Um governo que tomou tudo dos brasileiros. Um partido que saqueou as contas públicas aparelhando o
Estado com um “sindicato
de ladrões”, como bem definiu o ministro do Supremo, Gilmar Mendes.
Uma presidente que implodiu com a economia e praticou mirabolantes
pedaladas fiscais para esconder seus erros. Uma administração que
tem inúmeros atos investigados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pelo Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), que podem cassar o mandato ou
levar ao impeachment. Aliados e
tesoureiros presos. Um oceano
de provas sobre esquemas fraudulentos. Desvios de estatais. Doações ilegais em
campanha. Negociatas de cargos e verbas para garantir
apoio. O enredo de podridões já
podia estar no limite. Mas a esquadra petista segue
armando tramoias sem fim e mentindo descaradamente para sustentar a todo custo o seu projeto de poder.
Costura acordos e paga pelo aval parlamentar.
Perto de R$ 500 milhões sairão dos
cofres do Tesouro para emendas de deputados e senadores (novamente no toma-lá-dá-cá, não importando dificuldades
de caixa ou ajustes em andamento). O interesse partidário acima de tudo! Nesse
teatro de absurdos, protagonistas e coadjuvantes não enxergam limites para a
farsa. Agora vem a presidente dizer que nada sabia
sobre a gravidade da crise. Mente ou
dissimula? Foram vários os alertas que recebeu de especialistas, de
adversários políticos e mesmo de assessores.
Preferiu
ignorar. Fez ouvidos moucos. Só enxergava a reeleição. Indagada, em meados
do ano passado, sobre o encolhimento gradativo do PIB,
disse ser conversa de pessimistas.
Afirmou
com todas as letras que a inflação estava controlada e que, em breve,
retornaria ao centro da meta. Que o crescimento viria, vigoroso e sustentável. Dilma atacou toda e qualquer proposta de
ajuste. Sua teimosia em classificar de “catastrofismo”
os sinais do desastre iminente não era miopia. Mas estratégia. Ela deliberadamente
distorceu a realidade a seu favor e iludiu os brasileiros que acreditaram em
suas promessas. Continua com a mesma
tática. Ao sabor das conveniências, recorre de
improviso a lances de marketing para agradar a plateia. Mesmo que depois
não cumpra o anunciado. Foi assim mais uma vez na
semana passada ao comunicar publicamente
a almejada redução de ministérios. Dilma resolveu ali desmentir Dilma.
Ela que considerava a ideia desse enxugamento
da máquina uma “imensa cegueira
tecnocrática” voltou atrás. De novo. Durante a campanha chegou a reagir com
veemência a propostas nesse sentido de candidatos opositores: “tem gente querendo
reduzir ministérios. Um deles o da Igualdade Racial, outro o que luta em defesa
das mulheres. Eu acho um verdadeiro escândalo querer acabar com ministérios”. Das duas uma:
ou Dilma mentiu
lá atrás ou mente agora. De maneira amadora
e desorganizada mandou avisar que cortará 10 pastas. Dentre as quais entraram também na mira as
duas citadas por ela.
É preciso acompanhar se irá adiante. Para dar
estofo à empreitada estabeleceu o objetivo de eliminar mil cargos de confiança. Um
pingo d’água na estrutura que conta com 22 mil postos
comissionados. Para se ter uma ideia
da multiplicação acelerada de vagas na esfera federal basta dizer que em meados de 2007 o
número total não passava de seis mil postos.
Os seguidos governos de Lula e Dilma levaram à estratosfera essa
ocupação da máquina e o movimento em curso pode não passar de mera maquiagem. Serão extintos menos de 5% dos cargos existentes, a maioria
dos quais sequer ocupados.
Resta saber se na tesourada vão prevalecer
critérios técnicos e de eficiência administrativa ou a velha motivação política
de acomodação dos apaniguados e simpatizantes
partidários. O leilão está aberto.
Para o ex-ministro e economista, Delfim Netto, “o atual governo decidiu destruir as finanças públicas para conseguir a
reeleição”. Na sua classificação, o “Palácio é um serpentário”. E fica para os brasileiros a dúvida: Como emprestar alguma credibilidade a esse
grupo que ocupa o Planalto?
Dilma
pede voto de confiança e quer que esqueçam o que ela disse. O mesmo tentou o
seu antecessor, Lula. A propósito dele a pupila alega existir uma “intolerância inadmissível”. Em
entrevista a jornalistas, dias atrás, falou que “a intolerância é a pior coisa que pode acontecer numa sociedade porque
cria o nós e o eles. Isso é fascismo”. Talvez a presidente tenha “esquecido” que foi
o próprio Lula quem criou o “nós
contra eles” e que ainda difunde a divisão.
Se não, é de se imaginar que Dilma reviu
o conceito a respeito de Lula e passou a encará-lo como fascista. Afinal, a
presidente vive mudando de opinião. Vai saber!
Fonte: Carlos José
Marques – diretor-editorial, IstoÉ