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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

De Guedes para Lula - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Ministro devolveu a Lula e ao PT a marca social e o slogan do rico contra o pobre

Durante anos, o PT e o próprio ex-presidente Lula insistiram no que parecia uma fantasia, ou peça de marketing: a de que “as elites” rejeitavam Lula porque era um nordestino retirante e nunca suportaram que pobres viajassem lado a lado com eles nos aviões. Isso sempre soou bobo, ridículo, populista. Desde a quinta-feira, contudo, passou a fazer sentido, a ser levado a sério.

Em geral correto no conteúdo e desastrado na forma, o ministro Paulo Guedes acaba de dar de bandeja uma superbandeira política e eleitoral para o PT e Lula. “Empregada doméstica indo pra Disneylândia? Uma festa danada. Peraí!”, disse o ministro, que acaba de passar férias em... Miami!

[1º - o povo, no caso o povo pobre, não quer  marca social nem slogan e sim emprego, melhores condições de vida, saúde, educação, segurança e algumas partes do que o povo quer já estão sendo devolvidas pelo Governo Bolsonaro e outras serão devolvidas de forma gradativa e sempre crescente;

2º - não se devolve nada aos mortos, assim Lula e PT,   mortos politicamente, nada podem receber. A ilustre Colunista encerra o artigo com a expressão "Basta jogar parado". Jogar parado pode ser boa estratégia, mas, no caso o jogo está parado porque um das equipes está politicamente morta.

3º - Qualquer acontecimento - seja um acidente, um comentário, um trecho de palestra, entrevista, - tem o fato e a versão. Se tratando do presidente Bolsonaro,  e/ou alguém de sua equipe, a imprensa sempre apresenta a versão, a interpretada da forma mais negativa para o capitão e equipe. Paciência. O tempo mostrará que Bolsonaro fará um bom governo e a sua reeleição só DEUS pode impedir que ocorra. NÃO ESQUEÇAM QUE AS ELEIÇÕES ESTÃO MARCADAS PARA 2022.]

Assim como há no Brasil o reino da piada pronta, Guedes introduz agora o slogan pronto de campanha. Só que da oposição, do adversário. Já dá para ouvir Lula e candidatos petistas entoando País afora: “Empregada doméstica indo pra Disneylândia? Uma festa danada Peraí!”. Nenhum marqueteiro maquiavélico faria melhor. [Em 2022 Lula pode estar preso - tem duas condenações, outros processos e logo essa onda de impedir a prisão após condenação em segunda instância, vai cair.]

Para piorar as coisas para o bolsonarismo e melhorar para o petismo, a declaração foi exatamente na véspera de Lula se encontrar com o papa Francisco no Vaticano, por uma hora e em lugar reservado, para, segundo Lula, discutirem um “mundo  mais justo e mais fraterno” e “a experiência brasileira no combate à miséria”. “Justiça”, “fraternidade”, “combate à miséria” remetem às origens e aos propósitos anunciados na criação do PT, há 40 anos – ou seriam séculos? E, mais do que isso, marcam um contraponto poderoso ao presidente Jair Bolsonaro e ao bolsonarismo, que investem em “família”, “empresários”, “armas” e “combate à corrupção”. [O Papa Francisco é um líder católico atualizado e sabe que a “Justiça”, “fraternidade”, “combate à miséria”exercida pelo PT, quando estava no poder, se resume ao assalto aos cofres públicos. Ele concordou em receber Lula em um ato de generosidade cristã.]

O maior troféu de Lula, porém, foi a foto com o papa. O presidente mais popular da história recente brasileira e o papa mais humanista, inclusivo e generoso em décadas. Às favas os fatos, ora, os fatos: a prisão, a condenação em primeira e segunda instâncias, os processos, o envolvimento de filhos, as relações promíscuas entre público e privado, o favorecimento pessoal. [esses fatos serão destacados, mostrados, comprovados na campanha, não se descartaa verdade com a facilidade que muitos julgam.] E os erros do PT, sem autocrítica.

Com o foco obviamente no governo, como sempre é, essas coisas vão perdendo interesse e espaço para manifestações surpreendentes do presidente Bolsonaro, dos ministros da Economia, da Educação, das Relações Exteriores, dos Direitos Humanos. E não são só manifestações, mas, às vezes, também ações que chocam e vão escancarando a real alma do governo. Nesta semana, Paulo Guedes tinha acabado de pedir desculpas publicamente por chamar os funcionários públicos de “parasitas”, como também de apagar um incêndio criado pelo próprio Bolsonaro. Num rompante populista, o presidente tinha desafiado os governadores: se eles zerassem os impostos sobre combustíveis, a União faria o mesmo. Era uma bravata, praticamente impossível. E lá se foi Guedes acalmar os governadores. Segundo ele, foi só um “mal-entendido”.

Tudo parecia estar se acalmando, mas a guerra continua. Ato contínuo, o governo atacou de novo os governadores, desta vez os nove da Amazônia. Depois de excluir a sociedade civil do Conselho Nacional do Meio Ambiente, limou os governos estaduais do Conselho da Amazônia. Se há uma coisa que Bolsonaro não gosta é de conselhos, contraditório, visões diferentes, debates... Logo, as empregadas domésticas não estão sozinhas. Fazem parte de uma lista longa, e crescente, de alvos de Bolsonaro e de seu governo: jornalistas, ambientalistas, pesquisadores, professores, estudantes, diplomatas, policiais federais, auditores fiscais, políticos e governadores. [não se faz omelete sem quebrar os ovos e consertar o Brasil é fazer um OMELETÃO. As vezes, sai mais barato e mais fácil implementar mudanças, correções, adequações, promovendo a derrubada do que existe e erguendo um novo.          O sucesso do Bolsonaro está vinculado de forma proporcional ao sucesso na economia.]

Lula e o PT estão fazendo festa. Eles não acertam uma, mas lucram com os erros absurdos do presidente e seu governo. Basta jogar parado.
 
Eliane Cantanhêde, jornalista - Coluna O Estado de S. Paulo