Houve até agora muito pouca cobrança – no mundo oficial, entre os “formadores de opinião” e no resto do Brasil que costuma se manifestar a respeito de tudo – sobre as responsabilidades pela catástrofe da Covid-19 no Brasil. Alguém tem alguma culpa nessa tragédia?
Os fatos estão aí, à vista de todos. O número de mortos, segundo os números oficiais, já passou dos 33 mil. A economia do país está em ruinas; as estimativas mais moderadas calculam que o PIB de 2020 vai cair em torno de 7%. As medidas de controle tomadas até agora paralisaram a produção, o trabalho e a vida em sociedade, sem afetar em nada a evolução da doença. Três meses depois de ter começado, a epidemia está matando mais de mil pessoas por dia. O que os responsáveis pela administração pública têm a dizer sobre isso tudo? “Fique em casa”. Só isso e nada mais.
As responsabilidades em torno da Covid-19 estão muito claras: o STF, desde o começo, entregou aos estados e prefeituras a exclusividade na administração da epidemia;
ninguém, no governo federal ou no Legislativo, tem o direito de mexer uma palha a respeito do assunto.
O governo pode tirar dinheiro do Tesouro para pagar as despesas que as “autoridades regionais” mandam para cima dele; não há nenhum limite quanto a isso. Mas está proibido de fazer qualquer outra coisa, e se tenta fazer é ignorado, simplesmente, pelos 27 governadores e 5.500 prefeitos do Brasil.
Muito bem: na conta de quem, então, devem ser debitados as mais de 33.000 mortes da epidemia?
Muito bem: na conta de quem,
então, devem ser debitados as mais de 33.000 mortes da epidemia? Se as
“autoridades locais”, como decidiu o STF, têm poderes de ditadura para
fazer o que lhes dá na telha em relação à doença, também tem de ter a
exclusividade nas culpas.
Quem
manda e desmanda em relação à epidemia (no Brasil de hoje o cidadão
morre de “coronavírus” por decreto do governador) acha que a culpa é da
cloroquina, da população que não entende o “distanciamento social”, da
falta de patriotismo e sabe lá Deus o que mais – de qualquer um, em
suma, salvo deles próprios, que tomam todas as decisões. É óbvio que
governadores e prefeitos estão obtendo resultados calamitosos na sua
ação de combate ao vírus.
Os seus três meses seguidos
de plenos poderes, seus confinamentos e proibições, suas multas e
ameaças, suas agressões aos direitos individuais e suas compras sem
licitação produziram, até agora, uma montanha de mortos. Talvez seus
nomes fiquem na memória da população, quando vierem pedir votos outra
vez.