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Cobra-se de Jair
Bolsonaro, o ex-capitão afastado do Exército por indisciplina e conduta
antiética, o que ele não tem para dar. [o Senhor Presidente da República Federativa do Brasil, JAIR BOLSONARO, eleito com quase 60.000.000 de votos, foi absolvido de todas as acusações contra ele assacadas, pelo SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR, instância máxima da Justiça Militar da União.] Por exemplo: compostura e
dignidade para o exercício do cargo de presidente da República,
moderação para saber lidar com conflitos e a capacidade de compreender
sentimentos e emoções dos outros.
Carente dessas e de
outras qualidades que podem fazer de uma pessoa um ser humano melhor,
Bolsonaro protagonizou, ontem, mais um episódio de vilania, estupidez e
brutalidade que chocou até mesmo seus aliados políticos, calando pelo
menos parte da manada de devotos que costuma defendê-lo nas redes
sociais.
Ao queixar-se do presidente
da Ordem dos Advogados do Brasil, Fernando Santa Cruz, que impediu a
Polícia Federal de ter acesso a dados confidenciais do advogado de
defesa de Adélio Bispo, o esfaqueador de Juiz de Fora, Bolsonaro feriu
um dos princípios do mundo civilizado de jamais se ofender a memória dos
mortos. [o Senhor presidente não ofendeu a memória dos mortos - ele pode até ter ofendido aos familiares do falecido Fernando Santa Cruz, devido o tom inadequado que utilizou para oferecer informações sobre a morte do citado;
mas, não ofendeu o morto - visto que apontou o fato do mesmo pertencer a uma organização terrorista,a AP, uma das mais sanguinárias organizações terroristas, não estendendo em nenhum momento tal classificação ao falecido;
Bolsonaro, lamentavelmente, não prima pela opção do uso de determinadas palavras. Pelo seu estilo, temperamento - com certeza, não por maldade - as vezes utiliza um vocabulário inadequado, sendo que muitas vezes determinadas palavras são pinçadas do contexto;
com certeza, o respeito aos mortos é prática comum a todos os cristãos - sendo o desrespeito considerado ofensa não só na esfera penal, quanto na religiosa.
Bolsonaro é um cristão - discordamos quando ele se declara católico, mas, sendo evangélico, em várias igrejas com denominações distintas, é um cristão.]
Primeiro porque os mortos
não podem se defender. Segundo porque sua descendência vive e não deve
ser ofendia. Terceiro porque isso é uma coisa que não se faz e ponto. As
religiões compartilham valores comuns como o perdão, a fé, a caridade e
a paz. Batizado nas águas do Rio Jordão, Bolsonaro não passa de um
religioso de araque. Que seja levado às barras
dos tribunais. A ninguém é dado revelar publicamente que sabe como um
crime foi cometido e não se oferecer para depor. Ou não ser chamado a
depor. [a Lei da Anistia, apagou todos os fatos que podiam ser considerados crimes na época em que ocorreram e com isso o presidente Bolsonaro ficou desobrigado de qualquer compromisso de contar o que sabe sobre qualquer fato que naquela época era crime.
A lei da anistia não aboliu o direito dos parentes dos que morreram naquela época tentarem saber o que ocorreu.
Mas, ao perdoar os criminosos, obviamente, perdoou eventuais testemunhas do fato, bem como terceiros que ouviram narrativas de testemunhas presenciais. ] Bolsonaro disse que sabe como o pai de Fernando Santa Cruz foi
morto depois de preso por militares no Rio quando tinha 28 anos de
idade.
A lei da anistia perdoou os
autores de crimes de sangue, e também os que torturaram ou foram
responsáveis pelo desaparecimento de corpos. Mas ela não aboliu o
esquecimento nem o direito de se procurar saber o que aconteceu, e como
aconteceu. É o que a família Santa Cruz tenta sem sucesso desde 1974. Diante do estupor provocado
pelo que disse, Bolsonaro sentiu-se forçado a dar explicações. Então fez
mais uma de suas aparições ao vivo no Facebook, desta vez na cadeira de
um cabeleireiro que aparava suas madeixas, para garantir que o pai de
Fernando Santa Cruz foi morto por seus companheiros de organização
política. [naquela época era comum a execução de integrantes de organizações terroristas, por seus próprios comparsas e muitas vezes por motivos banais.
Clique aqui e confira depoimento, em vídeo, de um terrorista que executou mais de dez companheiros.]
No passado, ao defender a
ditadura militar, seus assassinos e torturadores, Bolsonaro já havia
dito que o pai de Santa Cruz deveria ter morrido embriagado em uma rua
qualquer do Rio. Um documento secreto da Aeronáutica diz que ele foi
morto por militares. Seu corpo, segundo uma testemunha, acabou
incinerado. À época, Marcelo, um irmão
do morto, teve cassado o direito de estudar no Brasil. Rosalina, a irmã
mais velha, foi presa, torturada à base de choques elétricos e sofreu um
aborto provocado pela violência. Pontificava em São Paulo o coronel Brilhante Ustra, um dos mais cruéis torturadores da ditadura que
duraria 21 anos. Sim, trata-se do mesmo
coronel que Bolsonaro tanto faz questão de exaltar, autor de um livro
cuja leitura ele recomenda a amigos e companheiros de ideias.
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