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terça-feira, 28 de maio de 2019

Reforma: pressão do funcionalismo já não convence tantos deputados

Um ponto está diferente na tramitação desse projeto de reforma da Previdência. Os grupos de interesse do funcionalismo não estão conseguindo as assinaturas necessárias para apresentar emendas à proposta. É uma mudança de cenário. A pressão de grupos organizados no Congresso é legítima. Para uma emenda, eles precisam de 171 assinaturas. Dessa vez, o projeto recebeu menos da metade das propostas de emendas que tentavam alterar a reforma do governo de Michel Temer. Os servidores agora estão indo diretamente ao relator na Comissão Especial, deputado Samuel Moreira. Mas ele está convencido de que é necessário manter os principais pontos da reforma em relação ao funcionalismo. Outros deputados contam que as partes com maior chance de alteração são a aposentadoria rural e o Benefício de Prestação Continuada. 

Os principais grupos de pressão, dizem os parlamentares, são de carreiras do Judiciário. Eles pedem regras de transição diferentes, mais suaves, e um alívio na idade mínima. O relator Moreira tem lembrado que não é um sacrifício trabalhar até os 65 anos com salários de até R$ 35 mil, sabendo que na aposentadoria terá uma renda muito maior que a de aposentados do setor privado. Algumas categorias ainda recebem o aumento de quem está na ativa.    

Mesmo com toda a pressão, Moreira pretende entregar ser relatório até antes do prazo, 15 de junho.

Coluna da Míriam Leitão - O Globo
 

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Governo modifica acordo e já inclui servidores estaduais e municipais na reforma da Previdência, portanto, sob regras federais

Servidores estaduais e municipais serão incluídos já na reforma

Governadores e prefeitos, porém, poderão criar regra própria em até seis meses

O governo decidiu que deixará claro no texto final da reforma da Previdência que as novas regras valerão para todos os servidores — federais, estaduais e municipais, dos Três Poderes — a partir do momento em que a proposta de emenda constitucional (PEC 287) for promulgada. Os governadores e prefeitos de municípios que têm regime próprio de previdência poderão criar regras diferentes para seus servidores, desde que a lei para isso seja aprovada em até seis meses após a promulgação da PEC. Se isso não for realizado dentro desse prazo, não poderá ser feito mais.

O governo acredita que, dessa forma, reduzirá a insegurança jurídica criada após o presidente Michel Temer ter anunciado, em março, a saída dos servidores estaduais e municipais da reforma. Temer decidiu retirar estados e municípios da reforma para facilitar sua aprovação no Legislativo. No entanto, existia dúvidas sobre se isso seria possível. Isso porque a Constituição determina que as regras de aposentadoria de servidores devem ser iguais para União e governos regionais.

RECEIO DE CONTESTAÇÃO NO STF
Para tentar minimizar o efeito negativo da retirada de servidores regionais do texto enviado ao Congresso — que foi criticada por governadores e prefeitos —, o governo negociou um prazo de seis meses para a realização das reformas no âmbito regional. Mas, nos últimos dias, o assunto não vinha sendo discutido. E só ontem o governo bateu o martelo de que deixará claro a exigência desse prazo no texto final da reforma da Previdência.

Segundo secretários de Fazenda dos estados, essa foi uma forma de o governo recuar. Eles afirmam que poucos governadores vão encaminhar uma proposta de reforma da Previdência a assembleias legislativas, algo que é impopular e de difícil aceitação, sabendo que as regras da União podem valer em seis meses.

No entanto, segundo a equipe econômica, sempre existe o risco de algum estado ou município conseguir mudar as aposentadorias e deixá-las muito distantes da regra federal.
Segundo fontes envolvidas nas negociações, há receio de que a iniciativa acabe sendo contestada no Supremo Tribunal Federal (STF).  — Há dúvidas se a Constituição permite regras diferenciadas de aposentadoria para servidores públicos — disse um técnico envolvido nas discussões.

Pela Constituição, a prerrogativa de definir regras gerais de aposentadoria dos servidores públicos nas três esferas é do governo federal. A exceção são policiais militares e bombeiros. Os governos regionais têm autorização apenas para aprovar medidas mais específicas, como aumento da alíquota de contribuição dos servidores e criação de contribuições temporárias, por exemplo, para cobrir déficits e dar sustentabilidade aos regimes próprios.

Outro ponto que ainda permanece indefinido é a situação das carreiras do Judiciário e do Ministério Público nos estados (juízes, promotores, procuradores, desembargadores). O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Maia (PPS-BA), disse que essas categorias, especificamente, devem ser submetidas às regras da União por conta de um princípio constitucional. A questão não foi citada na versão preliminar do relatório divulgado ontem.

Já os professores estaduais e municipais com regimes próprios estão fora da proposta de reforma. E professores de municípios que ainda continuam debaixo do INSS — há 3.491 pequenos municípios que não têm regime próprio para seus servidores serão afetados pelas mudanças já.


Fonte: O Globo