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segunda-feira, 12 de junho de 2023

Em Cuba, o horror do regime comunista. Todos os presos políticos são torturados - Marinellys Tremamunno

Ideias - Gazeta do Povo

Manifestantes pedindo “liberdade” são interceptadas pelas forças de segurança e brigadas de apoiadores da ditadura, originando confrontos violentos e detenções, em 2021 - Foto: EFE/Ernesto Mastrascusa

“Gabriela foi torturada por protestar e com a idade de 17 anos; quando a levaram para a prisão, os guardas a violentaram. E o que acontece com as mulheres adultas? María Cristina e Angélica foram presas e espancadas até desmaiar. María Cristina foi transferida para um lugar chamado ‘Prisão da AIDS’. Ambas estão mantidas lá até hoje."

As histórias de terror de Gabriela, María Cristina e Angélica são apenas três dos 181 casos abordados no Primeiro Estudo sobre Tortura em Cuba, criado pela organização sem fins lucrativos Prisoners Defenders (Defensores de Prisioneiros), com sede na Espanha. Um verdadeiro manual de horrores que em suas 271 páginas (leia aqui) descreve em detalhes o que sofrem as vítimas do regime cubano.

O relatório, intitulado “Tortura em Cuba”, foi apresentado em 30 de maio, em uma coletiva de imprensa online liderada pelo ativista de direitos humanos Javier Larrondo, presidente da Prisoners Defenders. Além disso, participaram a Vice-Presidente do Parlamento Europeu, Dita Charanzová; Javier Nart, membro do Parlamento Europeu e vice-presidente da Dcam (Delegação para as Relações com os Países da América Central); e Juan Salafranca, secretário-geral adjunto do Grupo PPE, entre outros.

Javier Larrondo explicou que os 181 casos foram escolhidos, como amostra, entre os 1.277 presos políticos registrados na ilha nos últimos 12 meses, de abril de 2022 a março de 2023. “E confirmamos que todos os presos políticos, todos, foram torturados, e 80% deles sofreram mais de 5 tipos de tortura”, afirmou.

O presidente da Prisoners Defenders assegurou que o estudo demonstra que “em Cuba, toda pessoa detida por expressar uma opinião contrária ao sistema vigente foi torturada. Eles os torturam impiedosamente e implacavelmente, com o único limite de evitar que haja muitas evidências ou evitar a morte do prisioneiro. Enquanto é possível, porque isso também aconteceu”.

Além disso, dos 181 casos documentados, quatro vítimas eram menores de idade quando foram detidas e 22 tinham menos de 21 anos: “Jonathan Torres Farrat, preso aos dezessete anos, sofreu quinze tipos de tortura; Gabriela Zequeira Hernández, dezessete anos, quatorze tipos de tortura; Brandon David Becerra Curbelo, dezessete anos, oito tipos de tortura; Cristian Enrique Salgado Vivar, dezessete anos, oito tipos de tortura”.

E não só isso, o relatório conseguiu documentar pelo menos 15 padrões de tortura:
por meio de depoimentos feitos em um formulário com 38 campos de resposta, o que permitiu compor um banco de dados em Excel. “As formas mais comuns de tortura, incluindo maus-tratos e tratamento desumano infligidos a menores, neste estudo foram: humilhação, abuso verbal e degradação, isolamento punitivo, agressão física, confinamento solitário, isolamento, privação de sono, privação de líquidos e alimentos, e negação de atendimento médico”, listou. “E mesmo que não matem os torturados, fazem com que muitos desses jovens queiram parar de viver. Já são vários os que tentaram o suicídio”, acrescentou, dirigindo um apelo à União Europeia para que atue em defesa da “verdade”.

“Cuba tortura ferozmente cada um de seus presos políticos – continuou Larrondo –, passei semanas lendo os depoimentos de mais de 250 entrevistados e não pude deixar de chorar, mas na maioria das vezes meu coração estava cheio de raiva pela dor que é infligida a numerosas famílias cubanas enquanto aqui na Europa desviamos o olhar e ignoramos esta realidade”. Não surpreendentemente, a notícia do relatório da tortura cubana foi ignorada pela mídia italiana, enquanto foi publicada pela maioria da mídia hispano-americana.

A ocasião foi propícia para recordar a recente visita do Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros a Havana: "Julgue se isso é compatível com o serviço externo da União Europeia, com a visita de Josep Borrel para elogiar e subsidiar empresas cubanas”, disse Larrondo, denunciando o fato de o funcionário europeu ter evitado encontros com os dissidentes vencedores do prémio Sakharov, com os familiares das vítimas e com qualquer membro da sociedade civil cubana. “Entendo os deveres da diplomacia, mas há algo que precisa ser defendido: a verdade. Se tentarmos silenciar a dor dos outros, isso não é a Europa… E a verdade é que membros do governo cubano estão cometendo incansavelmente crimes contra a humanidade. Senhores: Videla, Pinochet, Somoza, hoje se chamam Castro, Díaz Canel, Maduro, Ortega e Arce. São os mesmos monstros, com um chapéu diferente mas tão podres (ou até mais) quanto os anteriores”, reiterou.

A chamada revolução cubana “começou com o fuzilamento de milhares de pessoas e ainda hoje, sessenta e quatro anos depois, aprisiona e tortura milhares de pessoas. Tanto que hoje a principal causa da emigração não é apenas a miséria, mas também a repressão. Assim, no ano passado, cerca de 400 mil pessoas fugiram do país”.

Ao mesmo tempo, a vice-presidente do Parlamento Europeu, Dita Charanzová, informou que nos últimos dias recebeu em audiência um grupo de especialistas das Nações Unidas e da Fundação para os Direitos Humanos em Cuba, para abordar a situação dos direitos humanos e das liberdades na ilha. “Todos concordaram com a gravidade da situação e destacaram o agravamento da crise migratória, a escassez de alimentos e remédios e as violações dos direitos humanos."

Charanzová lembrou os laços de Cuba com Vladimir Putin e também insistiu na importância de a União Européia não manter laços econômicos com ditaduras e países que sistematicamente violam os direitos humanos. Ao contrário do que fizeram as regiões italianas da Lombardia, Piemonte e Calábria, que se valeram da presença de médicos cubanos em troca de contratos milionários que ainda hoje financiam os cofres do regime castrista. Só na Calábria, como já escrito aqui, Occhiuto assinou um contrato que garante 2,3 milhões de euros anuais à estatal “Comercializadora de Serviços Médicos Cubanos, S.A.”, apesar das sanções dos Estados Unidos.

Marinellys Tremamunno é uma jornalista profissional ítalo-venezuelana, natural de Caracas. É bacharel em Comunicação Social pela Universidade Central da Venezuela (2002) e mestre em Jornalismo Digital pela Universidade Internacional de Valência (Espanha, 2011). Hoje mora em Roma, trabalha para Nuova Bussola Quotidiana e é correspondente de vários meios de comunicação internacionais.


© 2023 La Nuova Bussola Quotidiana. Publicado com permissão. Original em italiano.

 Transcrito de Ideias - Gazeta do Povo - pelo Blog Prontidão Total

 


 

domingo, 30 de julho de 2017

As provas da JBS



ÉPOCA teve acesso aos documentos que expõem a compra sistemática de centenas de políticos brasileiros 

>> Trecho da reportagem de capa da ÉPOCA desta semana:
Demilton de Castro e Florisvaldo de Oliveira estavam suando. No estacionamento da JBS em São Paulo, eles tentavam, sem sucesso, enfiar uma volumosa caixa de papelão num limitado porta-malas de Corolla. Plena segunda-feira e aquele sufoco logo cedo. 

Manobra para cá, manobra para lá, e nada de a caixa encaixar. Até que, num movimento feliz, ela deslizou. Eles conseguiram. Estavam prontos para desempenhar a tarefa a que Florisvaldo fora designado. E que ele tanto temia. Dez dias antes, Florisvaldo despencava até uma rua na Vila Madalena, também em São Paulo, para fazer uma espécie de “reconhecimento do local” onde teria de entregar R$ 1 milhão em espécie. 

Seu chefe, o lobista Ricardo Saud, havia encarregado Florisvaldo do delivery de propina para o então vice-presidente da República, Michel Temer. O funcionário, leal prestador de serviço e carregador de mala, não queria dar bola fora. Foi dar uma olhada em quem receberia a bufunfa. Ao subir as escadas do prediozinho de fachada espelhada, deu de frente com a figura inclemente de João Batista Lima Filho, o coronel faz-tudo de Temer. “Como é que você me aparece aqui sem o dinheiro?”, intimou o coronel. “Veio fazer reconhecimento de que, rapaz?” Florisvaldo tremeu. “Ele me tocou de lá”, comentou com os colegas, ainda assustado. Receoso da bronca que viria também do chefe, Florisvaldo ficou quietinho, não contou a Saud que a entrega não fora feita.


Naquele 1º de setembro de 2014, Saud, o lobista, batia as contas dos milhões em propina que distribuía de lá para cá, para tudo que é político de tudo que é partidoa JBS não discriminava ninguém. “Cadê o dinheiro do Temer?” Florisvaldo admitiu sua falha. “Tá doido, Florisvaldo? Vai entregar esse dinheiro agora!” Lembrando da pinta do coronel, o funcionário replicou: “Só se o Demilton for comigo”. Toca Florisvaldo e Demilton a tentar enfiar a caixa com notas de R$ 50 no porta-­malas. Demilton, quatro décadas de empresa, é o planilheiro da JBS. A Odebrecht tinha o drousys, o software de distribuição de propinas. 

A JBS tem Demilton, exímio preenchedor de tabelas do Excel. Demilton topou ajudar o amigo. Os dois deixaram o estacionamento da JBS ao meio-dia. Florisvaldo, meio nervoso, tocou a campainha. Depois de instantes angustiantes, o coronel Lima apareceu. “Trouxeram os documentos?”, perguntou Lima. Florisvaldo já tomava fôlego para carregar a caixa de papelão escada acima, mas o coronel ordenou que o dinheiro fosse depositado no porta-­malas do carro ao lado. “Não tem perigo com essa parede espelhada aí?” Florisvaldo era todo paúra. “Não, fica tranquilo.” A transação estava completa.

MATÉRIA COMPLETA na Revista ÉPOCA 

 

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

O fim do princípio

Começa a desmoronar um projeto de hegemonia latino-americana inspirado nas diretrizes do Fórum de São Paulo

“Este não é o fim; não é o princípio do fim; mas, talvez, o fim do princípio”. Assim se referiu Winston Churchill em novembro de 1942 à vitória sobre o Exército alemão comandado pelo general Erwin Rommel na Batalha de El Alamein, no Egito. De fato, essa vitória foi uma inflexão na trajetória da guerra, que até então vinha sendo marcada por uma série de derrotas britânicas.

A figura retórica de Churchill se aplica à recente vitória eleitoral sobre o populismo autoritário que obteve o partido de oposição liderado por Mauricio Macri. Esse partido é novo, no sentido de que difere das forças políticas tradicionais da Argentina: o peronismo e o radicalismo. O repúdio ao modelo imposto durante 12 anos por Néstor e Cristina Kirchner representa um retrocesso para o projeto regional coordenado pelos dirigentes de Argentina, Brasil e Venezuela. Os aglutinadores do projeto eram as afinidades ideológicas dos respectivos partidos de governo e os custosos negócios celebrados entre empresas estatais dos três países. Se a justificativa econômica e social desses negócios era pouco clara, a rentabilidade resultante para seus promotores era formidável.

Cristina Kirchner, cuja fortuna familiar se multiplicou durante sua passagem pelo governo, deixa a seu sucessor um legado de enfraquecimento institucional e uma bomba-relógio macroeconômica. Seu ministro da Economia, Axel Kicillof, poderia fazer parte do governo da Coreia do Norte. Atribuía o fracasso da planificação central na União Soviética à ausência do programa Excel. Justificava acabar com as pesquisas sobre a incidência de pobreza para não estigmatizar os pobres. O novo governo terá que corrigir o enorme déficit fiscal, a inflação oculta e as demais distorções econômicas herdadas, enquanto enfrenta a oposição do kirchnerismo por fazer o ajuste necessário. Esta irresponsabilidade corresponde ao comportamento peronista que tanto dano fez à Argentina: “Ou governamos nós, ou não deixamos governar”.

No dia 6 de dezembro, o povo venezuelano expressou seu veredicto acerca do socialismo do século XXI nas eleições para a Assembleia Legislativa. O descalabro eleitoral que sofreu o governo é um voto de desconfiança num manejo que produziu destruição econômica, pobreza e repressão. O regime de Nicolás Maduro atraiu para si o repúdio internacional pela violação sistemática dos direitos humanos. Sua atuação depois das eleições sugere que se aproxima de uma fase terminal.

Em ritmos diferentes, em países diferentes, começa a desmoronar um projeto de hegemonia latino-americana inspirado nas diretrizes do Foro de São Paulo. A magnitude da transformação que se inicia no cenário geopolítico regional é ilustrada pela frase pronunciada pelo presidente da Argentina, Mauricio Macri, na Cúpula do Mercosul, que aconteceu recentemente em Assunção. É a frase que deve se converter no clamor da comunidade democrática no ano de 2016: “Liberdade para os presos políticos na Venezuela”.

Por: Rodrigo Botero Montoya é economista e foi ministro da Fazenda da Colômbia

terça-feira, 28 de abril de 2015

Gestão temerária

Avesso à fiscalização e alérgico à crítica, Gabrielli estabeleceu na Petrobras um novo paradigma administrativo: perdas diárias de R$ 17,4 milhões, em seis anos e sete meses

É recorde: R$ 17,4 milhões em perdas por dia, ou R$ 726,4 mil por hora, durante seis anos e sete meses seguidos.  Essa é a herança administrativa deixada por José Sérgio Gabrielli depois de 2.370 dias no comando da Petrobras. Na semana passada, a companhia informou que seu patrimônio encolheu em R$ 47,4 bilhões, por desvalorização de ativos e cancelamento de projetos considerados inviáveis há pelo menos meia dúzia de anos.

Desse total, R$ 41,2 bilhões têm origem em iniciativas danosas ao patrimônio da estatal anunciadas na gestão de Gabrielli (a conta não inclui o custo do repasse da corrupção).
De cada real registrado como perda no balanço da empresa, 87 centavos correspondem a prejuízos produzidos sob a presidência de Gabrielli. Puro desastre gerencial. O buraco cavado nas finanças da Petrobras é maior que a soma das vendas realizadas pelas redes de supermercados Carrefour e Walmart em 2013. Equivale à receita anual conjunta de três montadoras de veículos, a General Motors, a Mercedes Benz e a Honda. E supera em 15% o exuberante lucro somado do Bradesco e do Itaú no ano passado. 

Ao aterrissar na diretoria financeira da Petrobras, na quinta-feira 22 de janeiro de 2003, Gabrielli tinha 53 anos e portava duas credenciais: professor de Economia e militante do Partido dos Trabalhadores na Bahia. Sua escolha ocorrera durante a montagem do governo Lula, quando atuou no mapeamento de cargos disponíveis em empresas e bancos públicos. 

A companhia havia sido entregue ao ex-senador José Eduardo Dutra, geólogo, antigo dirigente da CUT que acabara de ser derrotado na disputa pelo governo de Sergipe. Dutra marcara data para sair, porque sonhava com o Senado na eleição seguinte (ele perdeu em 2006, de novo). No páreo da sucessão despontou Ildo Sauer, diretor de Gás e Energia, logo defenestrado pela ministra e presidente do conselho Dilma Rousseff. Em julho de 2005, Lula nomeou Gabrielli. 

A Petrobras começara a concentrar gastos em plataformas, navios e sondas de perfuração, em contratos controlados por diretores indicados pelo PT e pelo PMDB. O novo presidente multiplicou dívidas com projetos em série, como as refinarias de Pernambuco, Ceará, Maranhão e o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.
Com um estilo personalista (referia-se à empresa usando o pronome “eu”), Gabrielli alinhou a publicidade da estatal à propaganda do partido, exibindo-se na televisão com a estrela-símbolo do partido na lapela do paletó. 

Alérgico à crítica, reagia com agressividade aos jornalistas que iam à Petrobras em busca de explicações sobre a partilha da estatal entre aliados do governo: “Você não é bem-vindo aqui.” Avesso à fiscalização, fez do sigilo uma rotina. Gracejou do Tribunal de Contas que lhe pediu as memórias dos custos de duas plataformas, enviando ao TCU uma montanha de papel planilhas Excel impressas. 

Metade da sua diretoria está no alvo de investigações por corrupção e lavagem de dinheiro no Brasil, nos EUA, na Holanda e na Suíça. Na semana passada, virou recordista em prejuízos na administração pública: sob o seu comando, as perdas patrimoniais cresceram à média de R$ 12,1 mil por minuto durante seis anos e sete meses. Estabeleceu um novo paradigma em gestão temerária.

Fonte: José Casado - O Globo