O
governo demorou para encontrar o caminho da reação, mas o trabalho que realiza contra
a Operação Lava Jato é hoje visível: corte de verbas da Polícia Federal,
intensa mobilização de jornalistas aliados, especialmente nas redes virtuais, mas não exclusivamente nela, contra delegados, promotores e o juiz Sérgio Moro (só
no dia 7, esta coluna recebeu, de apenas um dos profissionais engajados, quatro ataques pesados ao juiz e à PF ─ num deles,
fala-se em “quadrilha Moro”), tentativas de
vitimizar os inocentes pixulequeiros presos em Curitiba.
Diante do
risco de abafamento das investigações, há quem diga que documentação sobre o escândalo
acabou em mãos dos equivalentes americanos à PF e ao Ministério Público. As investigações dos EUA
tocam em dois temas: primeiro, o envolvimento de cidadãos, sistema
financeiro e empresas dos EUA no Petrolão (lá é crime);
segundo, o processo que investidores em títulos da Petrobras na Bolsa de
Nova York movem contra a empresa, pedindo reposição das
perdas que tiveram com a redução dos lucros causada pela pixulecagem
e a consequente diminuição do valor dos papeis em seu poder. É coisa grande, de
algumas dezenas de bilhões de dólares. Até um acordo giraria em torno de
cifras monumentais.
É
o xeque-mate na tentativa de abafar as investigações: lá não há como
bloqueá-las. Como
provou o caso Marin, se houve
uso de empresas americanas nas manobras, eles investigam e divulgam tudo. E,
como no caso das Mãos Limpas, na Itália, o farol que orienta Moro, se a justiça
for feita sua missão está cumprida.
Esquentando
Não
esqueça: Lula depôs cinco horas na Polícia Federal. Quem diria que isso poderia acontecer? A Polícia
Federal encontrou no celular de Léo Pinheiro, chefão da empreiteira OAS, troca
de mensagens com Jaques Wagner, hoje chefe da Casa Civil, sobre liberação de
pagamentos no Ministério dos Transportes. O Supremo autorizou a quebra dos
sigilos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de sua esposa e de sua filha.
Se
alguém acha que a guerra política foi arquivada, ou amenizada, depois que o
Supremo dificultou o impeachment, está enganado.
Eduardo
Cunha, o equilibrista
Pesquisa
do Instituto Paraná em São Paulo apurou que Eduardo Cunha (PMDB ─ Rio) não tem
a confiança de 81,9% dos eleitores para comandar, moral e legalmente, o
impeachment (que, aliás, é defendido por ampla maioria).
[ressalve-se que os eleitores que formam o
fantástico percentual de 89,1%, são totalmente desorientados, sem noção – o que
os habilita a serem eleitores de Lula.
São tão obtusos que
dizem que o Cunha não tem competência para comandar o impeachment;
Não sabem que o
impeachment, será conduzido pelo Senado da República, presidido = comandado
= em todos os procedimentos relativos ao processo de impedimento pelo
presidente do STF.
O deputado Eduardo
Cunha apenas e tão somente acatou o pedido de impeachment, dando o
encaminhamento devido – isso, nem na terra do estrupício cuja mãe nasceu
analfabeta pode ser considerado exercer comando.]
- E, para 74%, Cunha deveria ter o mandato cassado. [existem denúncias contra Cunha que serão
investigadas e se forem verdadeiras, forem fatos que constituam crimes,
poderão motivas a cassação, até mesmo prisão, do presidente da Câmara.]
Sem apoio
do eleitor, como Cunha sobrevive? Sobrevive porque, tendo sempre atendido aos mais
extravagantes pedidos de seus colegas parlamentares, por mais caros que fossem,
recebe ainda sua solidariedade. Em Brasília, uma mão lava a outra, e ambas
lavam o Cunha. [o apoio do eleitor ou rejeição não
tem nenhuma influência sobre o destino de Cunha, que só será candidato – caso
não tenha sido cassado e perdido os direitos políticos – em 2018].
O caso de Dilma, por envolver
impeachment, julgamento político, está sujeito à vontade popular – as
manifestações que certamente ocorrerão vão mostrar aos deputados e senadores
que Dilma é culpada e deve ser excluída da vida pública. As mesmas
manifestações retirarão dos senadores qualquer vontade de aliviar para Dilma.
Quanto ao caso do Cunha, sendo as
denúncias apresentadas contra ele aceitas pelo Supremo e indo a julgamento
naquela Corte, haverá um julgamento técnico, totalmente imune as pressões
populares.]
Schahin,
a defesa
O Grupo
Schahin, a respeito da saída do país dos navios NS Cerrado e NS Sertão, declara: “Com o objetivo de
impedir a transferência de posse das embarcações para os credores, a Schahin
atuou junto à 4ª e à 35ª Varas Cíveis de São Paulo, à 3ª Vara Cível de Macaé
(RJ), à 2ª Vara de Falências e Recuperação Judicial da capital paulista e à 5ª
Vara Federal de Execuções Fiscais de São Paulo, bem como perante os Tribunais
de Justiça de São Paulo e do Rio de Janeiro, além da Receita Federal e Marinha,
para reter os navios no Brasil. Por ordem do juiz Rodrigo César Fernandes
Marinho, de Macaé, contudo, as embarcações foram transferidas para os credores
que, como já se sabia, as levariam para o exterior. Registre-se que, ao resistir
a dar cumprimento à ordem do juiz de Macaé, por orientação da Schahin, o
comandante do navio NS Cerrado foi ameaçado de prisão. A empresa ser agora
acusada de ter contribuído para a fuga dos navios, que levaram a bordo
equipamentos e ferramentas da Schahin, bem como contêineres pertencentes a
fornecedores de alimentos para os trabalhadores, é intolerável. O Grupo Schahin
informa que entregou essas informações, nesta quinta-feira, 7, à Força Tarefa
da Operação Lava Jato. O ofício desmente notícias que reproduzem acusações
atribuídas ao auditor fiscal Roberto Leonel de Oliveira Lima, da Receita
Federal. O grupo oficiará à Receita sobre tais declarações à imprensa, que
geraram grande prejuízos de imagem no mercado financeiro”.
Prefeitos,
os bons e os maus
Outra
pesquisa do Instituto Paraná, sobre prefeitos de 13 capitais, divulgada por VEJA
o
melhor é ACM Neto (DEM), Salvador, com 84,7% de aprovação. O segundo é Rui Palmeira
(PSDB), Maceió, com aprovação de 64,4%.
Os
dois piores são do PT: Paulo Garcia, Goiânia, 73,7% de rejeição, e Fernando Haddad, São Paulo,
com rejeição de 69,8%.
A
festa continua
A
monarquia brasileira balançava, e a Corte promoveu um grande baile na Ilha
Fiscal, no Rio,
em homenagem à tripulação do navio chileno Almirante Cochrane. Custou 10% do
orçamento anual do Rio de Janeiro. Seis dias depois, o imperador foi
deposto.
A
história se repete: o Rio está sem dinheiro para atender a seus doentes, faltam
remédios básicos nos hospitais, mas o
Palácio Laranjeiras, que não é nem onde mora o governador nem onde trabalha,
está sendo reformado para que Sua Excelência possa praticar natação. Orçamento:
R$ 2,3 milhões.
Fonte: Coluna de Carlos Brickmann - http://www.brickmann.com.br/