Coluna no Correio Braziliense
Somos subservientes aos estrangeiros?
O tempo passa e nós não aprendemos. Continuamos subservientes, com complexo de vira-lata, aceitando tudo que o estrangeiro inventa contra nós. Pior é que, aqui dentro, a cumplicidade que aplaude, estimula e amplia a conspiração lesa-pátria, fingindo que não sabe que se trata de business.
Não se encolheram assim Pedro Teixeira, que subiu o Amazonas, empurrando para os Andes os que não falavam a língua lusitana; Floriano, que ameaçou receber os metidos da esquadra inglesa a bala; peitamos os franceses, que vinham buscar lagosta no nosso mar territorial, escoltados por navios de guerra.
Hoje eles têm um trigal contínuo, entre o Sena e o Loire, e ninguém sugere que antes de falar do Brasil, reflorestem 20% de cada propriedade, como aqui se faz.
[Eles dependem de nós e terão que aceitar isso ou morrer de fome - alimentos são impossíveis de serem confiscados (lembramos esse detalhe já que nos tempos do maldito perda total, refinarias brasileiras na Bolívia foram expropriadas a mando do cocaleiro Morales).
Porém, comercialmente, podem ser úteis caso algum país favorável à preservação do meio ambiente, de outros, resolva boicotar o Brasil.]
Ontem foi Dia do Agricultor, que produz a comida que nos mantém
vivos, as fibras com que nós vestimos e a energia que impulsiona nossos
veículos e nossas indústrias. E temos que humilhar e responder a
mentiras e ameaças de estrangeiros que, sabemos, estão movidos por
money, argent, geld. Querem atingir o nosso negócio mais próspero, mais
atualizado; a nossa conquista de ter alimentos para o mundo. Querem que
voltemos à condição de colônia fornecedora. Nossa soja e nossa carne
crescem em produtividade e, claro, em competitividade. E não querem
competição. Será que nesse complexo de vira-latas alguns de nós nem se
dão ao trabalho de ir ao google para checar as mais recentes fotos da
Nasa sobre fogo no mundo? Vão achar; mas não na Amazônia.
Os
chineses agora alegam que nossa carne pode levar o corona. Que ironia,
já que o vírus saiu de um mercado de animais, em Wuhan. Eles têm 1,3
bilhão de bocas para alimentar, precisam de proteína, e nós é que
dependemos deles? E, secundando o dinheiro internacional, aparecem
banqueiros nacionais, a pressionar produtores de carne que já reservam
80% de suas propriedades como proteção ambiental na Amazônia. Será que
só conhecem juros e taxas, e não sabem que a produção de carne tem
subido, mas a área de pastagem tem diminuído?
O
Brasil é este gigante graças a gente como Pedro Teixeira, Fernão Dias,
Rio Branco, Juscelino –– e por causa de milhões de brasileiros que
semearam suor na vastidão e colhem a comida que vai para as mesas do
Brasil e de boa parte do mundo. Antes de Cabral chegar, tínhamos menos
de 10% das florestas do planeta;
hoje temos quase 30%, porque o mundo
destruiu suas matas e agora cobiça nossas riquezas. Até se compreende
que estrangeiros criem fake news contra o Brasil, mas não se pode
compreender a cumplicidade de brasileiros nisso.
Alexandre Garcia, jornalista - Coluna no Correio Braziliense