Blog Prontidão Total NO TWITTER

Blog Prontidão Total NO  TWITTER
SIGA-NOS NO TWITTER
Mostrando postagens com marcador Sombra. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Sombra. Mostrar todas as postagens

domingo, 15 de maio de 2016

A força do PCC: base em todos os Estados e seis países

Dez anos após série de ataques em São Paulo, grupo criminoso só fez ganhar força e território

Passados dez anos da série de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) em São Paulo contra agentes públicos de segurança, o grupo só fez crescer - e não apenas no Brasil. À medida que as receitas da organização crescem, expandem-se também seus limites territoriais. Se, em 2013, após três anos e meio de investigações, o Ministério Público Estadual (MPE) concluiu que a facção se espalhava por 22 Estados, Distrito Federal, Bolívia e Paraguai, hoje o PCC se faz presente em todas as 27 unidades da federação e já tem bases também na Argentina, no Peru, na Colômbia e na Venezuela.


Marcola, que assumiu o comando do PCC em 2002 e permanece no posto desde então(Joedson Alves/VEJA)

Segundo o MPE, há evidências nas investigações que mostram contatos diretos de integrantes do PCC com o Exército do Povo Paraguaio (EPP), um grupo terrorista contrário ao governo local, e com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). "O foco está no tráfico de drogas e armas com todos os países listados. Começamos a verificar, por exemplo, o uso de fuzis argentinos no Brasil por parte de integrantes do PCC recentemente", conta o promotor Lincoln Gakiya, de Presidente Prudente.

No Brasil, a presença do PCC, além de São Paulo, é mais forte em Mato Grosso do Sul e no Paraná, por causa da fronteira com os países que têm bandos parceiros da facção.
Segundo investigações, aos poucos, o grupo está deixando de lado os intermediários e assumindo a compra direta de drogas. É o caso de Fabiano Alves de Souza, conhecido como Paca e apontado como o único integrante da cúpula em liberdade. Segundo a polícia, ele vive no Paraguai e envia droga para o Brasil sob encomenda da facção. Paca estava preso no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) até 2014, quando recebeu um habeas corpus da Justiça. Sua prisão preventiva foi decretada pouco depois, mas ele nunca mais foi encontrado.

Segundo o procurador de Justiça Márcio Sérgio Christino, "eles (os integrantes do PCC) conseguem ocupar uma região, um Estado, um país, porque há espaço. Há espaço porque conseguem fornecer drogas. É uma relação comercial", afirma.

Alckmin como alvo - Investigações do MPE, de outubro de 2013, além do audacioso plano de execução do governador Geraldo Alckmin (PSDB) - considerado pelos criminosos como o responsável pela "opressão" à população carcerária -, revelaram a existência de uma aliança entre o PCC e o Comando Vermelho (CV), organização do Rio. Em território nacional, essa é a única facção que estabeleceu uma parceria com a facção paulista.

Os bandidos, segundo as investigações, trocavam informações sobre métodos de assaltos e sequestros e também sobre como estabelecer o domínio dentro do sistema prisional. De acordo com Christino, isso não acontece nos demais Estados. "Tudo está baseado no crescimento do tráfico de drogas. No Rio, as facções têm meios e infraestrutura para fornecer e comprar drogas em um ritmo acelerado", explica.

Pelo restante do Brasil, o PCC tem controle garantido sobre o crime organizado. Christino diz que um revendedor de drogas cria vínculo com a facção e, desse modo, ganha projeção dentro da própria estrutura do "partido". "A facção cresce nos Estados que não têm a mesma estrutura de venda de drogas", diz o procurador. "Nos demais Estados, o PCC supre essa falta de estrutura e acaba cooptando os traficantes locais. Por isso, a facção cresce."

Em janeiro de 2015, a polícia e o MPE descobriram contas na China e nos EUA que estariam sendo usadas para lavagem de dinheiro. Entre 2013 e 2014, a suspeita é de que a facção possa ter movimentado 100 milhões de reais - o valor é uma estimativa. Segundo as investigações, o PCC ainda não está familiarizado com a lavagem de dinheiro por meio de offshores e prefere operar com dinheiro vivo. Para isso, a organização guarda dinheiro em residências (enterrando em quintais, por exemplo) ou usa casas de câmbio para transferir valores para a compra de drogas na Bolívia e no Paraguai.

Histórico - A trajetória de crescimento do PCC vem de longa data. O bando que hoje domina o crime no Brasil e atua na América do Sul, Europa e África foi fundado por apenas oito presos no Anexo da Casa de Custódia de Taubaté, no Vale do Paraíba, em 31 de agosto de 1993. Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, foi o primeiro líder da facção.

Foi Sombra quem comandou, em fevereiro de 2001, a primeira megarrebelião de São Paulo, quando 29 presídios foram tomados simultaneamente e dezesseis detentos morreram. Sombra foi assassinado cinco meses depois. Marcola assumiu o mais alto posto do PCC em novembro de 2002, de onde nunca mais saiu.

Com Estadão Conteúdo

sábado, 2 de abril de 2016

OS OITO CADÁVERES DO CASO CELSO DANIEL E O PAPEL DE CADA UM

Ou o caso Celso Daniel é uma tramoia muito bem urdida ou e uma das maiores somas de coincidências do mundo... E com detalhes um tanto espantosos

A questão de fundo de parte da nova fase da Operação Lava Jato é o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, que foi sequestrado e apareceu morto no dia 18 de janeiro de 2002. Era, então, o coordenador da pré-campanha de Lula à Presidência.

Desde aquele dia, tem-se uma fila imensa de cadáveres e poucas respostas. A tese do Ministério Público é a de que Celso foi vítima de um crime de encomenda, desdobramento de um esquema instalado na própria prefeitura, coordenado por ele, destinado a desviar recursos para o PT. Membro do grupo, Sérgio Sombra, amigo pessoal do prefeito, é acusado de ser o mandante.

Até agora, o único condenado é Marcos Roberto Bispo dos Santos, o Marquinhos. O julgamento aconteceu no Fórum de Itapecerica da Serra. Adriano Marreiro dos Santos, seu advogado, diz que seu cliente confessou sob tortura. O Ministério Público reuniu evidências de que ele dirigiu um dos carros que abalroaram a picape em que Celso estava, encomendou o roubo de outro veículo que participou da operação e conduziu a vítima da favela Pantanal, em Diadema, para Juquitiba, onde foi assassinada.

Bruno Daniel, um dos irmãos de Celso, afirma que, no dia da missa de sétimo dia, Gilberto Carvalho confessou que levava dinheiro do esquema montado na prefeitura para a direção do PT. Carvalho lhe teria dito que chegara a entregar R$ 1,2 milhão ao então presidente do partido, José Dirceu. Carvalho e Dirceu negam.

Bruno e sua família chegaram a se exilar na França por causa das ameaças de morte e receberam o estatuto oficial de refugiados. Francisco, o outro irmão, também teve de se mudar de São Paulo e vive recluso. Eles não aceitam a tese de que o irmão foi vítima de crime comum.  O ressentimento de Bruno – ele e a mulher eram militantes do PT – com o partido é grande. Ele acusa os petistas de terem feito pressão para que a morte fosse considerada crime comum. Outro alvo seu é o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, então deputado federal pelo partido.

Greenhalgh acompanhou a necropsia do corpo e assegurou à família que Celso não tinha sido torturado, o que foi desmentido pelo legista Carlos Delmonte Printes em relato feito à família. A tortura é um indício de que os algozes do prefeito queriam algo mais do que sequestrá-lo para obter um resgate, o que nunca foi pedido. Por que Greenhalgh afirmou uma coisa, e o legista, outra? Difícil saber: no dia 12 de outubro de 2005, Printes foi encontrado morto em seu escritório. A perícia descartou morte natural e não encontrou sinais de violência. A hipótese de envenenamento não se confirmou. Não se sabe até agora o motivo.

Todos os mortos
A lista de mortos ligados ao caso impressiona. Além do próprio Celso, há mais sete. Um é o garçom Antônio Palácio de Oliveira, que serviu o prefeito e Sérgio Sombra no restaurante Rubaiyat em 18 de janeiro de 2002, noite do sequestro. Foi assassinado em fevereiro de 2003. Trazia consigo documentos falsos, com um novo nome. Membros da família disseram que ele havia recebido R$ 60 mil, de fonte desconhecida, em sua conta bancária. O garçom ganhava R$ 400 por mês. De acordo com seus colegas de trabalho, na noite do sequestro do prefeito, ele teria ouvido uma conversa sobre qual teria sido orientado a silenciar.

Quando foi convocado a depor, disse à polícia que tanto Celso como Sombra pareciam tranquilos e que não tinha ouvido nada de estranho. O garçom chegou a ser assunto de um telefonema gravado pela Polícia Federal entre Sombra e o então vereador de Santo André Klinger Luiz de Oliveira Souza (PT), oito dias depois de o corpo de Celso ter sido encontrado. “Você se lembra se o garçom que te serviu lá no dia do jantar? É o que sempre te servia ou era um cara diferente?”, indagou Klinger. “Era o cara de costume”, respondeu Sombra.

Vinte dias depois da morte de Oliveira, Paulo Henrique Brito, a única testemunha desse assassinato, foi morto no mesmo lugar com um tiro nas costas. Em dezembro de 2003, o agente funerário Iran Moraes Rédua foi assassinado com dois tiros quando estava trabalhando. Rédua foi a primeira pessoa que reconheceu o corpo de Daniel na estrada e chamou a polícia.

Dionízio Severo, detento apontado pelo Ministério Público como o elo entre Sérgio Sombra, acusado de ser o mandante do crime, e a quadrilha que matou o prefeito, foi assassinado na cadeia, na frente de seu advogado. Abriu a fila. Sua morte se deu três meses depois da de Celso e dois dias depois de ter dito que teria informações sobre o episódio. Ele havia sido resgatado do presídio dois dias antes do sequestro. Foi recapturado.
O homem que o abrigou no período em que a operação teria sido organizada, Sérgio Orelha, também foi assassinado. Outro preso, Airton Feitosa, disse que Severo lhe relatou ter conhecimento do esquema para matar Celso e que um “amigo” (de Celso) seria o responsável por atrair o prefeito para uma armadilha.

O investigador do Denarc Otávio Mercier, que ligou para Severo na véspera do sequestro, morreu em troca de tiros com homens que tinham invadido seu apartamento. O último cadáver foi o do legista Carlos Delmonte Printes. Perderam a conta? Então anote aí:
1) Celso Daniel : prefeito. Assassinado em janeiro de 2002.
2) Antônio Palácio de Oliveira: garçom. Assassinado em fevereiro de 2003.
3) Paulo Henrique Brito: testemunha da morte do garçom. Assassinado em março de 2003.
4) Iran Moraes Rédua: reconheceu o corpo de Daniel. Assassinado – dezembro de 2003.
5) Dionízio Severo: suposto elo entre quadrilha e Sombra. Assassinado – abril de 2002.
6) Sérgio Orelha: amigo de Severo. Assassinado em 2002.
7) Otávio Mercier: investigador que ligou para Severo. Morto em julho de 2003.
8) Carlos Delmonte Printes: legista encontrado morto em 12 de outubro de 2005.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
 

terça-feira, 26 de maio de 2015

Faca amolada

E a vida vale cada vez mesmo. Num sintoma de raiva/ódio, o agressor fura o agredido – uma, duas, três, N vezes

Não deu certo. Ainda não sabemos exatamente porque, mas, do ponto de vista do ser humano, o mundo anda tenebroso. Assustador. Aqui e planeta adentro, intolerância e violência são crescentes e permanentes. A vida virou um exercício cotidiano de escapar das muitas formas de agressão, sem seleção idade, sexo, classe social ou crença.

ADVERTISEMENT
Aqui, na África, no Oriente e até nos países ditos civilizados da Europa e América do Norte, por exemplo, voltar vivo e inteiro para casa é quase como tirar sorte grande. Escapei. Só por hoje, como costumam celebrar os integrantes de grupos tipo alcoólicos anônimos. A violência urbana, antes característica das metrópoles, marca presença aqui, ali e alhures. Em todo lugar.

Nos últimos dias, a sensação de pânico está reforçada pelo crescimento de crimes com faca arma branca que, surpreendentemente, não tem porte proibido por lei. Além de ser mais barata e facílima de ser adquirida. Está disponível em toda e qualquer cozinha. 
Assalto com faca virou hit. (Perdão pelo mau gosto da expressão). Mais que tendência é o modismo consagrado deste outono brasileiro. Faca na mão é up to date.

E a vida vale cada vez mesmo. Num sintoma de raiva/ódio, o agressor fura o agredido – uma, duas, três, N vezes. Em alguns casos, não só fura como roda a faca no buraco feito no corpo da vítima, como se quisesse a certeza de que o estrago será grande, mortal de preferência. Impressionante (para mim) nos ataques por faca é a proximidade exigida do agressor. É real corpo a corpo. Como nas antigas guerras. Como que representando também a cada vez maior proximidade da violência em nossas vidas.

A faca faz com que a violência não esteja mais “em cada esquina”, como costumávamos apontar, mas colada em nós - feito sombra (macabra). Exagero? Nem tanto. Quem pesquisa ou, por força de profissão e atividade, acompanha o estrago que a violência faz na psique coletiva sabe como o medo anda espalhado entre nós – crianças, jovens, adultos, idosos. Tenho lembrança que, na infância, tínhamos medo de escuro, de fantasma e de loucos - aqueles que, perdendo a razão, eram capazes de “judiar” ou matar alguém. (Não sou uma centenária, só gente que nasceu nos anos 50).

Pois é. Hoje as assombrações das crianças são sequestros, assaltos, bala perdida, tiros, facadas, tortura e assassinatos – dos pais, particularmente.  Mesmo que elas, felizmente, nunca tenham vivido ou assistido qualquer dessas situações.  É a era do medo. Reforçado 24 horas por dia pelo noticiário que, quase on-line, faz o mundo pequeno no bem e no mal. Há a tese de que a humanidade sempre foi violenta, mas só neste século temos acesso constante – e a quente – de tudo que acontece em cada canto do planeta. O que faz crescer a sensação de violência.

Explica, mas não justifica.  Verdade que, entre os humanos, somos os que não matam só para comer. Verdade também que matamos mais.  Matamos principalmente por intolerância às diferenças. Todas – sociais, religiosas, sexuais, raciais, todas essas juntas, ou nenhuma delas específica, mas algum sentimento difuso que reúne e transforma frustrações da vida em explosões de ódio.

Possuídas por elas matamos cada vez mais. E assim nos vingamos (?) por alguma diferença ou indiferença sentida ou pressentida, mal digerida. Boko Haran, EL, Al-Qaeda.  Guerras. Gangues. Milícias. Violência urbana. Armas de fogo. Armas brancas.

Não há lei ou prisão que resolva isso. A reforma (reumanização) possível tem que ser pelos sentimentos. Como? Adoraria saber.

Fonte: Blog do Noblat - Tania Fusco