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quinta-feira, 12 de maio de 2016

Que saiba morrer o que viver não soube

Dilma faria um bem imenso ao país se renunciasse já ao mandato. 

Ela sabe que não há volta. De resto, o PT nada tem a dizer a não ser o sempre: “é golpe!”

Acabou!
Treze anos, quatro meses e 11 dias! Esse é quanto durou o PT no poder. É pouco? Não! Foi o partido que mais tempo ficou no comando da máquina federal desde a redemocratização do Brasil. Aliás, excetuando-se os regimes ditatoriais, foi a legenda mais duradoura do período republicano. Assim, meus caros, se vocês acham que o país tem algumas mazelas a reparar, convém indagar também a responsabilidade do PT.

Embora o afastamento, em princípio, seja temporário, é evidente que a presidente Dilma não volta ao Palácio do Planalto, salvo um cataclismo do governo Michel Temer, o que, parece-me, nem os petistas conseguirão provocar. A repulsa ao petismo é de tal sorte grande que, no raiar da manhã, ouviram-se rojões de comemoração.

Atenção! Na jornada desta quarta e quinta, bastavam, de fato, 22 votos para afastar a presidente. Por quê? O relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), recomendado a abertura do processo, precisava ser aprovado por maioria simples para que Dilma tivesse de deixar o Palácio por um período máximo de 180 dias. O que é a maioria simples? Metade mais um dos senadores presentes desde que garantido o quórum de metade mais um do total de parlamentares. Ou por outra: a votação só pode acontecer com 42 presentes, bastando, portanto, os 22 votos para afastar a mandatária.

Mas o que se viu foi casa cheia. Votaram 78 senadores: 55 a favor do afastamento, 22 contra e uma abstenção de praxe: a do presidente da Casa, Renan Calheiros. Atingiu-se, pois, já na fase da admissibilidade, a maioria qualificada para a aprovação do impeachment: são necessários 54 votos para a condenação.

Alguém poderia dizer: “Mas apenas um a mais? Se dois senadores retirarem o apoio, então não há impeachment?” Bem, a conta não é tão simples assim. Notem que esse é o placar que se tem antes de o futuro governo se estabelecer, quando algumas reticências ainda estão no ar. Parece improvável que os 55 de agora mudem de ideia. Daí ser a votação desta quarta e quinta, na prática, um julgamento antecipado.

Dilma gravou um pronunciamento à nação, que será divulgado nas redes sociais. Vai insistir na tese impossível do golpe — aquela mesmo que seduziu apenas os já convertidos. E que não tem como ser explicada por um critério mínimo de razoabilidade.  Tal conversa mole é juridicamente insustentável e politicamente absurda, uma vez que um presidente da República jamais será deposto se contar com o apoio da maioria da população e do Parlamento. No presidencialismo à brasileira, só cai quem perde as condições de governabilidade. E Dilma, por óbvio, as perdeu.

Assim, com um pouco de amor pelo país, a petista deveria, desde logo, renunciar ao mandato. Dilma não está numa prova de resistência; Dilma não está num desafio em que se testa a sua resiliência; Dilma não está numa competição consigo mesma para avaliar a sua disposição ao sofrimento.

Toda essa disposição subjetiva que buscaria evidenciar a têmpera única de seu caráter tem, a essa altura, uma vítima: o povo brasileiro. Ora, ela fará a narrativa do golpe de qualquer modo, não é? Melhor que o faça com o país livre de sua sombra. Quando, finalmente, for condenada pelo Senado, ela perderá o foro especial por prerrogativa de função. Poderia nos poupar a todos dessa pantomima lamentável.

É uma pena que não saiba morrer o que viver não soube.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo


 


sábado, 19 de março de 2016

"A hora de se retirar"

Não há um único brasileiro hoje minimamente informado que não esteja a se perguntar: em que País estamos? Onde foram parar as instituições? Um colossal conjunto de provas de bandidagem explícita veio a público. Áudios entre o ex-presidente Lula e a presidente Dilma dão claros sinais de tentativa de obstrução da justiça, em várias etapas e de maneira sistemática, no processo de investigação da Lava-Jato, como já vinham demonstrando testemunhos de inúmeros investigados na Operação. 

Por si só, tais atos já serviriam para o imediato impedimento da presidente em qualquer lugar do mundo civilizado. Os diálogos das gravações – especialmente entre o líder petista e a mandatária - são estarrecedores, repletos de achincalhe, ironias e agressões aos poderes constituídos. A grosseria extrema e os insultos em tom de deboche presentes nas conversas dessas autoridades traduzem de maneira cristalina e inequívoca a podridão por trás do poder na era petista e o tamanho da crise moral que se abateu sobre o País. 
 
O ex-presidente Lula – embolado numa posse seguida de destituição em tempo recorde da Casa Civil, na última semana - chega a tachar de “acovardado” o próprio Supremo Tribunal Federal. Diz o mesmo do Superior Tribunal de Justiça. Qualifica de “fodidos” os presidentes da Câmara e do Senado Federal e não poupa nem o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, a quem reclama uma dívida de gratidão e diz que ele teria “tomado no c.” se não o ajudasse. Fala esse festival de barbaridades diretamente à presidente da República. 
 
E avança ainda mais! Junto com ela trama um desavergonhado ardil para não ser preso. Dilma corre a lhe dar um papel de “termo de posse” como ministro para ele “usar em caso de necessidade”. A presidente age com pressa, quebrando o rito protocolar no qual esse documento é entregue e assinado por ambas às partes no dia da cerimônia. Após a divulgação do estratagema para safar o padrinho da cadeia, a própria presidente busca dar explicações que não se sustentam diante dos fatos. 
 
Além de adiantar a papelada a Lula, Dilma fez rodar uma edição extraordinária do Diário Oficial, formalizando a nomeação, e antecipou a posse. Lula havia escutado de um interlocutor que ele estava “condenado efetivamente” e que a alternativa era um ministério. No conjunto de diálogos grampeados, tanto quanto nas articulações e pressão para influir em vários escalões da justiça, o vício de fuga de foro foi amplamente caracterizado. E se o episódio não se trata de afronta criminosa, passível de condenação dos envolvidos, é grande o risco de a maioria dos brasileiros deixar de acreditar no primado das leis.
 
Ainda nos idos dos anos 80, o próprio Lula chegou a definir: “No Brasil, quando um pobre rouba, vai prá cadeia; quando um rico rouba, vira ministro”. Ele parece tentar cumprir a própria profecia. Típico de mentes desprovidas de qualquer senso de respeito aos demais é a ideia de que podem enganar a todos o tempo todo. Erro crasso! A atuação do governo e de aliados no caso assemelha-se à ação de gangsters. Tal qual uma quadrilha de mafiosos chegaram a tentar comprar o silêncio do delator Delcídio Amaral através do ministro Mercadante, tido como de maior confiança da chefe da Nação. 
 
A ética evaporou naquele ambiente! Transformaram o governo em um comitê de operações partidárias nada republicanas e procuraram ferir de morte o estado democrático de direito. Eles, sim, estão engolfando a lei com essas manobras que horrorizam a sociedade. O ministro Jaques Wagner, em um dos diálogos com o presidente do PT, Rui Falcão, chega ao limite do impensável de mandar a militância “sair na porrada!”, numa atitude de pura bandidagem. [e o primeiro alvo da 'porrada' seria a Polícia Federal, ja que a ordem do asno que dirige o PT era para a ação ser iniciada se a PF fosse prender o ex-quase ministro Lula.] Decerto a esplanada ministerial não pode se converter num covil de salafrários. 
 
Muito menos a Presidência da República deve se prestar ao papel de agenciadora de atos que deponham a favor da improbidade administrativa. E nesse tocante, no que se refere a atual mandatária, transbordam evidências de que ela incorreu diversas vezes na prática. Não se restringe mais apenas a um caso de caixa dois e maquiagem de contribuições em sua campanha eleitoral - por si só gravíssimo, passível de cassação no TSE – o problema que enfrenta e que tem sido reiteradamente demonstrado nos depoimentos e provas documentais já em mãos da polícia. 
 
Há de tudo! De interferências em investigações às pedaladas fiscais, culminando com o amparo imoral a acusados de lavagem de dinheiro e outros crimes, visando blindá-lo. Assim Dilma se colocou no centro do maior escândalo de corrupção da história nacional. E agora perde definitivamente as condições de governar. O amontoado de irregularidades, em atos e palavras, leva ao limite do insuportável a aceitação de sua continuidade no poder. Para agravar o quadro, somam-se ainda a sua incapacidade gerencial e a perda de sustentação política. 
 
Imprudente para dizer o mínimo! –, Dilma forneceu caudalosos fundamentos para o impeachment. O povo não a quer mais. Está claro! A dimensão oceânica das manifestações, que não param, deveria levá-la a um gesto de grandeza: renunciar ao cargo pela perda de representatividade. Retirando-se imediatamente, com uma abdicação minimamente honrosa, daria sua contribuição patriótica, deixando o Brasil seguir seu rumo de reconstrução. Ela, como todos ali, já deveriam ter entendido que chegou o fim! Basta! Do contrário, o resultado pessoal dessa chicana deixará marcas negativas para o resto da vida tanto dela, Dilma, como de seus apaniguados. 
 
Há de se registrar nesse espetáculo grotesco, a cena que selou a revolta nacional: a da presidente dando posse a Lula, cercada apenas pela claque oficial, com militantes sindicais selecionados para aplaudir à porta do Planalto, enquanto a população era barrada por policiais, numa distância estratégica. Ali esteve estampado o retrato da decadência. Dilma e seus poucos interlocutores estão agora sitiados no Planalto. Não podem sair às ruas sob pena de ouvirem os apupos. Hoje ela é um arremedo de mandatária que nada manda. Figura decorativa odiada pela sociedade. Restam-lhe os militantes fiéis à seita petista, turbinados por recursos partidários e aparato digno de gangues, que continuam a tumultuar o ambiente. Mas o processo é irreversível. 
 
Dilma precisa ser apeada do poder freando essa marcha de insensatez que, junto com Lula e o PT, vem trilhando em nome de uma insaciável sanha de controle da máquina e do dinheiro público, cujo desfecho pode ser a destruição completa do Estado. Há um clamor generalizado de socorro emitido pela sociedade e os poderes constituídos, especialmente Judiciário e Legislativo, devem atender de pronto. Parem, na letra da lei, o descalabro praticado no Executivo! Os rumos da Nação estão em xeque e é preciso urgentemente providências que não são outras que não o impeachment ou deposição da mandatária. 
 
Fonte: Carlos José Marques, diretor editorial - Isto É


 

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Afastamento da presidente é questão de dias – com ela nada será aprovado e a tendência é o temido ”pior do que ontem e melhor que amanhã”


"UM GOVERNO NO LIMITE"
Nos corredores do poder em Brasília, no Congresso, no meio empresarial, entre economistas, juristas e no establishment político dos senadores aos deputados, aliados e opositores - e mesmo entre membros do governo, ministros e assessores, de forma crescente em toda a sociedade, não se fala em outra coisa: o afastamento da presidente Dilma. O mais breve possível. Pelo bem geral da Nação. O assunto é discutido abertamente e as manifestações nesse sentido espocam por todos os lados, como um anseio que beira a unanimidade. Nem Temer, nem Lula escondem mais a contrariedade com o rumo traçado e a criticam publicamente. Como suportar outros três anos nessa toada? Não dá mais. E, talvez, só Dilma não tenha percebido. Seu governo representa hoje a soma de todos os erros. Imobilizado, agoniza.

A mandatária perde-se numa gestão temerária, confusa e hesitante, cercada por corrupção e mentiras, acuada pela inabilidade no Palácio do Planalto, acusada por pedaladas fiscais, estelionato eleitoral e doações ilegais de campanha. Tomada pela soberba e temperamento explosivo, peculiares a sua natureza, rejeita críticas. Não admite nem remorsos. Ao contrário. A capacidade de a presidente gerar estragos parece não ter fim e assim ela arrasta consigo o País inteiro para uma crise implacável e extenuante. Sob a sua batuta constrói-se um cenário de iniquidade econômica, social e política cujas proporções ainda são desconhecidas. Dilma teima em persistir nos equívocos, ignorando consequências. Inviabiliza saídas. Ao que tudo indica, perdeu qualquer condição de liderar no cargo a busca por soluções para os problemas nacionais que aparecem em cascata. É bem verdade que no seu mundo fantasioso nada disso existe. A crise é “transitória”, fruto de “dificuldades externas”. Há muito tempo Dilma desligou-se da realidade.

Entrou em modo de negação. Na semana passada, diante do rebaixamento da nota de risco do Brasil – por culpa e obra de suas decisõesela lançou mais uma pérola: “não temos um cenário de catástrofe”. A falta de credibilidade das declarações que emite não ajuda a tranquilizar ninguém. Dilma agora se desmente quase diariamente. A cada proposta que lança e contraria logo depois. Mandou às favas o último bastião de campanha: os programas sociais, que foram de vez para a faca dos cortes orçamentários. O Minha Casa, Minha Vida”, as bolsas do Ciência sem Fronteiras”, as verbas da saúde, o Pronatec, sem exceção, serão enxugados brutalmente. E o pacote de maldades não para por aí. A ideia de aumentar impostos para uma população exaurida pelo desemprego e por uma carga fiscal que não se reverte em direitos sociais decentes é, para dizer o mínimo, um desatino.

Vinda como proposição de uma mandatária com índices quase zero de aprovação, beira a sandice. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, disse que o governo está “se autodestruindo” ao fazer “mal aos poucos”. O do Senado, Renan Calheiros, estabeleceu que o Estado é quem deve oferecer daqui para frente a sua cota de sacrifício. A tradição de governos petistas de preservar uma custosa máquina pública, repleta de cargos e recursos, para atender simpatizantes minou as contas do Tesouro. E, mais uma vez, o governo quer ir atrás dos contribuintes, revelando sua sanha arrecadatória, para fechar o buraco que ele mesmo criou. Injustiça em larga escala! Não há sinais claros de que ele vai frear a gastança com o toma-lá-dá-cá. Pede sacrifícios a quem já entregou tudo. E abandona à própria sorte eleitores que votaram no seu programa partidário.

Por essas e outras, a agenda do impeachment está definitivamente reaberta. No Parlamento, um bloco suprapartidário quer iniciar o processo já em outubro. E poucos ali parecem se opor. O retrato do isolamento de Dilma ficou explícito durante a parada de Sete de Setembro, dias atrás, quando a presidente mandou erguer uma barreira com placas de metal, tal qual um “muro da vergonha”, separando palanque e populares que protestavam do lado de fora. Não ousou nem discursar, temendo vaias. Afinal, ninguém mais parece querer ouvi-la

Fonte: Editorial – IstoÉ – Carlos José Marques


terça-feira, 4 de agosto de 2015

Desta vez, Lula não tem pra onde correr. Ou ainda: Acabou, Dilma! Ou ela liberta o país, ou o país dela se liberta. Na lei e na ordem!

Se não houver uma alteração de última hora, o programa político do PT vai ao ar depois de amanhã, dia 6, com a presidente Dilma e o partido estreitando-se, como na poesia, num abraço insano, em horário nobre. O país deve ouvir, então, o maior panelaço-apitaço da história, numa espécie de avant-première dos protestos do dia 16 de agosto. Se o governo achava que, com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) contra as cordas, teria alguma folga, então é porque ignora a dinâmica da realidade.

A prisão de José Dirceu, agora pela atuação no escândalo do petrolão, faz a crise atingir um novo patamar e, mais uma vez, a exemplo do mensalão, bate à porta de Lula. Nem tanto porque os dois fossem íntimos — o que, a bem da verdade, nunca foram —, mas porque ambos sempre ocuparam posições de mando, formais ou informais, na organização que lhes garante o poder: o PT.

E há mais estragos à vista. Marlus Arns, o novo advogado constituído por Renato Duque, homem do partido na Petrobras, negocia os termos de sua delação premiada. Seus outros defensores, por discordarem do procedimento, abandonaram a causa. Tido habitualmente como homem de Dirceu na Petrobras, é evidente que todos reconhecem nessa qualificação de Duque só um modo de dizer. Dirceu não dispunha um exército privado na legenda. Os “seus homens” eram os “homens do PT”. Ainda que possa ter usado as posições de mando ou de influência para obter benefícios pessoais, todos reconheciam nele uma personagem a serviço de uma causa.

E essa “causa”, obviamente, tinha um chefe: Luiz Inácio Lula da Silva. Imaginar que ele passará incólume também por essa avalanche desafia o bom senso. A fala de Roberto Podval, defensor de Dirceu, segundo quem seu cliente é um “bode expiatório”, pode traduzir um sentido muito específico, intencional ou não: o ex-ministro não deixa de ser oferecido como uma espécie de elemento ritual que purga todas as culpas do PT, inclusive as que não são suas (do próprio Dirceu) — ou, vá lá, não são exclusivamente suas. O ex-ministro não era o dono de um partido dentro do partido. Quem acredita nisso? Li em algum lugar que o juiz Sergio Moro estaria espantado com a abrangência do esquema criminoso. Quem conhece a forma com se organizou o PT e os seus valores não está, de modo nenhum, espantado. Já a ousadia e o desassombro, ancorados na certeza da impunidade, isso, sim, chama a atenção. Os dados da investigação que vêm à luz indicam que o processo do mensalão, embora ocupasse o noticiário com força avassaladora, não intimidou de nenhum modo a turma. Ao contrário: parece ter lhe excitado a imaginação para descobrir caminhos novos para a falcatrua.

É evidente que a coisa toda assume uma perspectiva que chega a ser apavorante. A promiscuidade entre políticos, empreiteiros, lobistas e toda sorte de intermediários passou por uma devassa na Petrobras e talvez seja esmiuçada na Eletrobras, mas cabe a pergunta óbvia: há alguma razão objetiva para que as coisas tenham se dado de maneira diversa nas demais áreas do governo? A resposta é, obviamente, negativa. Se as personagens eram as mesmas, se os mesmos eram os métodos, e se também não variava a forma de ocupação dos cargos públicos, por que haveria de ser diferente?

O PT constituiu um estado dentro do estado. O PT criou um governo dentro do governo. O PT governou um outro Brasil dentro do Brasil. O PT expropriou a população dos bens do seu país. O PT usou a democracia para tentar solapá-la.

Nada escapou do governo paralelo. Milton Pascowitch, por exemplo, que fez delação premiada, afirmou à Justiça ter entregado na sede do PT, em São Paulo, R$ 10,532 milhões de propina em dinheiro vivo. Desse total, R$ 10 milhões seriam relativos a um contrato da Engevix com a Petrobras para construir cascos de oito plataformas do pré-sal. Os outros R$ 532 mil seriam parte da propina em razão do contrato da empreiteira com o governo para as obras de Belo Monte.

Vejam que coisa: pré-sal, Belo Monte, refinarias da Petrobras… Eram os projetos nos quais se ancorava o discurso ufanista do lulo-petismo, que sempre teve, sabemos, uma gerentona, que acabou sendo vendida ao distinto púbico como a mãe dos brasileiros, a “Dilmãe”, não é assim?

Os que imaginam que Dilma pode ficar por aí — como Marina Silva, por exemplo — vão indagar onde está a digital da presidente ordenando esta ou aquela falcatruas ou, ao menos, condescendendo com elas. Se Dilma ocupasse só uma função técnica no governo, talvez a gente pudesse se contentar com o escopo apenas penal de sua atuação. 

Mas ela é uma liderança política. Ocupa a Presidência da República e é, queira ou não, produto dessa máquina corrupta que tomou conta do estado. Eleita e reeleita, foi sua beneficiária direta, uma vez que a estrutura criminosa financiava também o processo eleitoral.

Se Lula não tem para onde correr, Dilma tampouco tem onde se refugiar. Ocorre que, no momento, o país é, em parte, refém das prerrogativas que detém a mandatária. Por isso mesmo, ela tem de libertar o Brasil, ou o Brasil tem de se libertar dela.

Presidente,  é preciso saber reconhecer o momento: acabou!