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sábado, 9 de setembro de 2023

O canto sofrido no silêncio do peito - Percival Puggina

        Ao longo do dia de ontem, abri duas exceções à sábia decisão de não mais assistir a alguns canais de televisão. Desconheço suas programações. A exceção consistiu em não mais de cinco minutos, somados os tempos perdidos diante da tela, vendo imagens mostradas em dois ou três desses veículos.

Em pensamento, exclamei: “Bem feito!”. Colheram o que plantaram, numa sinistra mistura para a qual uns contribuíram com arrogância, tirania, desprezo às leis da República, à sociedade e suas opiniões, enquanto outros aportavam doses maciças de submissão, omissão, cumplicidade e semeadura de ódio. Imagino o que ia nas mentes de ambas as vertentes que ali se amalgamavam, constrangidas, diante da silenciosa e gigantesca vaia nacional!

A quem era essa vaia dirigida? A quem? É pouco provável que alguém, ali, escapasse ao desdém expresso no silêncio federal, estadual e municipal daquelas horas.  

Os dias anteriores evidenciaram o zigue-zague das avaliações oficiais. Segundo a Gazeta do Povo, o ministro Flávio Dino alertou o governo do Distrito Federal para possíveis atos organizados pelas redes sociais e colocou a Força Pública à disposição. 
O governo federal constituiu um Gabinete de Mobilização Institucional e o governo do Distrito Federal afirmou que as corporações (Polícia Civil e Polícia Militar) estavam vigilantes contra eventuais ameaças. 
Pouco depois, as notícias eram de que o ambiente nacional estava tranquilo. Cemitérios são, sim, locais bastante tranquilos. O féretro da liberdade, também.

Há um provérbio que parece aplicável ao caso sobre a má experiência de certo gato com água quente, mas o felino da história não pôs a água para ferver.

O jornal O Globo, em acesso de lulismo, deixou de lado o xoxo evento de 2023 e atacou o do ano passado, Bolsonaro e suas aparentemente “injustificáveis” críticas a ministros do STF
À época, lembro bem, alguns ativíssimos protagonistas do ambiente político nacional badalados pela Folha, pelo Estadão e pelo O Globo haviam decidido que era pouco saudável emitir opinião negativa a seu respeito. 
 
O 7 de setembro de 2023 tornou-se uma espécie de identificação facial, facilmente reconhecível, da triste “democracia” brasileira. Democracia entre aspas, sim, transformada em serventia dos donos do poder. 
Durante anos, parcela expressiva da sociedade brasileira gritou nas ruas e praças do Brasil para instituições cujas maiorias lhe viraram as costas. Muitos pagaram caríssimo pelo atrevimento de dissentir.

Silenciar neste 7 de setembro não é sinal de consentimento. Bem ao contrário, equivaleu a um ruidoso ato de resistência para quem o amor à Pátria cantou sofrido no silêncio do peito.

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Menos, Randolfe!

 

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), ex-coordenador da campanha de Lula e autoproclamado procurador informal da República, agora quer despejar o presidente Jair Bolsonaro do Palácio do Alvorada. É isso mesmo. Nesta quarta-feira, 14, ao parabenizar o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo aniversario, ele fez uma série de postagens em sua conta no Twitter que dispensa legenda. Acompanhe. [senador se essa conduta aloprada de vossa Excelência é para se manter em evidência e tentar ser eleito vereador no Amapá  - ser reeleito senador é algo que não tem chance de ocorrer - está perdendo seu tempo. Até para puxar saco tem que ser competente.]

LEIA TAMBÉM: Emenda Mercadante é receita para o desastre’


Redação - Revista Oeste

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Lula critica Bolsonaro na diplomação; Moraes fala em punir quem ameaçou a democracia - República

Wesley Oliveira

Justiça Eleitoral

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta segunda-feira (12), e usou seu discurso para criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu governo, sem citá-lo nominalmente. Segundo Lula, "poucas vezes [a democracia] esteve tão ameaçada" como nas últimas eleições. 
O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, também discursou dizendo que a democracia brasileira foi ameaçada por "covardes". Ele ainda disse que os responsáveis serão responsabilizados "para que isso não volte nas próximas eleições".

A cerimônia da diplomação do presidente eleito e do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) marca o fim do processo eleitoral, e tem como objetivo atestar que ambos foram eleitos e que a eleição presidencial foi legítima. No seu discurso, Lula disse que sua vitória nas eleições foi a vitória da democracia. "Este não é um diploma do Lula presidente. É um diploma de uma parcela significativa do povo que ganhou o direito de viver em uma democracia. Vocês ganharam esse diploma", disse Lula ao mesmo tempo em que chorava de emoção.

Sem citar o presidente Bolsonaro diretamente, Lula afirmou ainda que "poucas vezes [a democracia] esteve tão ameaçada" como nas últimas eleições. De acordo com o presidente eleito, a vontade popular foi testada diante dos ataques ao sistema eleitoral com o objetivo de desgastar o sistema democrático. Trata-se de uma crítica indireta a Bolsonaro, que questiona a segurança das urnas eletrônicas. "Quando se esperava um debate político democrático, a nação foi envenenada com mentiras produzidas no submundo das redes sociais. Eles semearam a mentira e o ódio, e país colheu violência política que só se viu nas páginas mais tristes de nossa história. E, no entanto, a democracia venceu", completou o presidente eleito.

Ainda durante o seu discurso, Lula celebrou a "coragem" da Justiça Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal (STF) durante todo o processo eleitoral. "Os inimigos da democracia lançaram dúvidas sobre as urnas, cuja confiabilidade é reconhecida há muito tempo por todo o mundo. [o todo mundo do eleito, resume-se a 3 países: Bangladesh, Brasil e Butão, que usam as urnas eletrônicas.] Quero destacar a coragem do Supremo Tribunal Federal, do Tribunal Superior Eleitoral que enfrentaram toda a sorte de ofensas, ameaças e agressões para fazer valer a soberania do voto popular", disse o petista.

Ao finalizar o seu discurso, Lula se comprometeu a "fazer do Brasil um país mais desenvolvido e mais justo". "Reafirmo hoje que farei todos os esforços para, juntamente com meu querido companheiro Geraldo Alckmin, cumprir o compromisso que assumi não apenas durante a campanha, mas durante toda a minha vida: fazer do Brasil um país mais desenvolvido e mais justo, com a garantia de dignidade e qualidade de vida para todos os brasileiros, sobretudo as pessoas mais necessitadas", disse o presidente eleito.[será que o eleito já perguntou para o Alckmin se agora que ele foi eleito - o que no dizer do Alckmin significa voltar à cena do crime  - o ex-tucano aceita dividir a cena do crime com ele.]

Moraes defende urnas e o trabalho do TSE nas eleições
Após a fala de Lula, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, abriu o seu discurso dizendo estar honrado de receber os convidados no "tribunal da democracia". Para ele, "extremistas usaram as redes sociais para disseminar notícias falsas". "Passaram a atacar a mídia tradicional para, desacreditando-a, substituir por suas medidas autoritárias e discriminatórias", disse.

Ainda de acordo com Moraes, a Justiça Eleitoral se preparou para assegurar a lisura das eleições. "[A Justiça Eleitoral se preparou] para combater com eficácia, eficiência, celeridade aos ataques antidemocráticos ao Estado de Direito e os covardes ataques pessoais aos seus membros e de todo o poder Judiciário", afirmou ele.

O presidente do TSE disse que, a despeito dos questionamentos à lisura das urnas eletrônicas, nenhuma fraude foi encontrada quem questionou as urnas durante todo o processo eleitoral foi o presidente Bolsonaro. "Esses grupos criminosos atuam no mundo inteiro para desacreditar o sistema eleitoral. (...) Jamais houve uma fraude constatada nas eleições realizadas com as urnas eletrônicas". Para Moraes, existe a necessidade de se responsabilizar aqueles "que buscam subverter a ordem democrática". "Eles serão integralmente responsabilizados para que isso não retorne nas próximas eleições. A Justiça Eleitoral soube garantir a estabilidade democrática", completou.

Para o ministro, a diplomação consolida a vontade popular. "Os vencedores foram proclamados e hoje estão sendo diplomados. Encerra-se mais um ciclo democrático com respeito à soberania popular e à Constituição Federal", finalizou.

Diplomação de Lula foi antecipada pelo TSE

A diplomação, que está prevista no Código Eleitoral, tem de ser realizada até o dia 19 de dezembro. Em princípio, essa seria a data da diplomação de Lula. Mas, a pedido do petista, a solenidade foi antecipada para este dia 12. A solenidade finaliza o processo eleitoral. Antes da sessão, o tribunal analisa a prestação de contas das coligações eleitorais, para verificar se estão dentro da legalidade; No caso de Lula e Alckmin, isso ocorreu na terça-feira (6) passada, com aprovação por unanimidade pelo TSE das contas de campanha. [cabe lembrar que apesar do entendimento de que a diplomação finaliza o processo eleitoral, A Constituição Federal, estabelece no parágrafo 10, do artigo 14, que a data da sua realização também inicia o prazo de ate 15 dias para que eventuais impugnações ao mandato eletivo do diplomado sejam apresentadas.
Tal determinação sustenta a nossa opinião, de leigos,  de que somente após o transcurso dos 15 dias, não ocorrendo impugnações o processo eleitoral se torna definitivamente válido e é encerrado.]

O diploma é um documento físico que deve conter o nome do candidato, a legenda do partido ou da coligação sob a qual concorreu, o cargo para o qual foi eleito ou a sua designação como suplente.

Durante a solenidade, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, cumprindo uma formalidade, oficializou o resultado da eleição com a seguinte declaração: “Pela vontade do povo brasileiro, expressa nas unas no dia 30 de outubro de 2022, o candidato pela coligação Brasil da Esperança formada por Federação Brasil, PT, PCdoB, Solidariedade, Federação PSOL-REDE, PSB, AGIR, AVANTE E PROS, Luiz Inácio Lula da Silva, foi eleito presidente da república federativa do Brasil. Em testemunha desse fato, a Justiça Eleitoral expediu-lhe este diploma que o habilita a investidura perante ao cargo perante ao Congresso Nacional em primeiro de janeiro de 2023 nos termos da Constituição Federal”.

Além de Lula e de Geraldo Alckmin, a cerimônia de diplomação reuniu os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber. De acordo com o TSE, foram confirmadas as presenças de mais de 120 convidados e 45 representações diplomáticas estrangeiras.


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TSE reforçou segurança para diplomação de Lula
 A cerimônia de diplomação de Lula ocorreu sob forte esquema de segurança na região do TSE, em Brasília. A área externa do tribunal contou com policiamento reforçado por oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal e até varredura de grupo antibomba da Polícia Federal.

As vias que dão acesso ao TSE foram interditadas pela PM, que só autorizou a passagem de servidores públicos e convidados credenciados para participar da diplomação. O tribunal, que fica numa área distante da Esplanada dos Ministérios, reforçou a segurança predial com o uso de grades de proteção nas imediações. O perímetro da Corte ainda contou com o monitoramento de agentes especiais da PF, que cuidam da preparação de grandes eventos com a presença do presidente em exercício ou do presidente eleito.

Nenhum conflito ou tumulto foi verificado nas imediações do TSE.

Wesley Oliveira, colunista - Gazeta do Povo - República


quarta-feira, 27 de abril de 2022

Vale o que está escrito na Constituição

Alexandre Garcia

Na primeira série ginasial (hoje 6ª série), discutíamos se a maior palavra da língua seria inconstitucionalissimamente. Tem 27 letras, do mesmo tamanho de todas as letras do alfabeto. Mal imaginava eu que, 70 anos depois, ia conviver com a prática desse palavrão. E, suprema ironia, exercida no tribunal que deveria ser o guardião primeiro da Constituição. 
Alguns na Corte confundiram guarda com propriedade, com apoio da maioria. 
E o tribunal constitucional confundiu-se com tribunal constituinte. 
O agente público julgador, imparcial, impessoal, transformou-se em legislador e ativista defensor de suas ideias políticas.

Nossa última Assembleia Constituinte instalou-se em 2 de fevereiro de 1987, com 559 constituintes eleitos para fazer uma nova Constituição. Trabalharam 600 dias, inclusive sábados e domingos. Cobri cada dia e tinha um programa, com Marilena Chiarelli, na TV Manchete, chamado Brasil Constituinte. Por isso, entendo bem o discurso do presidente da Constituinte, Ulysses Guimarães, na promulgação de 5 de outubro de 1988, quando proclamou, referindo-se à Constituição: "Descumprir, jamais; afrontá-la, nunca!" "Promulgamos o estatuto do homem da liberdade". Ele se referia ao passado, mas foi profético: "Rasgar a Constituição… mandar os patriotas para a cadeia", "Pôr na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral pública". "A corrupção é o cupim da República". Dr. Ulysses tampouco imaginava a prática hoje daquele palavrão do meu ginásio.

A Constituição foi chamada pelo Doutor Ulysses de Cidadã. Porque basta saber ler. Está muito claro e simples que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza — por que então há tantas distinções escritas na lei?  
Que a família é a união entre o homem e a mulher; 
que a vida é o primeiro dos direitos; 
que é livre a manifestação do pensamento; 
que é vedada a censura política, ideológica e artística; 
que a casa é o asilo inviolável; 
que os poderes são independentes e harmônicos. 
Pois o guardião que se apropriou da Constituição transferiu para prefeitos e governadores um poder que não tem: o de dispor sobre cláusulas pétreas, como o direito de ir e vir, livre exercício dos cultos, direito de reunião, acesso ao trabalho.
 
Hoje o assunto é o indulto. A Constituição estabelece que compete privativamente ao presidente da República conceder indulto. 
Não há condicionantes nem se nem mas. Mais uma vez o texto é claro, como na inviolabilidade por quaisquer palavras, do Art. 53. 
Não há obscuridade no texto. Basta ler. Não é preciso intérprete, tradutor, hermeneuta. Está escrito; vale o que está escrito. 
Quem ler o oposto do que está nela, ou não sabe ler ou está fora das quatros linhas do campo da democracia. Quando fiz 15 anos, em 11.11.55, houve um movimento chamado de "retorno aos quadros constitucionais vigentes". Lembro dele agora, porque há sinais de que é hora de retornar às quatro linhas. 
São tempos em que juiz do Supremo, no exterior, fala mal do chefe do Executivo, envolve as Forças Armadas e provoca resposta do ministro da Defesa. Tempos em que juízes supremos abandonaram a imparcialidade inerente ao magistrado. É hora de retornar à Constituição, ao que está escrito na Constituição.
 
Alexandre Garcia, colunista - Correio Braziliense
 

segunda-feira, 25 de abril de 2022

Cármen Lúcia: 'Somos uma democracia em que há antidemocratas ainda' - O Globo

Míriam Leitão

Em entrevista a Miriam Leitão, a ministra do STF, uma das autoras do livro '‘O Judiciário do nosso tempo'’, fala sobre os desafios do setor, os erros do sistema prisional e os julgamentos históricos do Supremo. livro será lançado amanhã

Em nenhum outro momento da História o Judiciário foi tão demandado e esteve em posição tão central da vida brasileira. É isso que dizem os organizadores do livro “O Judiciário do nosso tempo”, publicação da Globo Livros que será lançada nesta terça-feira (26), às 19h, na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, no Rio. Uma das autoras é a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia que, em entrevista, define o ponto-chave do desafio brasileiro: “Somos uma democracia em que há antidemocratas ainda”.

 

FALANDO DELA MESMA E DOS PARCEIROS DA GANGUE TOGADA

O desafio dos organizadores da obra, Maria Tereza Sadek, Pierpaolo Bottini, Raquel Khichfy e Sérgio Renault, foi mostrar para o público não especializado as muitas questões em torno do Judiciário. De ministros do Supremo a jornalistas, os autores passam por temas que vão do funcionamento da Justiça aos erros do sistema prisional. Do Ministério Público ao papel da Defensoria Pública. Dos julgamentos históricos do STF à necessidade de novos avanços. O resultado é uma obra indispensável para quem quer entender o Brasil de hoje. Não por acaso, a última palavra do livro é “democracia”.

Como a senhora avalia a atual crise entre os poderes?
Esta matéria está sub judice e eu não me pronuncio fora dos autos. Especialmente em matéria que está sob relatoria de uma colega. Vamos aguardar os julgamentos.
 
Os organizadores do livro “O Judiciário do nosso tempo” dizem logo na abertura que “não há registro em nossa história de época em que o sistema de Justiça tivesse sido tão demandado”. É um protagonismo exagerado?
A cidadania mudou. Eu fui estudante de direito na década de 1970. Os professores diziam “melhor um mau acordo do que uma boa demanda”. Hoje o cidadão sabe do seu direito e passou a reivindicá-lo. Porque não se reivindica direito desconhecido. Houve um crescimento da própria cidadania, com a Constituição de 1988. Ele quer um bom acordo ou uma boa demanda. Ele já não quer um mau acordo, abrindo mão daquilo que frustra a sua ideia de Justiça. Isso leva a uma procura maior pelo Poder Judiciário, o que é muito positivo. Imagina uma sociedade na qual nós conquistamos direito, formalizamos direito, mas o titular do direito, que é o cidadão, não se dá conta dele. Direito não cai do céu, não sai do inferno. Direitos, deveres e responsabilidades são conquistas civilizatórias.

Do seu artigo com a professora Maria Tereza Sadek, quero destacar duas frases: “O Brasil é uma República de poucos repúblicos” e “não temos uma República amadurecida democraticamente”. Corremos o risco de perder o 
que conquistamos?

Somos uma democracia em que há antidemocratas ainda. [Ministra! alguns dos antidemocratas estão ao alcance de suas mãos ou podem ouvi-la sem microfones... A senhora, quando presidia o STF, cassou do presidente Temer o PODER CONSTITUCIONAL de nomear  ministros de Estado - decisão que foi revogada pelos seus pares em sessão plenária. Assim, os que entendem que "...para haver democracia, é preciso que não haja democracia, ..." são muitos. E os que adequam o texto Constitucional aos seus desejos são também numerosos.] Então é preciso que a gente construa socialmente a democracia e a República mais amplas. Isso é que nos faz mais republicanos. Repúblicos de uma República verdadeira. Tudo, no caso brasileiro, é muito mais dificultoso, porque nós temos uma história de colonização extremamente impositiva e autoritária. Estamos no ano do bicentenário da Independência, e os preconceitos e as atitudes antidemocráticas de hoje são repetições históricas tristes do que ainda não conseguimos superar.

Cultura - Livros - O Globo - Continuar lendo a entrevista


quarta-feira, 7 de julho de 2021

Impeachment de Bolsonaro será o triunfo da República [perderam a noção???] - O Estado de S. Paulo

Itamar Montalvão

Mantê-lo no cargo sinaliza que tudo é permitido no exercício da Presidência...

Há poucos dias se noticiou que líderes de partidos políticos que compõem o chamado “centro democrático” passaram a discutir a conveniência de aderir à campanha pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro, incluindo o endosso público às crescentes manifestações de rua contra a periclitante administração federal, das quais, até o momento, essas legendas têm mantido prudencial distância.
 
[os inimigos do Brasil perderam a noção, o senso do ridículo, o prumo, o rumo, etc... Como pensam  impedir o presidente? vocês não tem o povo nas ruas ... vocês não tem votos... - para começar a pensar em impedir o presidente da República vocês precisam no mínimo de 342 votos de deputados favoráveis à abertura de processo de impeachment contra o presidente... 
Quando, e se, os tiverem, por favor,  nos avisem. 
A mídia militante por mais que se esforce, por mais que manipule as notícias, não tem um único, um miserável voto...]

O impeachment de Bolsonaro, na visão dessas lideranças, seria uma forma de romper a polarização entre o incumbente e o ex-presidente Lula da Silva. De fato, em que pese o tempo que falta para a eleição, recentes pesquisas de intenção de voto indicam que o cenário mais provável de um eventual segundo turno em 2022 é o que consagra o mutualismo entre os dois pré-candidatos. Há projeções que indicam até mesmo a vitória de Lula já no primeiro turno, a ser mantida, é evidente, a atual conjuntura política, claramente desfavorável a Bolsonaro.[a conjuntura atual tem a solidez das nuvens... ainda que de forma lenta, Bolsonaro começa a ter os meios para retomar o controle da situação... as acusações feitas contra ele, não passarão de acusações sem provas e serão desmontadas uma a uma... o fim da pandemia... a recuperação da economia, ainda que lenta, consolidará a popularidade do presidente....  pesquisas encomendadas, realizadas consultando algumas centenas de pessoas nada valem - não são confiáveis ainda que realizadas às vésperas das eleições, possuem VALOR ZERO.]

No cálculo eleitoral de algumas lideranças de partidos de centro, centro-direita e direita, o impeachment teria o condão de tornar Bolsonaro inelegível por oito anos, tirando-o da corrida presidencial do ano que vem. E entre Lula e um candidato da que se convencionou chamar de “terceira via”, apostam essas lideranças, o antipetismo – que embora tenha arrefecido ainda é forte em segmentos expressivos da sociedade – mais uma vez definiria o resultado da eleição, mas agora em favor de um candidato moderado, ligado à política tradicional, [que tal o relator Calheiros? o presidente Omar? e outros do mesmo naipe?] na melhor de suas acepções.

Do ponto de vista tático, a avaliação não é de todo descabida. Ao analisar o atual quadro político para o Estado, o cientista político Fernando Abrucio, professor da FGV-EAESP e um dos mais argutos observadores da conjuntura nacional, ressaltou que, “se os partidários de um candidato centrista não abraçarem logo o impeachment, perderão a relevância política na eleição de 2022”.

Decerto o tempo é inimigo da viabilidade eleitoral de uma candidatura do chamado “centro democrático”. Quanto maior for a demora na definição de uma ou mais chapas que congreguem agendas minimamente comuns – notadamente a inarredável defesa da democracia e dos valores republicanos, a retomada do crescimento econômico, a eficiência do Estado, o aprimoramento do Sistema Único de Saúde (SUS) e a valorização da educação pública como política de desenvolvimento humano –, menor será a competitividade dessas candidaturas, tão ansiadas que são por milhões de brasileiros que não querem ser reféns de duas opções conhecidas e sabidamente ruins para o País, ainda que em diferentes graus.

Enquanto Bolsonaro e Lula já estão em franca campanha eleitoral, pré-candidatos afastados desses dois polos patinam para conquistar os eleitores. De acordo com uma pesquisa do Ipec realizada recentemente, a soma das intenções de voto em Lula e Bolsonaro, hoje, é quase cinco vezes maior do que a soma das intenções de votos em Ciro Gomes, João Doria e Luiz Henrique Mandetta, os “centristas” mais bem colocados. Como se vê, a missão do centro não é trivial e, de fato, o impeachment de Bolsonaro aliviaria a faina.

A grande questão é que a cassação do pior presidente da História do Brasil deve ser abertamente discutida pelas forças representativas da sociedade não por mera tática eleitoral, mas porque o governo de Jair Bolsonaro, em todas as suas expressões, representa a subversão dos próprios ideais da República Federativa consagrada desde o preâmbulo da nossa Constituição. Vale dizer, não apear Bolsonaro do poder diante das imoralidades e da profusão de crimes de responsabilidade que ele comete dia sim e outro também, além de desmoralizar o instituto do impeachment, emite um perigoso sinal para as gerações futuras. Mantê-lo no cargo diante desse rol de infâmias sinaliza que tudo é permitido no exercício da Presidência da República a depender das acomodações políticas de ocasião, das quais a Nação seria nada mais que reles prisioneira.

A República está fundada no princípio da isonomia, que significa que todos os cidadãos são iguais perante as leis. Para Bolsonaro, no entanto, uns são mais iguais do que os outros, sobretudo quando trazem vínculos de sangue, próprios do regime monárquico, em boa hora superado. Bolsonaro já deu incansáveis mostras de que não respeita a alternância de poder. Não concebe a Presidência como o exercício temporário do poder. Em seus obtusos devaneios, uma eventual derrota eleitoral só pode ser explicada por fraude.

[este parágrafo e os dois anteriores deveriam ser lidos por integrantes de outros poderes da República, especialmente o Poder Judiciário - especialmente no tocante aos principios da isonomia, da independência entre os poderes da República.]  A independência entre os Poderes e a autonomia dos entes federativos são outros pilares de nossa República que Bolsonaro tenta dinamitar. A deliberada confusão entre questões de Estado, perenes, e de governo, transitórias, também é parte de seu plano malévolo para subverter os valores republicanos. Por fim, Bolsonaro promove a discórdia entre os brasileiros. Não admite contraditório. Os que não comungam de seu credo nem brasileiros, a rigor, podem ser considerados. Em sua torpeza, todos são livres para concordar com suas ideias.

O impeachment, pois, impõe-se como linha de corte civilizatória, um marco do triunfo da República sobre um de seus mais perigosos agressores.

Itamar Montalvão, jornalista - O Estado de S. Paulo

quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

STF tem desrespeitado a Constituição repetidamente - Alexandre Garcia

 A Constituição é feminina como a República. Temos que exigir para ela o tratamento em que não é não, para evitar que seja violentada. Ela já foi estuprada mais de uma vez

O Doutor Ulysses chamou a Carta Magna de 1988 de Constituição Cidadã. A intenção era de demonstrar o quanto a lei maior estava próxima do povo, fácil de entender, de cumprir e de seguir seus preceitos. Uma Constituição que não precisaria de intermediários, de intérpretes, de hermeneutas — a Cidadã de contato direto com o povo do qual emanou. Só que… o Supremo tem se mostrado como mais poderoso que a Constituição. [ocorrência amparada apenas no entendimento de alguns supremos ministros que, não por desconhecimento, dão ao adjetivo supremo um sentido divino e chegam a pensar que são deuses.] No julgamento de Dilma Rousseff, presidido pelo presidente do Supremo, ignorou-se o parágrafo do artigo 52 e a condenada não ficou inabilitada para cargo público. Na abertura do inquérito das fake news, ignorou-se o art. 127, que estabelece ser o Ministério Público essencial numa investigação. O Supremo decidiu que seu regimento interno é mais forte que a Constituição.

[o STF, enquanto instituição, tem sido apenas conivente com os estupros que vitimam a Constituição. Tais estupros são em sua maioria individuais, resultado do entendimento da maior parte dos supremos ministros que a 'constituição cidadã' , da qual são apenas guardiões, é propriedade deles, e existe para servi-los.

Sempre que o texto constitucional os desagrada, ou pode impedir que pratiquem alguma vontade, eles o violentam, adequando aos seus supremos desejos. Pode ser um advérbio que passa a ser exigido, uma vírgula que surge, ou desaparece, uma medida administrativa sem amparo legal, que é criada virtualmente e possibilita uma arbitrariedade maior, um não que passa a ser sim. E, quanto decidem submeter ao Plenário este, na maioria dos casos, referenda.]

Agora, quando o §4º do art. 57 proíbe claramente a reeleição das mesas da Câmara e do Senado, cinco dos 11 juízes ainda votaram contra a Constituição. Em algo tão evidente, em que o resultado deveria ser 11 a 0, foi quase empate. Assustador. [os 'supremos' que expressaram via  voto o entendimento de que a Constituição existe para satisfazer seus desejos de supremacia absoluta, contavam que seriam maioria e, mais uma vez, a Constituição seria fonte da satisfação de supremos desejos.]  O relator executivo da Constituição, Nelson Jobim, depois presidente do Supremo, se disse perplexo. O que diria o Doutor Ulysses? Mais uma vez, devemos a Roberto Jefferson, aquele que denunciou o Mensalão, tirou José Dirceu da linha sucessória, com o sacrifício do próprio mandato. Foi ele, à frente do PTB, que entrou com a ação de inconstitucionalidade. De contrário, seríamos surpreendidos com um fato consumado.

Todos os 11 do Supremo juraram cumprir a Constituição. Todos nós estamos submetidos à Constituição. É o que nos diferencia da barbárie. Sem a lei que estrutura uma nação, ela não é um estado democrático, mas um grupo primitivo. Mas cinco ministros disseram sim onde ela claramente diz não. A Constituição parece condenada a emendas, revogações, inversões. Parece que não se deram conta da gravidade disso. Ou parece que querem provocar um rompimento suicida da legalidade. Seria um ato extremo de provocação?

É assustador o que tem acontecido com o Supremo. A Constituição é feminina como a República. Temos que exigir para ela o tratamento em que não é não, para evitar que seja violentada. Ela já foi estuprada mais de uma vez. A responsabilidade de proteger a Cidadã é da cidadania — nós, brasileiros, em nome dos quais ela foi feita e por nós existe. Se não se respeita a lei maior, como serão respeitadas as demais leis?  
Ou será que o Supremo é um órgão supraconstitucional? [depende do ministro  questionado; 
outro hábito indicador da busca desnecessária - por protagonismo de alguns ministros da Corte Suprema - é o da emissão de opinião sobre matéria que poderá ser submetida ao seu julgamento.
Exemplos:
- foi a manifestação  fora dos autos - que, sobre o tema, inexistiam - de um ministro que alimentou a cômica guerra pela vacina que ainda não existe; 
- a opinião, fora dos autos - que também inexistem - de um ministro mostrou que o artigo 142 da CF não tem o sentido que sua redação deixa transparecer.] 

Alexandre Garcia, jornalista - Correio Braziliense
 

Recomendamos: Votos de Fux e Barroso foram encarados pela ala derrotada do STF como uma "traição" e "decepção total"

- STF sai rachado de julgamento...........
..............  Na avaliação desse ministro, a presidência de Fux “já era”. Outro magistrado avalia que a palavra do presidente “não vale uma nota de R$ 3”. ....................
 
 

terça-feira, 7 de julho de 2020

Saúde do presidente atleta está posta à prova - Blog do Noblat

A República pode entrar em quarentena  

Faz sentido falar na suposta versão de Bolsonaro paz e amor se ele insiste no propósito de expor a maior quantidade possível de brasileiros à morte e à contaminação pelo coronavírus? Quem sabe como ele reagiria se descobrisse ser mais uma vítima da doença? 
Mudaria de posição? 
Ou continuaria da mesma forma?
Foto: (Arte/G1)

"Estou bem, estou normal. Em comparação a ontem [segunda], estou muito bem. Estou até com vontade de fazer uma caminhada, mas não vou fazê-lo por recomendação médica, mas eu estou muito bem", afirmou.

[o presidente concedeu entrevista à TV Brasil e a duas emissoras de TV convidadas, ocasião em que informou:
- seu exame deu positivo para covid-19;
- ontem, dia 6, se sentiu indisposto, cores no corpo e febre de 38º; 
- por volta das 17h de ontem, ingeriu um comprimido de hidroxicloroquina e um de azitromicina, procedimento que repetiu hoje às 5h;
- por volta da meia noite acordou e já se sentia bem.

Bolsonaro foi dormir febril e um pouco ofegante, segundo um ministro que esteve com ele no Palácio do Planalto. À sua chegada ao Palácio da Alvorada, desceu do carro para cumprimentar um bando pequeno de devotos. Usava máscara. E parecia um tanto cansado de encenar o mesmo número duas vezes por dia. É fato que o cercadinho onde os devotos costumam se reunir deixou de ser o mesmo de há duas semanas. Pouca gente tem aparecido. O entusiasmo arrefeceu. Isso se reflete também na Vila Planalto, encravada entre os dois palácios. Hotéis e pousadas que abrigavam bolsonaristas em trânsito estão às moscas.

Um dos devotos queixou-se a Bolsonaro de um problema da administração pública de Brasília. Bolsonaro respondeu: “Isso não é comigo, é com o governador”. Outro sugeriu uma reza coletiva capaz de curar todos os males – Bolsonaro esquivou-se. Disse que era refém da vontade dos seus agentes de segurança. Nunca foi.

Bolsonaro já estava sob o efeito de cloroquina que tomou depois de ter feito mais um exame para saber do que padece. De março para cá, é o quarto exame. A República, ansiosa, aguarda o resultado que deverá ser divulgado nesta manhã. Se o vírus pegou Bolsonaro, o Planalto e o Alvorada entrarão em quarentena. [o isolamento faz parte do protocolo do Planalto e busca impedir que terceiros sejam infectados.
O que vai deixar os inimigos do presidente Bolsonaro chateados será a recuperação total da sua saúde ocorrer apenas com cloroquina e azitromicina.
Será excepcional e comprovará mais uma vez o acerto do presidente - afinal, se o remédio não for eficaz, ele tem tudo para sofrer complicações, tem mais de 65 anos = gruo de risco.]  Mas não só. E a embaixada americana onde Bolsonaro almoçou no último sábado? 
O embaixador Todd Chapman, famoso pelo chapéu de vaqueiro que usa até para conceder entrevistas, abraçou e foi abraçado por Bolsonaro. Um dia antes, um grupo de empresários paulistas almoçou com Bolsonaro e apertou suas mãos.

O mais recente ato de Bolsonaro diretamente ligado ao combate à pandemia foi o de vetar o uso obrigatório de máscaras em presídios. Pouco lhe importa que 5.022 presos, até ontem, tenham contraído a doença, e que 63 morreram. Nem que apenas um terço dos agentes penitenciários tenha recebido máscaras e luvas. [O isolamento dos presos já favorece o controle de eventuais contaminações.
Manter as visitas suspensa, além de ser um meio eficiente para evitar contaminação dos presos, será obtido o bônus de reduzir o ingresso nos presídios de celulares, drogas e outros silicitos - as visitas são a causa principal do ingresso de objetos proibidos em presídios.
O cuidado com a contaminação dos agentes penitenciários, que precisam circular entre os presídios e o mundo exterior, já está sendo devidamente atendido.]

Com as visitas aos presos suspensas, os agentes se tornaram os maiores propagadores do vírus porque somente eles entram e saem das penitenciárias. Podem contaminar os presos, ou contaminados por eles, contaminarem seus familiares. E daí? Daí que todos estão sujeitos a morrer um dia, segundo Bolsonaro

O presidente que se vangloria de sua saúde de atleta está posto à prova. Boa sorte! 
[As bênçãos de DEUS e a boa sorte acompanharão o presidente - para o BEM dele e do Brasil.]

Blog do Noblat - Veja - Ricardo Noblat, jornalista


domingo, 5 de julho de 2020

A lei vale para todos, a depender da interpretação – Editorial

 O Globo


Divisão no STF indica necessidade de emenda constitucional para tornar realista o conceito da irredutibilidade do salário

A sessão de julgamento do Supremo Tribunal Federal da quarta-feira da semana retrasada foi cercada de excepcionalidades. A começar pelo fato de retomar a apreciação de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) instaurada na Corte há 18 anos, por iniciativa de partidos políticos e associações de servidores públicos, contra dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal, então recém-aprovada para servir de lastro do controle das contas públicas, afinal conseguido depois de um longo período de crises em que houve recessão, estagnação e uma hiperinflação que chegou perto dos 3.000% em 1993.




A importância do tema em julgamentoa possibilidade de a Federação, diante de novo risco de descontrole fiscal, estabelecer cortes de jornadas dos servidores públicos, com reduções proporcionais de seus salários — se deve à necessidade de o administrador público tomar medidas para manter o equilíbrio fiscal, e não deixar que graves e crescentes déficits desemboquem em surtos inflacionários, que é a maneira selvagem com que as economias consertam esta disfunção.
Infelizmente, por 7 a 4, o relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, foi derrotado no seu voto pela rejeição do pedido de inconstitucionalidade, sendo acompanhado por Dias Toffoli, presidente da Corte, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, votos insuficientes para rejeitar a ADI, apoiada por Rosa Weber, Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello, Luiz Fux, Celso de Mello e Cármen Lúcia, esta em parte, porque admitiu a redução de jornada.

O tamanho do equívoco cometido pela maioria do plenário do STF também é demonstrado por números, não só por argumentos jurídicos considerando uma adequada interpretação do que estabelece a Constituição sobre as contas públicas, de forma articulada com a LRF. Se não houvesse uma outra leitura consistente da Carta, não haveria quatro ministros favoráveis à manutenção dos dispositivos contestados da Lei de Responsabilidade.

O principal problema nas finanças do Estado brasileiro são as despesas obrigatórias por lei, que se expandem autonomamente. A principal delas, as da Previdência, obriga os países, não apenas o Brasil, a ajustar suas regras de seguridade de tempos em tempos, conforme a demografia exige, com o aumento do contingente de aposentados. É o que foi feito em 2019. Outro foco de dificuldades, no caso brasileiro, é a folha de salários do funcionalismo, que tem dinâmica própria de crescimento — reajustes por tempo de serviço, além de revisões feitas sob pressão das fortes corporações sindicais do setor, por inspirações populistas. Esta conta representa na União o segundo item mais importante nos gastos primários, excluindo o pagamento dos juros da dívida pública. Não é muito diferente em estados e municípios.

Como a folha de salários é gasto engessado, ela continua a subir haja ou não crise, com falta de recursos ou não. Há unidades da Federação em que os inativos já custam mais para os contribuintes do que os ativos. Na União, estados e municípios, a despesa com servidores passou de 12,3% do PIB em 2014 para 13,6% em 2018, segundo dados do Tesouro. E continua em ascensão, pressionando por mais recursos em detrimento de áreas estratégicas como saúde e educação. Entre países desenvolvidos, este índice fica entre 5% e 10%. As estatísticas do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que são raros os países que destinam mais de 13% do PIB ao funcionalismo.


Não apenas argumentos de natureza fiscal e com base em estatísticas sustentam um outro entendimento da arguição da constitucionalidade da LRF. Em seu voto, o relator Alexandre de Moraes registra que o artigo 169 da Constituição, ao qual se relaciona a Lei de Responsabilidade, estabelece regras para a redução das despesas com pessoal, se elas ultrapassarem limites estabelecidos em lei complementar, a LRF. Caso não seja possível reenquadrar esses gastos dentro dos limites legais, servidores estáveis poderão ser demitidos em uma situação extrema. Está escrito. 
[o oportuno está escrito, acima destacado, nos anima a perguntar:
- será que não está na hora da opção ser efetuar modificações mais abrangentes no texto constitucional, deixando de lado   modificações pontuais, via PEC?
Não se pode desprezar o fato que a atual 'constituição cidadã' usa e abusa da concessão de privilegiar a interpretação do que está escrito, relegando a segundo plano o que está escrito.
Já vivemos em uma democracia que viola direitos assegurados na Constituição Federal a pretexto de impor o respeito aos mesmo direitos.
No mesmo diapasão deixamos de seguir o que está escrito para seguir a interpretação do que está escrito.
O Supremo é guardião e intérprete da Carta Magna - está escrito - só que artigos de redação considerada confusa, são deixados de lado, ainda que ratificados por Lei posterior, editada exatamente para complementar o dispositivo de redação 'confusa'
Um exemploartigo 142,  'caput', seu parágrafo primeiro, da Constituição Federal em vigor,  combinado com artigo 15, 'caput',  da Lei Complementar nº 97, em plena vigência.]

Faz sentido, portanto, assim como defenderam Moraes e os ministros que o acompanharam, que em vez da demissão o servidor possa ter o emprego garantido pela redução da jornada e do salário. Quem pode mais, pode menos. Se é possível demitir, deve ser permitido criar um estágio anterior para a redução dos gastos. A tese foi rejeitada no julgamento, mas espera-se que o melhor entendimento dessa questão amadureça com o tempo. Para o bem do próprio servidor. Diante deste desencontro no STF, que se faça então emenda constitucional para condicionar a irredutibilidade dos salários à vida real.

Convenciona-se dizer que no Brasil primeiro veio o Estado, representado pela Coroa portuguesa, e depois o povo. Substituída a Monarquia pela República, na parte de cima desta construção social, onde estavam marqueses, condes, barões, estabeleceram-se elites diversas, com destaque para uma burocracia pública diversificada. São funcionários de diversas formações profissionais, próximos ao poder. Em Brasília, a proximidade aumentou. Nos extratos superiores deste edifício da burocracia, pagam-se bons salários com generosos penduricalhos, há carreiras que evoluem sem sustos e promoções garantidas. Na planície está a grande maioria da população constituída por assalariados do setor privado, cujos salários e jornadas de trabalho estão sendo cortados devido à crise, pela mesma fórmula incluída na LRF, agora declarada inconstitucional. A lei vale para todos, mas a depender da interpretação.

Editorial - Jornal O Globo




segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Vi, confesso que vi, neste 07- set de 2019 uma PÁTRIA FELIZ!

*Hoje Eu vi...*

Aguiar Júnior , um brasileiro patriota
 
Vi um jovem presidente de 64 Anos (ou seria um menino de Um Ano e Um Dia?) quebrar _TODOS_ os protocolos na Festa da Independência do BRASIL; 
Vi o que talvez, entre todos os chefes de Estado da história de nosso país (Monarquia e República), apenas o Presidente BOLSONARO e Dom PEDRO I,  o fundador da Pátria Brasileira, pudessem ter feito junto aos seus queridos POVOS; 


Vi mandar parar o 'Carro Aberto', onde já estava o valente Carlos Bolsonaro, e chamar para o Desfile Oficial um orgulhoso garoto, que a partir daquele instante passou a representar todos os nossos filhos e filhas das FAMÍLIAS patriotas do BRASIL; 
Vi (e ouvi !) o Povo Brasileiro no Dia da PÁTRIA gritar: "BOLSONARO, cadê você, eu vim aqui só pra te ver"; 


Vi na TV (e ouvi !) a multidão em Brasília GRITAR: *"Mito... Mito... Mito...";* 


Vi a ALEGRIA nos semblantes das autoridades e dos convidados, entre eles o General Augusto Heleno, braço forte e mão amiga do Presidente BOLSONARO; 
Vi os acenos FELIZES para a multidão feitos por Ministros do Governo Federal, o principal deles sendo o Super Ministro Sérgio Moro, que NÃO pareceu em nenhum momento estar chateado ou desvinculando-se do Governo do NOVO BRASIL; 

Vi, ainda, o Presidente BOLSONARO colocar o braço nos ombros de Sérgio Moro, demonstrando a afeição e o apoio ao trabalho realizado na pasta da Justiça e da Segurança Pública, o que já salvou em oito meses e sete dias a vida de mais de seis mil brasileiros, NÃO atingidos pela violência que está sendo radicalmente combatida por este Governo do BRASIL; 
Hino da Independência do Brasil 

Vi o Presidente, querido por nosso povo, pegar o bastão da Banda de Música dos Dragões da Independência e reger FELICÍSSIMO o Hino da Independência

Vi empresários (Sílvio Santos e Luciano Hang da HAVAN), religiosos (Edir Macedo e um Bispo Católico) e Militares (General Mourão e General Ramos), além da gente simples do povo, ficar ao lado do Presidente BOLSONARO com o semblante de satisfação de ver que o BRASIL está mudando; 

Vi a Primeira Dama Michele Bolsonaro e os filhos do presidente representar no palanque oficial a FAMÍLIA Presidencial daquele que tanto defende as FAMÍLIAS de TODOS nós brasileiros; 
Vi, confesso que vi, neste 07-SET de 2019 uma PÁTRIA FELIZ. 
Ass.: Aguiar Júnior, um brasileiro patriota. 
🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷🇧🇷
BRASIL acima de tudo.
DEUS acima de todos. 


A Verdade Sufocada - Transcrito em 08 set 2019 


 

domingo, 18 de agosto de 2019

Bolsonaro veta filmes com temas LGBT - Veja

Em declaração em vídeo, presidente lista produções e sugere que elas sejam financiadas pela iniciativa privada; 'Se pudesse, teria degolado tudo', completa

O presidente Jair Bolsonaro voltou a fazer críticas a filmes com discurso LGBT que buscavam autorização da Ancine (Agência Nacional do Cinema) para captar recurso pela Lei do Audiovisual. Durante uma transmissão em vídeo, ele disse que “garimpou” e vetou produções que envolvem esses temas. Ele disse ainda que teria “degolado tudo” se a Ancine “não tivesse, em sua cabeça toda, mandatos”. Os responsáveis pelo órgão preferiram não opinar sobre as declarações do presidente. [alguns com mandatos não podem ser expulsos, mas, asfixiar a Ancine financeiramente, ajuda a manter o mercado livre de filmes pornográficos.
Agências e conselhos criados por lei, só podem  ser extintos por lei e o presidente Bolsonaro pode perfeitamente encaminhar tais projetos ao Congresso.]

Bolsonaro se recusou a admitir que estaria censurando o cinema, apenas sugeriu que as produções fossem financiadas pela iniciativa privada. “Quem quiser pagar, que fique à vontade. Não iremos interferir em nada. Mas fomos garimpar na Ancine filmes que estavam sendo prontos para ser captados recursos no mercado.” Em seguida, passou a listar algumas das obras. Caso de Transversais, sobre as dificuldades de cinco transgêneros que moram no Ceará.

“O presidente escolhe o que ele quer e o que não quer. Isso é indício de censura”, disse Allan Deberton, um dos diretores de Transversais. Outra produção, Afronte, fala da realidade de negros homossexuais que vivem no Distrito Federal. “Olha, a vida particular de quem quer que seja, ninguém tem nada a ver com isso. Mas fazer um filme sobre a realidade vivida por negros no Distrito Federal não dá para entender. Mais um que foi para o saco”, disse o presidente.

A API (Associação de Produtores Independentes do Audiovisual) se pronunciou sobre as declarações do presidente. “Repudiamos tal atitude porque entendemos que não cabe a ninguém, especialmente ao presidente de uma república democrática, censurar artes, projetos visuais e filmes”, informou, em nota. [qualquer um pode ter o entendimento que quiser, seja um entendimento sensato, equilibrado ou um entendimento sem noção.]

Veja - Publicado em 18 agosto 2019 

 

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

"O único erro da Lava Jato foi esquecer que ratos sem saída unem-se e atacam" diz ex-procurador

Jornal da Cidade

Neste sábado (10), o ex-integrante da força-tarefa da Lava Jato e ex-Procurador Regional da República, Carlos Fernando dos Santos Lima, voltou a criticar as vergonhas e lamentáveis manobras que ministros do Supremo Tribunal Federal e demais membros da esquerda brasileira realizam para atacar e menosprezar o trabalho respeitável realizado por Deltan Dallagnol no combate à corrupção nacional.

Em publicação em sua rede social no Facebook, Carlos afirma que as condutas dos detratores da Lava Jato podem prejudicar a República brasileira:"Se punirem Deltan por pensar e manifestar suas ideias, estão enterrando nossa República. Tenham vergonha!"

Generais se pronunciam

Senadores discutem impeachment de Toffoli e Gilmar Mendes 


 
Veja a publicação completa:
"Não conseguiram com Moro. Agora tentam com Deltan Dallagnol. Agem como canalhas, vingativos por terem seus interesses contrariados. Bilhões de reais devolvidos, correligionários e financiadores presos, e aproveitam-se de mensagens roubadas, criminosamente obtidas, para criar a sensação de que a Lava Jato fez algo errado, como se fosse o mesmo crime que cometeram ou se aproveitaram.

O único erro da Lava Jato foi esquecer que ratos sem saída unem-se e atacam. Eu acho e sempre achei que ministros do STF, parlamentares ou até mesmo presidentes da república devem ser investigados, processados e punidos se forem condenados.
Agora querem responsabilizar Deltan por conversas, por pensar exatamente isso, enquanto alguns ministros do STF tornaram-se inimputáveis, afastando servidores da Receita Federal, impedindo o trabalho do COAF, impedindo investigações de violação de sigilo de comunicações, dentre outros. O que Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes é crime de responsabilidade.

Porque temem tanto serem investigados? Pena que não tenhamos um Congresso que não represente realmente o povo, pois nossa democracia está corrompida pelo dinheiro ilícito e pelo autoritarismo dos caciques partidários. Se punirem Deltan por pensar e manifestar suas ideias, estão enterrando nossa República. Tenham vergonha!"

A Verdade Sufocada


 

sábado, 11 de maio de 2019

Bolsonaro cita ‘alguns problemas’ no governo e fala em possível ‘tsunami’




Em evento da Caixa, presidente não explicou a que se referiu; Congresso, que analisa MP da reforma administrativa, impôs derrotas ao governo nesta semana




O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, 10, que seu governo enfrenta alguns problemas devido à forma como ele escolheu governar, preterindo indicações políticas na composição de sua equipe. Ele disse, ainda, que poderá enfrentar “um tsunami na semana que vem”, mas não explicou a que se referiu. O presidente participou do evento “Nação Caixa” nesta manhã, em Brasília, e falou brevemente a gestores da Caixa Econômica Federal.
“Se por ventura eu indicar alguém, falei para os ministros, eles têm poder de veto. O que eu quero deles, na ponta da linha, é produtividade. Tem que atender o fim, a quem se destina a instituição. E assim estamos governando. Alguns problemas? Sim, talvez tenha um tsunami na semana que vem. Mas a gente vence esse obstáculo com toda certeza. Somos humanos, alguns erram, uns erros são imperdoáveis, outros não”, comentou, sem maiores detalhes.

[presidente, se o 'aiatolá de Virginia'  calar a boca e sair de cena e seus filhos aceitarem que o Brasil não é uma monarquia - é uma República, da qual o senhor é o presidente, eleito com quase 60.000.000 de votos -  e cuidarem das funções institucionais deles (para as quais foram eleitos), seu Governo toma um bom rumo.

Não falo, nem posso, falar em nome do povo, mas, é isso o que se percebe.
Sua credibilidade ainda vai bem, com viés de queda,  devido as interferências astronômicas e familiares.

A popularidade que o senhor tinha quando foi eleito é recuperável, desde que o seu governo comece  - o que só vai ocorrer de verdade se as interferências cessarem.
 
Presidente, desautorize o filósofo, rompa publicamente com aquela figura e será EXCELENTE para o Brasil, para os brasileiros e para o seu governo.]

Nesta semana, o governo sofreu algumas derrotas no Congresso. Na quinta-feira, 9, a comissão especial responsável por analisar a medida provisória 870, que definiu a estrutura da gestão de Bolsonaro, decidiu transferir o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça e Segurança Pública para o Ministério da Economia. O ministro da Justiça, Sergio Moro, defendeu e continua insistindo que o órgão deve ficar sob sua responsabilidade. Os plenários da Câmara e do Senado ainda votarão a MP 870.

Na quinta-feira, 9, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encerrou a ordem do dia sem colocar a medida em votação pelo plenário da Casa, o que torna sua aprovação mais arriscada, já que o texto da reforma administrativa perde a validade em 3 de junho. A MP, no entanto, deverá ser pautada para votação na próxima semana.

Em sua fala, Jair Bolsonaro citou a própria Caixa como exemplo de distribuição de cargos que, para ele, “não tinha como dar certo” em governos anteriores. “A imagem distorcida da Caixa era em função disso. Cada partido tinha uma presidência, uma vice-presidência. Não tinha como dar certo. Escolhi nossos ministros por critério técnico, todos têm liberdade para decidir”, afirmou.

No evento desta sexta, Jair Bolsonaro disse também que quando conheceu o presidente do banco estatal, Pedro Guimarães, “foi amor à primeira vista”, e em seguida brincou que os dois se deram hoje um “abraço hétero”. O presidente ainda comentou o episódio em que foi atacado em Juiz de Fora (MG) durante a campanha eleitoral, se emocionou e foi aplaudido na sequência.

Veja