Especialistas alertam para importância de planejamento estratégico e ações sociais
A
experiência de Miami, que conseguiu sair do fundo do poço na área da segurança
pública, pode ajudar o Rio neste momento crítico. O combate à violência na
principal cidade da Flórida nos anos 1980 também contou com uma espécie de
intervenção federal, mas essa foi apenas uma das ações que ajudaram no
renascimento do lugar. E se há algo que todos os especialistas e historiadores
concordam é que não existe solução mágica, rápida ou salvadores da pátria.
Miami,
assim com o Rio atualmente, vivia uma espécie de “tempestade perfeita”: crise
econômica, forte tráfico internacional de drogas, bairros inteiros
completamente segregados, conflitos raciais, chacinas em série e uma invasão de
imigrantes cubanos, colocando ainda mais pressão na frágil estrutura social.
Foi nesta época, bem retratada na série de TV “Miami Vice”, que a cidade ganhou
o triste apelido de “paraíso perdido”. O temor de andar pela cidade se
assemelhava à tensão que hoje existe em uma simples passagem por uma estrada ou
túnel carioca. Pequenos crimes cresciam à sombra da falta de segurança
generalizada.
—
Circulava por toda Miami com a minha bicicleta em 1980, com 19 anos. Um dia,
saindo de minha casa em Coral Gables, um rapaz, também de bicicleta, levou
minha bolsa. Sem pesar, o segui, atrás de meus documentos. Acabei entrando em
um dos bairros segregados racialmente. De tanto gritar, ele largou meus documentos.
Rapidamente, apareceu um policial dizendo que eu não poderia ficar ali, que não
era seguro e que havia sido decretado estado de emergência. Por muito tempo,
vivíamos uma espécie de toque de recolher, só saíamos durante o dia. Pensávamos
por onde passaríamos — contou a carioca Júlia Hirst, formada em relações
internacionais e que agora trabalha em um museu em Miami. — Hoje a sensação de
segurança é muito maior. Claro que a situação não é perfeita.
A luta de
Miami parecia inglória: uma polícia desacreditada e com muitos casos de
corrupção numa cidade conflagrada por brigas entre gangues e conflitos raciais.
A economia em frangalhos, com indústrias abandonando a região por causa da
violência. Foi, então, que o governo federal decidiu declarar guerra contra as
drogas e replicou parte das ações que já mostravam sucesso em Nova York. Ao
mesmo tempo em que a Guarda Nacional chegava a Miami para intervir nas questões
raciais, o estado da Flórida enviou reforços de sua polícia, enquanto a força
de segurança da cidade — nos EUA, a polícia municipal é a mais importante —
começou um lento trabalho de conexão com a população, que voltou aos poucos a
acreditar nos guardas e a ajudar na patrulha dos bairros. — A vida
das famílias era igual à do Rio hoje. A gente tinha muita preocupação com o
dinheiro, preocupação no sinal de trânsito. Ninguém saía à noite direto, era
uma tensão grande — disse o advogado carioca Luiz Braga, que nos “tempos ruins”
de Miami tinha uma empresa na cidade. — Mas o interessante é que tudo mudou
rapidamente. Acho que por causa da força de uma cidade turística. Quando saí de
lá, em 1997, o clima já era outro, as pessoas não tinham mais aquela
preocupação.
AGENTES À
PAISANA
Braga
conta que, até no início dos anos 1990, era perigoso andar até nas áreas
turísticas. Mas que a atuação da Guarda Nacional deu resultado.
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