Esta pode ser a pior sucessão presidencial da História republicana
Jair Bolsonaro
diz que não entende de economia e que o doutor Paulo Guedes é seu
“Posto Ipiranga”. Deve-se suspeitar que o sábio multiuso tenha
terceirizado a gestão de seu estabelecimento para as “Organizações Tabajara”,
imortal criação do humorista Bussunda. Numa só
reunião ele fez duas boas. Recusando entrevistas a canais de televisão, Guedes
foi a uma reunião na GPS Investimentos, anunciou que pretendia propor a criação
de um imposto sobre transações financeiras (leia-se CPMF) e declarou que em
2015 foi convidado pela presidente Dilma Rousseff para o Ministério da Fazenda.
As pérolas foram reveladas pela repórter Mônica Bergamo.
A
promessa iria melhor se tivesse sido anunciada publicamente, e não numa
conversa fechada, promovida na banca. Trata-se de uma ideia que pode ser
discutida como um mecanismo de política tributária, sem significar aumento nem
redução de carga de impostos. Na
revelação de que Dilma o convidou é que entra o sistema Tabajara de gestão. Há
algumas semanas a repórter Malu Gaspar publicou um perfil de Guedes no qual ele
ligou sua metralhadora giratória e lançou uma acusação factualmente errada
contra o banqueiro Persio Arida. Ele respondeu, chamando-o de “mitômano”.
Numa de
suas conversas com Malu Gaspar, Guedes contou que foi chamado para um jantar
com Dilma e que ela avisou que demitiria o então ministro Joaquim Levy,
passando a perguntar o que ele achava que se devia fazer na economia. Nenhuma
referência a convite. Depois da
divulgação de sua conversa na GPS e do desmentido de Dilma, Guedes explicou-se,
em “tabajarês”:
“Ela está
perfeitamente habilitada a dizer que não me convidou para ser ministro da
Fazenda, e eu estou perfeitamente habilitado a me sentir sondado. Ninguém chama
alguém para jantar e faz essas (...) perguntas se não está fazendo um convite.”
Foi mal o
“Posto Ipiranga”. Não houve convite algum, nem sondagem. As perguntas revelavam
curiosidade, talvez interesse. Doutor Guedes está perfeitamente habilitado a
dizer apenas que Dilma quis saber suas opiniões, e só. A cabeça
do genial Steve Jobs operava com um campo de distorção da realidade, mas ele
criou a Apple. Já os “fatos alternativos”, enunciados por uma assessora da Casa
Branca, produziram a presidência de Donald Trump, de onde já saíram mais de
duas mil mentiras.
Lembrete
Alguém
precisa avisar ao doutor Fernando Haddad que a eleição do mês que vem vai
escolher um presidente da República.
Ele está
fazendo campanha para soltar Lula.