[Pergunta que não quer calar: será que ser contra a invasão por travestis, transexuais e transgêneros de propriedade alheia é crime de racismo?]
Construção de seis andares foi invadida por coletivo voltado para acolhimento de travestis, transexuais e transgêneros
O grupo que está no imóvel faz parte do coletivo da Casa Nem, formado por 23 integrantes da comunidade LGBTI em situação de vulnerabilidade. Líder do movimento, a ativista Indianare Siqueira, de 48 anos, diz que o grupo não se intimidou ao se ver trancado no local e conseguiu sair arrebentando as correntes. Ela afirma que a pretensão é transformar o espaço em sede da Casa Nem, que acolhe moradores de rua, transexuais, travestis e transgêneros:
—Além de oferecer cursos para a comunidade LGBTI, queremos abrigar aqui mulheres e crianças vítimas de violência doméstica que, muitas vezes, não têm onde ficar quando são agredidas. Manteremos o nosso pré-vestibular e daremos assistência jurídica. Há espaço suficiente para isso — contou.
Tesouro encontrado
O coletivo, que já
invadiu construções na Lapa
e em Vila Isabel, de onde foi expulso, encontrou, ao chegar ao prédio,
um verdadeiro tesouro escondido. Indianare conta que, durante uma
primeira limpeza do local, foram achadas obras de arte escondidas no
sótão, além de quadros, bustos e animais empalhados. Chamados pelo
grupo, a Polícia Federal e o
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) recolheram
, nesta terça-feira, o material para análise.
Presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães não vê a ocupação com bons olhos.— Não temos o que fazer. A área já foi interditada, pois teve reboco que caiu e machucou um pedestre. Não sabemos como estão lá dentro, se tem gás, se estão usado botijão e se a água e a luz são irregulares.
Vera Araújo - O Globo