Vozes - Gazeta do Povo
Alarmismo
O público pode se preparar porque vem artilharia
grossa por aí — um esforço concentrado, por parte das tropas da "Frente
Nacional Pró-Vírus", para retomar a iniciativa na guerra contra a
produção e contra o trabalho que vêm travando com tanto sucesso há três
meses. Nenhum partido, nenhuma revolução de massas e nenhuma greve geral de
“operários e camponeses”, como a esquerda gostava de dizer 50 anos atrás,
conseguiu tanto sucesso até hoje para jogar no chão o sistema econômico de um
país quanto o vírus que veio da China.
É muito natural, portanto, que as forças do movimento
pró-vírus fiquem agitadas com os primeiros sinais de que a epidemia possa estar
começando a ceder. Ou melhor: os governos dos estados e municípios, a quem
o STF entregou a exclusividade na gestão da crise, começam a admitir que
não está dando mais para manter o “distanciamento social” para sempre. Sem
a sua ajuda, a paralisação do Brasil até o "Dia do Juízo
Final" não tem mais o futuro que parecia ter até agora.O
contra-ataque do consórcio pró-vírus pode ter sucesso maior ou menor — depende
da sua capacidade de meter medo nos governadores e prefeitos que estão
encarregados de decidir sobre o que funciona, o que funciona mais ou menos e o
que continua proibido de funcionar.
A munição que parecem mais empenhados em utilizar são “estudos” com
números apavorantes sobre mortes e infecções, que estariam em índices altos
demais para permitir a abertura que começa a ser tentada. Há também as “projeções”,
que prometem para o futuro uma calamidade muito maior que a de agora, caso
o abrandamento da quarentena não seja interrompido já. Médicos, cientistas
e pesquisadores, que são apresentados sob o genérico de
“especialistas”, multiplicam ameaças sobre o que vai acontecer. A
mídia, em geral, apoia com o máximo de ruído possível a ofensiva – desde o
início da epidemia, aliás, tem sido a colaboradora mais apaixonada da Frente
Nacional Pró-Vírus.
Essa turma tem a seu crédito uma série de feitos realmente
notáveis. Conseguiram convencer muita gente boa que ficar “em casa” é um
gesto de heroísmo. Transformam fiscais da prefeitura em modelos de virtude.
Baniram da discussão sobre a Covid-19 qualquer ponto de vista que não desse
apoio cego à ideia do “confinamento total” até a “descoberta da
vacina” – ou mesmo depois. Venderam a visão de um mundo onde
ninguém precisa mais trabalhar, porque “o governo” tem de cuidar da população –
ou, então, onde todos podem trabalhar em casa, pedir comida pelo “delivery” e
fazer cursos de ioga pela televisão. Conseguiram, com o dilúvio de declarações
dos seus “especialistas”, calar a ciência e impor uma medicina de
superstição a milhões de pessoas.
O maior pesadelo para o partido do vírus é um Brasil que
volte a funcionar normalmente. Vão fazer tudo o que podem para evitar
isso.
J.R. Guzzo, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo