"UM
GOVERNO NO LIMITE"
Nos corredores do poder em Brasília, no Congresso, no meio
empresarial, entre economistas, juristas e no establishment político – dos
senadores aos deputados, aliados e opositores - e mesmo entre membros do governo, ministros e assessores, de
forma crescente em toda a sociedade, não se fala em outra coisa: o afastamento da
presidente Dilma. O mais breve possível. Pelo bem geral da Nação.
O assunto é discutido abertamente e as manifestações nesse sentido
espocam por todos os lados, como um anseio que beira a unanimidade. Nem Temer,
nem Lula escondem mais a contrariedade com o rumo traçado e a criticam
publicamente. Como suportar outros três
anos nessa toada? Não dá mais. E, talvez, só Dilma não tenha percebido. Seu governo representa hoje a soma de todos os erros. Imobilizado, agoniza.
A mandatária
perde-se numa gestão temerária, confusa e hesitante, cercada por corrupção e mentiras, acuada pela inabilidade no Palácio do Planalto, acusada por pedaladas fiscais,
estelionato eleitoral e doações ilegais de campanha. Tomada
pela soberba e temperamento explosivo, peculiares a sua natureza, rejeita
críticas. Não admite nem remorsos. Ao contrário. A capacidade de a presidente gerar estragos parece não ter fim e
assim ela arrasta consigo o País inteiro para uma crise implacável e
extenuante. Sob a sua batuta constrói-se um cenário de iniquidade econômica,
social e política cujas proporções ainda são desconhecidas. Dilma teima em persistir nos equívocos, ignorando
consequências. Inviabiliza saídas. Ao que tudo indica, perdeu qualquer
condição de liderar no cargo a busca por soluções para os problemas nacionais
que aparecem em cascata. É bem verdade
que no seu mundo fantasioso nada disso existe. A crise é “transitória”, fruto de “dificuldades externas”. Há muito tempo Dilma desligou-se da
realidade.
Entrou em modo de
negação. Na semana
passada, diante do rebaixamento da nota de risco do Brasil – por culpa e obra de suas decisões – ela lançou mais uma pérola: “não temos um cenário de catástrofe”. A falta de credibilidade das
declarações que emite não ajuda a tranquilizar ninguém. Dilma agora se desmente quase diariamente. A cada proposta que
lança e contraria logo depois. Mandou às
favas o último bastião de campanha: os programas sociais, que foram de vez para a faca dos cortes
orçamentários. O “Minha Casa, Minha Vida”, as bolsas do “Ciência sem
Fronteiras”, as verbas da saúde, o Pronatec,
sem exceção, serão enxugados brutalmente.
E o pacote de
maldades não para por aí. A
ideia de aumentar impostos para uma população exaurida pelo desemprego e por uma carga fiscal que não se reverte em direitos sociais decentes é,
para dizer o mínimo, um desatino.
Vinda como proposição de uma mandatária
com índices quase zero de aprovação, beira a sandice. O presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, disse que o governo está “se
autodestruindo” ao fazer “mal aos
poucos”. O do Senado, Renan Calheiros, estabeleceu que o Estado é quem deve
oferecer daqui para frente a sua cota de sacrifício. A tradição de governos petistas de preservar
uma custosa máquina pública, repleta de cargos e recursos,
para atender simpatizantes minou as contas do Tesouro. E, mais
uma vez, o governo quer ir atrás dos contribuintes, revelando sua sanha
arrecadatória, para fechar o buraco que ele mesmo criou. Injustiça em larga
escala! Não há sinais claros de que ele vai frear a gastança com o
toma-lá-dá-cá. Pede sacrifícios a quem
já entregou tudo. E abandona à própria sorte eleitores que votaram no seu
programa partidário.
Por essas e outras, a
agenda do impeachment está definitivamente reaberta. No Parlamento, um bloco suprapartidário quer iniciar o processo já em
outubro. E poucos ali parecem se opor. O retrato
do isolamento de Dilma ficou explícito durante a parada de Sete de Setembro,
dias atrás, quando a presidente mandou
erguer uma barreira com placas de metal, tal qual um “muro da vergonha”, separando
palanque e populares que protestavam do lado de fora. Não ousou nem discursar, temendo vaias.
Afinal, ninguém mais parece querer ouvi-la.
Fonte: Editorial –
IstoÉ – Carlos José Marques