Velhos políticos não morrem, fingem que não é com eles
Publicado
na Coluna
de Carlos Brickmann
Esta é a
segunda morte política de Alckmin. A primeira ocorreu quando, fazendo
exatamente o que Doria fez com ele, ignorou o acordo de Serra com Gilberto
Kassab, ganhou a convenção tucana e disputou a Prefeitura de São Paulo. Foi
surrado por Kassab. Estava liquidado, diziam. Mas Serra o levou para seu Secretariado
e Alckmin ressuscitou politicamente. E agora?
Depende: se Doria se eleger governador, cuidará com carinho de Alckmin, com
maçã na boca e pele pururuca. Se França for o eleito, ele terá nova chance.
Velhos políticos não morrem, fingem que não é com eles.
O goiano
Perillo talvez não tenha como escapar. Perdeu de cabo a rabo e, no Governo, tem
hoje um adversário duro e respeitado, Ronaldo Caiado. Marina volta em quatro
anos, como de costume, Eunício tem couro duro, nem lembra mais da grande surra.
Cristovam Buarque tem chance. Dilma, esta não volta, porque para voltar é
preciso ter ido e ela nem foi, só foi-se. Alguns se
evaporaram nas eleições, mas podem voltar: Tarso Genro e Aloízio Mercadante,
por exemplo, ficaram intactos. Outros perderam, mas saíram maiores do que
entraram: Ciro, Kátia Abreu, Ana Amélia, Eduardo Jorge ─ e quem lembra que ele,
pelo Partido Verde, foi vice de Marina?
Política
é jogo esquisito. Nixon perdeu a Presidência para Kennedy, tentou o Governo da
Califórnia, perdeu. Voltou para ser presidente. Na frase do repórter James
Reston, “foi a maior ressurreição desde Lázaro”.
Coisas estranhas
Política
é jogo esquisito. Quem diria, há um ano, que Bolsonaro seria candidato forte?
Ou que Manuela d’Ávila se ajoelharia na igreja? Que tal o PT esquecendo o
vermelho e virando verde-amarelo? E Haddad, que chegou a dizer que ele era Lula
e Lula era ele, dando apoio a Sergio Moro?
E há,
claro, aquilo que só político fala, porque ninguém mais entende. A candidata do
PT ao Governo do Rio falava em “laicizar o cu”, e Alexandre Frota explicava que
existe o “sexo anal técnico”. Pois é. Laicizado, talvez.
Questão idiomática
A palavra
“cu”, usada por este colunista, citando a candidata, não é palavrão. É parte do
idioma de Portugal. Dela derivam “cueca” e “recuar”.
A lei, só a lei
Uma
reportagem de Patrícia Campos Mello, na Folha de S.Paulo, diz que
empresas privadas compraram milhões de remessas de WhatsApp para fazer
propaganda de Bolsonaro. A Justiça Eleitoral decidiu apurar se houve crime eleitoral,
o que pode levar à cassação da candidatura Bolsonaro (é o que o PT pede). Houve
abuso do poder econômico? Essa é a questão: o envio de WhatsApp pode ser
legítimo, mas o pagamento por empresas privadas não é. Só são admitidas, nestas
eleições, doações de pessoas físicas. Mas é questão de lei: se houve crime,
qual a punição aplicável?
Agressão, não
A questão
dos envios de WhatsApp está na Justiça, onde deve ser avaliada. Até lá, pode
haver quantas discussões os dois lados quiserem. Mas é inadmissível o que está
ocorrendo nas redes, com ataques pessoais e insultos à repórter Patrícia Campos
Mello. É boa repórter, respeitável, correta, experiente. Pode eventualmente
errar, claro; mas jamais de má fé. [publicar uma matéria informativa - há menos de dez dias do segundo turno das eleições presidenciais - com redação que expressa acusações contra supostas práticas, supostamente ilegais, por apoiadores de um dos candidatos, favorecendo evidentemente o outro candidato, pode ser classificada apenas como erro eventual, ou houve má fé?
Óbvio que a má fé é evidente - caso contrário a autora da matéria destacaria que o artigo apenas apontava práticas capazes de ser executadas e se executadas poderiam favorecer determinado candidato e destacava a inexistência de provas.
Finalmente, a jornalista errou ao não considerar:
- denúncia sem provas, nada significam;
- o ilustre articulista Carlos Brickmann, dono desta Coluna, cita no parágrafo anterior: "Mas é questão de lei: se houve crime,
qual a punição aplicável?"
A Constituição Federal em seu artigo 5º, inciso XXXIX, DETERMINA:
"XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;"
A punição é expressa na pena, que inexiste - O Código Penal apresenta em seu artigo 1º a mesma redação.
Assim, na impossível ocorrência de condenação dos apoiadores de Bolsonaro - impossível, já que os disparos, se é que foram contratados, seriam efetuados nesta semana e a matéria, da semana passada, alertou os possíveis 'artilheiros' e seus contratantes, o que garante que não ocorrerão disparos.
Fica dificil para a PF, em que pese sua comprovada competência, provar o NÃO FATO.]
"XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;"