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domingo, 29 de março de 2020

Confinamento - “Remédio” contra o coronavírus é amargo e pior que a doença - Gazeta do Povo

J.R. Guzzo

E se, no fim de todas as contas, o presidente Jair Bolsonaro estiver certo e os radicais do combate ao coronavírus estiverem errados – ou, pelo menos, se ele estiver mais certo do que errado na guerra de palavras e de ações para enfrentar a pandemia? Vamos ter um problema, e a única saída será ignorar por completo que as coisas tenham sido assim e mudar de assunto.

O fato é que mais e mais cabeças de primeira classe vão se sentindo livres para dizer o que pensam. Mais e mais o raciocínio lógico tem encontrado oportunidade de dividir o espaço com o pensamento predominante de que é preciso “fechar tudo” para combater o vírus. O resultado é que muita gente que tem credenciais impecáveis para falar sobre o tema está dizendo que a opção pelo pânico, adotada no Brasil e em dezenas de países tidos como sérios, está fundamentalmente errada.

Thomas Friedman, sem dúvida um dos observadores mais qualificados das realidades em nossa época – sua opinião vale, pelo menos, tanto quanto à do vereador de Brejo do Fim do Mundo que fala todos os dias na televisão sobre a necessidade de “aprofundar” a paralisação do planeta – é um bom exemplo disso. Quem está resolvendo as coisas é a turma do vereador de Brejo do Fim do Mundo, claro, mais uma manada de autoridades e burocratas em pânico, mas Friedman é um homem que usa a cabeça para pensar. É muito mais negócio ouvir o que ele diz do que aquilo que você vê publicado por aí.

Ele acaba de escrever, no The New York Times, o que os jornalistas Geraldo Samor e Pedro Arbex definiram como “o mais contundente até agora sobre o risco do breakdown global” imposto ao mundo. Esse risco é muito claro. A abordagem extremista no combate à epidemia pode transformar a “vitória sobre o vírus” numa derrota insensata para o ser humano.

“Alguns especialistas”, escreveu Friedman em seu artigo, “estão começando a questionar: ‘Esperem um minuto. O que estamos fazendo com nós mesmos? Com a nossa economia? Com a próxima geração? Será que essa cura não acabará sendo pior que a doença?” Friedman tem uma recomendação que parece imbatível. “Cuidado com o ‘pensamento de grupo’, pois mesmo pequenas escolhas erradas podem ter grandes consequências.”

A base de sua argumentação está num ponto no qual muitos dos infectologistas mais competentes do mundo tem insistido desde o começo de tudo isso. (Eles não são, necessariamente, aqueles que os jornalistas procuram em São Paulo, como se a ciência médica fosse uma exclusividade confinada aos limites territoriais do estado; existem em outros lugares, também). O ponto é a baixa, possivelmente baixíssima, taxa de mortalidade do coronavírus – a “taxa de letalidade”, como dizem. Ela pode ser de 1%, ou menos ainda – e isso tem, obrigatoriamente, de ser levado em conta pelos governantes que estão tomando decisões fundamentais sobre as nossas vidas.

Essas autoridades que resolvem tudo, escreve Friedman, “estão tendo de tomar decisões de vida ou morte, enquanto guiam um carro no meio da neblina, com informação imperfeita” e pressionados pela gritaria de todo mundo que viaja no banco de trás do carro. É claro que o risco de fazerem a coisa errada é extremamente alto – ou você acha que não?

Leia Também: Decisões - Decisões precipitadas não vão salvar o Brasil do coronavírus

É o que está acontecendo. Esqueceu-se a natureza do vírus: apavorados com a rapidez da sua proliferação, os governantes se recusam a examinar qualquer outro dos seus aspectos. Em vez de se concentrarem no tratamento dos que ficam efetivamente doentes, dando prioridade ao atendimento nos hospitais, à distribuição de equipamentos, ao treinamento de pessoal, partiram para a quarentena como a grande salvação de tudo.

“Paralisar o mundo com consequências potencialmente tremendas pode ser totalmente irracional”, diz Friedman. “É como atacar um elefante com um gato doméstico”.

J. R. Guzzo, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo






quinta-feira, 26 de março de 2020

Um presidente sozinho - Merval Pereira

O Globo 

O Presidente perde apoios

Presidente já não governa, e país vive desobediência civil 

O presidente Bolsonaro, por escolha própria, está completamente isolado. Não tem partido, não tem o apoio dos governadores, não tem diálogo dentro do Congresso. Já não governa mais. Um movimento de desobediência civil está instalado no país desde o primeiro panelaço, que foi se espalhando por estados e regiões à medida que ele se demonstrava inapto para exercer a presidência da República, especialmente num momento de grave crise de saúde pública como o que estamos vivendo. Os governadores, em maior ou menor grau, já anunciaram que não seguirão as orientações do governo se colidirem com as normas da Organização Mundial da Saúde. A população, mostram as pesquisas, apoia essa prudência.


[ " ...Orientações dos Órgãos Governamentais e do Sistema de Saúde do Exército. ..."
Inserção do vídeo efetuada pelo Blog Prontidão Total.] 


Como é espontâneo por sua natureza tosca, [natureza tosca ou sinceridade? É notório que o povo brasileiro prefere ser enganado e quando o Presidente Bolsonaro fala com sinceridade - a verdade muitás vez dói - e as dores que causa são maximizadas, é normal que a solidão seja destacada.
Tem uma colunista que já fala em carta de renúncia a ser negociada em troca da anistia dos filhos. Pode? uma fake dessa natureza.]  é Bolsonaro revelou em entrevistas o que lhe aflige, o efeito da crise econômica que certamente virá recair sobre o seu governo. Não se mostra capaz de enxergar além do horizonte puramente eleitoral, e isso demonstrou ontem na reunião de  governadores do sudeste, ao levar a discussão para o campo politico-eleitoral, descompensado com as críticas que acabara de receber de maneira dura, mas respeitosa, do governador de São Paulo João Doria.

Que Doria é candidato a presidente da República em 2022, ninguém desconhece. Mas, no momento, ele está se comportando como um líder diante da crise da Covid-19 que se abate principalmente sobre o Estado que governa. Bolsonaro, mesmo que vislumbre por trás dessa postura de  Doria uma máscara que procura esconder sua intenção eleitoral de se contrapor a ele, mostrou-se um desastrado ao escancarar sua irritação diante de um adversário que sabe jogar o jogo político, expondo suas deficiências.

[Os panelaços possuem algum valor quando são contra um presidente que está sob processo de impeachment - uma forma de pressionar os deputados e senadores, que na condição de políticos, tem medo do povo - ou as vésperas de alguma eleição para aumentar eventual falha de um candidato.
Fora isso apenas incomodam os vizinhos.]

A preocupação de Bolsonaro tem razão de ser, pois com seu comportamento irresponsável diante da crise, está se abrindo um amplo caminho para o tal candidato de centro que se apresente como alternativa aos radicalismos de esquerda e direita.  Doria está aproveitando o momento para demonstrar uma capacidade de  gestão que o credencia a se apresentar como essa alternativa. Cada vez  mais fica claro que a preocupação de Bolsonaro com a economia do país  não tem nada a ver com o bem-estar do povo, mas com a necessidade de mostrar melhorias econômicas que respaldem sua candidatura à reeleição.

A mesma situação em que se encontra hoje o presidente dos Estados Unidos, que disputará a reeleição ainda este ano. Ao mimetizar Trump, mas sem o dinheiro que o presidente americano tem a seu dispor, o presidente Bolsonaro assumiu um risco que não poderia, e precipitou-se. O próprio Trump, ao anunciar que gostaria de ver as atividades econômicas voltando à normalidade pela Páscoa, deu-se um prazo para avaliar a situação. Bolsonaro, não. Assumiu a decisão de acabar com a quarentena imediatamente, no segundo dia de sua implantação em todo o país.

A questão não é se teremos que suspender esse confinamento, mas quando, e através de qual planejamento. Esse é o grande tema em discussão pelo mundo, mas nós no Brasil ainda não chegamos ao pico da crise da Covid-19, e tememos que ela se alastre perigosamente quando atingir as comunidades mais carentes. Os governadores do país todo, de diversos partidos políticos, estão mobilizados mais ou menos na mesma direção, baseados nas recomendações do ministério da Saúde, que até hoje segue as orientações da Organização Mundial da Saúde. O ministro Luiz Henrique Mandetta há alguns dias já dava mostras de que tentava evitar que o presidente Bolsonaro se desagradasse de seu sucesso junto à opinião pública.

Ontem, depois de ter sido desautorizado em transmissão nacional de radio e televisão, Mandetta deu um jeito de se aproximar ainda mais das posições de Bolsonaro, e se afastar da imagem técnica que dava segurança à população. Falou mais alto o diploma de deputado federal do que o de médico, e Mandetta se aproxima da desmoralização. Que só não é total porque ficou de estudar a proposta de Bolsonaro. Espera-se que aproveite sua última chance para apresentar ao presidente um planejamento tecnicamente coerente para uma saída cautelosa da política de confinamento.

Merval Pereira, jornalista - O Globo



quarta-feira, 25 de março de 2020

Mandetta: ou engole, ou sai - Merval Pereira

Bolsonaro vai ficar isolado

 O presidente Jair Bolsonaro corre o risco de ficar isolado  
completamente. Mesmo após o seu desastrado pronunciamento, todos estão afirmando que continuarão a seguir as orientações da OMS em relação ao confinamento. Hoje pela manhã, o presidente deixou claro que não conversou com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta antes do pronunciamento e que já decidiu sobre o confinamento vertical. 

[Fato:
Bolsonaro fez um pronunciamento cujos resultados coincidem exatamente com objetivos do Presidente da Repúblico.
É pacífico, que o Presidente Bolsonaro gosta de se manifestar de forma clara e objetivo, tendo plena ciência de que seus inimigos vão criticá-lo -criticar o Bolsonaro é o esporte predileto da Nação, especialmente de muitos políticos e outras figuras que desejam alguns minutos de fama.
Hoje, fiquei algum tempo curtindo noticiário na TV e fiquei sabendo que existe um conselho cuja sigla é CONASS - não identifiquei o que significa, nunca ouvi falar dele nem o tinha visto, antes  de hoje - a nota malhava o presidente;
teve um outro cidadão que vociferou por quase um minuto contra o presidente - teve seu minuto de fama, pena que a reportagem não destacou em que o distinto era especialista.]

Desta maneira, fica muito difícil a permanência do ministro, porque terá que se desmoralizar, mudando a maneira de orientar a população. Ou ele engole, ou sai. E ainda temos o deputado Osmar Terra se oferecendo diariamente para assumir a pasta. Trocar, neste momento, toda a orientação do ministério da Saúde, para fazer o contrário do que vinha sendo feito até agora, será uma tragédia.

Merval Pereira, jornalista - O Globo