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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O PT contra os pobres



No discurso, o partido se diz o "legítimo" representante dos trabalhadores. Na prática, o que se constata é que a população de menor renda é a mais prejudicada pelo desastre econômico promovido pelos governos petistas 

No folclore político nacional, atribui-se ao mineiro Gustavo Capanema (1900-1985), ministro da Educação de Getúlio Vargas no Estado Novo e depois deputado federal pelo antigo PSD e pela Arena, a autoria de uma frase sábia. “Em política, o que vale é a versão e não o fato”, pontificou Capanema, ao pedir que o jornalista Carlos Castello Branco (morto em 1993) desse novas tintas a uma história que publicara, para não deixar o governo tão mal.

Embora tenha sido cunhada há décadas, a frase de Capanema serve como uma luva incômoda para os tempos atuais. Hoje, talvez mais que em qualquer outro momento da história recente do país, a ideia de que é possível construir uma narrativa – para usar o termo da hora – sem base na realidade virou uma panaceia, para o governo tentar se livrar de todo e qualquer problema que apareça pela frente.

Na semana passada, em Brasília, a presidente Dilma Rousseff emitiu novos sinais de que as manobras diversionistas se transformaram praticamente em política de Estado. Dilma aproveitou uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – um órgão consultivo formado por 90 representantes da sociedade civil – para anunciar um pacote de ampliação de crédito. O remédio, que inclui R$ 83 bilhões em novas linhas de crédito, deverá ser inócuo. Primeiro, porque, diante das incertezas sobre o nível de atividade econômica nos próximos meses, não há demanda por mais crédito, de acordo com o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, um dos integrantes do Conselhão e “padrinho” do ex-ministro Joaquim Levy na Fazenda. Depois, porque será preciso mais que quimeras para recuperar a confiança perdida pelo governo nos últimos anos e despertar o “espírito animal” dos empresários, considerado essencial para alavancar os investimentos. “A confiança só vai voltar quando o governo fizer a parte dele no ajuste e equacionar o rombo nas contas públicas. Do jeito que está, com um deficit anual na faixa de 10% do PIB (o Produto Interno Bruto), todo mundo fica intranquilo”, diz o economista e consultor Luís Paulo Rosenberg, da Rosenberg Part¬ners, ex-assessor especial da Presidência da República no governo Sarney.

Dias antes da reunião do Conselhão, durante a cúpula de países latino-americanos realizada em Quito, no Equador, Dilma afirmou:O Brasil não parou, nem vai parar. Como se a retração da economia, estimada em 3,8% em 2015 e em 3% neste ano, fosse mera fantasia do Pessimildo o personagem ranzinza que previa desastres econômicos, criado por seus marqueteiros na campanha eleitoral. Entre todas as manobras do governo para inflar sua atuação, uma se destaca: insistir na fábula segundo a qual a política econômica praticada desde o segundo mandato de Lula e aprofundada na gestão de Dilma é favorável aos mais pobres. Mesmo diante do drama de milhões de brasileiros, afetados pela crise, com efeitos perversos nas faixas de menor renda, o governo continua a sustentar, com a contribuição entusiasmada de Lula, do PT e de seus parceiros, o discurso de que é o grande defensor dos fracos e oprimidos. “Essa coisa de política para favorecer pobre virou coisa de piadista”, afirma o economista e consultor Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores, autor do livro O mito do governo grátis (Ed. Edições de Janeiro).

Por uma ironia cruel, depois de 13 anos no governo, o PT e seus aliados, que se consideram como legítimos representantes dos trabalhadores, não levaram a classe operária e os descamisados ao paraíso. Os sinais de que os menos favorecidos estão pagando a conta mais salgada pelos erros da política econômica no primeiro mandato de Dilma pipocam por todos os lados (confira os gráficos ao final desta reportagem): 


• A inflação nas faixas de baixa renda, medida pelo INPC, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chegou a 11,3%, enquanto o IPCA, que reflete a inflação oficial, foi de 10,7%.