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quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Decisão de Toffoli fica ainda pior com documento de cooperação da Suíça no caso Odebrecht - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Ministério da Justiça agora diz houve trâmite internacional entre autoridades dos dois países, desconstruindo tese que embasou despacho do ministro do STF

A anulação das provas sobre os atos de corrupção praticados pela construtora Odebrecht, um manifesto político que jamais seria reconhecido como peça de valor jurídico em qualquer democracia séria do mundo, é uma dessas histórias que começam da pior forma possível – e conseguem se tornar piores ainda à medida em que passa o tempo. 
A decisão, tomada pelo ministro Antônio Dias Toffoli no STF, nunca fez nexo lógico. 
Como podem ser consideradas “imprestáveis” as provas contra um réu que confessou, com a plena assistência de seus advogados, ter praticado os crimes dos quais era acusado? 
Mais: ele também delatou por livre e espontânea vontade outros criminosos e os seus crimes, em acordo assinado com o Ministério Público dentro de todas as exigências da lei. 
Abriu os computadores que contabilizavam os pagamentos feitos pelo seu departamento de propinas; sim, a empresa tinha um departamento só para cuidar desses assuntos. 
Por fim, devolveu R$ 2,7 bilhões de dinheiro roubado – e quem aceita devolver essa montanha de dinheiro se não fez nada de errado?
Toffoli diz que essas provas foram obtidas de forma ilegal, para servir à uma conspiração feita pela justiça brasileira com o objetivo de impedir que o presidente Lula pudesse voltar ao governo em 2018. 
O ministro não cita nenhum fato concreto capaz de dar um mínimo de coerência à acusação que faz. 
Se houve um pré-golpe de Estado na vara criminal de Curitiba que julgou Lula e a Odebrecht, como se explica, então, que a empresa e uma subsidiária tenham aceitado pagar 3,5 bilhões de dólares de multa nos Estados Unidos, após confessarem ter utilizado 780 milhões de dólares para subornar governos de doze países diferentes? 
A justiça americana teria também participado da conspiração do ministro Toffoli? É igualmente um mistério que a Odebrecht, ao longo de todos os últimos anos, nunca tenha reclamado de nada disso.
 
Acaba de cair, agora, mais uma porção inteira da casa. 
Toffoli disse em seu despacho que um dos motivos principais para a anulação das provas foi a inexistência de um documento legal, originário na Suíça e entregue às autoridades brasileiras, que permitia acesso aos computadores do serviço de propinas da Odebrecht. 
O problema, aparentemente insolúvel, é que esse documento existe. 
O Ministério da Justiça, acionado por Toffoli antes da sua decisão, tinha informado a ele que não existia; mas o mesmo ministério, que segundo o ministro Flavio Dino trabalha pela “causa” de Lula, está dizendo agora que existe. 
Segundo o departamento encarregado de tratar do caso, o documento suíço foi “encontrado”, com uma nova pesquisa em seus arquivos digitais.
O despacho de Toffoli, que declarou a condenação de Lula “um dos maiores erros judiciários” da história do Brasil, transformou-se numa criatura do dr. Frankenstein
Era, desde o começo, uma aberração. Para começar, o pedido de anulação das provas contra a Odebrecht está numa ação movida por Lula através de uma advogada que é mulher do ministro Cristiano Zanin, recém-nomeado para o STF pelo próprio presidentee seu advogado pessoal nos processos em que foi condenado pelos crimes de corrupção e de lavagem de dinheiro, em três instâncias e por nove juízes diferentes. 
A partir daí, o monstro foi subindo de patamar
Sabe-se lá de que jeito vai estar mais adiante – mas e daí? Esse tipo de coisa, hoje em dia, é a menor preocupação do STF.
 
J. R. Guzzo, colunista, - O Estado de S. Paulo
 
 
 

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Lula quer “incluir os pobres no orçamento”, mas só como pagadores de impostos - Gazeta do Povo

Vozes - J.R. Guzzo

Uma das maiores piadas deste novo governo que ameaça o país, todos os dias, com uma crescente coleção de medidas que não vai tomar, é a sua intenção de “incluir os pobres no orçamento”. 
É o mais recente achado da caixa de promessas que o presidente Lula mantém sempre aberta, como os paxás que vão jogando moedas para o povão durante os seus passeios pela rua. Incluir os pobres - sério?  
Os pobres, se Lula perguntasse alguma coisa para eles, diriam não doutor, muito obrigado; a gente preferia ser excluído do orçamento brasileiro. Nós já estamos lá, desde sempre, mas como a turma que paga imposto - e, nisso aí, o governo não vai aliviar ninguém em nada, a começar pelos pobres. 
Lula prometeu durante a campanha eleitoral que ia fazer exatamente isso: isentar do Imposto de Renda os que ganham até 5.000 reais por mês. A promessa era falsa. O governo já avisou que não vai haver isenção nenhuma.
 
Se Lula está mesmo interessado em encontrar pobres para receber os seus donativos, por que não começa por aí, entre os que ganham até 5.000 reais por mês? 
É um jeito infalível para encontrar gente que tem pouco ou nada no bolso. Mas os pobres de Lula só existem no mundo de suas fantasias. Na vida real, eles são esses que estão pagando imposto de renda – e que não vão pagar nem um tostão a menos no “governo popular” que está aí. 
Lula, o PT e a esquerda plantada em torno deles vão continuar a fazer, muito simplesmente, o que sempre fizeram: concentração de renda em favor das castas superiores do Estado brasileiro e em favor, é claro, dos seus próprios bolsos.  
Fazem isso transferindo riqueza da população para a máquina pública, através da cobrança de imposto - 3 trilhões de reais arrecadados em 2022, para os cofres da União, dos Estados e dos municípios. Na verdade, acham que essa montanha de dinheiro é pouco; querem mais.


    Lula prometeu durante a campanha eleitoral que ia fazer exatamente isso: isentar do Imposto de Renda os que ganham até 5.000 reais por mês. A promessa era falsa. O governo já avisou que não vai haver isenção nenhuma

Os brasileiros que são pobres de verdade, e não os do palavrório da esquerda, têm anos de deserto pela frente
Não há o mais remoto vestígio de alguma medida, uma única que seja, que possa resultar em algum benefício prático, real e compreensível para qualquer um deles. 
Até agora, de fato, tudo o que Lula e o seu Sistema estão fazendo e prometem fazer na área econômica, ou em qualquer área, tem possibilidade nula de melhorar alguma coisa na vida de alguém
O que poderiam ter feito no mundo das realidades, e segundo a sua promessa, era parar um pouco de tirar dinheiro do bolso do pobre, com o IR. Nada disso. Lula foi dizer na Argentina, mais uma vez, que quer criar uma moeda “latino-americana” e o seu ministro da Fazenda fala em boicotar produtos de empresas politicamente incorretas”; 
o resto é daí para baixo. Quantos reais a mais no bolso o cidadão vai ter com isso tudo, ou com as promessas de censurar as redes sociais, as implicâncias para com os militares ou o uso do “todes” e “todes” nas comunicações oficiais? Três vezes zero.

Veja Também:
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Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

J.R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Puro sumo de Brasil - Alon Feuerwerker

Análise Política

Não é uma característica só do Brasil, mas aqui o problema vem atingindo patamares extremos: o modus operandi do sistema político-comunicacional-institucional vai se mostrando pouco compatível com a busca da eficiência das políticas públicas. O exemplo mais recente são os bate-bocas sobre a reforma trabalhista e o teto de gastos.

Como deveria funcionar, se fosse razoável? Tomar-se-iam decisões. A partir dos resultados, seriam feitos os ajustes. Claro que a política não é um “sistema ideal”, envolve disputas não necessariamente movidas pela “busca da verdade”, longe disso. Mas daí a aceitar como natural a absoluta disfuncionalidade vai certa distância.

É esperado que os proponentes da reforma trabalhista e do teto de gastos defendam-nos com fervor. E deveria ser recebido com a mesma naturalidade que os oponentes das medidas surfem sobre o que apontam como consequências duvidosas. A reforma trabalhista corrigiu algumas distorções. Duas delas: a proliferação desenfreada de sindicatos cartoriais, criados unicamente para operar a contribuição sindical, e a indústria de ações trabalhistas. Mas, de carona, passou-se a boiada, com uma maioria congressual de centro-direita aproveitando a momentânea correlação de forças no governo Michel Temer.

É do jogo, dirão. Então também é do jogo que, chegada a eleição, a esquerda possa perguntar “onde estão os empregos que a reforma garantiu que seriam criados?”. [com todas as vênias,  quando da programação da reforma trabalhista e sua aprovação não havia sequer a suspeita de uma pandemia. 
A extinção da contribuição sindical, o famigerado imposto sindical foi um dos melhores resultados da reforma trabalhista e com o fim da pandemia os demais benefícios, incluindo sem limitar a geração de empregos virão.] 

Numa discussão algo honesta, talvez alguém pudesse concluir que implodir os sindicatos de trabalhadores tenha algo a ver com a deterioração da participação do trabalho na renda nacional. E que o lucro não se realiza no aumento da produtividade da força de trabalho, realiza-se quando o produto encontra comprador.

Não fosse assim, a escravidão não teria ficado obsoleta.

E o sacrossanto teto de gastos?
A polêmica em torno dele é puro sumo de Brasil. Fundamental preservar o teto de gastos, dizem. Desde que, é claro, todo ano possa dar-se um jeito de driblar o teto de gastos. Uma hora é a pandemia, outra hora são os precatórios, ou mesmo os programas sociais. Qual será o motivo para romper o teto de gastos em 2022?

Sejamos generosos. Suponhamos que um teto de gastos é mesmo necessário. Não seria mais razoável se ele fosse calculado sobre a arrecadação, em vez de ser a despesa do ano anterior mais a inflação?     [ do alto da nossa notória ignorância econômica, sabemos apenas que qualquer elevação de gastos considerando a inflação passada, será sempre um realimentador da inflação.]

Em 2021, o dinheiro recolhido dos impostos ficou bem acima do esperado, mas o país foi lançado à turbulência política quando o governo Bolsonaro informou que ultrapassaria o teto para ampliar o Auxílio Brasil.[ressalte-se que a ampliação do Auxílio Brasil não foi uma opção do governo Bolsonaro e sim uma imposição das deficiências na área social circunstâncias econômicas (existentes antes do governo do capitão e agravadas pela pandemia) e não houvesse tal ampliação,  milhões de famílias teriam suas condições de vida, já miseráveis, pioradas.]

Por algumas semanas, pareceu, ou fez-se parecer, que a nação estava à beira da insolvência, que o colapso das contas públicas se avizinhava, com as óbvias decorrências macroeconômicas. Ao fim e ao cabo a montanha pariu não um rato, mas um colibri, pois a música dos números fiscais do fechamento de 2021 veio muito boa, melhor que as previsões mais otimistas.

Este, aliás, foi outro puro sumo de Brasil.

Alon Feuerwerker, jornalista e analista político

Publicado na revista Veja de 19 de janeiro de 2022, edição nº 2.772


quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

CoronaVac foi infectada pelo vírus da incerteza - Blog do Josias

 [A continuar o desacerto entre o laboratório Sinovac e o Instituto Butantan, o Brasil terá que aceitar:

- aplicar a vacina chinesa  e promover, aceitando e apoiando, a desmoralização do Instituto Butantã, instituição que conta com a credibilidade dos brasileiros.]

João Doria e seus operadores político-científicos conseguiram transformar a queda de braço com Jair Bolsonaro num processo de desmoralização do Instituto Butantan e da CoronaVac. O governador paulista e seus prepostos técnicos prometeram para esta quarta-feira (23) a divulgação do índice de eficácia da vacina importada da China. E nada! A montanha pariu uma interrogação: o que está acontecendo com a vacina?

Numa entrevista comandada por Jean Gorinchteyn, secretário de Saúde de São Paulo, e Dimas Covas, diretor do Butantan, informou-se que a CoronaVac atingiu o "limiar de eficácia". Entretanto, a dupla se recusou a divulgar o percentual de eficiência. Alegou-se que o laboratório Sinovac, fabricante da vacina, pediu 15 dias para reanalisar os dados.

Por quê? Segundo Gorinchteyn, os dados colecionados pelo Butantan são diferentes do índice de eficácia obtido em "outros países em que essa vacina vem sendo usada." O laboratório chinês deseja unificar o número. Nas palavras do secretário de Saúde, "não pode ter uma eficácia aqui, uma lá e outra acolá." Hummm! Dimas Covas ecoou Gorinchteyn: "A Sinovac tem vários estudos clínicos em andamento. Tem dados nossos e de outros locais. É importante que ela faça uma uniformização de dados. Ela não pode analisar dados da mesma vacina com critérios diferentes." Hã, hã.

A principal característica de uma péssima entrevista é o fato de os jornalistas terem que ouvir autoridades durante incontáveis minutos para chegar à conclusão de que elas não tinham nada a dizer. Quando marcou para 25 de janeiro o hipotético início da vacinação em São Paulo, Doria pisou no acelerador. Descobre-se agora que não sabia como parar de correr para, finalmente, ocorrer. O déficit de explicações deixou no ar a seguinte impressão: ao bater no "limiar de eficácia", os estudos do Butantan chegaram a uma taxa acima dos 50% exigidos para a certificação de uma vacina pelas agências sanitárias. 
Mas ficaram longe do patamar obtido por concorrentes como a Pfizer e a Moderna, acima dos 90%. O laboratório Sinovac não gostou. E pediu para rever os números. Do modo como a confusão foi apresentada, ficou entendido que alguém cometeu um erro técnico. Vale a pena repetir o que declarou Gorinchteyn: "Não pode ter uma eficácia aqui, uma lá e outra acolá." Além do Brasil, testam a CoronaVac a Indonésia e a Turquia. Por falta de infectados, não há testes na China. Cabe perguntar: os estudos clínicos do Butantan, fundação centenária na qual os brasileiros confiam, serão subordinados às conclusões dos indonésios e dos turcos? 
O que fazer com aquele lero-lero de que a vacina do Butantan seria a vacina do Brasil?

Quando os estudos clínicos da fase três da CoronaVac começaram, os resultados foram prometidos para 20 de outubro. Atrasou. O governo de São Paulo comprometeu-se a expor os dados em 15 de dezembro, junto com um pedido à Anvisa para o uso emergencial do imunizante. Deu chabu.

A coisa foi empurrada para esta quarta-feira, 23 de dezembro. Atribuiu-se o novo atraso a uma esperteza. Desejava-se requisitar não mais o uso emergencial, mas o registro definitivo da vacina. O atraso era necessário para que a CoronaVac fosse certificada primeiro na agência de vigilância sanitária da China. Era conversa fiada. Em pesquisa divulgada no último dia 12 de dezembro, o Datafolha informou que 73% dos brasileiros desejam se vacinar contra a Covid. Entretanto, 50% dos entrevistados disseram não ter a intenção de tomar a vacina originária da China
O vaivém de São Paulo leva água para o moinho da desconfiança. Doria não deu as caras na entrevista. 
Realizou uma inacreditável viagem para Miami. Coisa do tipo bate-volta. Bateu, se deu conta de que fornecia munição para os adversários, e voltou. Tudo muito primário.
 
 
Blog do Josias - Josias de Souza, jornalista

sábado, 6 de junho de 2020

De quem é a culpa na catástrofe da Covid-19 no Brasil? J.R. Guzzo

Gazeta do Povo

Houve até agora muito pouca cobrança – no mundo oficial, entre os “formadores de opinião” e no resto do Brasil que costuma se manifestar a respeito de tudo – sobre as responsabilidades pela catástrofe da Covid-19 no Brasil. Alguém tem alguma culpa nessa tragédia?

Os fatos estão aí, à vista de todos. O número de mortos, segundo os números oficiais, já passou dos 33 mil. A economia do país está em ruinas; as estimativas mais moderadas calculam que o PIB de 2020 vai cair em torno de 7%. As medidas de controle tomadas até agora paralisaram a produção, o trabalho e a vida em sociedade, sem afetar em nada a evolução da doença. Três meses depois de ter começado, a epidemia está matando mais de mil pessoas por dia. O que os responsáveis pela administração pública têm a dizer sobre isso tudo? “Fique em casa”. Só isso e nada mais.

As responsabilidades em torno da Covid-19 estão muito claras: o STF, desde o começo, entregou aos estados e prefeituras a exclusividade na administração da epidemia; 
ninguém, no governo federal ou no Legislativo, tem o direito de mexer uma palha a respeito do assunto. 

O governo pode tirar dinheiro do Tesouro para pagar as despesas que as “autoridades regionais” mandam para cima dele; não há nenhum limite quanto a isso. Mas está proibido de fazer qualquer outra coisa, e se tenta fazer é ignorado, simplesmente, pelos 27 governadores e 5.500 prefeitos do Brasil.

Muito bem: na conta de quem, então, devem ser debitados as mais de 33.000 mortes da epidemia? 

Muito bem: na conta de quem, então, devem ser debitados as mais de 33.000 mortes da epidemia? Se as “autoridades locais”, como decidiu o STF, têm poderes de ditadura para fazer o que lhes dá na telha em relação à doença, também tem de ter a exclusividade nas culpas.

Quem manda e desmanda em relação à epidemia (no Brasil de hoje o cidadão morre de “coronavírus” por decreto do governador) acha que a culpa é da cloroquina, da população que não entende o “distanciamento social”, da falta de patriotismo e sabe lá Deus o que mais – de qualquer um, em suma, salvo deles próprios, que tomam todas as decisões. É óbvio que governadores e prefeitos estão obtendo resultados calamitosos na sua ação de combate ao vírus.

Os seus três meses seguidos de plenos poderes, seus confinamentos e proibições, suas multas e ameaças, suas agressões aos direitos individuais e suas compras sem licitação produziram, até agora, uma montanha de mortos. Talvez seus nomes fiquem na memória da população, quando vierem pedir votos outra vez.

J.R. Guzzo, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo


segunda-feira, 25 de maio de 2020

Primeiro e segundo - Alon Feuerwerker

O presidente Donald Trump disse que os Estados Unidos estudam suspender os voos do Brasil para os Estados Unidos por causa da escalada aqui da Covid-19. A rigor, haveria mais razões ainda para Jair Bolsonaro suspender os voos de lá para cá. Basta comparar as estatísticas macabras. A diferença, parece, é eles estarem já ensaiando a descendente, enquanto nós aqui escalamos com vigor a montanha.

Bem, como os números de lá já mostram há algum tempo, e como os daqui começam a mostrar, ambos os países estão na luta por ouro e prata na tétrica contabilidade planetária das mortes por SARS-CoV-2Em valores absolutos, claro. Uma parte disso é por serem muito  populosos. Mas não explica tudo. Índia, Rússia e China estão aí para não me deixar mentir.

[o que o primeiro parágrafo  diz estar em estudos, já se tornou realidade.
Segundo Trump comunicou, bem ao seu estilo  - faz que vai, não vai,volta a ir e retorna - cidadãos não americanos que pretendam entrar nos USA, tendo passado no Brasil há menos de 14 dias não ingressarão naquele país.
Ótimo. Trump está certíssimo.
Só que o presidente Bolsonaro tem a obrigação, por  DEVER LEGAL e MORAL,  de proibir IMEDIATAMENTE o ingresso de pessoas procedentes dos Estados Unidos ou que lá tenham passado no mesmo prazo.
Exceto se, o Supremo for acionado por algum partideco querendo mostrar serviço e proíba o Poder Executivo de atuar no assunto.

A subestimação do problema e a descoordenação política interna são boas pistas. Agora deve começar por aqui mais pesadamente o blame game, que lá já vai à toda, até porque tem eleição presidencial este ano. Mas se você apostar que a ferocidade vai ser semelhante não corre risco de perder dinheiro.

Alon Feuerwerker, jornalista - Análise Política



domingo, 26 de janeiro de 2020

É tática ou suicídio político? Alon Feuerwerker

O próprio presidente organiza as forças que poderão destroná-lo

Quem observa com atenção o modus operandi político de Jair Bolsonaro e do governo nota uma tensão. A operação política tática é bastante convencional, move-se rigorosamente dentro das possibilidades oferecidas pela correlação de forças. Não tem maiores loucuras, grandes ousadias nem criatividade. Já a operação estratégica vai na direção contrária. O próprio presidente organiza as forças que no futuro "poderão" destroná-lo nas urnas.

A queda do secretário da Cultura foi exemplo de flexibilidade tática, como haviam sido as sanções sobre o juiz de garantias e o Fundo Eleitoral. A respeito do primeiro episódio, circulam teses conspiracionistas, e historicamente bem caracterizadas, sobre a “influência dos judeus poderosos”. Mas na vida real o que decidiu a parada foram as pressões conjuntas dos presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado e do Supremo Tribunal Federal. [pressões indevidas, sem fundamentação constitucional ou de qualquer outra espécie;

de qualquer forma, fica o registro que Bolsonaro ainda que muitos  considerem que foi um péssimo militar, o que o capacita em várias áreas, incluindo a de estratégia.
A melhor defesa é o ataque, mas, vez ou outra, um recuo é bom na batalha.]
Bolsonaro sabe que não pode errar com o Congresso Nacional e a Suprema Corte. Não tem maioria em nenhuma das duas instituições. No Legislativo, a situação é ainda mais delicada. O presidente dinamitou o partido que o elegeu, e os demais da suposta base estão com o governo por afinidade programática e graças à liberação jamais vista de emendas parlamentares. Daí para o amor se transformar em processo de impeachment é um passo. Inclusive porque o pagamento obrigatório de emendas avança ano a ano graças ao Orçamento impositivo. Nunca antes neste país os deputados e senadores tiveram a atual montanha de investimentos para destinar a suas bases eleitorais.

Se nos Estados Unidos o impeachment virou carne de vaca (ainda que ela esteja bem mais cara do que quando a expressão foi cunhada), imagine aqui. Então Bolsonaro, esperto, não dá sopa para o azar. Quando ele diz que sancionou o Fundo Eleitoral para não ser impichado, isso deve ser levado a sério. Até porque o grosso do dinheiro liberado irá para antigos (PT) e novos (PSL) inimigos. Já que ele, como se sabe, não tem adversários, só inimigos.

Mas no campo estratégico a linha bolsonarista parece ter como centro a produção em série de adversários. No bottom line, quem está alimentando a frente ampla antibolsonarista para 2022 é o próprio Bolsonaro. A dúvida é se se trata apenas de um subproduto indesejado do esforço diário para manter fiel a base maximalista ou se é pensado. Dissecar essa distinção, uma perda de tempo, fica a cargo dos intérpretes de intenções, tão encontradiços por aí.

No campo estratégico, Bolsonaro nutre-se da crença de que na hora H o dito centro, cevado no antipetismo, não terá como apoiar a esquerda. Ou, na mão contrária, a esquerda não conseguirá conduzir seu capital eleitoral para votar numa direita mais antenada, recauchutada e moderninha, só para derrotar o bolsonarismo. São boas apostas, mas trazem embutidos riscos. Ainda não precificados. O presidente, por enquanto, parece disposto a corrê-los. Inclusive porque a eleição está longe. Só há um problema. Já disseram que no Brasil nem o passado é previsível. Sobre o futuro, a única certeza é que um dia ele vai chegar. [sobre o futuro vale o sempre afirmado pelo ministro da Justiça, Armando Falcão, governo do general Ernesto Geisel: "o futuro a Deus pertence".]

 
Alon Feuerwerker, analista político - Analise Política 


Publicado em VEJA, 
edição nº 2671, de 29 de janeiro de 2020,

sexta-feira, 5 de julho de 2019

A exibição dos codinomes reduziu a agressividade da oposição

No interrogatório de Moro na Câmara, o Brasil ficou sabendo quem são Montanha e Solução


No mais recente comentário de um minuto na TVEJA, sugeri que os deputados favoráveis à Lava Jato revelassem os codinomes no Departamento de Propinas da Odebrecht de todos os parlamentares que exagerassem na agressividade durante a sessão que interpelou o ex-juiz e agora ministro Sergio Moro.

 A exibição dos codinomes reduziu a agressividade No interrogatório de Moro na Câmara, o Brasil ficou sabendo quem são Montanha e Solução da oposição

A sugestão foi parcialmente atendida, com bons resultados. O Brasil ficou sabendo, por exemplo, que não é o deputado Paulo Pimenta, do PT gaúcho, quem tem pavor da Lava Jato. É o Montanha da lista da Odebrecht. E a deputada Maria do Rosário, surpreendida pela exibição de cartazes com seu codinome Solução, teve o chilique mais curto desde que chegou ao Congresso.

Errata: No vídeo, confundi o deputado Paulo Teixeira, do PT paulista, com o deputado federal Paulo Pimenta, do PT gaúcho.

Blog do Augusto Nunes - Veja

[NOTA do Blog Prontidão Total:
por opção nossa não publicamos as supostas conversas publicadas pelo intercepPTação, tendo em conta de que além de terem sido obtidas de forma criminosa, sua autenticidade não foi comprovada - alguma das conversas publicadas foram postadas em data anterior a que consta como ado dia em  que ocorreram.
 
Mas a Revista VEJA, está publicando as mais recentes conversas. Leia  clicando  aqui.]
 
 

terça-feira, 27 de junho de 2017

Gravação? A montanha pariu um rato que só rói o roupa do rei de Roma, que não tem rei - Laudo da PF é superestimado; relatório de delegado se finge de denúncia. Tiro n’água!

Perícia concluída pela PF não consegue trazer à luz nada além de suspeitas e ilações. É patético!

Também a transcrição da fita da PF virou um caso clássico de montanha que pariu um rato. Então aquilo é o que se tem de mais forte para “provar” que o presidente tentou obstruir a investigação? É com aquilo que se vai depor um presidente da República?

A mistificação poderia ser mais modesta.
Até FHC vai concluir que “assim não pode, assim não dá”.


Laudo da PF é superestimado; relatório de delegado se finge de denúncia. Tiro n’água!

Diante de um STF acovardado, também a Polícia Federal se arvora, ora vejam, em formuladora da denúncia, que é papel que cabe ao Ministério Público. Mas quê... Na atual quadra da República, ninguém se conforma em exercer o papel que lhe faculta a lei.


O que foi que disse mesmo o decano Celso de Mello no dia em que alguns ministros do STF decidiram que “supremo” pra valer é o acordo entre um bandido e um procurador? Ah, lembrei: o Rodrigo Janot, o acusador-geral da República, segundo o ministro, não poderia ser surpreendido por um “gesto desleal” do tribunal. Por deslealdade, ora vejam, entendia-se resistir à ideia de que, pouco importa seus termos, um acordo de delação é irrecorrível. Diante dele, o Supremo reconhece sua falência. Um documento mais alto se alevanta.

Ora, diante de um tribunal que se acovarda, como está prestes a fazer o STF, o que Se vê? O óbvio: um Ministério Público Federal que se agiganta do ponto de vista político e que exibe notável fragilidade técnica. Qualquer advogado razoavelmente capaz faz picadinho da denúncia apresentada contra o presidente Michel Temer por Janot. Tanto pior quando se sabe que mais da metade do texto nada tem a ver com o tal repasse de dinheiro de Joesley a Rodrigo Loures, que, por sua vez, seria sócio de Temer na empreitada criminosa. Já evidenciei isso.

Diante de um STF acovardado, também a Polícia Federal se arvora, ora vejam, em formuladora da denúncia, que é papel que cabe ao Ministério Público. Mas quê… Na atual quadra da República, ninguém se conforma em exercer o papel que lhe faculta a lei. Ou não vimos, no acordo de delação da Odebrecht, o Ministério Público Federal a distribuir penas informais, como se Justiça fosse? Vivemos na República dos Usurpadores. E todos eles acham que estão fazendo um bem imenso ao Brasil. Nem diga! Se a eleição fosse hoje, o futuro presidente do Brasil seria… Luiz Inácio Lula da Silva. O PT voltou a ser a legenda mais admirada do país, com mais do que o triplo do segundo lugar.

Isso deveria dizer alguma coisa a certa direita xucra. Mas vocês sabem: os xucros são mais notáveis por garbosos do que por inteligentes. Os nossos, nem isso: um bando de gabirus políticos a arrotar formuletas sem qualquer aplicação prática no Brasil real. Nessa toada, teremos um futuro governo de esquerda, e Deus tenha piedade de nós. E Ele não terá porque faz muito bem em não se meter com essas mundanidades.

Li o relatório de 75 páginas assinado pelo delegado Thiago Delabary. Dizer o quê? Ele não se limita a informar o que vai nas gravações e suas eventuais conexões com dados já conhecidos. A PF, antecipando-se a Janot, acusa o presidente “por embaraçar investigação de infração penal praticada por organização criminosa, na medida em que incentivou a manutenção de pagamentos ilegítimos a Eduardo Cunha (deputado cassado preso), pelo empresário Joesley Batista, ao tempo em que deixou de comunicar autoridades competentes de suposta corrupção de membros da Magistratura Federal e do Ministério Público Federal que lhe fora narrada pela mesmo empresário”.

É um espanto. Trata-se de uma ilação a partir de um trecho extraído do laudo, que segue abaixo, em que duas palavrinhas seriam suficientes para levar Temer à guilhotina. Transcrevo o essencial: Joesley: (ininteligível) Todo mês… Michel Temer: O Eduardo também, né? Joesley: Também. Michel Temer: É…

Sabe o que impressiona? Embora, segundo a PF e o MPF, todos compusessem uma organização criminosa, da qual, segundo Joesley — o homem que nunca gravou Lula —, o agora presidente era “o número 1”, a fala nunca é explícita. A conversa de Temer com Joesley, conduzida por este, que sabia que estava fazendo a gravação, nada traz de evidente, de claro. Por mais imaginação que se tenha, nada autoriza a concluir que os trechos inaudíveis escondem a confissão de um crime.

Nas conversas entre Loures e Ricardo Saud, que embasaram a denúncia apresentada nesta segunda por Janot contra Temer, não há uma só passagem inequívoca que caracterize uma combinação da qual estivesse ciente o presidente. Que Loures se encontrasse a fazer lambança com o grupo JBS, isso parece inequívoco. Note-se que, em nenhum momento, se diz a palavra “Temer”! Ora, se estavam todos mancomunados, por que não? E, ainda que se dissesse, restaria evidenciar que o presidente de fato tinha ciência da safadeza e que um outro não usava o seu nome sem consentimento.

É lealdade a esse tipo de coisa que cobra Celso de Mello? Impressiona que o decano do Supremo se dê por satisfeito que um procurador-geral apresente uma denúncia contra o presidente com base em trechos inaudíveis de uma gravação; em conversas ambíguas para flagrante induzido que, em momento nenhum, evidencia a conivência do presidente; em delações premiadas e, para escândalo dos escândalos, numa prova original ilícita, que gerou outros tantos procedimentos viciados, como o flagrante armado.

Sim, isso tem, sim, características de estado policial, ainda que meio mambembe. Não quer dizer que não seja perigoso.

 Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo