À medida que a disputa política
fica mais acirrada, com PT e
PSDB buscando espaços para se firmarem como polos que se contrapõem, abre-se um caminho para uma terceira via que tanto pode ser de
uma direita que começa a se organizar,
quanto de esquerda, representada pela Rede de
Marina Silva ou por dissidências mais radicais.
O surgimento de potenciais
candidaturas "de direita", como a do senador Ronaldo Caiado do DEM de
Goiás, ou de direita
radical como o deputado Jair Bolsonaro, retiram do PSDB a pecha de "direitista" que o PT há anos tenta pespegar nos tucanos.
Candidaturas radicais
de esquerda, como do Psol por exemplo, também tendem a colocar o PT mais para o centro, cujo eleitorado
também será disputado pela Rede de Marina. Não surgiu ainda no horizonte
político nenhuma terceira via sem filiação partidária, mas o ex-ministro do
Supremo Joaquim Barbosa permanece como uma alternativa que agrada parte do
eleitorado em busca de uma solução nova para a disputa entre PT e PSDB.
Apontar
o juiz Sérgio Moro como aspirante à Presidência é apenas uma manobra rasa dos que querem inviabilizar seu trabalho. A verdadeira comoção que ele
provoca ao aparecer em público, assim como os aplausos que a presença de
Barbosa continua a estimular, mostram que há um público ávido por novas
figuras, não comprometidas com o jogo político atualmente em disputa.
PT e PSDB, no entanto, continuam sendo os catalizadores da maioria do eleitorado brasileiro, e no momento a oposição, não apenas o PSDB, parece dominar o sentimento generalizado, levando a crer que o ciclo petista tende a terminar, se não antes do fim do mandato de Dilma, na eleição de 2018.
O próprio Lula já tem admitido,
segundo relatos, que não tem condições de ser candidato à sucessão de Dilma
caso seu governo não se recupere, e nada indica que isso vá acontecer a tempo de
dar condições de disputa a um candidato petista, mesmo que ele seja um Lula já
em franco desgaste.
As diversificadas e permanentes
revelações sobre a atuação governista no escândalo do petrolão, se não provocarem um processo de impeachment de
Dilma, necessariamente manterão um clima político contrário à pretensão do PT de permanecer 20 anos ou
mais no poder.
O programa do PSDB de terça-feira foi dos mais violentos já feitos pela oposição ao PT, e não é à toa que a direção petista anunciou que irá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra o que classificou de "campanha suja, odiosa e reacionária dos tucanos e seus sequazes".
Não vai dar em nada, pois a
democracia pressupõe que os adversários se debatam em campo aberto. O PT não está acostumado a sofrer esse tipo de
ataque, só a desferi-lo, quando esteve fora do poder central. O
ataque petista virá na mesma dimensão, pelo que anuncia a nota oficial do
partido, que acusa o PSDB de diversos "malfeitos
e ilicitudes".
Ambos os
partidos tratam as denúncias como motivadas por disputas políticas apenas, mas
o desgaste é inevitável. O perigo é que fique no eleitorado a ideia de que os
dois têm razão. A agressividade [???] com que o PSDB vem atuando na
oposição, e mais
sua disposição de votar contra as medidas propostas pelo governo Dilma para o
ajuste fiscal, mesmo quando algumas delas, como o fator previdenciário, eram
defendidas pelo partido até pouco tempo atrás, está
trazendo desconforto para eleitores tradicionais dos tucanos, que não se
reconhecem mais no radicalismo assumido. [são
esses eleitores covardes que querem ser oposição sem sair da situação que
desmoralizam o PSDB. Precisamos de um partido forte, decidido e que parta para
o confronto com a intensidade necessária.]
Outros, ao contrário, exigem
posições mais firmes, como o apoio oficial a um eventual impeachment da
presidente Dilma, ainda
que sem provas que o sustentem. A tendência é que o embate entre as duas forças
que polarizam a política brasileira há mais de 20 anos continue se adensando à
medida que as investigações dos escândalos, e as crises políticas e econômicas,
tendem a aumentar. O caminho para uma
terceira via está aberto, e até o PMDB começa a se enveredar por ele. [a terceira via tem que ser ocupada para o Bem do Brasil pelo atual
deputado JAIR BOLSONARO.]
Fonte: Merval Pereira – O Globo