que são capazes os homens fracos”.

Leia também “O bizarro culto à covid”

Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste  

 

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Nas redes bolsonaristas, Pazuello vira 'herói' do governo na CPI da Covid - Malu Gaspar

Se não convenceu boa parte do público, pode-se dizer que o depoimento de Eduardo Pazuello funcionou em pelo menos um universo: os grupos bolsonaristas no WhatsApp e no Telegram. Entre esses seguidores, a decisão de não usar o habeas corpus fornecido pelo STF para ficar calado e até confrontar os senadores em alguns momentos fez sucesso. 

Ao longo de todo o depoimento, as listas pró-Bolsonaro no WhatsApp foram inundadas com mensagens que indicavam a narrativa a ser reproduzida nas redes. “A primeira farsa dos opositores caiu hoje. Apostaram no silêncio, mas o ministro veio preparado e falou muito”, disse um dos textos disseminados nas redes. “O ex-ministro Pazuello está destruindo todas as narrativas fabricadas contra o governo federal naquele circo que está acontecendo no Senado”, diz outra mensagem. 


 

Solidários ao ex-ministro várias vezes chamado de "herói", muitas postagens diziam ter sido um ultraje até mesmo a convocação do general, que esteve à frente do Ministério da Saúde no período em que morreram mais da metade das 445 mil vítimas da Covid-19 no Brasil. “Humilhante para o general Pazuello, um homem sério, ser sabatinado por esses crápulas!”, desabafou um bolsonarista em um grupo do Telegram. “Quero deixar minha indignação aqui com essa CPI. Estão a todo o momento denegrindo (sic) a imagem do ministro Pazuello e do nosso presidente”, escreveu uma apoiadora.

[se impõe esclarecer que o FATO destruidor da Covidão foi ter sido inventada com um objetivo - destruir o governo Bolsonaro = prejudicar o Brasil e aos brasileiros  - e,  caminha para o fracasso total, cômico e humilhante;  
Claro que o presidente Bolsonaro tem liderado a implosão da CPI covid-19, mas quem está acabando com a Covidão são:
- a pretensão estúpida que acalentavam de conseguir transformar interpretações parciais em FATOS contra o presidente = nada foi encontrado, nem será,  contra o presidente da República; 
- a sucessão de escorregadas, confusões, contradições  que o relator Calheiros e aquele senador do Amapá causam e que tornam hilário o trabalho da dita CPI. Uns poucos exemplos: 
- ontem o relator Calheiros ficou andando de um lado para outro, mostrando algumas folhas de papel e dizendo que o general Pazuello tinha mentido várias vezes - andava sem rumo, sacudindo os papéis e ninguém lhe dava atenção = o ódio que o político alagoano tem contra Bolsonaro o cega e faz perder a noção, orientação e mesmo o senso do ...;
- um outro senador, não recordamos se foi o que sempre diz que foi médico ou o senador do Amapá = um deles criticou Pazuello, chamando-o de mentiroso, por declarar ter opinião contra a 'cloroquina' e defender o presidente da República quando este declara ser favorável ao uso do fármaco (medicamento que apesar de ser tão malhado, continua sendo vendido nas farmácias do Brasil,  mediante apresentação da receita médica). No brilhante entendimento do sábio crítico, se um cidadão não gosta de determinada prática (não criminosa) não pode concordar que outros cidadãos defendam o que ele não gosta. !!! 
- teve  outro integrante da CPI que ao  defender o ponto de vista de que a malsinada decisão do STF, abril 2020 - aquela que até o Supremo,  se  pudesse, voltaria no tempo e não a proferiria -  não cassou o direito ou o dever do Poder Executivo Federal atuar no combate à covid-19, se saiu com a frase: " O poder Executivo da União  pode tomar decisões em conjunto com os municípios e estados." Nada mais disse, omitindo o principal e que tem sido válido da data da suprema decisão até os dias atuais: havendo divergências nas medidas decretadas pelo Executivo federal, prevalecem as dos municípios e/ou dos estados.
Tem muitas outras, mas o modesto objetivo do Blog Prontidão Total não é publicar material voltado ao humor.]

O fato de Pazuello blindar completamente o presidente da República de qualquer responsabilidade pelo fracasso na pandemia também pesou a favor do ex-ministro nas redes. Para os seguidores, o general foi um “guerreiro”  que defendeu Bolsonaro de conspiradores. [o general agiu com 'HONRA e LEALDADE', valores que andam juntos e são caros as pessoas dignas.]

Dentre eles, o mais atacado foi o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), mas também sobrou para o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), e outros parlamentares. “General Pazuello, um oficial general extremamente bem preparado, conseguiu com sua exposição dos fatos, relacionados à sua atuação como Ministro da Saúde, provocar um golpe certeiro nas armações e manipulações de Renan Calheiros ao longo da CPI”, disse uma mensagem assinada por um suposto comandante militar. [só nos resta concordar que a as folhas ....ops .... curriculum do relator, presidente e familiares colaboram para que se destaquem.]



No Telegram, cada vez mais frequentado por bolsonaristas, uma lista de apoiadores de Eduardo Pazuello foi criada na tarde de quinta-feira, enquanto ele falava à CPI.  Setenta pessoas já aderiram e passaram a receber artes e cards com as inscrições #Somos Todos Pazuello e ilustrações já com visual de campanha eleitoral. Até o agravamento da pandemia sacá-lo do cargo, Pazuello cogitava concorrer ao governo de Roraima ou do Amazonas. O grupo também criou um perfil no Instagram para homenageá-lo.

Malu Gaspar, colunista - O Globo


terça-feira, 4 de maio de 2021

Ninguém derruba a popularidade do Capitão? - Veja

Matheus Leitão

Pelos dados do Paraná Pesquisa, Bolsonaro continua em primeiro lugar em São Paulo, apesar de todos os erros na gestão da saúde

A nova pesquisa realizada pelo instituto Paraná Pesquisas, que mostra o presidente Jair Bolsonaro liderando a eleição presidencial para 2022 no estado de São Paulo, é mais um banho de água fria para a oposição. Terminada de ser apurada no último 1º de maio, ou seja no último sábado, a pesquisa mostra que, até o momento, ninguém, nem nenhum fato negativo  – e olha que são tantos – derruba a popularidade do capitão.

Se a disputa fosse hoje, Bolsonaro apareceria com uma vantagem em relação ao ex-presidente Lula de nove pontos. Em relação a Sérgio Moro, João Doria e Ciro Gomes, seria de assombrosos 26 pontos. Além disso, está 27 à frente de Luciano Huck. Como a coluna mostrou, com a entrada de Lula na disputa, uma candidatura de centro, que surgia como opção após as eleições municipais, perdeu força.

Mesmo sendo de conhecimento público que o eleitor paulista é bastante conservador, outros nomes neste espectro politico de direita já poderiam ter capturado o eleitorado de Bolsonaro. A resiliência do presidente no estado mais populoso do país, chave para qualquer eleição para o Planalto, é uma notícia que anima Bolsonaro e seus aliados no Congresso nesta segunda, 3, em Brasília.

Especialmente porque o governo faz uma desastrosa gestão da Saúde na pandemia, o que já deveria ter carimbado mais na imagem do presidente, e pela crise econômica sem precedentes, que costuma derrubar rapidamente a aprovação de um governante. Bolsonaro fez inúmeras barbaridades na pandemia, sendo contra as medidas da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas a principal delas foi a de boicotar a compra das vacinas, o que atrapalhou de forma inegável o país, além de colocar em risco a vida de milhares de pessoas. Ao falar que quem tomasse a vacina viraria jacaré, Bolsonaro atrasou ainda mais a imunização do país.

Mas uma coisa é preciso dizer. Politicamente, quem tem criado couro de jacaré nos últimos anos é o presidente. Mesmo sendo um negacionista da vacina. Bolsonaro é o jacaré da política brasileira.

 Blog do Matheus Leitão, jornalista - Revista Veja