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quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Miller diz que pedido de prisão contra ele foi ‘disparate completo’ de Janot

Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS na manhã desta quarta-feira, 29, o ex-procurador Marcelo Miller classificou de “disparate completo” o pedido de prisão feito contra ele pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot.  “Ele não tinha atribuição para pedir minha prisão porque eu não tinha foro privilegiado. Meu pedido de prisão foi feito para garantir a busca e apreensão na minha casa. Foi um disparate completo”, afirmou Miller. [Miller, que Janot errou de propósito ao pedir tua prisão, até você sabe;
o que deve ter em mente é que as PESSOAS DE BEM do Brasil, estão satisfeitas com a prisão dos teus cúmplices Joesley e Wesley e a revogação da delação premiada e que eles respondam por todos os crimes que confessaram, sejam condenados e cumpra as penas.
Mas, nossa satisfação será maior quando você e o Janot comparecerem não a uma CPMI e sim diante de um juiz para responder pelos crimes que cometeram em cumplicidade com os dois bandidos citados - sejam julgados, condenados e cumpras as penas.]

O ex-procurador é suspeito de ter feito “jogo duplo” ao supostamente beneficiar os colaboradores da JBS quando ainda ocupava cargo no Ministério Público Federal (MPF), à época sob o comando de Janot.  Miller desmentiu ainda que fosse “braço direito” do ex-PGR. “Há uma desinformação completa sobre minha relação com Rodrigo Janot. Nunca fui braço direito de Janot. Ele não tinha nenhuma predileção por mim. Ele me convocou por conta de um trabalho que eu tinha feito”, afirmou.

Marcelo Miller voltou a criticar as declarações de Janot ao jornal O Estado de S. Paulo, de que ele teria agido por ganância. Isso porque deixou o cargo de procurador no Ministério Público Federal no dia de 5 de abril e foi trabalhar, na sequência, na empresa Trench, Rossi e Watanabe Advogados, que tinha justamente a J&F como cliente. “Eu nunca agi por ganância. Óbvio que eu queria ganhar melhor, mas eu não estava querendo ser milionário. Janot foi infeliz em falar em ganância, ele me conhece”, afirmou.

Miller disse, ainda, que fez uma avaliação da sua atuação junto à J&F, quando ainda era procurador do Ministério Público Federal (MPF), e percebeu um “erro brutal de avaliação” de sua parte. Questionado na CPMI sobre as tratativas que tinha com executivos do grupo, Miller admitiu “lambança” ao responder perguntas sobre o acordo de colaboração negociado pela empresa, mas negou que tenha cometido crime.  “De fato, eu comecei a ter contato com a J&F antes da delação acontecer. Respondia perguntas, refletia sobre o caso, e não estou negando nada disso. Fiz uma avaliação e não cometi crime, espero mesmo que apurem os fatos, mas eu cometi um erro brutal de avaliação. Eu fiz uma lambança”, afirmou Miller aos parlamentares.

Apesar disso, o ex-procurador afirmou que não traiu o Ministério Público Federal ao trocar o órgão pela empresa Trench, Rossi e Watanabe Advogados, que tinha a J&F como cliente. “Eu não traí o MPF porque tudo o que eu incentivava a empresa a fazer era o que eu faria se estivesse no exercício de minha função (na PGR). É o que eu diria se estivesse numa sala de aula, é o que eu diria a um amigo. Eu incentivava a empresa a se remediar.”

O ex-procurador foi convocado porque está no centro da crise que atingiu a Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele é suspeito de atuar nos dois lados do balcão e orientar a J&F quando ainda era do Ministério Público Federal (MPF).

As informações são do  jornal O Estado de S. Paulo

terça-feira, 4 de julho de 2017

O elo do crime

A prisão de Geddel Vieira Lima é mais um passo para perto do presidente Michel Temer, mas é também mais um fato revelador de que o grande beneficiário desse crime permanece, e assim será, fora do alcance da Justiça. O que está sendo investigado pela Sépsis e pela Cui Bono é o uso do dinheiro do FGTS para empréstimos fraudulentos, e o maior deles foi ao grupo J&F.

Geddel, que há um ano era o todo poderoso ministro da Secretaria de governo de Temer, responsável pela relação entre o executivo e os políticos, está hoje em prisão preventiva, sem data para sair. Antes disso, ele já havia perdido o poder depois de ser pego num flagrante de tráfico de influências e uso do poder político para interesses pessoais. O que o levou para a prisão foi o ato de rondar um ex-comparsa preso e que pode relatar o seu envolvimento na corrupção na Caixa Econômica. A suspeita é de obstrução de Justiça.

Originalmente, o que está sendo investigado pela Sépsis e Cui Bono são operações que reúnem vários suspeitos. No governo Dilma, o então presidente da Câmara Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima tiveram poderes de nomeação. Entre os cargos, o de vice-presidente da Caixa, com poderes nas áreas de loterias, fundos governamentais e FGTS. Um criminoso, flagrado em outras operações, o doleiro Lúcio Funaro, escolheu quem seria indicado. Fábio Cleto, o escolhido, ajudou a aprovar projetos de interesses de vários empresários. A maior operação foi para que o grupo J&F investisse na sua planta de celulose, a Eldorado. E foram duas operações, uma de quase R$ 1 bilhão para o financiamento da celulose, pela qual se pagou R$ 650 mil de propina a Fábio Cleto em novembro de 2012. E isso foi apenas uma parte pequena da propina paga aos políticos. Depois houve um pedido do grupo J&F para se descumprir uma das cláusulas do acordo, o que foi atendido.

O grande beneficiário é o grupo do empresário Joesley Batista que, como se sabe, teve perdão judicial. O Supremo Tribunal Federal, depois de longo debate, confirmou a tese de que os termos do acordo de delação não devem ser mudados, sob pena de se perder esse instrumento que tem trazido tantos fatos à luz. Por outro lado, é forçoso reconhecer que a cada novo movimento fica mais uma vez exposto o quanto o grupo empresarial se aproveitou da relação promíscua com o setor público.

Fábio Cleto fez delação premiada e isso levou Lúcio Funaro à prisão, que ameaça fazer delação premiada, e, por isso, o ex-ministro Geddel Vieira Lima teria passado a assediar a família de Funaro, como ele contou ao MPF. E isso levou Geddel à prisão.  Ontem no Rio foram presos empresários de ônibus, e um deles, Jacob Barata Filho, estava para embarcar para a Europa. A assessoria do conglomerado de empresas de ônibus diz que ele estava indo fazer uma viagem de rotina e de negócios. Para os investigadores, ele estava fugindo. A boa notícia neste caso é mostrar que os suspeitos estão se sentindo ameaçados. Tanto no caso Geddel, quanto na viagem de Barata, o que fica claro é que eles temem a punição, que antes achavam que nunca aconteceria.

Joesley e Wesley, no entanto, ficarão impunes. A pergunta difícil de responder é se tinha mesmo que ser tão grande o benefício. Já se sabe que é legal, mas poucos consideram legítimo que se conceda o perdão judicial a quem fez uso em alta escala da corrupção para turbinar o crescimento dos negócios.  A quem interessa esse crime cometido na Caixa? A muita gente como Lúcio Funaro, Eduardo Cunha. O roubo no dinheiro do trabalhador engordou empresários e políticos. O FI-FGTS foi concebido nos governos petistas para ser um financiador de obras de infraestrutura com os recursos do Fundo de Garantia. Mas acabou investindo em projetos que nada têm a ver com infraestrutura, como o dinheiro concedido a Henrique Constantino e o transferido para a Eldorado, da J&F.

A expressão “Cui Bono” é exatamente “a quem beneficia?” E sem dúvida a empresa do grupo J&F foi a grande beneficiária e por isso pagou propina a políticos. Toda vez que se mexer nesse assunto, ou em outros, lá estará Joesley como beneficiário.

Fonte: Coluna da Miriam Leitão - Com Alvaro Gribel, de São Paulo