Planalto joga cada vez mais na escuridão porque é a única coisa que lhe interessa nessa história
A atitude geral do governo Lula diante da CPMI que investiga os atos de violência do dia 8 de janeiro
em Brasília está se tornando uma confissão de culpa.
Há uma suspeita
que só um trabalho sério de investigação poderia afastar – a de que o
governo permitiu que os ataques fossem feitos, ou até coisa pior, para
se fazer de vítima de uma tentativa de “golpe” e, por conta disso,
apertar a repressão contra os seus adversários políticos.
Como tirar
essas dúvidas da frente e apresentar a verdade ao público?
Só há uma
maneira: esclarecendo os fatos com honestidade e competência. O governo
age de forma exatamente contrária.
Por
que essa insistência em ocultar o que realmente aconteceu?
O governo
diz, desde o dia das depredações, que a “direita”, os “bolsonaristas” e
as suas vizinhanças estavam tentando derrubar o presidente da República
com o seu quebra-quebra; o próprio Lula declarou que está “provado” que
houve tentativa de golpe, e que “Bolsonaro”
comandou tudo.
Não há um átomo de prova, e nem de simples lógica, numa
afirmação dessas – a começar pelo fato de que jamais houve, em toda a
história humana, uma única tentativa de golpe em que os golpistas não
tinham nem sequer uma espingarda de atirar em passarinho, mas bandeiras
do Brasil e cadeirinhas de praia.
Mas Lula é assim mesmo; ninguém
espera, de seus discursos irados, nada que tenha algum contato com a
verdade.
Deveria ser diferente com a CPMI.
Afinal, para quem se
apresenta como vítima, não poderia haver uma oportunidade mais óbvia de
se apurar os fatos e revelar os culpados.
Por que, então, o governo está
fazendo tudo para impedir que os fatos sejam apurados?
O que o público
não pode ficar sabendo?
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Os deputados e senadores do governo que estão na CPMI tentaram impedir, por exemplo, o depoimento do general G. Dias, íntimo de Lula,
responsável pela segurança dos locais naquele dia e indispensável para
se saber o que aconteceu de fato.
Ele estava dentro do Congresso durante
as depredações – quem melhor para ser ouvido? Ou: como investigar com
seriedade alguma coisa se um dos principais envolvidos não pode falar?
Mas os parlamentares governistas proibiram a convocação do general;
acham que vai ser ruim se ele for interrogado em público. Proibiram,
também, a convocação do ministro da Justiça, que como o general e
dezenas de outras pessoas do governo, foi informado previamente das
violências, mas não fez nada para impedir, nem ele e nem os demais; o
ministro, inclusive, viu tudo da janela do seu escritório. Por que ele
não pode falar?
O governo, cada vez mais, joga na escuridão – é a única
coisa que lhe interessa nessa história.
J. R.Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo