Servidores estaduais e municipais serão incluídos já na reforma
Governadores e prefeitos, porém, poderão criar regra própria em até seis meses
O governo decidiu que deixará claro no texto final da reforma da
Previdência que as novas regras valerão para todos os servidores —
federais, estaduais e municipais, dos Três Poderes — a partir do momento
em que a proposta de emenda constitucional (PEC 287) for promulgada. Os
governadores e prefeitos de municípios que têm regime próprio de
previdência poderão criar regras diferentes para seus servidores, desde
que a lei para isso seja aprovada em até seis meses após a promulgação
da PEC. Se isso não for realizado dentro desse prazo, não poderá ser
feito mais.
RECEIO DE CONTESTAÇÃO NO STF
Para tentar minimizar o efeito negativo da retirada de servidores regionais do texto enviado ao Congresso — que foi criticada por governadores e prefeitos —, o governo negociou um prazo de seis meses para a realização das reformas no âmbito regional. Mas, nos últimos dias, o assunto não vinha sendo discutido. E só ontem o governo bateu o martelo de que deixará claro a exigência desse prazo no texto final da reforma da Previdência.
Segundo secretários de Fazenda dos estados, essa foi uma forma de o governo recuar. Eles afirmam que poucos governadores vão encaminhar uma proposta de reforma da Previdência a assembleias legislativas, algo que é impopular e de difícil aceitação, sabendo que as regras da União podem valer em seis meses.
No entanto, segundo a equipe econômica, sempre existe o risco de algum estado ou município conseguir mudar as aposentadorias e deixá-las muito distantes da regra federal.
Segundo fontes envolvidas nas negociações, há receio de que a iniciativa acabe sendo contestada no Supremo Tribunal Federal (STF). — Há dúvidas se a Constituição permite regras diferenciadas de aposentadoria para servidores públicos — disse um técnico envolvido nas discussões.
Outro ponto que ainda permanece indefinido é a situação das carreiras do Judiciário e do Ministério Público nos estados (juízes, promotores, procuradores, desembargadores). O relator da reforma da Previdência, deputado Arthur Maia (PPS-BA), disse que essas categorias, especificamente, devem ser submetidas às regras da União por conta de um princípio constitucional. A questão não foi citada na versão preliminar do relatório divulgado ontem.
Já os professores estaduais e municipais com regimes próprios estão fora da proposta de reforma. E professores de municípios que ainda continuam debaixo do INSS — há 3.491 pequenos municípios que não têm regime próprio para seus servidores — serão afetados pelas mudanças já.
Fonte: O Globo
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