Na foto acima, o clima de velório é escancarado pela cara de viúva inconsolável dividida por José Nobre Guimarães, Lula, Fernando Haddad, Jaques Wagner e Fernando Pimentel. Trocando figurinhas falsas e caprichando no sorriso de inimigo íntimo, Dilma Rousseff e Rui Falcão parecem destoar do espetáculo da tristeza.
O equívoco seria desfeito minutos depois, quando ambos engrossaram com especial entusiasmo a salva de palmas que pranteou por três minutos seguidos a memória do amigo Vaccari, confiscado semanas antes pela Operação Lava Jato. Naquela mesa está faltando um, berra a imagem da perda irreparável.
Estão faltando pelo menos dois, corrige a foto acima, que eterniza um dos muitos momentos festivos do encontro promovido pelo PT em dezembro de 2013. Clique no círculo e veja os rostos ampliados da dupla de meliantes: ao lado de Vaccari, braço direito erguido, vibra o companheiro André Vargas, então uma estrela ascendente da sucursal paranaense do ajuntamento dos fora-da-lei disfarçados de guerreiros do povo brasileiro.
(“Nossos valores são eternos”, jura a inscrição providenciada pelos cenógrafos da reunião que em qualquer país sério só ocorreria na clandestinidade. Depende, condiciona a inflação cada vez mais obesa. Pelo menos os valores em dinheiro amealhados pela turma só serão perenes se depositados nos poucos paraísos fiscais ainda fora do alcance do FBI. Feita a ressalva, voltemos ao larápio que antes de ser desmascarado desafiava até presidentes do STF).
Vice-presidente da Câmara dos Deputados, ex-vice-presidente de Comunicação do PT, Vargas sonhava com o comando do Poder Legislativo quando foi pilhado pela Polícia Federal voando de graça em jatinhos do parceiro Alberto Youssef. Era só a ponta do iceberg imenso e malcheiroso, sabe-se agora. André Vargas e Vaccari hoje descansam no mesmo xilindró. Mas apenas o tesoureiro foi homenageado na Bahia.
Isso não vai ficar assim, avisam parentes do esquecido. Pelo andar da carruagem, gente graúda que aparece nas duas imagens não demorará a ser transferida do retrato para uma cela em Curitiba. Quando estiverem todos juntos na cadeia, Vargas vai querer saber por que só ele foi enterrado sem choro nem vela.
Fonte: Blog do Augusto Nunes