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quarta-feira, 27 de maio de 2015

Marcha entrega pedido de impeachment de Dilma



Presidente da Câmara se comprometeu a analisar o documento, levado por participantes da Marcha Pela Liberdade; parlamentares de oposição apoiaram o pedido
Os integrantes da Marcha Pela Liberdade apresentaram nesta quarta-feira à Câmara dos Deputados um pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O documento de aproximadamente 3.000 páginas foi entregue ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O texto acusa a presidente de crime de responsabilidade por não ter punido subordinados envolvidos em corrupção.

O documento entregue nesta quarta-feira cita a negligência de Dilma Rousseff diante de quatro ilegalidades praticadas em seu governo: os desvios na Petrobras, as "pedaladas fiscais", a manobra para evitar o descumprimento do superávit em 2014 e o desvio de função no BNDES, que financiou 20 obras no exterior. O pedido cita o jurista Ives Gandra Martins, que defende a abertura do processo de impeachment por causa da omissão de Dilma.

O grupo que participou da marcha saiu de São Paulo em 24 de abril com pouco mais de 20 pessoas e caminhou cerca de 1.000 quilômetros até a capital federal. A marcha foi organizada pelo Movimento Brasil Livre, que também havia ajudado a organizar os protestos de 15 de março e 12 de abril em todo o país.

Em Brasília, o grupo teve a companhia de centenas de manifestantes contra o governo. Depois de caminharem até o gramado em frente ao Congresso, eles estenderam duas bandeiras de aproximadamente 70 metros de comprimento com a palavra impeachment, soltaram balões verdes e amarelos e gritaram palavras de ordem contra o PT e o governo.

Cerca de quinze parlamentares de oposição foram até a rampa do Congresso para demonstrar apoio aos manifestantes. Entre eles, o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), e o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP). Os únicos que caminharam até a multidão foram Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PSC-SP). O senador Aécio Neves (PSDB-MG) que vem sendo criticado por sua postura cautelosa a respeito do impeachment, não apareceu.  Na reunião com os manifestantes, Eduardo Cunha assegurou que o pedido será analisado à luz do direito. "Por ser um pedido com argumentos jurídicos consistentes, o presidente disse que vai ter de se debruçar sobre esse pedido de impeachment", disse Carlos Sampaio.

"O jogo continua e agora é colocar pressão, porque esse pedido tem que ser votado", afirmou o idealizador da marcha, Renan Santos, após a reunião com o presidente da Câmara.

Cunha e o impeachment
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), assegurou a líderes da oposição que não vai engavetar de imediato o pedido de impeachment apresentado nesta quarta-feira por representantes do Movimento Brasil Livre e da Marcha da Liberdade, que caminhou por 33 dias desde São Paulo. O peemedebista afirmou que vai remeter o documento - com cerca de 3.000 páginas - para análise jurídica.  

O procedimento deve levar aproximadamente um mês. O acordo subentendido é que, somente se nesse período a pressão popular e política pelo impeachment ganhar corpo, o processo tem chances de andar. A Câmara já engavetou mais de dez pedidos de impeachment contra Dilma desde 2011. (Gabriel Castro, de Brasília)