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sábado, 10 de junho de 2023

“O que é uma mulher?” – O transativismo e a proibição de perguntar - Gazeta do Povo

Vozes - Flávio Gordon

“Você não pode ter os seus próprios pronomes, tanto quanto não pode ter os seus próprios verbos, substantivos, preposições ou adjetivos” (Matt Walsh)

No primeiro dia deste mês de junho, o Twitter resolveu disponibilizar gratuitamente o documentário “What is a Woman?” (doravante WIAW), do jornalista americano Matt Walsh.
Lançado em junho do ano passado pelo jornal The Daily Wire, do qual Walsh é colunista, o filme consiste numa crítica mordaz e bem-humorada à assim chamada ideologia de gênero, notadamente o transgenderismo, cuja tese central consiste em afirmar que o critério para determinar se alguém é homem ou mulher é o sentimento subjetivo da pessoa (ou, no jargão militante, a sua identidade de gênero), e não o seu sexo biológico objetivo. Contrariando a postura da maioria de seus pares das plataformas digitais – cuja decisão foi banir o documentário, acusando-o de “transfóbico” –, o novo dono do Twitter, Elon Musk, não apenas o liberou para o grande público, como o recomendou especialmente aos pais. E, no momento em que escrevo, WIAW já conta com 177,3 milhões de visualizações.

Já tinha visto o documentário pouco depois de lançado, e o revi por esses dias, quando de sua disponibilização gratuita no Twitter. Mais do que tudo, o que voltou a atrair minha atenção foi aquilo que, da primeira vez, já me parecera um aspecto de culto religioso assumido pelo movimento político transativista (que, para deixar claro, não se deve confundir com o problema real da disforia de gênero, que aflige um número estatisticamente reduzido de pessoas, não necessariamente envolvidas com a agenda política). Um culto religioso do tipo que o filósofo Eric Voegelin talvez incluísse naquilo que chamou de gnosticismo moderno, cujo fundamento é a proibição-de-perguntar (Fragesverbot). Para os adeptos dos cultos gnósticos modernos, diz Voegelin, não se trata apenas de resistência à análise ou apego a emoções. Trata-se, em vez disso, de uma consciente, deliberada e minuciosa obstrução à razão, na qual proibir perguntas sobre premissas torna-se parte do dogma.

E, com efeito, no caso do filme, são frequentes os episódios em que, confrontados por Walsh com algum argumento ou pergunta sobre premissas, os entrevistados, adeptos do transativismo, alegam a malignidade do entrevistado para justificar a recusa em responder e o abandono da entrevista. Temos, por exemplo, o afetado professor Patrick Grzanka, diretor do programa interdisciplinar de estudos sobre mulheres, gênero e sexualidade da Universidade de Tennessee. Em resposta à pergunta de Walsh, ele afirma que uma mulher é “uma pessoa que se identifica como mulher”
Como obviamente aponta o autor do documentário, trata-se de uma tautologia em forma de resposta, porque recorre à palavra mulher para definir o que é uma mulher. Mas, além de tautológica, a resposta é também inteiramente falsa: uma mulher em coma ou em estado vegetativo, por exemplo, obviamente não poderia se autoidentificar como nada, e, todavia, continuaria sendo uma mulher. A premissa de que a capacidade humana de auto-identificação (seja em relação a sexo, seja a tudo o mais) determina a realidade precisaria ser provada. Quando Walsh o pressiona nesse sentido, Grzanka ameaça abandonar a conversa.


    Os radicais não querem que o debate aconteça ao nível da filosofia, de modo que, atualmente, disfarçam-no com as vestes da “ciência” e da “medicina”


Além da proibição de perguntar, há também a proibição de afirmar aquilo que, durante a maior parte da história humana e para a maioria da humanidade, sempre foi uma obviedade: que o sexo de alguém é naturalmente dado, e não social ou psicologicamente construído. A proibição dessa afirmação, aliás, parece ser o cerne do movimento. Ao contrário do que afirma a propaganda, o discurso transativista parece estar muito mais interessado em banir o senso comum do que em garantir os direitos civis das pessoas trans. E isso é afirmado por alguns ideólogos transativistas mais radicais. Num ensaio introdutório a uma coletânea de estudos sobre gênero, por exemplo, a intelectual enragée Susan Stryker chegou a propor que o maior propósito do transgenderismo era o de subverter o paradigma epistemológico do Ocidente. Nada menos.

Mas essa pretensa subversão não se realiza mediante a apresentação de argumentos ousados e consistentes, capazes de triunfar intelectualmente mesmo diante do mais acirrado debate. Não. Ela prospera mediante um lobby agressivo, que inclui censura das vozes discordantes, intimidação e ameaça. E, assim, as contradições do transativismo permanecem sempre ocultas, jamais examinadas, porque, no fundo, os ideólogos não admitem suas próprias elucubrações metafísicas. Sua retórica está repleta de afirmações ontológicas, tal como a de que as pessoas são do gênero ao qual dizem pertencer, e de que os sentimentos determinam a realidade. Os radicais não querem que o debate aconteça ao nível da filosofia, de modo que, atualmente, disfarçam-no com as vestes da “ciência” e da “medicina”, relegando os críticos (como ocorreu em relação à pandemia de Covid-19) à condição ostracizante de propagadores da “anti-ciência”.

“O que é uma mulher?”, a provocativa pergunta-título do documentário do Matt Walsh (que, aliás, já fora feita por Simone de Beauvoir há mais de 70 anos), é finalmente respondida ao final do filme pela esposa do autor: “Uma mulher é uma fêmea adulta da espécie humana”. Eis por que, revendo o documentário, lembrei-me imediatamente do caso de Alex Byrne, professor de filosofia do MIT, o qual, para escândalo de seus pares acadêmicos, teve a ousadia de sustentar a mesma afirmação, em forma de ensaio filosófico: que uma mulher é uma fêmea adulta da espécie humana. Mais grave ainda: Byrne rejeita a tese – hoje academicamente ortodoxa – segundo a qual um homem que se identifica como mulher é, de fato, uma mulher.

Em abril, Byrne publicou na revista Quillette um artigo descrevendo as reações furiosas ao seu ensaio (previsivelmente tachado de “transfóbico”), bem como violações posteriores dos mais elementares padrões de publicação acadêmica, de que foram vítimas ele e Holly Lawford-Smith, uma professora de filosofia política da Universidade de Melbourne (Austrália), para quem as mulheres devem ter direito a espaços e serviços reservados, inacessíveis a homens que apenas se identificam como mulheres. Pode-se dizer que Byrne e Lawford-Smith estão, hoje em dia, entre os poucos filósofos acadêmicos do Primeiro Mundo dispostos a defender publicamente argumentos contrários à ideologia de gênero predominante no ambiente universitário. Em particular, ambos os professores duvidam da ideia universal de uma “identidade de gênero” descrita como algo inato e subjetivo, totalmente dissociado da realidade material bio-fisiológica, dissociação que explicaria o fenômeno da disforia de gênero e embasaria as propostas (tidas como indispensáveis) de terapia de redesignação de gênero.

Seja como for, o fato é que, por desafiarem com essa altivez a ortodoxia acadêmica sobre gênero – a qual, sintomaticamente, converte-se na mais excêntrica heterodoxia fora dos muros da Universidade –, Byrne e Lawford-Smith (ela até com mais virulência) foram demonizados e cancelados. Cada um deles chegou a ter contratos para a publicação de livros cancelados pela Oxford University Press, após uma intensa campanha orquestrada pelo transativismo. Como diz o título do artigo de Byrne, a pergunta sobre a natureza da mulher (um tipo de pergunta tão tradicional na história da filosofia) virou zona proibida (“a no-go zone”) no campo da filosofia acadêmica contemporânea. Voltaremos ao tema na coluna da semana que vem.

Conteúdo editado por: Bruna Frascolla Bloise

Flávio Gordon, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quarta-feira, 1 de março de 2023

Eu sou uma médica pró-vida. Veja como vencer o debate sobre o aborto - The Daily Signal - Gazeta do Povo

Kathryn Carnahan -The Daily Signal

 

A comunidade pró-vida não pode permitir que mentiras tomem conta do debate. Deve explicar o que defende e o que não defende e definir claramente o que é o aborto e o que não é.| Foto: Pixabay
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Na decisão de Dobbs v. Jackson Women's Health Organization de junho passado, a Suprema Corte anulou Roe v. Wade. Em resposta, ativistas pró-aborto e legisladores, auxiliados e incentivados por seus aliados da mídia, iniciaram uma campanha de desinformação.

Os americanos agora estão ouvindo que, sem acesso ao aborto, as mulheres correm risco de saúde ou morte devido a complicações na gravidez que nada têm a ver com o aborto.

Por exemplo, as mulheres são levadas a acreditar que podem ser negados cuidados para uma gravidez ectópica, aborto espontâneo ou gravidez ameaçada por uma infecção com risco de vida. Mas isso nunca foi verdade e nunca será.  Ao mesmo tempo, na segunda metade de 2022, os conservadores em vários estados encontraram reveses na forma de nova legislação pró-aborto, referendos eleitorais e contestações legais às leis pró-vida.

Como obstetra-ginecologista praticante, fico consternada ao ver isso acontecendo. Temos boa ciência e boa medicina do nosso lado, mas muitos americanos não sabem disso. A comunidade pró-vida não pode permitir que mentiras tomem conta do debate. Devemos explicar o que defendemos e o que não defendemos e definir claramente o que é o aborto e o que não é.

 Ao defender o aborto, os legisladores precisam estar armados com argumentos sérios, compassivos e medicamente precisos.

Primeiro, os americanos devem definir claramente o que é aborto e o que não é: 

O  aborto não é feito devido a um diagnóstico médico materno.  
Sim, muitos dos mesmos medicamentos e procedimentos podem ser usados para realizar um aborto ou tratar aborto espontâneo ou gravidez ectópica. 
No caso de um aborto, porém, acabar com a vida do bebê é intencional, não espontâneo ou o resultado não intencional de eventos naturais inevitáveis. 
Os pró-aborto misturam essas situações para confundir os americanos.
 
Em toda a medicina, a ética de uma intervenção médica depende de seu uso. Por exemplo, um médico pode remover as trompas de falópio de uma mulher para tratar o câncer.  
Ou o médico poderia fazer o mesmo para esterilizá-la contra sua vontade. O mesmo procedimento é bom e salva vidas no primeiro caso, mas abominável no último.

A intervenção em si não define sua moralidade.

Uma maneira simples de descobrir se um ato é um aborto é olhar para o diagnóstico que justifica o ato. 
 Se não houver diagnóstico da mãe além de “gravidez intrauterina viável” ou “gravidez indesejada”, a intenção é interromper a gravidez. Isso é um aborto.

Se houver um diagnóstico médico materno, como aborto espontâneo, gravidez ectópica ou infecção, não há tal intenção e, portanto, não há aborto.

  • A intenção de um aborto é acabar com a vida do feto. Quando um médico está tratando uma gravidez ectópica ou aborto espontâneo, a intenção nunca é acabar com a vida do feto. Em ambos os casos, o feto tem chance zero de sobrevivência ou já morreu. Aqui, a tomada de decisão se concentra exclusivamente no que é melhor para a mãe. Isso não é um aborto.
  • Não há justificativa médica para o aborto após o ponto de viabilidade fetal. O aborto nunca é necessário para proteger a vida da mãe por complicações na gravidez que ocorrem após a viabilidade.
De fato, em circunstâncias que exigem um parto de emergência, atrasar a realização de procedimentos ou a administração de medicamentos com a intenção de acabar com a vida da criança pode prejudicar a mãe. 
Se a vida da mãe estiver em risco devido à gravidez além da viabilidade, o médico deve induzir o parto ou realizar uma cesariana, dependendo do cenário. Ambos resultam no nascimento de uma criança viva, ao contrário do aborto.
 
Uma revisão completa das diretrizes do Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas deixa isso claro. 
Condições com risco de vida incluem sepse devido à ruptura prematura de membranas pré-parto; hemorragia devido a descolamento prematuro da placenta, placenta prévia, síndrome da placenta acreta; e inúmeros outros. 
Em sua orientação sobre o manejo dessas complicações, o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas nunca cita o aborto antes do parto como intervenção necessária.

Para que serve

Em segundo lugar, o movimento pró-vida e os legisladores podem adotar alguns fundamentos universais e não controversos.

As leis que limitam o aborto devem incluir definições e exclusões claras para que não haja desculpa para um médico negar a um paciente o atendimento médico padrão. 
Não deve haver confusão. 
Em ambientes onde o aborto nunca foi tolerado, como sistemas de saúde baseados na fé, os médicos sempre forneceram tratamento adequado para gestações com risco de vida. 
Não importa a localização geográfica ou o ambiente de atendimento à saúde, deve ser óbvio para as mulheres, seus médicos e o público que nenhuma lei limitaria os cuidados que salvam vidas.

As leis que limitam o aborto devem declarar claramente que os medicamentos ou procedimentos usados para fins não relacionados ao aborto ainda estarão disponíveis. Os médicos sempre estarão livres para tratar complicações na gravidez, gravidez ectópica e aborto espontâneo.

Após a viabilidade, os médicos devem prosseguir com a indução do parto ou realizar uma cesariana se precisarem interromper a gravidez para proteger a mãe. 
Não há praticamente nenhuma circunstância após a viabilidade em que um médico deva acabar intencionalmente com a vida do feto para salvar a vida da mãe. 
Assim, as leis podem e devem proteger a vida dos fetos viáveis.
Este conselho é fundamentado na literatura médica e consistente com a prática padrão de obstetrícia e ginecologia.  
A ciência está do lado da vida, e a maior parte do público também estará, uma vez munido dos fatos.

Por causa da confusão intencional, será necessário muito trabalho para ajudar o público a entender novamente o que é e o que não é o aborto, mas, ao fazê-lo, os candidatos e legisladores pró-vida podem fazer muito mais para proteger na lei os seres humanos não nascidos.

Kathryn Nix Carnahan, M.D., é obstetra-ginecologista praticante e certificada em Milwaukee. Ela é atualmente uma pesquisadora associada do Charlotte Lozier Institute e ex-analista de políticas de saúde e pós-graduada da The Heritage Foundation.

Ideias - Gazeta do Povo

 

sábado, 18 de junho de 2022

A vida tem preço. É cara - Carlos Alberto Sardenberg

Aconteceu antes da pandemia, mas o assunto permanece atual. Cenário: um amplo congresso reunindo juízes, advogados, funcionários da Agência Nacional de Saúde, representantes de órgãos de defesa do consumidor, executivos dos planos de saúde e hospitais.  
Tema: as ações que cobravam das seguradoras tratamentos e remédios que não constavam do rol da ANS ou do contrato. (Na semana passada, o STJ voltou ao tema).

Um desembargador conclui sua apresentação em grande estilo: “toda vez que cai na minha mesa uma disputa entre o segurado e o plano, eu decido a favor do segurado, porque a vida não tem preço”.

Juízes de diversas instâncias têm decidido na mesma direção. No começo de 2019, a ministra Carmen Lucia, do STF, sapecou: “Saúde não é mercadoria, vida não é negócio, dignidade não é lucro”. Tratava-se de uma resolução da Agência Nacional de Saúde (ANS) que autoriza planos a cobrarem uma co-participação dos segurados em determinados procedimentos. A ministra, claro, decidiu contra os planos.

Na verdade, não deveria ser assim. Colocada nesses termos segurado, um indivíduo com um problema de saúde, versus os planos, grandes corporações a decisão será sempre a favor do indivíduo. A Constituição determina: saúde é direito de todos e dever do Estado.

O problema é que a vida tem preço. No primeiro caso, para começar, a prestação mensal do plano. No caso da ministra, é verdade que não se encontra o produto saúde numa prateleira de supermercado, mas é preciso comprar um monte de produtos e serviços para ter saúde: comida, um bom lugar para morar, água, luz elétrica, roupas e… consultas médicas, vacinas, remédios, talvez uma cirurgia.

Também não se encontra doença na prateleira do supermercado – com o perdão do óbvio – mas quem não pode pagar pelos remédios, adoece.

Dirão: mas quem é atendido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não paga nada e, sendo tudo de graça, não se encontra aí qualquer relação com o mercado.

Outro equívoco.

Primeiro, que não é de graça. Todos os brasileiros, saudáveis ou doentes, pacientes ou não do sistema público, pagam impostos para financiar o SUS. Além disso, o SUS compra remédios, contrata médicos e enfermeiros, aluga serviços de hospitais particulares — e tudo isso tem preço, cada vez mais caro. As novas tecnologias e medicamentos de ponta tornam a medicina muito mais efetiva. E mais custosa.

A questão séria, portanto, é muito simples de formular: como financiar os sistemas de saúde. E pelo que se vê no Brasil e mundo afora, é difícil definir uma política pública que contemple as questões econômicas e morais. Por aqui, está claro que o SUS não dá conta de sua missão constitucional. Não consegue atender toda a população brasileira. Além disso, está sub-financiado para o que faz no momento. Remunera mal tanto seus profissionais quanto os hospitais que atendem SUS.

Vamos falar francamente: por esse interior, tem gente que morre por falta de dinheiro – dinheiro público para os serviços locais.

Ou seja, de qualquer perspectiva, social ou econômica, é preciso fortalecer o SUS com mais dinheiro e capacidades.  
Mas temos debatido mais o outro lado da história, a assim chamada, na Constituição, a saúde “suplementar”. Nada menos que 49,3 milhões de brasileiros pagam planos e operadoras privados. Entre estes, milhares de funcionários públicos.

A dificuldade aqui é equilibrar direitos e necessidades dos segurados com a situação econômica dos planos. É interesse nacional. Imaginem que os planos se tornem financeiramente inviáveis como o SUS atenderia mais 50 milhões? [não somos especialistas, mas resta óbvio que se matarmos os planos de saúde privados a situação vai piorar e muito.]

A Constituição garante o direito à vida (o que significa que o brasileiro não pode morrer, ironizava Roberto Campos), mas a lei não paga a vida. É preciso estudar, trabalhar e comprar um monte de coisas para viver.

É nesse contexto que se deve analisar a recente decisão do STJ, estabelecendo que o rol de atendimentos definido pela ANS é taxativo. De certo modo, uma decisão fora da curva. Tema do próximo artigo.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista

Coluna publicada em O Globo - Economia 18 de junho de 2022

 

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Médicos trabalharam sob pressão da política que se intrometeu na medicina

Alexandre Garcia

"Milhares de médicos trabalharam sob a pressão da política que se intrometeu na medicina. Foram incompreendidos, perseguidos, injuriados, mas se mantiveram fiéis ao juramento ético de buscar tratamento com todos os meios"

Nesses últimos 20 meses, nenhum profissional esteve tão perto do coronavírus quanto o médico. Como a semana começou no Dia do Médico, agora é oportunidade de lembrar que foram tempos dramáticos, tempos de provações e de muito aprendizado para essa nobre profissão. Um amigo médico me diz que nunca valeu tanto a pena ser médico em sua inteireza, como nesses meses.

Tempos de um vírus novo, com características imprevisíveis, que provocou uma doença nova também imprevisível, a ponto de se suspeitar que nem seja obra da natureza. É um vírus que saiu de um laboratório e, estimulado, abriu-se em variantes de consequências e graus de contágio diferentes.

Desde Hipócrates, o pai da Medicina, se conhece o juramento que os formandos repetem cada ano, de buscar o bem do paciente. O Código de Ética Médica traduz o juramento, estabelecendo que é vedado ao médico causar dano ao paciente, por ação ou omissão. A Declaração de Helsinque, da Associação Médica Mundial, diz que é dever do médico promover e salvaguardar a saúde de seus pacientes, e detalha os cuidados sobre a pesquisa que envolve seres humanos. Nesses 20 meses, todos os dias foram de experiências, pesquisas e descobertas, ante um novo inimigo, desconhecido e perigoso. Os médicos tiveram que enfrentar esse desafio em meio ao pânico gerado e à emergência da pandemia.

Os mais de 500 mil médicos brasileiros se alistaram voluntários nessa guerra, sem distinção de especialidade. Muitos morreram, outros foram infectados e muitos tiveram perdas na própria família. Como tantos brasileiros, médicos também foram afetados psicologicamente, por causa das imensas pressões a que foram submetidos. Mas não esmoreceram, continuam no front dos hospitais, nas trincheiras das clínicas, experimentando, observando, pesquisando, conferindo sintomas, consequências e, sobretudo, amenizando o sofrimento e salvando vidas.

A estatística informa que quase 21 milhões de infectados se recuperaram. Imagino que haja outro tanto de curados que não foram sequer registrados e outro imenso grupo de brasileiros que se protegeram sob indicações médicas que impediram maior ação do vírus.  
Milhares de médicos trabalharam sob a pressão da política que se intrometeu na medicina. Foram incompreendidos, perseguidos, injuriados, mas se mantiveram fiéis ao juramento ético de buscar tratamento com todos os meios, aos primeiros sinais de uma doença, de comum acordo com o paciente. 
Esses têm a consciência de que a luta vale a pena, porque certamente salvaram milhões. A esses a nação deve o reconhecimento. Os que mandaram o paciente para casa com dipirona, até que sentisse falta de ar, precisam de bondosa compreensão, porque não encontraram o caminho para se rebelar contra a voz corrente. Os que salvaram milhões de vidas e evitaram sofrimento vão dormir cansados de tudo isso, mas com a consciência tranquila.

Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense

 


segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Demissão de Alexandre Garcia diz muito sobre quem a celebrou - Gazeta do Povo

Paulo Polzonoff Jr.

Hoje queremos compartilhar com você uma análise sobre a demissão do jornalista Alexandre Garcia da CNN Brasil. Uma visão diferente que você não irá encontrar em outros veículos.

Quem escreveu sobre isso na Gazeta do Povo foi o colunista Paulo Polzonoff, uma das figuras mais afiadas na análise política brasileira. Nosso colunista crava: a demissão de Alexandre Garcia diz muito sobre quem a celebrou.

Veja um trecho da opinião do Polzonoff:

Para a surpresa de ninguém além da minha porção mais ingênua e esperançosa, a maioria dos comentários dos nobres colegas que recebi celebrava a demissão de Alexandre Garcia como um sinal de que “as coisas estão voltando ao seu devido lugar”, “o negacionismo está perdendo força” e “genocida não tem que ter liberdade mesmo”.

Deve ser difícil para os que se refestelam na semidesgraça alheia essa constatação evidente de que nunca (!) a destruição do outro será capaz de salvá-los.

Na sexta-feira, os poucos grupos de jornalistas de que faço parte estavam em polvorosa. O motivo: um dos nossos, que atende pelo nome de Alexandre Garcia, foi demitido da CNN Brasil. A justificativa para a demissãoanunciada com estardalhaço pela própria emissorafoi o fato de Garcia defender o chamado tratamento precoce contra a Covid-19. Mas se engana quem acha que este texto diz respeito ao futuro profissional do jornalista ou à decisão da emissora.


Engana-se quem acha que este texto diz respeito ao futuro profissional do jornalista ou à decisão da emissora.| Foto: Reprodução/ Twitter

Para a surpresa de ninguém além da minha porção mais ingênua e esperançosa, a maioria dos comentários dos nobres colegas celebrava a demissão de Alexandre Garcia como um sinal de que “as coisas estão voltando ao seu devido lugar”, “o negacionismo está perdendo força” e “genocida não tem que ter liberdade mesmo”. Não faltaram emojis de festa & regozijo. Transbordaram os slogans – atalho eficientíssimo na busca por likes sem que seja necessária muita capacidade cognitiva.

Na mesma noite, uma frase de “A Morte de Ivan Ilitch” – que em outro dia talvez passasse despercebida – me chamou a atenção. (Aliás, me permita abrir um parêntesis aqui para criar uma polêmica vazia e sem maiores consequências e dizer que as 92 páginas da novela de Tolstói, por sua profundidade, simplicidade e gravidade, são infinitamente superiores ao sarcasmo falsamente profundo, simples e grave de Machado de Assis. Pode fechar os parêntesis agora, maestro).

Nesse trecho do livrinho, Ivan Ilitch começa a adoecer. Os incômodos da doença fazem com que ele se desentenda com a esposa – que já não tem lá o mais agradável dos gênios. Ela começa a desejar a morte do marido. Mas, ao se dar conta do que isso representaria para as finanças da família, repreende-se. E daí vem a frase que chamou minha atenção (sublinhei à caneta e tudo) e que gostaria de compartilhar com os leitores: “Ela [a esposa] considerava-se terrivelmente infeliz justamente porque mesmo a morte dele [o marido] não poderia salvá-la”.

Deve ser difícil para os que se refestelam na semidesgraça alheia essa constatação evidente de que nunca (!) a destruição do outro será capaz de salvá-los. Pressupondo, claro, que eles sejam capazes de tal abstração. Para além do cala-boca e da humilhação pública de qualquer pessoa, o que há senão a infelicidade persistente dos homens pequenos que, feito criança birrenta, desejam ver sua visão de mundo triunfar sobre as demais?

Tratamento popular
Volto ao assunto da demissão de Alexandre Garcia no fim do texto, mas antes gostaria de trocar dois dedinhos de prosa sobre um tema que, até hoje, esteve ausente das minhas crônicas: o tratamento precoce. Calma! Segura aí sua apreensão ou indignação que não estou aqui para dar o argumento definitivo pró ou contra o uso deste ou daquele remédio. Meu olhar é outro.

Apesar dos esforços de toda uma casta, o uso disseminado de cloroquina e ivermectiva no tratamento popular da Covid-19 é uma realidade incontornável. As pessoas usaram, usam e usarão. As pessoas desejam usar. O fato de a ciência ter legado esse tratamento à lata de lixo da história médica não muda absolutamente nada. Isso porque o tratamento popular contra a Covid-19 não tem mais muito a ver com medicina. À revelia do que dizem as revistas científicas e da autoridade dos homens de jaleco, ele hoje é indissociável de uma característica inata do ser humano: a esperança.

Além disso, para a Maria ou o João (ou Paulo ou Daniele), nem todas as estatísticas e termos científicos e latinórios e letras gregas do mundo são capazes de ir contra aquilo que os olhos viram, os ouvidos ouviram e, em alguns casos, o pulmão sentiu. As evidências anedóticas, isto é, o vizinho ou parente que se curou da Covid-19 porque fez uso do tratamento popular (e na vida real essa associação é inegável), valem muito mais do que qualquer palavra de especialista.

É essa a realidade que os militantes antitratamento popular não enxergam: nada do que um PhD diga vai se sobrepor àquilo que os sentidos perceberam. Ainda mais numa situação de caos e ruído como essa pandemia. Somos humanos, temos medo e esperança. E, por isso mesmo, é difícil encontrar entre os homens livres quem não esteja disposto a ignorar quaisquer discursos políticos e científicos para domar o medo se esbaldando na esperança.

Reticência
De volta à pandemia de Schadenfreude que tomou conta das redes sociais por conta da demissão de Alexandre Garcia, antes de mais nada gostaria de sugerir a leitura da bela coluna de Luciano Trigo aqui nesta Gazeta do Povo. Por causa dela, no fim de semana recorri a umas fontes estoicas e encontrei uns escritos que combinam muitíssimo com a ocasião. “Grandes homens cultivam o amor; apenas os homens pequenos cultivam o espírito do ódio”, disse, com uma obviedade incômoda, o educador Booker T. Washington. Justamente ele, que tinha tudo para apostar no ressentimento, na divisão e na vingança. Afinal, quando Washington nasceu a escravidão ainda era uma realidade nos Estados Unidos. E ele enfrentou racismo e todos os tipos de adversidade para se tornar conselheiro de vários presidentes daquele país.

As perguntas que gostaria de estender aos homens pequenos (à direita, à esquerda, isentões e transversais) que celebram a destruição do inimigo apesar de essa destruição ser insuficiente para salvá-los são estas
- qual a sua justifica para ser tão pequeno? 
- O que você espera conseguir por meio dessa pequenez? 
- Os likes e toda a atenção que sua pequenez possa despertar nas redes sociais o torna uma pessoa melhor – ou até mesmo mais feliz?
E aqui, acredite se quiser, eu pretendia lutar contra minha ojeriza a textos que terminam com pergunta e encerrá-lo assim, com esse horroroso ponto de interrogação aí. Mas não deu. Então vou encerrá-lo com outra excrescência estilística que me dá arrepios. Vou terminar o texto com “profundas” reticências, como se meu pensamento, de tão elevado, tivesse o poder de pairar no ar. Como se minhas palavras fossem névoa, e não bigorna. Reticências.

Paulo Polzonoff Jr., colunista - Gazeta do Povo - VOZES   

 

domingo, 25 de julho de 2021

Penalizar tudo, punir nada - O Globo - [só o maior corrupto da história do Brasil, não é punido]

 Onze estados investigam busca por 3ª dose da vacina contra Covid-19, que pode ser crime 

[tentaram punir o Lula - o maior ladrão da história do Brasil; só que o Supremo anulou as condenações - alegou que o criminoso foi denunciado na 'vara errada' -isso após processo passar por mais de dez juízes e a condenação sentença ser confirmada em várias instâncias.
Se o cidadão não quer se vacinar, querem punir = até um passaporte sanitário pensam criar. Quando corre atrás, querendo reforçar a vacina tentando garantir mais uma dose, também querem punir.
São inúmeras leis, punindo os pequenos - só que os verdadeiros criminosos, os maiores ladrões não são punidos.
No Brasil, quando você pensa em cometer um crime ou deseja que alguma autoridade seja presa, querem te punir. Mas os que matam, roubam - especialmente dinheiro público - se dão bem.]

Número pode ser maior, considerando que muitas denúncias não chegam às autoridades 

Enquanto 45% da população brasileira tem apenas a primeira dose contra a Covid, Ministérios Públicos de ao menos sete estados acompanham casos de pessoas que burlaram o processo de vacinação e tomaram uma terceira aplicação. Secretarias de Saúde de outros quatro estados relatam tentativas e casos de pessoas “revacinadas” após as duas doses de praxe. O número pode ser maior, pois muitas denúncias não chegam aos órgãos de saúde e menos ainda às instâncias encarregadas de investigar e punir as irregularidades.

Após os sommeliers de vacina e dos fura-fila, os “caçadores da terceira dose” são mais um desafio à campanha brasileira contra a Covid-19. São pessoas que dizem não se sentir seguras com apenas duas doses e buscam um “reforço”. Para órgãos de Justiça, isso é crime. O ato pode ser enquadrado como tentativa de fraude e estelionato. As punições podem incluir multa e até prisão.
 
Um dos estados com mais casos conhecidos é Minas Gerais, onde o Ministério Público entrou com ação contra um casal de Belo Horizonte que foi imunizado três vezes. Depois de tomarem duas doses de CoronaVac na capital, eles viajaram para Rio Novo, onde têm uma fazenda e foram revacinados, com uma dose da Pfizer. [o casal falsificou algum documento para tomar a terceira dose? 
fez alguma declaração falsa para a receber a terceira dose? 
salvo melhor juízo, entrar na fila, fazer uma  ficha sem declarar nenhum dado falso não é crime.O que pode ser alegado é falta de ética, egoísmo, que tira a vacina de outra pessoa.
Só que no Brasil, nao ter vergonha na cara,  não é crime.] O MP quer impedir que o casal tome a segunda dose da Pfizer, ou a primeira de algum outro imunizante, sob pena de multa de R$ 1 milhão.

A Promotoria de Minas também abriu investigação contra pessoas que teriam tomado quatro doses em Viçosa. Um homem recebeu duas doses da CoronaVac na cidade, depois viajou para o Rio, onde tomou uma dose da AstraZeneca, e por fim foi à Divisão de Saúde da Universidade Federal de Viçosa, onde recebeu uma dose da vacina da Pfizer. A mulher dele teria feito o mesmo. [vale o comentário acima]

Veja também:  Após vencerem a Covid-19, pacientes morrem de infecção hospitalar por falta de antibiótico

Também no estado, um idoso de 75 anos de Guaxupé conseguiu até liminar na Justiça para tomar uma terceira dose, alegando ter várias comorbidades. O MP entrou com recurso, e a liminar foi suspensa.  A discussão sobre a necessidade de uma terceira dose que reforçaria a resposta imunológica para a Covid já foi levantada em alguns países. O debate também acontece no Brasil, mas não deve se concretizar até que a população complete o esquema de duas doses. Enquanto isso, cada região do país decide como proceder em relação às pessoas que aproveitam brechas para se revacinar.

Segundo a epidemiologista Carla Domingues, ex-coordenadora do Plano Nacional de Imunizações (PNI), não há estudos que comprovem que tomar uma terceira dose de vacina traga prejuízos à saúde. A atitude prejudica a campanha, diz ela: — Tira a vacina de outra pessoa e consequentemente vamos demorar mais a ter a imunidade coletiva para voltar ao normal. Além de ser um egoísmo, demonstra a falta de qualquer senso de responsabilidade social.

Vamos eliminar ou conviver com o coronavírus?  Cientistas traçam 4 cenários para o mundo a partir de 2022

O epidemiologista Paulo Lotufo, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, argumenta o mesmo: — Não há risco individual, exceto que o egoísmo não faz bem ao ser humano.

O tema ainda não chegou ao Ministério da Saúde. A pasta afirma que “não recebeu nenhum tipo de denúncia de pessoas que estejam recebendo, inadvertidamente, uma terceira dose de vacinas Covid-19”. Em coletiva de imprensa na última quarta, questionado especificamente a respeito de pessoas que tinham burlado o sistema para tomar uma terceira dose, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se esquivou e disse que “aí é com a Polícia Federal”. A reportagem já havia consultado o órgão, que respondeu que esse tipo de investigação ficaria a cargo das secretarias de Segurança Pública.

Indício de 29 mil casos
Um estudo realizado pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) encontrou registros de que ao menos 29.570 pessoas em todo o país receberam pelo menos três doses de vacina. A análise considerou dados abertos do Ministério da Saúde até 24 de junho. O coordenador do Laboratório de Estatística e Ciência de Dados da Ufal, Krerley Oliveira, explica que os pesquisadores corrigiram inconsistências conhecidas no banco de dados, como informações que aparecem duplicadas. Ainda assim, não é possível ter certeza de que todas essas pessoas tomaram mais de duas doses, porque podem existir outros erros. É um “forte indício”, segundo Oliveira.

Os dados mostram que cerca de 70% das vacinas de primeira e segunda dose são CoronaVac, enquanto 60% das doses a mais são da AstraZeneca, indicando que a maioria dos casos não seriam causados por erros. São Paulo é o estado com maior número de casos no levantamento da Ufal. No início do mês, a Secretaria municipal de Saúde de São Paulo notificou o Conselho Regional de Medicina após ter recebido denúncia de que dois médicos tomaram uma terceira dose da vacina em unidades “drive-thru”. A secretaria municipal também apura o caso de revacinação de dois estudantes de Medicina. O MP de São Paulo acompanha outros quatro casos. Um deles, o de uma veterinária de Guarulhos que, já vacinada com duas doses da CoronaVac, foi a outro posto de vacinação, onde recebeu uma dose da Janssen. Depois, se gabou do feito nas redes sociais.

No Rio, a Secretaria municipal de Saúde não divulgou números, mas afirma que a investigação é importante para confirmar a tentativa de fraude. No Espírito Santo, o Ministério Público recebeu 393 denúncias de irregularidades relacionadas à vacinação, entre “caçadores da terceira dose”, fura-filas e pessoas que apresentaram laudos falsos para ter prioridade na imunização.

Rastreamento prévio
Duas cidades do Sul do país afirmam ter conseguido evitar a revacinação ao rastrear os casos. Segundo a Secretaria de Saúde de Santa Catarina, a terceira aplicação em uma mulher em Balneário Camboriú foi recusada. Situação semelhante ocorreu em Porto Alegre, segundo a prefeitura. No Paraná, o MP informou investigar um caso em Carlópolis.

O Ministério Público de Tocantins informou que foi notificado sobre o caso de uma médica que teria recebido a terceira dose da Pfizer, após ter tomado duas da CoronaVac em Araguaína. Também no Norte, os Ministérios Públicos do Amazonas, Roraima e Pará informaram que não receberam denúncias.

Mudança de imunizante:  Ministério da Saúde recomenda que grávidas vacinadas com AstraZeneca tomem segunda dose da Pfizer

No Nordeste, o Ministério Público de Alagoas instaurou um procedimento administrativo para investigar se houve aplicação de terceiras doses, após o levantamento da Ufal.  No Rio Grande do Norte, segundo o portal G1, uma assistente social e uma psicóloga foram exoneradas em Macau, na região da Costa Branca, após a prefeitura do município descobrir que elas tomaram uma terceira dose de vacina. O MP informou que a apuração está em curso.

No Centro-Oeste, o único local no qual há registro de denúncias sobre pessoas que possam ter tomado indevidamente a terceira dose foi o Distrito Federal. Segundo o Ministério Público Estadual do Distrito Federal e Territórios, o órgão apura denúncia de que servidores da Secretaria de Educação teriam tomado indevidamente dose única da vacina da Janssen, mesmo após terem sido imunizados com outras vacinas. [estranho é que nada falam sobre a mania do Ibaneis, governador do DF, de segurar vacinas???  Não se sabe para que - apenas aquela autoridade local  segura doses, enquanto a vacinação é interrompida por falta do imunizante] O MP pediu informações à Secretaria de Saúde para seguir com as investigações sobre o caso, mas não informou se os dados já foram repassados. O tema não chegou na Polícia Civil e nem no MPF.

O Globo
 

sábado, 26 de junho de 2021

A suprema sem-vergonhice - Revista Oeste

Augusto Nunes

Dirceu, O Cadeieiro, revela os encantos da vida na gaiola

Em outubro de 2015, ainda no início da terceira temporada na cadeia, José Dirceu de Oliveira — ex-presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo, ex-presidente do PT, ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-chefe da Casa Civil do governo Lula — parecia tão à vontade na cela quanto numa das passeatas de 1968. “Vou ficar aqui uns sete ou oito meses”, calculou na entrevista à Veja. “Se for condenado, passo mais cinco anos preso e depois vou para casa. Tá tudo bem.” Tudo bem? Como assim?, franziu a testa o entrevistador. Foi então que o ex-capitão do time de Lula, o ministro que fazia e desfazia nos campos e catacumbas do PT, o herdeiro natural do espólio do chefe supremo informou que se rendera à vocação inescapável: “Eu sou cadeieiro mesmo”. Surto de sinceridade é isso aí.

Edição de arte / Revista Oeste

O líder estudantil decerto não sabia disso em agosto de 1968, quando inaugurou a sequência de cinco temporadas na gaiola com o estágio de um ano na penitenciária em São Paulo. Condenado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Mensalão, o já ex-ministro reencontrou-se com a rotina no cárcere em novembro de 2013. Um ano mais tarde, ao recuperar o direito de ir e vir, a quarentena involuntária já lhe parecia facilmente suportável. Aprendera a importância da disciplina, dos cuidados com a higiene, das demonstrações de solidariedade — e havia virado xerife de cela. Em agosto de 2015, devolvido pela Operação Lava Jato ao presídio da Papuda, onde ficaria até maio de 2017, demorou menos de 100 dias para festejar a aceleração da metamorfose que se consumaria na terceira hospedagem no xilindró: era mesmo um cadeieiro.

Tornou-se Ph.D. na especialidade com as duas temporadas seguintes, que o mantiveram recluso entre maio e junho de 2018 e entre maio e novembro de 2019. Libertado pela fábrica de habeas corpus gerenciada por Gilmar Mendes, tranquilizou-se de vez com a chicana que sepultou a possibilidade do início do cumprimento da pena depois da condenação em segunda instância. Se não saísse pela porteira que o Supremo Tribunal Federal abriu para que Lula voltasse ao palanque, Dirceu estaria animando o sistema penitenciário com palestras sobre o tema Como Ser Feliz Encarcerado. Foi o que fez nas passagens pela Papuda e pelo presídio de Pinhais, no Paraná, com plateias restritas a larápios de fina linhagem que a Polícia Federal despertou para o pesadelo com batidas na porta às 6 da manhã.

“Preso primeiro chora, depois chama a mãe e seus santos”, ensina o doutor em vida reclusa na carta enviada em abril de 2017 a um grupo de amigos. “O trabalho, a leitura, o estudo e a escrita transformam a prisão em vida produtiva e criativa, além de passar o tempo de maneira útil e agradável.” Depois de informar que espelhos são proibidos no xilindró, revela o truque a que recorrem os ansiosos pela contemplação do próprio rosto: “É preciso usar um prato grande e limpo”. Mais: cadeia faz bem à saúde: “Bebida, cigarro, gordura, ou é proibido ou não existe simplesmente. O preso deve fazer exercícios todos os dias. No meu caso, 71 anos, é light. O importante é manter os músculos lombares fortes”. Só nas linhas finais Dirceu arrola algumas queixas que, eliminadas, aperfeiçoariam o sistema penitenciário. Por exemplo: “a corrupção ou mesmo o controle dos presídios pelo crime organizado”.

Gaiola também estimula o convívio dos contrários, acrescentaria Dirceu na entrevista em que recomendou a Lula, preso em Curitiba, que solicitasse transferência para a sexta galeria de Pinhais, onde atuara como gerente e conselheiro. “Ele precisa conviver com outras pessoas”, argumentou. “Se vier, o Lula verá que é uma convivência normal. Você conversa, aprende muita coisa, as pessoas têm muito o que ensinar.” O entrevistado, por exemplo, formou uma dupla bastante harmoniosa com Eduardo Cunha. Antonio Palocci lembrou que se formara em medicina e tratou de atender pacientes de todos os partidos, tendências e facções. Poucos optaram pelo isolamento. “O Marcelo Odebrecht fazia ginástica oito horas por dia e não convivia com os outros presos”, exemplificou. E nenhum dos alvos da Lava Jato escapou do período de depressão que espreitava os recém-chegados. A maior operação anticorrupção da história comunicara ao país que, aos olhos de juízes honestos e corajosos procuradores federais, a lei vale para todos. Mas ainda não sabiam disso políticos e empreiteiros que se julgavam desde o berçário condenados à perpétua impunidade.

Intimados pela Justiça, os maiores empreiteiros do Brasil pousaram em Curitiba a bordo de jatinhos particulares e fizeram reservas por uma noite em hotéis cinco-estrelas. Acabaram dormindo em celas ou salas e ficariam por lá meses ou anos. Marcelo Odebrecht, por exemplo, voltaria para casa mil dias depois. Mesmo os deprimidos, contudo, logo encerravam a cantilena da inocência. E começavam a examinar a ideia de recuperar a liberdade pelo atalho da colaboração premiada, rebatizada de “delação” por quem temia a expansão do oceano de provas que escancararam o escândalo do Petrolão. Todos já estavam conformados com a confissão ou o castigo quando as investigações se aproximaram perigosamente da cúpula do Judiciário e da bandidagem com direito a foro privilegiado. Divulgadas por um casal de vigaristas, as mensagens roubadas forneceram o pretexto para que a aliança entre togas e ternos ouvisse o apelo de Romero Jucá: era hora de estancar a sangria.

Todas essas sumidades da sem-vergonhice estão livres para o planejamento do próximo escândalo

Qual dos três times grandes triunfaria no Campeonato dos Bilhões restrito à população carcerária? Sérgio Cabral, o supercraque de Bangu, tornou-se o artilheiro mais temível ao declarar-se “viciado em dinheiro” para justificar a roubalheira que até agora já lhe garantiu penas que ultrapassam 300 anos de prisão. Mas os destaques restantes do time — Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho, Eike Batista e Adriana Ancelmo estavam abaixo do nível alcançado pelos dois rivais. A equipe da Papuda tinha Geddel Vieira Lima, Luiz Estevão, Henrique Alves, Joesley e Wesley Batista — e, por algum tempo, contou com o onipresente Zé Dirceu. O mesmo Dirceu que também brilhara no elenco de galácticos de Pinhais, formado por lendas da alta delinquência como Eduardo Cunha, Antonio Palocci, Marcelo Odebrecht, Léo Pinheiro, Aldemir Bendine, Gim Argello, João Vaccari Neto ou Delúbio Soares. Se as coisas ficassem complicadas, bastaria convocar Lula, o camisa 10 concentrado em Curitiba. Quem venceria?

Jamais saberemos. Neste Brasil do avesso, todas essas sumidades da sem-vergonhice estão livres para o planejamento do próximo escândalo. Na CPI, o cangaceiro engravatado Renan Calheiros promete prender e arrebentar quem discordar da ciência e do relator. O ex-juiz Sergio Moro foi estigmatizado como faccioso por um STF que é coiteiro de governadores gatunos afundados no Covidão.  
E Lula cobra do governo atual os hospitais que o palanque ambulante deixou de construir para erguer os elefantes brancos que o enriqueceram antes, durante e depois da Copa da Ladroagem. Até quando suportaremos a Ópera dos Cínicos? Até que o povo brasileiro perca a paciência de vez.

Leia também “O triunfo dos bandidos”

Augusto Nunes, colunista - Revista Oeste


 

 

domingo, 13 de junho de 2021

O lobby da vacina quer cassar a sua cidadania - VOZES - Gazeta do Povo

Guilherme Fiuza

Vários projetos de "passaportes de vacina", preveem diversas restrições a quem não se vacinar.

O Senado Federal aprovou a cidadania de segunda classe no Brasil. Por unanimidade (entre os presentes – 72 votos) os senadores aprovaram o projeto do “Certificado de Imunização e Segurança Sanitária”. É uma espécie de passaporte para estabelecer áreas e atividades que só poderão ser acessadas por quem tenha sido vacinado contra Covid-19. Isto é um escândalo – e pode vir a se configurar como crime contra a saúde pública.

O projeto vai a votação na Câmara dos Deputados. Se prevalecer lá o mesmo nível de irresponsabilidade dos senadores, poderá virar lei – dependendo de sanção presidencial.

Apesar da pressão, China não deve cooperar com investigação independente sobre origem da Covid

Todas as vacinas em aplicação no mundo são EXPERIMENTAIS. Níveis de eficácia e segurança alegados inicialmente decorrem de ciclos de estudos de desenvolvimento que giram em torno de seis meses de duração. Isso nunca aconteceu na história das vacinas – e não há qualquer explicação científica até o momento para tal condensação do tempo de verificação dos efeitos no ser humano, em termos do estudo necessário para aplicação segura e eficaz em larga escala. É um EXPERIMENTO.

Nenhuma das vacinas contra Covid-19 que estão no mercado tem aprovação definitiva das autoridades sanitárias. Para se ter uma ideia, a mais “conceituada” delas – aquela que já provoca até turismo vacinal – tem compromisso para confirmação efetiva de eficácia e segurança na União Europeia apenas em dezembro de 2023.

Os grupos restritos de voluntários para o desenvolvimento laboratorial de imunizantes foram “substituídos”, na etapa atual de estudos, pela totalidade da população – ou quase totalidade, mas as proposições para que se vacine até os bebês já estão aí. E agora? Teremos “voluntários obrigatórios”? 
Quem tiver efeitos adversos graves ainda não relatados reclama com quem? 
Com o Papa? 
Quem vai pagar por essa inconsequência?

Quem vai pagar pela morte de Thais Possati de Souza e seu bebê de 5 meses ainda em gestação? Na noite de 10 de maio de 2021, dia da morte por AVC hemorrágico de Thais (uma promotora de Justiça saudável de 36 anos), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária emitiu nota técnica vetando a aplicação da vacina tomada por Thais em gestantes. Tarde demais para Thais. Ela foi levada por essa desinformação criminosa que se disseminou inclusive por veículos tradicionais de comunicação, propagando, de forma grosseira, que era melhor tomar vacina do que correr o risco de pegar Covid. Desinformação que envolve também autoridades – tanto que a Anvisa considerou necessário emitir uma nota técnica com o veto.

A combinação de perda de empregos, aumento da pobreza e fechamento de escolas é uma tempestade perfeita para a proliferação do trabalho infantil, declarou o diretor regional da OIT para a América Latina e o Caribe, Vinícius Pinheiro.

Quantas outras grávidas estão desinformadas?  
Quantos pacientes de outros grupos populacionais podem estar sofrendo reações importantes por conta dos efeitos coagulantes que provavelmente levaram Thais e seu bebê à morte?  
[parecer não científico, sem usar termos técnicos,  mas sensato: a covid-19 mata mais em função de uma hiperinflamação e de trombose. Os anticoagulantes evitam, ou reduzem, a ocorrência de trombose. O que é um ponto positivo da vacina tomada pela Thaís. Porém, é um complicador para pessoas que tem aneurisma, dificuldades de coagulação.
Um inconveniente sério, que deve ser levado em conta no caso de pessoas que sabidamente são portadoras de aneurisma ou dificuldades na coagulação sanguínea.
Ao que sabemos o número de pessoas com as comorbidades relevante, com a ressalva que é inferior em muito ao das não portadoras. ]

Você não sabe – e não saberá. Pelo simples fato de que os relatos espontâneos de efeitos adversos e casos de infecção após a vacina são historicamente muito baixos. A diferença é que dessa vez a real aferição dos imunizantes depende dos relatos espontâneos, porque o mundo resolveu compactuar com essa aventura de vacinação em massa com vacinas experimentais – abrindo mão dos anos de estudos que precederam a liberação de todos os imunizantes que a humanidade já conheceu.

Você acha que tem o direito de não ser cobaia? Pois o Senado brasileiro quer te obrigar a ser.  [concordamos em quase tudo com a ampla, consistente e sólida  argumentação Fiuza - boa base nos argumentos é uma característica sempre presente no articulista.
Ocorre que,   em nossa modesta e leiga opinião, o Senado Federal desta vez age corretamente - o que serve para reparar em parte os danos causados pelos ilustres senadores ao apoiarem a criação da CPI Covidão - uma vergonha para o Senado da República.
As vacinas contra o coronavírus possuem todos os inconvenientes das vacinas tradicionais, acrescidos da rapidez com que foram  criadas (a pesar de maioria delas usar tecnologia presente em vacinas que existem desde o milênio passado - temos restrições ao uso de tecnologias novas, não testadas,entre elas, sem limitar, a do RNA mensageiro)  do importante fato que não se sabe a o período de validade do efeito imunizante -  as primeiras começaram a ser utilizadas em dezembro 2020, assim, o cálculo da validade é contar daquela data até hoje, e sobre o resultado se acrescentar um dia a cada dia sem que ocorra o fim da validade.
 
Não pode ser olvidado que o cidadão que se recusar a tomar o imunizando não está cometendo nenhum crime - ainda que contraia o vírus e morra - indo ao limite não se pune o suicídio.
Só que ao recusar o imunizante o cidadão está facilitando a propagação do vírus, portanto, colocando em risco a vida de milhares de pessoas - o que sabidamente é um crime e precisa ser coibido.
 
Para finalizar, lembramos que milhões e milhões de pessoas estão gozando de perfeita saúde, entre elas este escriba, graças as vacinas contra poliomielite, varíola, e dezenas de outras moléstias, que recebemos, na maioria no século passado.
Na nossa opinião a vacinação  deve ser compulsória - exceto em situações especiais,  fundamentadas na medicina  e que a juízo de um médico justifiquem o adiamento.] Exagero? Então veja: a vacina que Thais Possati tomou, vindo a falecer em seguida e motivando o veto da Anvisa, tem compromisso de confirmação de sua segurança e eficácia perante a União Europeia em março de 2024. Repetindo: MARÇO DE 2024. Entendeu por que é EXPERIMENTAL? Agora leia esse trecho do documento que Thais teve de assinar antes de se vacinar: "Ainda não foram feitos estudos em gestantes/lactantes que assegurem seu uso, ou seja, não foi verificada evidência científica de segurança e eficácia para sua administração”.

Como você se sente ao ler isso, sabendo que Thais Possati morreu depois de duas semanas de sofrimento atroz? Se estiver se sentindo num cassino macabro ninguém poderá te culpar por isso. Por todos os lados você vê gente gritando vacina ou morte. Aí você vê vacina e morte. Tenta se esconder debaixo da mesa de apostas, mas vem uma blitzkrieg do Senado Federal te arrancar de lá para te botar em cima da mesa. Vai ter que apostar também – se não quiser sumir do mapa.

Beleza. Vamos perguntar aos doutores senadores brasileiros em seus jalecos cinzentos: - como estão os estudos sobre ocorrência de miocardite em vacinados com a tecnologia do RNA mensageiro? Não sabem?! 
Não é possível. Para obrigar a população inteira a se vacinar, suas excelências devem saber todas as conclusões sobre o número expressivo de casos de inflamação cardíaca pós-vacina relatados ao VAERS – Vaccine Adverse Event Reporting System dos EUA. 
Lá eles ainda não sabem, mas em Brasília os estudos devem estar concluídos.
Não estão? 
Esperem aí: então isso é cassino mesmo?  
Cala a boca, toma vacina e se tiver problema cardiovascular agora ou no futuro deu azar? Como se diz num subdialeto da língua de Shakespeare: que porra é essa?

Foi mais ou menos o que disse – com mais classe – o astro Eric Clapton ao perder os movimentos das mãos após se vacinar contra Covid. Você pode imaginar como se sentiu um dos maiores guitarristas da história ao sentir seus dedos ardendo, depois dormentes, depois imóveis – levando-o ao desespero por duas semanas até começar a recuperar parcialmente os movimentos. “Fui um rebelde a minha vida inteira contra tiranias e é isso o que temos agora”, desabafou Eric após a reação “desastrosa” (palavra dele) à vacina, referindo-se ao que virou essa suposta política de saúde na Inglaterra e no mundo.

Você ouviu a denúncia de Eric Clapton? Possivelmente não. Esse tipo de informação, nos dias de hoje, some. Entendeu por que o genial Eric fala em tirania? Entendeu o que está se passando no Brasil com a ação diligente fantasiada de empatia dos vassalos do lobby?  Você já notou que não estamos citando aqui os nomes das vacinas. Naturalmente, não é para não desagradar os vassalos do lobby. É só para ficar claro que não existe AQUELA cuja segurança e eficácia estão consolidadas. Vamos repetir: TODAS são EXPERIMENTAIS. No Brasil está sendo aplicada tanto aquela que a União Europeia e os EUA não deixam entrar, quanto aquela que Thais Possati e Eric Clapton tomaram, quanto aquela que chegou depois, “de primeiro mundo”, à qual estão associados os relatos de miocardite ainda em avaliação.

Essa vacina traz a tecnologia inovadora do RNA mensageiro – que ensejou controvérsias nos meios médicos sobre a falta de estudos por tempo suficiente em humanos. Prêmio Nobel de Medicina, o virologista francês Luc Montagnier declarou sua preocupação com a vacinação em massa durante uma pandemia, especialmente pelo potencial de efeitos adversos desconhecidos dessa técnica a longo prazo. No curtíssimo prazo, está sendo avaliada a presença de nanopartículas lipídicas, provenientes da introdução do mRNA, disseminada pelos órgãos vitais de vacinados – mas não há conclusões sobre isso.

Como se vê, há muitas dúvidas sobre as vacinas – e estamos aqui exercendo a responsabilidade de aponta-las. Menos no Senado brasileiro – que aparentemente resolveu mimetizar iniciativas fascistoides do mesmo tipo em outros países.  A ocorrência de miocardite é encontrada entre jovens vacinados numa proporção e com grau de nocividade que o CDC – o centro de controle de doenças dos EUA – ainda terá que dimensionar. Que tipo de efeitos adversos no sistema cardiovascular em cada faixa etária as vacinas contra covid poderão acarretar? Só o tempo e os estudos dirão. Mas o folclórico Dr. Fauci – cujos e-mails divulgados transbordam contradições inclusive quanto à eficácia das vacinas – usa seu cargo de assessor de saúde da Casa Branca para advogar a vacinação de crianças.

Onde está a ciência nesse tipo de proposição? Pode procurar à vontade que não vai achar. Com quase um ano e meio de pandemia não há um único estudo indicando que a ocorrência de Covid-19 em crianças tanto em número de casos, quanto em gravidade e em potencial transmissor – indique a necessidade de vacinação dessa faixa etária. Você não acha que isso se parece um pouco com a premissa obscura da criação de uma cidadania de vacinados, aprovada pelos senadores brasileiros?  Com a quantidade de dúvidas contidas nessas substâncias EXPERIMENTAIS, esse passaporte carnavalesco fantasiado de segurança sanitária não criará cidadania alguma – ao contrário, cassará a cidadania dos indivíduos livres e saudáveis. A não ser que você se levante daí e lute pela sua dignidade.

Vacinas incipientes são a porta de saída segura da pandemia? Estranho. Então o que está acontecendo no Chile? Era um dos países com melhores resultados no enfrentamento do novo coronavírus. Começou a vacinar em massa e hoje é o mais vacinado do continente, com cerca de 45% da população tendo recebido as duas dosese está fechando tudo por conta da explosão de casos de Covid-19. O que aconteceu na Índia? País com elevada taxa de população vacinada – sendo inclusive produtor de vacina – mergulhou no seu pior momento em toda a pandemia no auge da vacinação. A taxa média de óbitos em maio de 2021 na Índia chegou a ser três vezes superior à do pico da primeira onda. Por que o mesmo fenômeno aconteceu no Uruguai, um dos países com maior percentual de população vacinada na América do Sul? Aliás, por que os primeiros seis meses de vacinação no mundo coincidem com um agravamento dramático e generalizado da pandemia?

Ninguém sabe ao certo. Mas quem pode afirmar, no contexto acima descrito, que vacinas são a salvação certeira contra a pandemia – a ponto de se criar OBRIGATORIEDADE de vacinação (fantasiada de “passaporte”, “certificado” e outras espertezas do lobby)? Vamos repetir: estamos diante de um ESCÂNDALO ÉTICO.

A autoridade sanitária brasileira, aquela que emitiu a nota tardia sobre o perigo LETAL da vacina que Thais Possati tomou, é considerada pelos vassalos do lobby como um entrave. Ameaças vieram de todos os lados – inclusive do Congresso e do STF – arbitrando prazos exíguos para a Anvisa liberar vacinas, sob pena da decretação de “autorização tácita”, isto é, da revogação da autoridade sanitária. Isso é muito grave – e não foi papo de “esquerda” ou “direita”. Veio de todos os lados, inclusive de um líder do governo na Câmara, que disparou publicamente contra a agência em linguajar de campo de várzea – “estão pensando que a gente é trouxa” e coisas assim.

O nome desse vassalo do lobby não está sendo citado aqui só para não emporcalhar o texto – mas se for o caso poderemos citá-lo tranquilamente, assim como ao senador que elaborou o projeto mais absurdo de atropelo da autoridade sanitária (esse tem linguajar bem educado), o ministro do STF que tentou constranger a Anvisa de forma mais acintosa e por aí vai. De todo modo, são facilmente reconhecíveis – assim como são os nomes dos 72 senadores que perpetraram esse atentado à sua saúde abrindo caminho legal para que te obriguem, na prática, a inocular no seu corpo uma substância cujas ações e consequências completas só serão conhecidas daqui a vários anos.

Mesmo sendo considerada um entrave pelos abutres da Covid S.A. a Anvisa sentiu a pressão e tomou decisões no mínimo controversas. As vacinas aprovadas em caráter emergencial no Brasil foram liberadas com estudos faltantes, como consta do laudo de liberação – onde se lê que para grupos de idosos os estudos não foram suficientes para comprovar a eficácia, nem mesmo a segurança dessas vacinas. Considerando-se que idosos são o grupo populacional mais vulnerável à Covid-19, constata-se a liberação emergencial de vacinas impróprias para a maioria dos que estão em situação de emergência. Paradoxal? Pois saiba que isso sequer foi objeto de contestação. Saíram vacinando e fim de papo.

Mas o papo não acabou – embora o lobby queira que ele acabe, perseguindo os que querem discutir o assunto fora do cassino. E a continuação desse papo leva a mais uma pergunta bem simples: quantas pessoas você conhece que atravessaram bem um ano de pandemia e adoeceram ou faleceram depois de se vacinar? 
Todos conhecemos muitas. O que furou na suposta proteção imunizante? Qual a probabilidade infecciosa dos vírus supostamente inativados? 
Qual o inventário das reações adversas? 
A propensão à geração de coágulos e trombose afetou quantos vacinados e com que gravidade? Essas estatísticas estão sendo apresentadas a você?


Claro que não. Elas nem existem. Só poderiam ser feitas com o rigor necessário dentro de grupos controlados no processo de desenvolvimento das vacinas pelos laboratórios, conforme ocorreu com TODOS os imunizantes produzidos até hoje. Mas dessa vez a ciência ganhou uma licença poética – e vacina virou questão de fé. “Levo fé na Sputnik”, “não levo fé na Sputnik”, etc. Contando ninguém acredita.

A aplicação em massa de vacinas incipientes no transcorrer de uma pandemia pode favorecer o surgimento de variantes mais infecciosas? 
O efeito do “escape imunológico”, conforme alerta de virologistas experientes, pode estar acontecendo? 
Não sabemos. O que sabemos é que a vacinação em massa coincidiu com o surgimento de variantes mais infecciosas. Onde está a refutação científica da hipótese de que isso estaria sendo provocado pela própria vacinação?

Você não viu refutação científica alguma. Esse negócio de ciência já era. O que você vê são manchetes com “especialistas” dizendo que está tudo bem, porque “vacinas aumentam a imunidade”. Dizer que vacinas aumentam imunidade é tão cientificamente certeiro como dizer que senadores defendem o povo.

Vamos ver agora os deputados. E depois o presidente da República.
Quem assinar embaixo desse “Certificado de Imunização” que não certifica nada e amarra o cidadão numa coleira tão lucrativa quanto hedionda, está emitindo o seu próprio atestado: ou é um irresponsável, ou é um vendido. Pelo menos você fica sabendo quem é quem nessa guerra dissimulada, cheia de chupa-sangues dizendo querer o seu bem.

Guilherme Fiuza, colunista - Gazeta do Povo - VOZES

 

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Na CPI da Covid, submundo policial do Senado grita o que é ‘ciência boa’ e o que é 'ciência ruim' - O Estado de S. Paulo

J.R. Guzzo

A política da ciência

Um dos efeitos mais notáveis da covid, e não só no Brasil, foi ter criado um tipo até então desconhecido de ciência - a ciência estática, na qual um bloco de cientistas tem certeza absoluta de que todo o conhecimento humano existente na área de medicina, por exemplo, chegou ao seu ponto máximo e não pode mais ser ampliado, nem modificado
Não poderia haver uma abordagem diferente para uma questão médica, sobretudo se ela nunca se apresentou antes? Não, não poderia. 
A verdade científica, por esta visão do mundo, esgota-se naquilo que o professor Pedro ou o pesquisador Paulo sabem - ou, mais precisamente, naquilo que acham que está certo, ou de que gostam. Resultado: é proibido discutir, segundo a ciência estática, qualquer afirmação, constatação ou hipótese que não seja aprovada pelos gestores do que se tornou hoje o universo “cientificamente correto”.
Outra maneira, menos paciente, de descrever isso tudo é dizer logo de uma vez que a política, na onda da covid, entrou com as quatro patas na ciência. Nada demonstra essa perversão tão bem quanto a “CPI” da covid, na qual o submundo policial do Senado grita todos os dias o que é “ciência boa” e o que é “ciência ruim”
A primeira é qualquer coisa que sirva aos seus interesses políticos. 
A segunda são os fatos que querem abolir. Todo mundo vê: semianalfabetos que não saberiam dizer que horas são, mas têm uma carteirinha de senador, interrogando médicos e outras pessoas de bem como se fossem um soldado da PM diante de algum vagabundo numa delegacia de polícia. É um “ambiente tóxico”, disse o presidente do Conselho Federal de Medicina. E é isso, na sua forma mais grosseira, o “cientificamente correto”.

Que gente com o nível de um senador de CPI faça isso, quando se pensa cinco segundos no assunto, é bem aquilo que se poderia mesmo esperar. Menos compreensível é a atuação, cada vez mais excitada, agressiva e repressora, dos médicos, pesquisadores e cientistas que praticam o “cientificamente correto” e se tornaram militantes de uma causa: a de que a covid só pode ser tratada de uma forma, a sua, e que qualquer ideia diferente tem de ser denunciada como uma ameaça à saúde pública. Assumiram o papel de vigilantes. Na vertente mais lamentável da sua conduta, querem punição, inclusive penal, para colegas que estiverem em desacordo com eles.

A política e a ideologia já interferem de maneira cada vez mais rancorosa nas disciplinas da ciência ligadas ao meio ambiente, na biologia humana, na gramática - fala-se, até, de uma “matemática negra”. Por que a medicina seria poupada dessas deformações? Mas é especialmente perturbador que a contaminação política vá tornando cada vez menor, junto à população brasileira, a credibilidade da medicina e dos médicos. Talvez nada comprove isso de maneira tão clara quanto a guerra aberta ao tratamento precoce da covid - ou as tentativas de se fazer alguma coisa pelo paciente antes que a sua situação se agrave a ponto de precisar de uma UTI.

O Conselho Federal de Medicina se coloca, claramente, a favor do direito dos médicos de darem o tratamento que julgarem mais indicado para quem lhes pede socorro, dentro de sua relação pessoal e intransferível com os clientes. É assim em todas as doenças - por que não na covid? Negar a liberdade do médico, aí, é tornar ilegal o livre exercício da medicina no Brasil. 
O CFM tem a atribuição constitucional de supervisionar a prática da medicina no País; não é um botequim onde se dá palpite sobre remédio. Não faz nenhum sentido, como acontece na CPI e nos grupos onde se trata a covid como questão política, jogar suas recomendações na lata de lixo.
 
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo