Um ano depois, queda do voo MH17 da
Malaysia Airlines segue sem explicação
Boeing
com 298 passageiros caiu em região do leste da Ucrânia dominada pelos
separatistas pró-Rússia; Washington, Londres e Kiev
cobram investigação internacional do incidente
Parentes das vítimas do voo MH17 da Malaysia
Airlines derrubado há um ano no leste da Ucrânia lembraram nesta sexta-feira, 17,
o primeiro aniversário da tragédia em vários países,
enquanto cresciam as vozes que pedem que um tribunal da ONU julgue os
responsáveis. Todos os passageiros e a tripulação do voo - em sua maioria holandeses - morreram
em 17 de julho de 2014, quando a aeronave malaia foi derrubada em seu trajeto
entre Amsterdã e Kuala Lumpur.
Neste primeiro aniversário, Londres se
mostrou favorável à criação de um tribunal internacional encarregado de julgar
os responsáveis pela catástrofe, que ainda são desconhecidos. "A justiça deve ser feita; Isso requer um
tribunal internacional, apoiado em uma resolução vinculante para os Estados
membros da ONU com o objetivo de perseguir os responsáveis", declarou
o ministro britânico das Relações Exteriores, Philip Hammond.
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, também voltou a pedir uma
investigação internacional independente sobre a queda do voo MH17 da Malaysia. "Nossos pensamentos permanecem com
aqueles que pereceram. Nos somamos a seus amigos, parentes e entes queridos
para honrar sua memória", indicou em comunicado o chefe da diplomacia
americana.
"Como já disse em 20 de julho do ano passado,
achamos que o MH17 foi derrubado por um míssil terra-ar lançado desde o território controlado pelos
separatistas no leste da Ucrânia. Um ano depois, reafirmamos nosso
compromisso com uma investigação independente internacional", indicou
o secretário de Estado.
Pouco depois do acidente, o Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou a resolução
2166, que convocava os responsáveis por esta tragédia a se responsabilizar e
pedia a plena cooperação de todos os Estados. Malásia, Holanda e outros países
se mostraram favoráveis à criação de um tribunal sob comando das Nações Unidas,
mas a Rússia, membro permanente do
Conselho de Segurança com direito a veto, rejeitou esta opção.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, cujo país também é partidário de
um tribunal especial, classificou nesta sexta-feira de dever moral punir os assassinos que derrubaram o avião. "Há um ano juramos que os culpados serão
castigados. Não foram palavras em vão. Os assassinos devem saber que o castigo
é inevitável", disse o presidente em um vídeo publicado em seu
site.
Lembrando os mortos. Na Holanda, as
bandeiras foram hasteadas a meio mastro. Cerca de 2.000 parentes e amigos
das vítimas se reuniram em uma cerimônia privada no centro do país para lembrar
as vítimas. "Ainda penso nisso todos
os dias", afirmou o primeiro-ministro Mark Rutte à imprensa.
Em Camberra foi realizado um ato de
comemoração nacional no qual o chefe de governo, Tony Abbott, inaugurou uma
placa aos mortos, entre os quais havia 38 australianos. O australiano Paul
Guard, que perdeu seus pais Roger e Jill, viajou até a capital australiana com
outros nove membros de sua família. "Será
um dia difícil, mas esperamos que seja útil para o processo de luto",
disse aos jornalistas antes da cerimônia.
Os parentes das vítimas malaias também participaram na semana passada de
outro ato comemorativo em Kuala Lumpur, e pediram justiça e respostas pelo
desastre.
Quem é o responsável
Enquanto as famílias das vítimas da tragédia mantêm seu luto, as
autoridades seguem buscando os responsáveis para levá-los à justiça. Alguns
parentes dos passageiros mortos abriram um processo nos Estados Unidos contra o ex-chefe separatista russo Igor
Strelkov, a quem acusam de ter derrubado o avião. A parte civil reclama a
indenização no valor de 850 milhões de
dólares desse ex-coronel do FSB (ex-KGB) e líder da maior parte das forças
separatistas durante os primeiros meses de conflito em Kiev, e que foi
destituído de seu cargo em agosto.
Kiev e os países ocidentais suspeitam que os
separatistas utilizaram um míssil terra-ar BUK, fornecido pela Rússia, para
derrubar o avião. Moscou sempre desmentiu estar envolvido no ocorrido e
acusou os militares ucranianos. Atualmente, "a questão mais importante é: Quem é
o responsável?", declarou à AFP Dennis
Schouten, presidente da Fundação da Catástrofe Aérea do MH17, criada no ano
passado para representar as famílias das vítimas. O Escritório holandês de Investigação para a
Segurança (OVV) deve apresentar seu
relatório final, muito esperado, sobre as causas da tragédia durante a primeira
semana de outubro, mas ressaltou que não identificará os responsáveis.
Neste sentido, uma equipe de investigação composta por especialistas
australianos, belgas, holandeses, malaios e ucranianos mantém aberta uma
investigação judicial.
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Fonte: AFP