O Estado de S. Paulo
Ministro devolveu a Lula e ao PT a marca social e o slogan do rico contra o pobre
Durante anos, o PT e o próprio ex-presidente Lula insistiram no que
parecia uma fantasia, ou peça de marketing: a de que “as elites”
rejeitavam Lula porque era um nordestino retirante e nunca suportaram
que pobres viajassem lado a lado com eles nos aviões. Isso sempre soou
bobo, ridículo, populista. Desde a quinta-feira, contudo, passou a fazer
sentido, a ser levado a sério.
Em geral correto no conteúdo e desastrado na forma, o ministro Paulo
Guedes acaba de dar de bandeja uma superbandeira política e eleitoral
para o PT e Lula. “Empregada doméstica indo pra Disneylândia? Uma festa
danada. Peraí!”, disse o ministro, que acaba de passar férias em...
Miami!
[1º - o povo, no caso o povo pobre, não quer marca social nem slogan e sim emprego, melhores condições de vida, saúde, educação, segurança e algumas partes do que o povo quer já estão sendo devolvidas pelo Governo Bolsonaro e outras serão devolvidas de forma gradativa e sempre crescente;
2º - não se devolve nada aos mortos, assim Lula e PT, mortos politicamente, nada podem receber. A ilustre Colunista encerra o artigo com a expressão "Basta jogar parado". Jogar parado pode ser boa estratégia, mas, no caso o jogo está parado porque um das equipes está politicamente morta.
3º - Qualquer acontecimento - seja um acidente, um comentário, um trecho de palestra, entrevista, - tem o fato e a versão. Se tratando do presidente Bolsonaro, e/ou alguém de sua equipe, a imprensa sempre apresenta a versão, a interpretada da forma mais negativa para o capitão e equipe. Paciência. O tempo mostrará que Bolsonaro fará um bom governo e a sua reeleição só DEUS pode impedir que ocorra. NÃO ESQUEÇAM QUE AS ELEIÇÕES ESTÃO MARCADAS PARA 2022.]
Assim como há no Brasil o reino da piada pronta, Guedes introduz agora o
slogan pronto de campanha. Só que da oposição, do adversário. Já dá
para ouvir Lula e candidatos petistas entoando País afora: “Empregada
doméstica indo pra Disneylândia? Uma festa danada Peraí!”. Nenhum
marqueteiro maquiavélico faria melhor. [Em 2022 Lula pode estar preso - tem duas condenações, outros processos e logo essa onda de impedir a prisão após condenação em segunda instância, vai cair.]
Para piorar as coisas para o bolsonarismo e melhorar para o petismo, a
declaração foi exatamente na véspera de Lula se encontrar com o papa
Francisco no Vaticano, por uma hora e em lugar reservado, para, segundo
Lula, discutirem um “mundo mais justo e mais fraterno” e “a experiência
brasileira no combate à miséria”. “Justiça”, “fraternidade”, “combate à miséria” remetem às origens e aos
propósitos anunciados na criação do PT, há 40 anos – ou seriam séculos?
E, mais do que isso, marcam um contraponto poderoso ao presidente Jair
Bolsonaro e ao bolsonarismo, que investem em “família”, “empresários”,
“armas” e “combate à corrupção”. [O Papa Francisco é um líder católico atualizado e sabe que a “Justiça”, “fraternidade”, “combate à miséria”exercida pelo PT, quando estava no poder, se resume ao assalto aos cofres públicos. Ele concordou em receber Lula em um ato de generosidade cristã.]
O maior troféu de Lula, porém, foi a foto com o papa. O presidente mais
popular da história recente brasileira e o papa mais humanista,
inclusivo e generoso em décadas. Às favas os fatos, ora, os fatos: a
prisão, a condenação em primeira e segunda instâncias, os processos, o
envolvimento de filhos, as relações promíscuas entre público e privado, o
favorecimento pessoal. [esses fatos serão destacados, mostrados, comprovados na campanha, não se descartaa verdade com a facilidade que muitos julgam.] E os erros do PT, sem autocrítica.
Com o foco obviamente no governo, como sempre é, essas coisas vão
perdendo interesse e espaço para manifestações surpreendentes do
presidente Bolsonaro, dos ministros da Economia, da Educação, das
Relações Exteriores, dos Direitos Humanos. E não são só manifestações,
mas, às vezes, também ações que chocam e vão escancarando a real alma do
governo. Nesta semana, Paulo Guedes tinha acabado de pedir desculpas publicamente
por chamar os funcionários públicos de “parasitas”, como também de
apagar um incêndio criado pelo próprio Bolsonaro. Num rompante
populista, o presidente tinha desafiado os governadores: se eles
zerassem os impostos sobre combustíveis, a União faria o mesmo. Era uma
bravata, praticamente impossível. E lá se foi Guedes acalmar os
governadores. Segundo ele, foi só um “mal-entendido”.
Tudo parecia estar se acalmando, mas a guerra continua. Ato contínuo, o
governo atacou de novo os governadores, desta vez os nove da Amazônia.
Depois de excluir a sociedade civil do Conselho Nacional do Meio
Ambiente, limou os governos estaduais do Conselho da Amazônia. Se há uma
coisa que Bolsonaro não gosta é de conselhos, contraditório, visões
diferentes, debates... Logo, as empregadas domésticas não estão sozinhas. Fazem parte de uma
lista longa, e crescente, de alvos de Bolsonaro e de seu governo:
jornalistas, ambientalistas, pesquisadores, professores, estudantes,
diplomatas, policiais federais, auditores fiscais, políticos e
governadores. [não se faz omelete sem quebrar os ovos e consertar o Brasil é fazer um OMELETÃO. As vezes, sai mais barato e mais fácil implementar mudanças, correções, adequações, promovendo a derrubada do que existe e erguendo um novo. O sucesso do Bolsonaro está vinculado de forma proporcional ao sucesso na economia.]
Lula e o PT estão fazendo festa. Eles não acertam uma, mas lucram com os
erros absurdos do presidente e seu governo. Basta jogar parado.
Eliane Cantanhêde, jornalista - Coluna O Estado de S. Paulo