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quarta-feira, 25 de julho de 2018

Alckmin deveria pôr um ponto final já nesta 4ª ao papo de “Josué vice”. É evidente que dará errado ainda que dê certo e o empresário tope

Convidei o empresário Josué Alencar (PR) para ser meu vice no programa “O É da Coisa”. Se Lula (PT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT) acham que ele pode ser um bom nome, né?, dadas as divergências que há entre esses três políticos, então Josué deve ter um “je ne sais quoi” que o qualifica para qualquer cargo. Convenham: não dá para levar essa conversa muito a sério. Quando o “Centrão”, formado por DEM, PP, PR, PRB e SD, anunciou a adesão à candidatura de Alckmin, o tucano já havia atraído PSD, PPS, PTB e PV. A única legenda aí que não integrou um governo petista foi o DEM. No caso do governo Temer, não se exclui ninguém. Valer dizer: quase todo mundo serviu ao petismo e àqueles que os petistas dizem ser golpistas. “Ah, o Centrão sempre foi assim: dá piscadelas tanto para o peixe como para o gato”. Sim, é verdade! Mas confusão como a armada, de graça, para o presidenciável tucano, nunca se viu.

Notem: tudo o mais constante, Alckmin reúne a mesma gigantesca base de apoio que serviu a Lula, Dilma e Temer — só o MDB está fora desta feita, optando, e não parece que vá mudar, pela candidatura de Henrique Meirelles. Mas, vamos ser claros, caso o ex-ministro da Fazenda não emplaque, ninguém espera que o partido vá ficar fora do futuro governo. Alguém se lembrará se evocar a importância de uma maioria expressiva no Congresso para apoiar as reformas. E, como todos sabemos, o MDB, desde já, exibe terminais ligadores que podem conectá-lo com o PSDB, PT, PDT, qualquer um. Mas voltemos ao ponto.

Como é que um candidato que reúne um tal arco de alianças se torna refém, por algum tempo ao menos, da indecisão que já deveria valer por um “não” — de um pré-candidato a vice? Trata-se de algo inexplicável. Pior: a articulação do nome de Josué Alencar passa pela intermediação de Valdemar Costa Neto, chefão do PR. Trata-se do patriota que admitiu ter, sim, recebido uma mala de dinheiro do PT; que foi condenado no processo do mensalão por corrupção passiva e lavagem; que já conheceu por dentro a cela de uma cadeia. Não há dúvida de que os nove partidos hoje alinhados com Alckmin, além do próprio PSDB, conferem musculatura ao tucano porque lhe faculta 40% do horário eleitoral, capilaridade e recurso de campanha. Falta agora atrair os eleitores, o que o tucano aposta que acontecerá só depois do início da propaganda no rádio e na TV. A ver.

O fato é que Alckmin não deveria estar, agora, na dependência dos quereres de Josué, que é sabidamente ligado ao PT, uma condição que herdou do pai, José Alencar, vice de Lula por oito anos, mas também por ações próprias. Os laços entre a família Alencar e Lula se mantiveram firmes ao longo do tempo, mesmo depois que o ex-presidente caiu em desgraça. Parece restar claro que o tal “Centrão” vendeu a Alckmin o que não estava pronto para entrega. A pressão sobre Josué é grande. No ritmo em que andam as coisas, ele até pode decidir assumir o ponto de vice de Alckmin nesta quarta. Até esta terça, mantinha firme a sua recusa.

Mendonça Filho (DEM-PE) e Aldo Rebelo (SD-SP) apareceram no mercado de apostas. Mas, claro!, tudo dependerá da palavra final de Josué… Convenham: o candidato tucano poderia passar sem essa confusão. No fim das contas, qual o busílis? É crescente o número de pessoas a estimar que, dada a fragmentação, é considerável a chance de Alckmin disputar um segundo turno com “Senhor X”, o candidato de Lula. Como até o Centrão anda a fazer esse cálculo — e isso pesou na rasteira dada em Ciro Gomes —, Josué não gostaria de ser peça importante do outro lado de um confronto com o líder petista encarcerado.

Em lugar de Alckmin, eu botaria um ponto final na “hipótese Josué’. Parece visível que ele não quer ser o vice na chapa. Se forçado a tanto, a pequena crise de agora pode virar uma grande mais adiante. De resto, o tucano não precisa de um “vice empresário” para tentar amaciar a sua imagem.  Josué, diga-se, é muitas vezes mais rico do que o ex-governador de São Paulo, mas se alinha, do ponto de vista ideológico, à sua esquerda. É uma bobagem fazer essa novela se arrastar além do capítulo desta quarta. Até porque resta evidente, a esta altura, que Josué, apontado como uma solução, já virou um problema.

Blog do Reinaldo Azevedo



domingo, 22 de julho de 2018

“Os ouros, naipe da sucessão” e outras notas de Carlos Brickmann



A tese de Alckmin, até hoje mal nas pesquisas, pode agora ser testada: quem tiver mais TV cresce. E ele tem quase metade do tempo total de TV [as manobras de Alckmin para conseguir 'maioria', os apoios que diz ter e outras manobras deixam claro que um possível governo Alckmin será o conhecido mais do mesmo: 
mistura do estilo Sarney, Temer, FHC, Itamar - não muda quase nada, mas, com um pouco de sorte não piora e talvez até melhore (se tivessem deixado Temer trabalhar com certeza o Brasil estaria bem melhor do que está - o que interessa aos brasileiros, especialmente quando temos 13.000.000 de desempregados.)  
Para qualquer melhora é preciso que as denúncias vazias, sem provas, dos janots ... deixem de ser apresentadas - quem denunciar sem provas, tem que ser punido, independentemente do cargo que ocupe.]



De uma tacada só, usando os argumentos preferidos de boa parte dos políticos, Geraldo Alckmin se transforma no candidato dominante das eleições: terá quase a metade do horário eleitoral gratuito, e ganha o apoio do industrial Josué Christiano Gomes da Silva, ou “Josué Alencar”, filho do vice de Lula de 2002 a 2010. Josué é perfeito: promete não atrapalhar os planos de Alckmin e paga a campanha. Ou melhor, nem ele é perfeito. Ele é filiado ao PR de Valdemar Costa Neto, a quem muitos fazem restrições. Mas Valdemar não é exceção no grupo que apoia Alckmin: com ele estão Roberto Jefferson, Cristiane Brasil e Paulinho da Força, conhecidíssimos.

A tese de Alckmin, até hoje mal nas pesquisas, pode agora ser testada: quem tiver mais TV cresce. E ele tem quase metade do tempo total de TV.  Mas sejamos justos: não há candidatos viáveis mais ou menos impuros. O PT, seja quem for seu candidato, viu a condenação judicial de seu ícone, Lula; a prisão de seus tesoureiros; a pena de seus coordenadores. 

Ciro, que manteve imagem razoável, acaba de levar duas pancadas: o lançamento de sua candidatura foi murcho, e O Globo revelou que o deputado Leônidas Cristino pagou com dinheiro da Câmara mais de R$100 mil a um escritório de advocacia em Fortaleza do qual seu padrinho político, Ciro Gomes, é sócio. Cristino foi ministro dos Portos de Dilma, por indicação de Ciro.
Brigar por causa de política, hoje, é como ter crise de ciúmes na zona.

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