O país venceu a superinflação, a ditadura
militar e gerenciou com habilidade a redemocratização.
Mas não consegue
modernizar os sindicatos deixados por Vargas- e está sendo destruído por um governo ligado umbilicalmente aos sindicatos
Há avanços visíveis no Brasil. Com todos os percalços, e nem sempre
na velocidade desejável, o país se moderniza. Mas, como este não é um
processo uniforme, há maiores ganhos em alguns setores, menores em
outros e forte resistência às mudanças em certos segmentos. Os
sindicatos são exemplo deste imobilismo, explicado pelos fortes
interesses políticos e financeiros incrustados nesse mundo. Um
anacronismo no século XXI.
Este universo de atraso está ancorado no primeiro período Vargas,
iniciado em 1930. O país era ainda agrário, a indústria, incipiente e os
trabalhadores necessitavam mesmo ter uma representação, para negociarem
condições e contrato de trabalho com o patronato. Mas, influenciado
pelo modelo fascista de organização social, Getúlio subordinou os
sindicatos, tanto os dos empregados quanto os dos empregadores, ao
Estado. No mesmo período, foi criado o Ministério do Trabalho, um
aparato burocrático que até hoje paira sobre a relação
empregado-empregador, estrutura reforçada em 1941, já na ditadura
getulista do Estado Novo, com o surgimento da Justiça do Trabalho.
É um sólido monumento ao imobilismo, causa do engessamento do mercado
de trabalho, e fonte de benefícios financeiros a grupos e corporações,
por meio de um enorme braço paraestatal, sem qualquer transparência. Reportagens do GLOBO dão o contorno desta próspera indústria
sindical, alimentada basicamente por dinheiro público, porque ele sai do
bolso dos assalariados extraído pelo Estado, a título de “imposto
sindical", equivalente a um dia de salário do trabalhador. Há, ainda, a
“contribuição assistencial”, definida pelas categorias.
Existem 10.620 sindicatos, destino, no ano passado, de R$ 3,18
bilhões do imposto sindical. Como é distribuída a dinheirama, não se
sabe. A Caixa Econômica, repassadora dos recursos, alega “sigilo
bancário” para não liberar esta informação. Menos ainda se sabe sobre a
contribuição sindical, mas estima-se que é maior que a bolada do
imposto. Como inexiste prestação de contas, a não ser categoria a
categoria, e nem sempre ela acontece, os sindicatos são cenário de
variadas distorções: clãs que se eternizam no poder, falcatruas
variadas, avalizadas por assembleias fajutas, sem representatividade,
convocadas apenas para apaniguados referendarem decisões da diretoria de
amigos.
O surgimento de Luiz Inácio Lula da Silva no cenário político e
sindical, em fins da década de 70, com um discurso antigetulista,
estimulou esperanças. Infrutíferas, porque, ao chegarem ao poder, Lula e
companheiros esqueceram as propostas de fim do monopólio regional dos
sindicatos, de extinção do imposto sindical etc. Ao contrário,
reforçaram a estrutura paraestatal, incluindo nela as centrais
sindicais. O país venceu a superinflação, sobreviveu à ditadura militar e
gerenciou a redemocratização com perfeição. Mas ainda não conseguiu
modernizar os sindicatos deixados de heranças por Vargas.
[Saindo um pouco dos sindicatos de empregados, Lula transformou o chamado Sistema S de ex-dirigentes sindicais, ligados ao petismo, e que hoje mamam nas tetas dos SESC, SESI e outros serviços daquele Sistema, com destaque para Jair Menegheli que se apropriou do SESI e dirige usufruindo de mordomias, jetons e salários secretos.
Para que tenham uma idéia Gilberto Carvalho, pau mandado do Lula e detonado da presidência da República por Dilma ganhou um cala boca. O ex-secretário particular de Lula
durante oito anos e ex-secretário-geral da Presidência de Dilma por quatro anos,
Gilberto Carvalho, indignado, anunciou que
iria processar criminalmente o delegado, hoje aposentado da Polícia Civil
de São Paulo e sócio de um escritório de advocacia. Mas as mordomias e o dinheirão do novo cargo no qual o partido alojou
o cumpanhêro — presidente do Conselho
de Administração do Sesi, o Serviço Nacional da Indústria, embolsando 45
mil reais por mês, mais que o novo salário de presidente da República, que é de
33.760 reais — devem ter amortecido
sua memória.
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