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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Lula já era! Em breve, ele não presta mais nem para fazer ameaças

Neste domingo, a Folha trouxe uma pesquisa Datafolha que revela a opinião dos brasileiros a respeito. 

Entre os ouvidos, 62% acham que as empreiteiras beneficiaram Lula no caso do apartamento (58% acreditam ter sido uma relação de troca) e 57% no do sítio (para 55%, com troca de favores). 

Nos dois casos, só 13% acreditam que Lula não foi beneficiado pelas empresas

Lula, como se viu na festa do aniversário do PT, está nervoso. Está querendo puxar briga. Já escrevi aqui e falei em muitos outros lugares: uma das condenações com que o Poderoso Chefão não contava já aconteceu: a do povo. Caiu o mito. Não tem retorno. Ele ainda pode vir a se enroscar, sim, na esfera criminal. Mas a primeira parte da prestação de contas já está em curso.

Por generosidade da Operação Lava Jato — e põe generosidade nisto! —, Lula não é investigado em inquérito nem em casos em que seu nome está no centro de delações. Vejam o exemplo do empréstimo do grupo Schahin ao PT. Entender, no entanto, as tramoias do petrolão é coisa difícil. Mas todo mundo entendeu a história do tríplex. Todo mundo entendeu a história do sítio. Quanto mais Lula explica, mais ele se afasta do universo daqueles que confiavam nele. Ou alguém acha razoável que um ex-sindicalista como Jacó Bittar dê a Lula, de presente, um sítio, que será, depois, repaginado por empreiteiras?

Esse não é o universo do povo pobre, do qual Lula se queria e se dizia representante. E, em certa medida, chegou a ser mesmo. Mas é claro que a coisa foge ao razoável.

Neste domingo, a Folha trouxe uma pesquisa Datafolha que revela a opinião dos brasileiros a respeito. Entre os ouvidos, 62% acham que as empreiteiras beneficiaram Lula no caso do apartamento (58% acreditam ter sido uma relação de troca) e 57% no do sítio (para 55%, com troca de favores). Nos dois casos, só 13% acreditam que Lula não foi beneficiado pelas empresas.
O povo julgou e condenou Lula. Por ampla maioria.

Sim, 37% ainda dizem que ele foi o melhor presidente, seguido por FHC, com 15%. Getúlio Vargas, com 6% e JK, com 5%. Mas isso não quer dizer grande coisa. O governo tucano acabou há mais de 14 anos. Essa distância distorce tudo. Nem dá muito para os petistas se animarem, já que o de Dilma lidera como o governo mais corrupto da história (34%), seguido justamente pelo de Lula, que empata com Collor em 20%. O de FHC obteve apenas 7% nesse quesito.

A evidência de que o mito Lula se esfarelou se revela numa outra medição, que aponta as pessoas mais confiáveis do Brasil. Joaquim Barbosa obteve a melhor nota: 5,8, seguido por Marina Silva (Rede), com 5,3 — acima de Sergio Moro, Aécio Neves e FHC, que empatam em 4,7. O senador José Serra (PSDB-SP) tem 4,6. E só então aparece Lula, com 4,5, mesmo número de Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo. Michel Temer obteve 3,1, e Dilma, 3. Os presidentes do Senado e da Câmara não aparecem bem: 2,7 e 2,3, respectivamente. Notem: acima de Lula, há três tucanos; o juiz Moro, que os petistas odeiam; Joaquim Barbosa, também uma besta-fera para a companheirada, e Marina Silva, que tenta roubar o eleitorado de esquerda do PT.

É evidente que os números são especialmente perversos para Lula e Dilma porque o conhecimento que tem a população dos ilustres petistas é muito maior. Fica difícil você dizer que confia em quem não conhece, mas é muito fácil afirmar que não confia em quem conhece muito bem. E a gente conhece Lula e Dilma o suficiente para não confiar neles. Lula já era. Em breve, ele não serve nem mais fazer ameaças.

 Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Lula vai depor a Moro. Em vídeo. E como testemunha!

Surrealismo explícito: Lula vai depor pela primeira vez a Moro. Em vídeo. E como testemunha! Pode gargalhar!

Para espanto de todos, Lula não é um investigado nesse inquérito: há duas delações que o põem na cena do crime; há o seu amigão, que admite o papel de laranja — com que propósito? —, e há um dos donos do grupo Schahin admitindo a negociata. Como explicar que Lula não seja um investigado nesse caso? Bem, não tem explicação nenhuma

Luiz Inácio Lula da Silva vai ficar pela primeira vez cara a cara com Sergio Moro. Quer dizer: quase! Vai falar por videoconferência. O ex-presidente deporá no dia 14 de março como testemunha de defesa de José Carlos Bumlai, o pecuarista que é seu amigão, no inquérito que investiga um empréstimo feito pelo grupo Schahin ao PT.

Onde está o escárnio? Ser Lula mera testemunha nesse inquérito, não um investigado, é um assombro e uma afronta ao bom senso. Por muito menos, o Ministério Público Federal já fez muito mais. Vamos lembrar.  Em 2004, Bumlai serviu de laranja do PT e assumiu como seu um empréstimo de R$ 12 milhões feito ao partido pelo braço financeiro do grupo Schahin. O pecuarista já confessou o seu papel. Disse que o dinheiro foi enviado ao PT de Santo André, por intermédio do grupo Bertin.


Bumlai, inicialmente, mentiu que pagara a dívida com embriões e esperma de boi. Diante do ridículo da coisa, recuou. Até porque a versão foi desmoralizada por um dos sócios do grupo: Salim Schahin deixou claro que o empréstimo foi feito ao PT e que nunca foi pago.  Então a empresa morreu com o prejuízo? Não! Em 2009, a dívida do partido já estava em R$ 60 milhões. E como foi saldada? Ora, o próprio Salim foi claro a mais não poder: o braço de infraestrutura do grupo fechou um acordo para operar o navio-sonda da Petrobras Vitória 10.000 entre 2010 e 2020. Valor do contrato: US$ 1,6 bilhão — sim, de dólares mesmo. Cobrar dívida pra quê? Aqueles R$ 60 milhões foram perdoados. Ou por outra: foram pagos pela Petrobras.

Agora o busílis
Em sua delação premiada, Fernando Baiano relatou precisamente essa transação e afirmou que Lula participou da negociação. Só Baiano? Não! Nestor Cerveró, igualmente num processo de colaboração negociado com o Ministério Público, disse a mesma coisa: o então presidente da República participara ativamente da negociação.

Cerveró, aliás, foi adiante: garantiu que só conseguiu um cargo de diretor na BR Distribuidora, depois de ter deixado a Petrobras, por interferência de Lula, uma vez que havia ajudado a viabilizar o acordo do navio-sonda. Era gratidão. A mão suja que lava a outra. Em seu depoimento, Baiano assegurou que Bumlai lhe relatara que o então presidente havia mesmo arrumado a boquinha para Cerveró e que isso era parte da operação que incluía empréstimo e navio-sonda.

E, no entanto, para espanto de todos, Lula não é um investigado nesse inquérito: há duas delações que o põem na cena do crime; há o seu amigão, que admite o papel de laranja — com que propósito? —, e há um dos donos do grupo Schahin admitindo a negociata.
Como explicar que Lula não seja um investigado nesse caso? Bem, não tem explicação nenhuma.

A defesa Afirmou a defesa de Bumlai em documento enviado a Moro: “A proximidade entre Bumlai e Lula sempre foi muito explorada pelos que, maliciosamente, viam nela a oportunidade de encontrar malfeitos que pudessem ser atribuídos ao segundo, seja durante, seja depois de seus dois mandatos. Nesse período, não foram poucas as insinuações e por vezes até imputações de que o defendente seria um intermediário de negócios escusos de interesse do ex-Chefe do Executivo.”

Ok. O papel da defesa é defender, né? Mas não custa evitar o exagero. Por acaso estamos sendo convidados a acreditar que Bumlai assumiu como seu um empréstimo de R$ 12 milhões só porque é um contumaz admirador das ideias do petismo, é isso?

A defesa de Bumlai resolveu recorrer à ironia: “Na verdade, o crime [de Bumlai] é ser amigo de Lula e, pasme, Juiz, existe até fotografia de ambos numa festa junina, tornando irretorquível a consumação do delito do artigo 362 do Código Penal. Sua ameaça à ordem pública consiste em seu potencial de, no crescendo da indignação, delatar o ex-Presidente de alguma forma. Esta é a essência deste processo.”

Vamos explicar. O Código Penal tem 361 artigos. A defesa de Bumlai está dizendo que se inventou um crime para poder manter preso o seu cliente. E também acusa, de forma oblíqua, a Operação Lava Jato de submeter o pecuarista à prisão para forçá-lo a denunciar Lula.

De novo: papel da defesa é defender. O chato dessa versão é que, lembre-se outra vez,três delações que põem Bumlai como personagem ativa de uma tramoia: Baiano, Cerveró e Salim Schahin, que emprestou o dinheiro e foi beneficiário do contrato do navio-sonda. Sem contar a insistência pretérita de Bumlai em assumir como seu um empréstimo quem nem sequer foi pago.

Amigos costumam fazer favores, e ninguém tem nada com isso. Se, no entanto, nesse fazer, há crime, a coisa deixa de ser um assunto privado, e os 361 artigos do Código Penal podem se interessar pela pessoa.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo

 

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

“Ação, Reação, Xeque-mate” e outras cinco notas de Carlos Brickmann



O governo demorou para encontrar o caminho da reação, mas o trabalho que realiza contra a Operação Lava Jato é hoje visível: corte de verbas da Polícia Federal, intensa mobilização de jornalistas aliados, especialmente nas redes virtuais, mas não exclusivamente nela, contra delegados, promotores e o juiz Sérgio Moro (só no dia 7, esta coluna recebeu, de apenas um dos profissionais engajados, quatro ataques pesados ao juiz e à PF ─ num deles, fala-se em “quadrilha Moro”), tentativas de vitimizar os inocentes pixulequeiros presos em Curitiba.

Diante do risco de abafamento das investigações, há quem diga que documentação sobre o escândalo acabou em mãos dos equivalentes americanos à PF e ao Ministério Público. As investigações dos EUA tocam em dois temas: primeiro, o envolvimento de cidadãos, sistema financeiro e empresas dos EUA no Petrolão (lá é crime); segundo, o processo que investidores em títulos da Petrobras na Bolsa de Nova York movem contra a empresa, pedindo reposição das perdas que tiveram com a redução dos lucros causada pela pixulecagem e a consequente diminuição do valor dos papeis em seu poder. É coisa grande, de algumas dezenas de bilhões de dólares. Até um acordo giraria em torno de cifras monumentais.

É o xeque-mate na tentativa de abafar as investigações: lá não há como bloqueá-las. Como provou o caso Marin, se houve uso de empresas americanas nas manobras, eles investigam e divulgam tudo. E, como no caso das Mãos Limpas, na Itália, o farol que orienta Moro, se a justiça for feita sua missão está cumprida.

Esquentando
Não esqueça: Lula depôs cinco horas na Polícia Federal. Quem diria que isso poderia acontecer? A Polícia Federal encontrou no celular de Léo Pinheiro, chefão da empreiteira OAS, troca de mensagens com Jaques Wagner, hoje chefe da Casa Civil, sobre liberação de pagamentos no Ministério dos Transportes. O Supremo autorizou a quebra dos sigilos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de sua esposa e de sua filha.
Se alguém acha que a guerra política foi arquivada, ou amenizada, depois que o Supremo dificultou o impeachment, está enganado.

Eduardo Cunha, o equilibrista
Pesquisa do Instituto Paraná em São Paulo apurou que Eduardo Cunha (PMDB ─ Rio) não tem a confiança de 81,9% dos eleitores para comandar, moral e legalmente, o impeachment (que, aliás, é defendido por ampla maioria).  
[ressalve-se que os eleitores que formam o fantástico percentual de 89,1%, são totalmente desorientados, sem noção – o que os habilita a serem eleitores de Lula.  
São tão obtusos que dizem que o Cunha não tem competência para comandar o impeachment;
Não sabem que o impeachment, será conduzido pelo Senado da República,  presidido = comandado = em todos os procedimentos relativos ao processo de impedimento pelo presidente do STF.
O deputado Eduardo Cunha apenas e tão somente acatou o pedido de impeachment, dando o encaminhamento devido – isso, nem na terra do estrupício cuja mãe nasceu analfabeta pode ser considerado exercer comando.]  

- E, para 74%, Cunha deveria ter o mandato cassado. [existem denúncias contra Cunha que serão investigadas e se forem  verdadeiras, forem fatos que constituam crimes, poderão motivas a cassação, até mesmo prisão, do presidente da Câmara.]

Sem apoio do eleitor, como Cunha sobrevive? Sobrevive porque, tendo sempre atendido aos mais extravagantes pedidos de seus colegas parlamentares, por mais caros que fossem, recebe ainda sua solidariedade. Em Brasília, uma mão lava a outra, e ambas lavam o Cunha. [o apoio do eleitor ou rejeição não tem nenhuma influência sobre o destino de Cunha, que só será candidato – caso não tenha sido cassado e perdido os direitos políticos – em 2018].
O caso de Dilma, por envolver impeachment,  julgamento político, está sujeito à vontade popular – as manifestações que certamente ocorrerão vão mostrar aos deputados e senadores que Dilma é culpada e deve ser excluída da vida pública. As mesmas manifestações retirarão dos senadores qualquer vontade de aliviar para Dilma.
Quanto ao caso do Cunha, sendo as denúncias apresentadas contra ele aceitas pelo Supremo e indo a julgamento naquela Corte, haverá um julgamento técnico, totalmente  imune as pressões populares.]

Schahin, a defesa
O Grupo Schahin, a respeito da saída do país dos navios NS Cerrado e NS Sertão, declara: “Com o objetivo de impedir a transferência de posse das embarcações para os credores, a Schahin atuou junto à 4ª e à 35ª Varas Cíveis de São Paulo, à 3ª Vara Cível de Macaé (RJ), à 2ª Vara de Falências e Recuperação Judicial da capital paulista e à 5ª Vara Federal de Execuções Fiscais de São Paulo, bem como perante os Tribunais de Justiça de São Paulo e do Rio de Janeiro, além da Receita Federal e Marinha, para reter os navios no Brasil. Por ordem do juiz Rodrigo César Fernandes Marinho, de Macaé, contudo, as embarcações foram transferidas para os credores que, como já se sabia, as levariam para o exterior. Registre-se que, ao resistir a dar cumprimento à ordem do juiz de Macaé, por orientação da Schahin, o comandante do navio NS Cerrado foi ameaçado de prisão. A empresa ser agora acusada de ter contribuído para a fuga dos navios, que levaram a bordo equipamentos e ferramentas da Schahin, bem como contêineres pertencentes a fornecedores de alimentos para os trabalhadores, é intolerável. O Grupo Schahin informa que entregou essas informações, nesta quinta-feira, 7, à Força Tarefa da Operação Lava Jato. O ofício desmente notícias que reproduzem acusações atribuídas ao auditor fiscal Roberto Leonel de Oliveira Lima, da Receita Federal. O grupo oficiará à Receita sobre tais declarações à imprensa, que geraram grande prejuízos de imagem no mercado financeiro”.

Prefeitos, os bons e os maus
Outra pesquisa do Instituto Paraná, sobre prefeitos de 13 capitais, divulgada por VEJA
o melhor é ACM Neto (DEM), Salvador, com 84,7% de aprovação. O segundo é Rui Palmeira (PSDB), Maceió, com aprovação de 64,4%.
Os dois piores são do PT: Paulo Garcia, Goiânia, 73,7% de rejeição, e Fernando Haddad, São Paulo, com rejeição de 69,8%.

A festa continua
A monarquia brasileira balançava, e a Corte promoveu um grande baile na Ilha Fiscal, no Rio, em homenagem à tripulação do navio chileno Almirante Cochrane. Custou 10% do orçamento anual do Rio de Janeiro. Seis dias depois, o imperador foi deposto.

A história se repete: o Rio está sem dinheiro para atender a seus doentes, faltam remédios básicos nos hospitais, mas o Palácio Laranjeiras, que não é nem onde mora o governador nem onde trabalha, está sendo reformado para que Sua Excelência possa praticar natação. Orçamento: R$ 2,3 milhões.

Fonte: Coluna de Carlos Brickmann - http://www.brickmann.com.br/


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Lava Jato busca elo com mensalão em negócios de empresa com amigo de Lula

As apurações partem da revelação dos novos delatores da Lava Jato, o ex-gerente de Internacional da Petrobras Eduardo Musa e o lobista Fernando Baiano Soares

A força-tarefa da Operação Lava Jato apura se existe relação entre a suposta dívida de R$ 60 milhões da campanha de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, com o Grupo Schahin e o empréstimo de R$ 12 milhões feito pelo banco do grupo, em 2004, para o pecuarista José Carlos Bumlai - novo alvo das investigações, em Curitiba.

[está simples capturar a 'famiglia' Lula, é só questão de investigar, passo a passo, cada passo mostra algo que impede a volta e a fuga.
São muitos criminosos e muitos crimes - toda uma família delinquindo - é fácil capturar.
Muito em breve veremos Lula com os pulsos unidos por lindas 'pulseiras'.]

As apurações partem da revelação dos novos delatores da Lava Jato, o ex-gerente de Internacional da Petrobras Eduardo Musa e o lobista Fernando Baiano Soares. Segundo eles, contrato de US$ 1,6 bilhão da estatal foi dirigido em 2011 para a Schahin, com intermediação de Bumlai e Baiano, como forma de compensar o grupo pela dívida eleitoral. A ligação de Bumlai nesses dois episódios obscuros envolvendo as finanças do PT e empresas do cartel acusado de corrupção na Petrobras pode unificar dois dos maiores escândalos das administrações petistas, a Lava Jato e o mensalão, avaliam investigadores do caso.

Um dos caminhos dessa apuração é um documento apreendido pela Polícia Federal, em março do ano passado - quando foi deflagrada a Operação Lava Jato - no escritório da contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Pozza. É um contrato no valor de R$ 6 milhões, assinado em 2004 entre a empresa 2S Participações Ltda., do publicitário Marcos Valério, e a Expresso Nova Santo André, do empresário Ronan Maria Pinto, de Santo André, investigado na morte do prefeito petista de Santo André, em 2002, e a Remar Agenciamento e Assessoria.

No mesmo ano, 2004, o Banco Schahin concedeu um empréstimo para Bumlai de R$ 12 milhões. O pecuarista diz que o dinheiro seria usado para negócios na área rural. "Fiz um empréstimo para meus negócios, meus agronegócios que envolvia R$ 12 milhões. Isso aí já serviu para tudo, para pagar aquele caso de Santo André, para pagar não sei quem." O valor foi quitado.

Chantagem

O Ministério Público Federal sabia, desde 2012, da existência de um negócio que envolveria R$ 6 milhões e os investigados do mensalão. O publicitário mineiro Marcos Valério, operador de propinas no mensalão, afirmou em tentativa de delação premiada naquele ano - quando seria condenado - que dirigentes do PT pediram a ele R$ 6 milhões. O dinheiro seria destinado ao empresário Ronan.

Segundo Valério, isso serviria para que o empresário de Santo André parasse de "chantagear" o ex-presidente Lula, o então secretário da Presidência, Gilberto Carvalho, e o então ministro da Casa Civil, José Dirceu - preso desde março, pela Lava Jato, em Curitiba. Ronan tentava relacionar Lula, Carvalho e Dirceu a suspeitas de corrupção na cidade que teriam motivado o assassinato do prefeito Celso Daniel, em 2002 - a conclusão da polícia paulista é de que ele foi vítima de um crime comum, não político. Bumlai teria sido uma das pessoas que atuara nesse episódio de suposta compra do silêncio do empresário de Santo André.  O empresário negou qualquer relação com o caso, e disse não conhecer nem Bumlai nem Marcos Valério.

Contrato confidencial
Dois anos depois das afirmações de Valério, em delação que acabou não sendo fechada, o contrato dos R$ 6 milhões da empresa do publicitário envolvendo empresa de Ronan foi apreendido no escritório da contadora de Youssef durante as buscas da Lava Jato.  O material intitulado "Enivaldo confidencial" seria um contrato "referente a um proprietário de uma empresa de ônibus de Santo André/SP" que era guardado a "sete chaves", contou Youssef em seu termo de delação 25, prestado em 26 de outubro de 2014.

"Enivaldo Quadrado disse que preparou a triangulação de pessoas que figurariam em tal contrato", explicou Youssef. "O contrato foi feito entre a empresa de Marcos Valério, isto é, a 2S Participações Ltda, e uma outra empresa que Enivaldo indicou." A empresa, para os investigadores, é a Remar. Para isso, o ex-dono da Bônus-Banval "receberia dinheiro ou algum outro favor", contou.

Segundo o doleiro, quem pediu para que Enivaldo Quadrado fizesse o documento "era uma pessoa ligada ao Partido dos Trabalhadores - PT, chamada Breno Altiman".  Breno Altman é jornalista e consultor internacional, com relação próxima com o ex-ministro José Dirceu. Ele nega qualquer envolvimento no caso e diz nunca ter visto Bumlai.

Fonte: Estadão