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sábado, 15 de dezembro de 2018

‘O Nubank é uma ameaça’, diz presidente do Bradesco

Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho do banco, defende que futuro governo aprove a reforma possível caso a necessária não siga adiante

[se o Nubank é uma ameaça para o Bradesco, podemos considerar que é seguro e vantajoso para seus clientes.]

O presidente do Bradesco, Octávio de Lazari, afirmou que o Nubank é uma ameaça para a estratégia digital do banco, mas que a fintech [saiba mais] e outras novas empresas financeiras precisam ser respeitadas.  “Eu gostaria de ter os cinco milhões de clientes do Nubank. O Nubank é uma ameaça, mas vem fazendo um bom trabalho e precisa ser respeitado”, destacou ele, em almoço com a imprensa, nesta tarde de sexta-feira, 14.

O presidente do Bradesco ressaltou a necessidade de se levar em conta os serviços prestados e também as tarifas dos novos bancos. Nesta semana, a fintech brasileira lançou um cartão de débito  que pode ser usado para pagamentos e também para saque de recursos nos caixas eletrônicos da rede do Banco24horas, mas com cobrança de uma taxa para cada retirada.

De acordo com o presidente do Bradesco, o braço digital da instituição, batizado de Next, superou as expectativas e deve encerrar o ano com 500 mil clientes. “Nossa meta era abrir entre 2.000 e 2.500 contas por dia. Já estamos abrindo 5.000. O Next é uma aposta vencedora e acreditamos que vai se fortalecer como um canal de distribuição do banco”, avaliou ele.
Já o cartão de crédito do Bradesco para concorrer com o Nubank, o digio, conforme o vice-presidente do banco, Marcelo Noronha, deve bater a casa do 1 milhão de clientes.

Ano difícil
Lazari classificou 2018 como um ano difícil, reflexo do cenário político polarizado e da greve dos caminhoneiros. Mas, apesar disso, o Bradesco vai chegar ao fim do ano entregando o que propôs em termos de balanço.
Sobre a rentabilidade (ROE, na sigla em inglês) do banco, ele disse que espera que o ano de 2019 seja um ponto de partida para melhora do indicador e não de chegada. Acrescentou ainda que os modelos de crédito sinalizam a melhora da inadimplência no próximo exercício.

Reforma da Previdência
O presidente do Conselho do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, afirmou que se não for possível o governo de Jair Bolsonaro aprovar a reforma da Previdência necessária, que consiga aprovar a possível.
“Mais que otimistas, estamos esperançosos com 2019”, disse Trabuco, ressaltando que espera avanço também na reforma do Estado. O executivo destacou que o regime de Previdência por repartição está em crise em alguns países do mundo, por isso a necessidade de reforma.

O otimismo vem também de investimentos que podem chegar ao Brasil. O banco estima que o país pode receber 50 bilhões de dólares de fundos dedicados a emergentes em 2019, caso a agenda de reformas avance.
Além dos recursos para o mercado financeiro, o banco estima que 200 bilhões de dólares podem vir nos próximos cinco anos, auxiliados, por exemplo, pela agenda de privatizações, concessões e investimentos em infraestrutura.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O PT contra os pobres



No discurso, o partido se diz o "legítimo" representante dos trabalhadores. Na prática, o que se constata é que a população de menor renda é a mais prejudicada pelo desastre econômico promovido pelos governos petistas 

No folclore político nacional, atribui-se ao mineiro Gustavo Capanema (1900-1985), ministro da Educação de Getúlio Vargas no Estado Novo e depois deputado federal pelo antigo PSD e pela Arena, a autoria de uma frase sábia. “Em política, o que vale é a versão e não o fato”, pontificou Capanema, ao pedir que o jornalista Carlos Castello Branco (morto em 1993) desse novas tintas a uma história que publicara, para não deixar o governo tão mal.

Embora tenha sido cunhada há décadas, a frase de Capanema serve como uma luva incômoda para os tempos atuais. Hoje, talvez mais que em qualquer outro momento da história recente do país, a ideia de que é possível construir uma narrativa – para usar o termo da hora – sem base na realidade virou uma panaceia, para o governo tentar se livrar de todo e qualquer problema que apareça pela frente.

Na semana passada, em Brasília, a presidente Dilma Rousseff emitiu novos sinais de que as manobras diversionistas se transformaram praticamente em política de Estado. Dilma aproveitou uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – um órgão consultivo formado por 90 representantes da sociedade civil – para anunciar um pacote de ampliação de crédito. O remédio, que inclui R$ 83 bilhões em novas linhas de crédito, deverá ser inócuo. Primeiro, porque, diante das incertezas sobre o nível de atividade econômica nos próximos meses, não há demanda por mais crédito, de acordo com o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, um dos integrantes do Conselhão e “padrinho” do ex-ministro Joaquim Levy na Fazenda. Depois, porque será preciso mais que quimeras para recuperar a confiança perdida pelo governo nos últimos anos e despertar o “espírito animal” dos empresários, considerado essencial para alavancar os investimentos. “A confiança só vai voltar quando o governo fizer a parte dele no ajuste e equacionar o rombo nas contas públicas. Do jeito que está, com um deficit anual na faixa de 10% do PIB (o Produto Interno Bruto), todo mundo fica intranquilo”, diz o economista e consultor Luís Paulo Rosenberg, da Rosenberg Part¬ners, ex-assessor especial da Presidência da República no governo Sarney.

Dias antes da reunião do Conselhão, durante a cúpula de países latino-americanos realizada em Quito, no Equador, Dilma afirmou:O Brasil não parou, nem vai parar. Como se a retração da economia, estimada em 3,8% em 2015 e em 3% neste ano, fosse mera fantasia do Pessimildo o personagem ranzinza que previa desastres econômicos, criado por seus marqueteiros na campanha eleitoral. Entre todas as manobras do governo para inflar sua atuação, uma se destaca: insistir na fábula segundo a qual a política econômica praticada desde o segundo mandato de Lula e aprofundada na gestão de Dilma é favorável aos mais pobres. Mesmo diante do drama de milhões de brasileiros, afetados pela crise, com efeitos perversos nas faixas de menor renda, o governo continua a sustentar, com a contribuição entusiasmada de Lula, do PT e de seus parceiros, o discurso de que é o grande defensor dos fracos e oprimidos. “Essa coisa de política para favorecer pobre virou coisa de piadista”, afirma o economista e consultor Paulo Rabello de Castro, da RC Consultores, autor do livro O mito do governo grátis (Ed. Edições de Janeiro).

Por uma ironia cruel, depois de 13 anos no governo, o PT e seus aliados, que se consideram como legítimos representantes dos trabalhadores, não levaram a classe operária e os descamisados ao paraíso. Os sinais de que os menos favorecidos estão pagando a conta mais salgada pelos erros da política econômica no primeiro mandato de Dilma pipocam por todos os lados (confira os gráficos ao final desta reportagem): 


• A inflação nas faixas de baixa renda, medida pelo INPC, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chegou a 11,3%, enquanto o IPCA, que reflete a inflação oficial, foi de 10,7%.  


quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A vingança dos endividados e desempregados

Há um mundo de pressão para Dilma Rousseff sair do troninho Presidencial. 

 Ela não sabe como resistir e insiste que não deseja sair pelo que chama, insistentemente, de "golpe". Exatamente por isso, ela tenta a salvação impossível de duas formas. A primeira: golpeando o bolso do brasileiro com o retorno da CPMF - o imposto que tem a capacidade de roubar de todo mundo. A segunda: ajudando a vender, a preço de banana e na bacia das almas, tudo aquilo que o Brasil ainda tem de bom e potencialmente rentável.

 A pergunta que não quer calar: Onde está a tal "oposição construtiva", principalmente aquele autodenominada do PSDB, que não afronta, nem questiona, de forma incisiva, as burrices e sacanagens cometidas pela petelândia e seus comparsas aliados? Por onde anda o Aécio Neves - que não aparece em público para demolir as besteiras econômicas ou crimes de lesa-pátria cometidos pelos esquemas do Palhasso do Planalto - um ente tão fictício quanto o Estado Capimunista Rentista Corrupto? [não se iludam com o atual sonho dourado do Aécio Neves: encontrar uma saída que estabeleça que com o impeachment de Dilma e a assunção do Temer, seja criado o cargo de vice-presidente (atualmente, o vice-presidente se tornando presidente o cargo de vice fica vago até a próxima eleição) e o segundo colocado na eleição anterior (o Aecinho) passe a ser vice.
É a forma que ele encontrou de ser quase governo, sem se comprometer.]

A verdadeira oposição será a do eleitor endividado e desempregado que se vingará na próxima eleição municipal... [esse sim, o eleitor endividado, desempregado, fodido será a verdadeira oposição e certeza absoluta que quando se revoltar - o que não vai demorar (é se revoltar ou morrer de fome) - vai transformar o destino final de Lula e Dilma exatamente idêntico ao do ditador italiano Benito Mussolini, o Duce, e sua amante Clara Petacci.]

Na economia, seguimos no mais do mesmo, podendo ficar ainda pior. A pressão do Palácio do Planalto surtiu efeito e, aparentemente, o presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, e seu Comitê de Política Monetária desistiram de cometer o suicídio previsto de subir ainda mais a taxa básica de juros (para 14,5%), sempre sob aquela esfarrapada e falsa desculpa de conter ou baixar a "inflação". O problema é que um inédito comentário de Tombini, em dez linhas de cinco "twuittadas", na véspera da reunião decisiva do COPOM, desmoralizou, de vez, a inconsistente política econômica. Ficou evidente que Tombini jogou para não acabar tombado pelas pressões do desgoverno do PT.

Até o aliado-parceiro Henrique Meirelles, ex-presidente do BC do B de 2003 a 2011, foi obrigado a admitir que Alexandre Tombini tomou uma "atitude sem precedentes", surfando no pessimismo do Fundo Monetário Internacional, que reviu as projeções de PIB do Brasil, de contração de 1% para um recuo previsto de 3,5%. Com sua atitude pragmática, Tombini sinalizou que o Comitê de Política Monetária deveria deixar os juros básicos altíssimos como estão (14,25%), conforme vontade da Dilma Rousseff (aquela que consegue a tríplice mágica de não conseguir ser, ao mesmo tempo, Presidenta, Ministra da Fazenda e até "otoridade monetária" - timoneira forçada do BC do B).

Agora ficou completamente escancarado que ninguém no desgoverno sabe o que fazer com juros, inflação, câmbio e, sobretudo, gasto público (o principal causador dos outros problemas, em parceria com a corrupção sistêmica.) A coisa está tão feia que o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, foi forçado a admitir ao Valor Econômico que: "a demanda por crédito é muito baixa, quase inexistente. O maior volume de crédito é de renegociações e reestruturações".

Traduzindo: os endividados brasileiros, pessoas físicas ou empresas, desistiram de recorrer aos bancos (que lucram muito com o crédito a juros altíssimos) para tentar uma ilusória salvação. O risco, nunca admitido publicamente pelos banqueiros, é que o calote se transforme em uma bolha que contamine, ainda mais, toda a economia brasileira. Não adianta o desgoverno manipular o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Nada segura a sensação psicológica e a constatação prática de uma brutal carestia - que acaba escancarando a inflação.

O que falta é sinceridade no desgoverno e na sua pretensa "oposição" para reconhecer, claramente, que a inflação é causada pelo descontrole de gastos da máquina pública federal, estadual e municipal. A gastança é fruto da incompetência gerencial, da corrupção sistêmica e da orgia que mantém favores com dinheiro público para a mais canalha politicagem. Neste cenário, qualquer subida de juros é a maneira que o desgoverno do crime organizado encontra para confiscar o dinheiro das pessoas.

O juro altíssimo alimenta a armadilha do rentismo. Quem sabe que terá sua grana confiscada, e tem muito dinheiro, deixa de investir produtivamente. Psicologicamente, aceita o jogo mais cômodo de jogar a grana em títulos públicos que os bancos remuneram a taxas bem altas de usura. O problema é que, enquanto o sistema de vicia neste modelo de Cassino do Al Capone, quem tem pouca grana fica com menos ainda: endividado, pagando cada vez mais caro por tudo, sem emprego e jamais com renda. [e vai chegar o momento, que não vai demorar, em que a única solução será a explosão social acabando de vez com essa corja que vem destruindo o Brasil desde 2003 - Lula se sobreviver a vendetta da população, será conservado para deleite dos que o admiram, os militontos no pré-sal 'à brasileira': uma solução de 50% aguardente 51, 35% vinagre e 15% sal.]

Enquanto o Fórum Econômico de Davos, nos Alpes suíços, discute a "quarta revolução industrial", o Brasil caminha para consolidar sua eterna posição de suposto líder da periferia do subdesenvolvimento. Estamos em liquidação - em todos os sentidos do termo. Quem pode deve se salvar e até lucrar. Quem não pode, ou vai se sacudir ou vai se revoltar. O pavio para uma explosão social fica cada vez mais curto no Brasil. Em breve, o pau deve cantar, neste clima de insatisfação, intolerância, desespero e violência.

Pode anotar: a vingança dos descontentes, desempregados e endividados nunca esteve tão próxima...

Nota contra os advogados da Lava Jato

A Associação Paulista do Ministério Público (APMP), entidade que representa promotores e procuradores de Justiça da ativa e aposentados do Estado de São Paulo, vem repudiar o manifesto que dezenas de advogados penalistas e constitucionalistas divulgaram nos principais veículos de comunicação, na sexta-feira, 15 de janeiro de 2016, contra a operação “lava jato”:
"Em total conformidade com nota divulgada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), reforçamos que “não há qualquer evidência de que o Ministério Público Federal (MPF) esteja vazando informações indevidas”. E que, “uma operação com as dimensões da ‘lava jato’ (com 941 procedimentos instaurados, 75 condenados, cerca de R$ 2 bilhões recuperados e R$ 4 bilhões em curso para repatriação aos cofres públicos, 85 pedidos de assistência jurídica internacional), é de interesse público e a divulgação de informações atende aos preceitos constitucionais da publicidade e do direito à informação”.
"Também em sintonia com nota divulgada pela Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), a APMP entende que “o manifesto desse pequeno grupo de advogados dá a entender a ideia absurda de que o Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal se uniram com o propósito e manejar a opinião pública para pressionar o próprio Judiciário. Não só a história não é factível, como parece o roteiro de uma ficcional teoria da conspiração”.
"Nós, representantes de promotores e procuradores de Justiça de São Paulo, repudiamos toda e qualquer tentativa de condenar um trabalho sério, digno e eficiente no combate à corrupção e à impunidade. Por isso, os Procuradores da República têm todo o nosso apoio e solidariedade".

 Fonte: Blog Alerta Total - Jorge Serrão


sábado, 5 de setembro de 2015

A costura entre banqueiros, PMDB e o Planalto que manteve Levy no cargo



Em semana decisiva, ministro da Fazenda desistiu de renúncia depois de apelo de Lázaro Brandão, Luiz Carlos Trabuco e aliados de Michel Temer
O último sábado, 29 de agosto, foi um dia decisivo para o ministro Joaquim Levy. Enquanto defendia publicamente a volta da CPMF, o imposto do cheque, diante de uma plateia cheia de empresários descontentes, em evento em Campos do Jordão, o governo decidia, em Brasília, sepultar a ideia do novo imposto. O Planalto esqueceu-se de avisar Levy sobre o recuo e o titular da Fazenda transmitiu a uma parcela generosa do PIB a imagem de que estava desinformado - ou fora das tomadas de decisão importantes.

Cogitou seriamente abandonar o barco e fez com que a Presidência soubesse de seu descontentamento. No mesmo fim de semana, o presidente do conselho do Bradesco, Lázaro Brandão, encontrou-se com o vice Michel Temer, também pego de surpresa pela decisão atrapalhada de renascimento e morte do imposto. Preocupado com o ânimo de Levy, Brandão pediu que o peemedebista interviesse na situação. A ala próxima de Temer no PMDB havia abandonado a defesa do ajuste depois de sucessivas derrotas do ministro no Congresso e dentro do próprio governo, onde tem como antagonista o titular do Planejamento, Nelson Barbosa. Temer se comprometeu com Brandão a criar um cordão de proteção para Levy, em especial contra o fogo amigo - cuja origem, segundo interlocutores petistas, está no próprio Palácio do Planalto.

Na segunda-feira, quando a presidente Dilma Rousseff convocou Levy e Barbosa para o anúncio do orçamento deficitário de 2016 e orientou para que reforçassem a ideia da transparência dos números, o ministro da Fazenda hesitou novamente. A tese do déficit era defendida por Barbosa, enquanto Levy alinhavava outro plano, que previa corte de gastos obrigatórios e programas sociais, com o objetivo de perseguir a meta fiscal de 0,7% do PIB no ano que vem. A presidente decidiu ouvir o ministro do Planejamento e engavetar o programa de Levy.

Enquanto Barbosa seguiu à risca a orientação da chefe no discurso de apresentação do orçamento, Levy falou em acabar com "ambiguidades" e intensificar cortes. Falou ainda sobre a necessidade de se construir uma "ponte", que, segundo interlocutores da Fazenda, seria um novo imposto temporário para recalibrar a arrecadação, mas sem o carimbo polêmico da CPMF. Diante das divergências claras de discurso, o enfraquecimento do ministro da Fazenda se intensificava - e o mercado financeiro respondia com mais descrença em relação à retomada da economia, com o dólar em forte disparada. Até então, o aceno do PMDB prometido a Brandão ainda não havia chegado a Levy. Acontecia justamente o contrário. No dia do anúncio do orçamento, parlamentares ligados ao vice e a Renan Calheiros diziam apoiar a ideia de orçamento deficitário porque estavam céticos sobre a possibilidade de cortes profundos serem aprovados no Congresso.

Na quarta-feira, Levy conversou com a presidente Dilma por telefone e reclamou do isolamento. Disse que do jeito que as coisas estavam, não poderiam ficar. Ouviu da chefe um "deixa disso". Encontrou-se também com Temer, que reforçou o compromisso de apoio prometido a Lázaro Brandão. A virada ocorreu neste mesmo dia, com a visita do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, a Brasília. Padrinho de Levy no governo, Trabuco encontrou-se com a presidente Dilma e, com a cordialidade que lhe é característica, sinalizou que a saída do ministro minaria a pouca credibilidade que resta ao governo sobre a possibilidade de retomada da economia. Trabuco aconselhou a presidente a encampar os cortes propostos por Levy para acalmar o mercado. Em seguida, conversou com o ministro. Na quarta à noite, estava decidido que Levy não sairia.

Na quinta-feira, dia em que partiria para a Turquia, no encontro de ministros da Fazenda do G20, Levy decidiu cancelar a viagem. Diante do impacto dos rumores de sua saída na cotação do dólar, que chegou a 3,81 reais, alertou assessores sobre a necessidade de acalmar o mercado. Sua ausência, naquele momento, poderia intensificar os temores de investidores, provocando a oscilação da moeda americana e da bolsa de valores. No Planalto, a presidente Dilma convocou uma nova reunião em que instruiu os ministros Nelson Barbosa, Aloysio Mercadante e Edinho Silva a reforçar a jornalistas que o governo apoiava o plano de cortes de gastos desenhado por Levy. 

Mercadante, um dos principais inimigos do ajuste, falou, em coletiva à imprensa, até mesmo em reforma previdenciária -- tabu para muitas alas do PT. Os ventos realmente haviam mudado. O aceno da presidente devolveu a política fiscal ao titular da Fazenda e colocou Barbosa de volta ao segundo plano - ao menos temporariamente. Até que os ventos mudem outra vez.

Fonte: Revista VEJA 


quarta-feira, 8 de abril de 2015

O vexame do convite a Padilha

Coisa jamais vista: um ministro é convidado para outra pasta e joga a presidente da República na frigideira 

Para o governo, diante das manifestações de rua e da queda de sua popularidade, era necessário haver mais diálogo “de coração aberto”. E assim foi convidado o ministro Eliseu Padilha. Dilma Rousseff em 2015, chamando-o para a pasta da Coordenação Política? 

Coisa nenhuma, Fernando Henrique Cardoso em 1997, nomeando-o para o Ministério dos Transportes. Atazanado pelas pesquisas de opinião e pela inevitável rebelião do PMDB no Congresso, o presidente agradou ao deputado Michel Temer e recompôs sua base parlamentar. Padilha assumiu dizendo que “qualquer suspeita de corrupção deve ser investigada a fundo”. 

Em 1997, FH relutou durante três meses para nomear Padilha. Em 2015, num episódio inédito foi ele quem relutou em fazer a troca. São comuns os casos em que uma pessoa é convidada para um ministério e recusa. A escolha recente de Luiz Carlos Trabuco para a Fazenda foi um exemplo disso. Em geral, essas sondagens são mantidas em sigilo e a recusa é educadamente dissimulada. No caso de Trabuco, construiu-se meio vexame, pois ela foi pública. Com Padilha, articulou-se o vexame total. Um ministro da pasta inútil da Aviação Civil resistindo publicamente a trocar de cadeira foi coisa nunca vista. A ideia de que, mesmo assim, continue ministro, jamais foi imaginada. A doutora Dilma ficou numa posição vexatória. O desconforto cresce quando se sabe que Padilha iria para uma posição relevante. Faltou ao PMDB o respeito à regra de etiqueta enunciada pelo bandido Elias Maluco aos policiais que o capturaram: “Não esculacha.” 

Nas semanas seguintes à reeleição da doutora, o comissariado do Planalto teve a ideia de excluir o PMDB do centro de decisões do governo. Os 55 milhões de votos que ela recebera pareciam um cacife suficiente para aquilo que os petistas achavam que era uma manobra estratégica. Como todo o poder emana do povo, eles eram o povo e não haveria o que discutir. Arlindo Chinaglia seria o novo presidente da Câmara, o ajuste fiscal seria o salto para a marquetagem do novo patamar de progresso e, enfim, começaria o governo do PT. Era delírio e deu tudo errado, com quatro comissários batendo cabeça na coordenação política do governo. A ida de Padilha para essa cadeira fazia muito sentido. Seus cinco antecessores vieram do PT e a entrega da posição a um cacique do PMDB mostrava um passo conciliador da doutora. 

O PMDB está rebelado (até onde e para que, só seus caciques sabem) e parece surfar na onda de impopularidade que emborcou o governo da doutora. Há aí uma curiosidade, ele se aproveita da insatisfação da rua mas não a representa. Quem quiser testar essa hipótese pode sair no próximo domingo com uma faixa: “Viva Renan Calheiros” ou “Todo o poder a Eduardo Cunha”. Ambos estão na lista do procurador-geral Rodrigo Janot. Os marqueses do partido sabem disso e movem-se com a única finalidade de enfraquecer o governo. Para quê?

Olhado da rua, o PMDB não é parte da solução, mas do problema. Por pior que seja a agenda da doutora Dilma, é difícil encontrar alguém que prefira a de Renan Calheiros e Cunha, até porque não sabe qual seja. 

Por: Elio Gaspari, jornalista