Vozes - Gazeta do Povo
– Por que o Gilmar tá chorando?
– Por causa do advogado do Lula.
– O que ele fez? Bateu no Gilmar?
– Não.
– Jogou areia no olho do Gilmar?
– Jogou areia no olho do Gilmar?
– Não.
– Amarrotou a toga do Gilmar?
– Não. Quer dizer, não sei. Mas não é por isso que ele tá chorando.
– Então é por quê? O advogado do Lula disse que o STF é uma vergonha?
– Não, o advogado do Lula não acha que o STF é uma vergonha.
O plenário do STF em sessão com apoio de videoconferência. Imagem ilustrativa.| Foto: Nelson Jr./SCO/STF
- Então o que aconteceu? Ele xingou o Gilmar?
– Não. O Gilmar tá chorando de emoção.
– Ah, tá. É, deve ser emocionante mesmo trabalhar na suprema corte.
– Ele não tá chorando por causa do trabalho dele.
– Não?
– Não. Tá chorando por causa do trabalho do advogado do Lula.
– Como assim?
– O Gilmar ficou encantado com a atuação do advogado do Lula. Começou a fazer elogios a ele e caiu no choro.
– Caramba. E filmaram isso sem ele ver?
– Não, foi em público mesmo.
– Em público?!
– É.
– Ele tava dando uma palestra?
– Não. Ele tava numa sessão do STF.
– O que?! O Gilmar elogiou o advogado do Lula no meio de uma sessão do STF??
– Sim. No meio de uma sessão do STF que deliberava sobre um processo de interesse da defesa do Lula.
– E ele chorou de emoção enaltecendo o advogado do réu?
– Do réu condenado.
– Você acha isso normal?
– Acho.
– Por quê?
– Porque realmente o advogado do Lula conseguiu um milagre. E diante de um milagre é difícil segurar a emoção.
– Que milagre?
– O cliente dele roubou um país inteiro e está em vias de ser inocentado.
– É. Milagre mesmo. Já sabem qual foi o santo?
– Lula.
– Não, perguntei de quem foi o milagre pra santificar o Lula.
– Parece que foi um milagre coletivo.
– Autores desconhecidos?
– Não. Bem conhecidos.
– Você pode citar algum?
– Claro. Gilmar.
– Hein? O Gilmar está comovido com o milagre que ele mesmo fez?
– Qual é o problema? Ele fez o milagre, gostou, se emocionou e chorou. É um direito dele. Afinal de contas é um ser humano.
– Verdade. Bem lembrado.
– Inclusive ele já tinha chorado antes com o cara do MST.
– Milagre também?
– Não. Era uma live em defesa da democracia.
– Não deixa de ser um milagre se juntar com um cara violento em nome da democracia e ainda conseguir chorar.
– Chorar não é tão difícil assim.
– Quando fiz teatro amador eu nunca conseguia.
– Mas quem tá falando de amador?
– Verdade. Ali só tem profissional.
– Claro. Ninguém ganha uma toga e uma varinha de condão se não souber chorar.
– Sem dúvida. Mas não é um pouco suspeito um juiz chorar elogiando o advogado do ladrão?
– Não. Suspeito é o juiz que condenou o ladrão.
– Não. O Gilmar tá chorando de emoção.
– Ah, tá. É, deve ser emocionante mesmo trabalhar na suprema corte.
– Ele não tá chorando por causa do trabalho dele.
– Não?
– Não. Tá chorando por causa do trabalho do advogado do Lula.
– Como assim?
– O Gilmar ficou encantado com a atuação do advogado do Lula. Começou a fazer elogios a ele e caiu no choro.
– Caramba. E filmaram isso sem ele ver?
– Não, foi em público mesmo.
– Em público?!
– É.
– Ele tava dando uma palestra?
– Não. Ele tava numa sessão do STF.
– O que?! O Gilmar elogiou o advogado do Lula no meio de uma sessão do STF??
– Sim. No meio de uma sessão do STF que deliberava sobre um processo de interesse da defesa do Lula.
– E ele chorou de emoção enaltecendo o advogado do réu?
– Do réu condenado.
– Você acha isso normal?
– Acho.
– Por quê?
– Porque realmente o advogado do Lula conseguiu um milagre. E diante de um milagre é difícil segurar a emoção.
– Que milagre?
– O cliente dele roubou um país inteiro e está em vias de ser inocentado.
– É. Milagre mesmo. Já sabem qual foi o santo?
– Lula.
– Não, perguntei de quem foi o milagre pra santificar o Lula.
– Parece que foi um milagre coletivo.
– Autores desconhecidos?
– Não. Bem conhecidos.
– Você pode citar algum?
– Claro. Gilmar.
– Hein? O Gilmar está comovido com o milagre que ele mesmo fez?
– Qual é o problema? Ele fez o milagre, gostou, se emocionou e chorou. É um direito dele. Afinal de contas é um ser humano.
– Verdade. Bem lembrado.
– Inclusive ele já tinha chorado antes com o cara do MST.
– Milagre também?
– Não. Era uma live em defesa da democracia.
– Não deixa de ser um milagre se juntar com um cara violento em nome da democracia e ainda conseguir chorar.
– Chorar não é tão difícil assim.
– Quando fiz teatro amador eu nunca conseguia.
– Mas quem tá falando de amador?
– Verdade. Ali só tem profissional.
– Claro. Ninguém ganha uma toga e uma varinha de condão se não souber chorar.
– Sem dúvida. Mas não é um pouco suspeito um juiz chorar elogiando o advogado do ladrão?
– Não. Suspeito é o juiz que condenou o ladrão.
Guilherme Fiuza, jornalista - Gazeta do Povo - VOZES