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quinta-feira, 4 de julho de 2019

José Nêumânne: O barco pirata de Verdevaldo

O conta-gotas de Greenwald tem ministrado doses cada vez mais inócuas do veneno para paralisar Moro e Dallagnol

O blogueiro ianque meteu os pés pelas mãos e atribuiu a uma das mensagens "reveladas" data que ainda não havia transcorrido [os lulapetistas, seus devotos e militontos possuem essa deficiência com datas.

O presidiário petista, o maior ladrão do país também fez confusão com datas, quando apresentou recibos forjados como prova de que pagava aluguel de um apartamento - do qual, como de hábito, nega a propriedade;

entre os recibos que apresentou como prova um estava datado de 31 de novembro. Confira aqui: ... foi devido a erro na contagem pelo nós dos dedos - Lula tem apenas 4 dedos em uma das mãos ... ]


Reagi à divulgação pelo site The Intercept Brasil de mensagens atribuídas a agentes da lei contra a corrupção principalmente Sergio Moro e Deltan Dallagnol com a afirmação de que não produziriam efeito jurídico enquanto não fosse comprovada sua autenticidade. Como até agora não veio à tona nenhum indício de que algo do gênero ocorrerá, resta a conclusão de que as vítimas do vexame, causado pelo tom de eventuais conversas entre elas, poderiam sofrer arranhões em sua reputação. Mas nenhuma punição judicial ou funcional seria cabível a partir do que tinha sido divulgado. Três semanas depois, o panorama pode até ter mudado, mas nada há que possa levar ao cancelamento da sentença de Lula no processo do triplex do Guarujá, ao afastamento do ex-juiz da Lava Jato do Ministério da Justiça ou à punição por mau comportamento do coordenador da força-tarefa da operação em Curitiba.

Ao contrário. A distância cada vez maior entre as promessas de comprovação da parcialidade do juiz e o conta-gotas metódico, mas ineficaz, do blogueiro ianque pode nos levar à conclusão de que inimigos de Moro e Dallagnol, sejam financiadores da operação de quebra de sigilo do aplicativo telefônico unilateral de procuradores e juízes de operações de combate a crimes de colarinho-branco, sejam parasitas aproveitadores de uma eventual fragilização ética destes, só dispararam contra os próprios pés. A conclusão é de uma lógica ululante: como só há mensagens com objetivo de combater o que dona Dilma chamaria de “malfeitos” dos ilustres maganões, não de se terem deixado corromper por eles ou coisa que o valha, o Zé Mané da esquina só tem encontrado mesmo mais motivos para desprezar os maledicentes e aplaudir os pretensamente denunciados.

Trata-se de uma operação similar a atentados suicidas de terroristas retóricos. Ao tentarem imolar os inimigos que podem investigá-los, denunciá-los, processá-los e até condená-los, os beneficiários das denúncias de Intercept, BandNewsFolha de S.Paulo e UOL, pelo menos até este instante, só geraram um efeito que, se não os prejudicar já, não os poupará no futuro. O raciocínio é claro e simples: se alcançarem o máximo que pretendem — anular a condenação de Lula, arrancar a fórceps Moro do Ministério da Justiça e impedir Bolsonaro de mandar o ex-juiz para o Supremo Tribunal Federal (STF) , não deixarão alternativa a Moro que não seja a chamada política: velha ou nova, não importa, no caso a real. Eles estão batendo bolo: quanto mais o espancam, mais ele cresce. E o que é pior para a grei: só lhe deixam à vista o caminho da disputa do voto. Falta muito para a próxima disputa eleitoral, mas não há perspectiva de virada.

Produzem três conclusões básicas as manifestações nas ruas das cidades brasileiras de adeptos de Moro e do combate à corrupção, que podem incluir, ou não, Bolsonaro, cuja atitude em relação aos projetos patrocinados por seu ministro da Justiça deve ser considerada, no mínimo, dúbia. A primeira é que foram volumosas. Se os meios de comunicação e as Polícias Militares estaduais abdicaram de vez de cumprir dever de ofício de fornecerem números minimamente isentos e exatos dos atos, seja por que motivos forem economia, preguiça ou desídia , resta-nos o palpite. Milhares foram às ruas em ao menos 88 cidades dos 27 Estados e Distrito Federal, como registrou o Estado. “Ah, mas levaram muito menos gente do que as de 26 de maio”, regozijam-se adversários de bancadas, redações, bancas de advogados ricos e bancos, vulgo mercado. A comparação invejosa tropeça na lógica: a anterior, citada como padrão, já era a favor dos mesmos temas combate à corrupção, projeto contra crime e reforma da Previdência. E os alvos, os mesmos: Congresso Nacional e STF. Algum leitor, por mais que torça o nariz para esse argumento, apostaria um centavo no sucesso de atos similares a favor dessas duas instituições atacadas nestes últimos?

Da vez anterior, o governo fingiu que ficou de fora. E agora o presidente Bolsonaro, cujos adeptos não compareceram em 30 de junho em número suficiente para assustar os militantes apartidários que não avalizaram o movimento de 26 de maio, não se jactou de nenhuma delas ter sido “governista”. Mas corretamente elogiou o comportamento pacífico e ordeiro dos manifestantes; A ausência de predadores da militância de extrema esquerda ou do crime desorganizado é, de fato, a segunda característica dos dois últimos movimentos coletivos que saíram às ruas para dizer que não foram às urnas eleger um presidente para congressistas eleitos pelo critério da proporcionalidade e por decisões majoritárias de unidades federativas em separado — o fazerem de bobo de treino recreativo.

Só que o recado vale para os três lados da República dos birrentos: deputados e senadores acusados, denunciados, condenados e apenados por corrupção e lavagem de dinheiro; ministros das altas Cortes que se consideram acima de qualquer cobrança; e o próprio chefe do Executivo. A queda da popularidade registrada pelos institutos de pesquisa não tira de Bolsonaro um milímetro de legitimidade, obtida no voto direto. Mas noções básicas de aritmética elementar do professor Ary Quintella bastariam para persuadi-lo de que, como advertiu Fernando Gabeira no artigo Um governo que namora com a morte (O Globo, 1.º/7), “as pesquisas já indicam como o capital político de Bolsonaro escorre pelos dedos. Ele está longe de perceber como a extrema direita é minoritária”. As multidões que foram às ruas em 26 de maio e 30 de junho são formadas majoritariamente por antipetistas, que não aceitam a volta da roubalheira da aliança do PT com a nossa cleptocracia ancestral, e pela maioria a favor do combate à corrupção, do tipo Lava Jato.

Diante disso, Bolsonaro pode espremer esses limões para fazer uma limonada, que depende de dois fatores. O primeiro é que, depois de seis meses brincando de armamentismo e criacionismo bárbaro, presidente se lembre do compromisso institucional que assumiu de, fiel à Constituição, governar para todos os brasileiros, e não apenas para a minoria extremista da direita, manipulada pelo fervoroso combate ideológico de seus filhos.

A assinatura do acordo comercial da União Europeia com o Mercosul pode ajudá-lo a conviver com a diplomacia tradicional, o que lhe deve ser vantajoso. E oxalá ele perceba que há vida real na economia além dos limites da reforma da Previdência. Se não o fizer, correrá o risco de se tornar mais refém do Congresso do que já é, ainda que mantenha a média de uma manifestação nas ruas por mês, que pode cansar os manifestantes antes de assustar os parlamentares.

Agora o povo voltou para casa, o Congresso ainda não entrou no recesso e convém anotar que o conta-gotas de Greenwald, vulgo Verdevaldo, tem ministrado doses cada vez mais inócuas do veneno para paralisar Moro e Dallagnol. Assim, aproxima-se cada vez mais da narrativa monotemática do “Lula livre” a que se limitou a esquerda. No sábado, 29, o blogueiro ianque meteu os pés pelas mãos e atribuiu a uma das mensagens “reveladas” data que ainda não havia transcorrido, lembrando recibos do aluguel do apartamento de Bumlai, teoricamente pagos por Lula, datados de 30 de fevereiro, 31 de junho e 31 de novembro. Também atribuiu críticas ao ex-juiz feitas por certa “Monique Cheker” dirigidas a “Ângelo Vilela”, que, depois de ter recebido outro sobrenome, na certa para evitar novas explicações ridículas, tornou-se simplesmente Ângelo, como aquela Simplesmente Maria, novela da extinta TV Tupi.

Ao meter os pés pelas mãos, e não tendo descoberto desculpa melhor para sua série de “erros de edição” do que o batido “jornalistas também erram” (ah, não diga!), o pretenso carrasco da Lava Jato, Verdevaldo, ainda não ofereceu ao público uma única autenticação de mensagem “hackeada” e oferecida. E está para virar estrela da Feira Literária Pirata das Editoras Independentes (Flipei) da Flip de Parati. Segundo Maria Fernanda Rodrigues, da Cultura do Estado, “ele fala, agora, sobre Lava Jato, conversas vazadas, Sergio Moro e muito mais. 

A programação flutuante inclui ainda nomes como Anielle Franco, Zé Celso Martinez Corrêa, Vladimir Safatle, Gregório Duvivier, Realidade Negra (rap quilombola), Slam da Guilhermina, Luiz Eduardo Soares, Conceição Evaristo, Cabaré Feminista e muitos outros. Entre os temas dos debates, um lado pouco conhecido de Euclides da Cunha e que originou o livro Euclides Socialista: Obras Esquecidas“.

Fica a dica, então: estaria certo o professor Carvalhosa, que, desde o início do escândalo do Interceptgate, previu que a chuva ácida anunciada cairia em capítulos do folhetim de cordel da violação de sigilo telefônico das vítimas, em vez de “hackeamento”?


José Nêumanne (publicado no Blog do Nêumanne)

Transcrito do Blog do Augusto Nunes - Veja

 

domingo, 21 de maio de 2017

Ao desqualificar delator, Temer se autoincrimina

Uma das características fundamentais da dificuldade de julgamento é ter que ouvir uma pessoa durante vários anos para chegar à conclusão de que ela não vale nada

Michel Temer conhece Joesley Batista há coisa de seis anos. Já esteve com o personagem incontáveis vezes. Só agora percebeu que dava cartaz a um sujeito desonesto e mentiroso. Temer fez hora extra neste sábado para dizer ao país que o dono do Grupo JBS deveria estar preso, não passeando pelas ruas de Nova York. Temer atacou seu delator a pretexto de se defender. Não conseguiu senão autoincriminar-se.

O presidente esteve com o salafrário pela última vez em 7 de março. Recebeu-o no palácio residencial perto de 11 da noite. Sem saber que falava com um grampo a domicílio, tratou-o com rara fidalguia. O inquilino do Jaburu só notou que o visitante tinha traços criminosos depois que virou um delatado. Ao conviver por tanto tempo com um corrupto, Temer revelou-se moralmente ligeiro. Incriminado pelo ex-amigo, mostrou-se intelectualmente lento. Qualquer uma dessas velocidades é um insulto. Nenhuma delas é compatível com o que se espera de um presidente da República.

Temer exibe sua indignação ao país em conta-gotas. Regula a dosagem de sua revolta à evolução dos fatos. Normalmente comedido, soou um tom acima. Em certos momentos, pareceu fora de si, tornando mais fácil enxergar o que tem por dentro. Na superfície, fez pose de presidente injuriado. Entretanto, ao defender sua honra recriminando o delator, soou como se ecoasse a orientação que os criminalistas esculpiram no fundo de sua consciência: “Cuidado, você agora é um investigado. Dependendo do que disser, pode tornar-se réu.”

Temer escora-se em reportagem da Folha para desqualificar a gravação do diálogo vadio que manteve com seu algoz. “Li notícia de que perícia constatou que houve edição no áudio de minha conversa com o senhor Joesley Batista. Essa gravação clandestina foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos.” Pediu a suspensão do inquérito em que é acusado de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa.

Do ponto de vista jurídico, a desqualificação do áudio é o melhor remédio para quem, como Temer, busca livrar-se do afogamento. Ao enviar a gravação ao Supremo Tribunal Federal sem submetê-la a uma perícia minuciosa, o procurador-geral da República Rodrigo Janot ofereceu boa matéria-prima para o esperneio do acusado. Como se fosse pouco, Janot e seus pares deram à turma do JBS um prêmio incompatível com a moralidade. Não há delação que justifique o escárnio de tratar a pão de ló quem merece o pão que Asmodeu amassou. O diabo é que, do ponto de vista político, a reação de Temer é ineficaz. Para quem está afundando, um jacaré parece tronco. Mas a essa altura a fita de Joesley não passa de um detrito no monturo que se formou na porta do gabinete presidencial. A mera desqualificação do áudio não é suficiente para restaurar os danos.

Ironicamente, o próprio Temer mostrou que a gravação que ele se esforça para desqualificar não é de todo inservível. Fez isso ao ressaltar “as incoerências entre o áudio e o teor do depoimento” de Joesley à Procuradoria. “O que ele fala no seu depoimento não está no áudio. E o que está no áudio demonstra que ele estava insatisfeito como meu governo”, disse Temer. [o resultado da gravação, após sucessivas edições, tem serventia no sentido de fornecer informações e por elas é que Temer deduziu que o traidor Joesley não gosta do seu governo.
O que torna a a gravação inservível são as sucessivas edições que não dão a garantia da fita exibir conteúdo genuíno, não modificado, ou apresentar um conteúdo formado por trechos avulsos, que permitem moldar o diálogo apresentado ao gosto do traidor.]

Num dos trechos do áudio que Temer considera fidedignos, o delator expôs o que o presidente definiu como “reclamações contra o ministro da Fazenda, contra o Cade, contra o BNDES.” Para Temer, as queixas de Joesley são uma “prova cabal de que meu governo não estava aberto a ele.” Bobagem.  Se esse trecho da fita prova alguma coisa é que um empresário corrupto, depois de se defrontar com servidores que se recusavam a atender às suas demanda$, foi cobrar do presidente da República a solidariedade de que se julga credor. E foi plenamente correspondido. Quando o dono do JBS pediu a Temer, por exemplo, um “alinhamento” de posições que lhe permitisse ser mais direto nas cobranças dirigidas ao ministro Henrique Meirelles, Temer assentiu: “Pode fazer isso.”

Temer parece considerar que foi guindado pelas circunstâncias ao cargo de presidente como exemplo. Falta definir de quê! “O autor do grampo relata no diálogo suas dificuldades”, realçou Temer. “Simplesmente ouvi. Nada fiz para que ele obtivesse benesses do governo.” Como assim? Por que, então, indicou o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, hoje deputado federal pelo PMDB do Paraná, para servir de ponte entre a Presidência da República e o delator? “Não há crime, meus amigos, em ouvir reclamações e me livrar do interlocutor indicando outra pessoa para ouvir as suas lamúrias.” Hã, hã…

O que o presidente ainda não percebeu é que dinheiro que Rodrigo Loures, seu interlocutor, recebeu de um portador do corruptor Joesley dias depois da conversa noturna do Jaburu talvez não dê para vestir 5% das desculpas esfarrapadas que a plateia é obrigada a ouvir. “Houve grande planejamento para realizar esse grampo”, concluiu Temer, flertando com o óbvio. “Depois, houve uma montagem e uma ação deliberada para criar um flagrante que incriminasse alguns, enquanto os criminosos fugiam para o exterior em absoluta segurança.” O que o presidente chama de “ação deliberada” foi, na verdade, uma investigação monitorada pela Procuradoria, sob supervisão do Judiciário. [investigação bem amadora, tanto que não tiveram a preocupação de autenticar a integridade do conteúdo gravado originalmente.]

Nessa investigação, Rodrigo Loures, o intermediário de Temer, foi seguido e fotografado pela Polícia Federal recebendo de Ricardo Saud, executivo da holding J&F, que controla o conglomerado de Joesley, uma mala contendo R$ 500 mil. Trata-se de propina, informou a Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal. Sobre isso, Temer não disse palavra.

Sobre o trecho do grampo em que a Procuradoria enxergou um aval do presidente ao cala-boca monetário que Joesley fornecia ao presidiário Eduardo Cunha, Temer declarou o seguinte:Não existe isso na gravação, mesmo tendo sido ela adulterada. E não existe porque nunca comprei o silêncio de ninguém. […] É interessante: quando os senhores examinam o depoimento [de Joesley] e o áudio, os senhores identificam que a conexão de uma sentença à outra não é a conexão de quem diz: ‘Olha, eu estou comprando o silêncio de um ex-deputado e estou dando tanto a ele. Não. A conexão é com a frase: ‘Eu me dou muito bem com o ex-deputado, mantenho uma boa relação’. Eu digo: mantenha isso, viu?”

Ou seja: o presidente da República recebe no Jaburu, tarde da noite, um empresário que considera corrupto. Mantém com ele um diálogo antirrepublicano. Nessa conversa, o bandido diz à autoridade máxima do país que conserva sua “boa relação” com Eduardo Cunha, um ex-presidente da Câmara condenado por crimes variados e mantido atrás das grades em Curitiba. Temer reconhece que estimulou o relacionamento entre os dois larápios —“Mantenha isso, viu?”. E acha que está tudo normal. A honestidade, está comprovado, é mesmo uma virtude facilmente contornável.

Depois de dizer coisas definitivas sem definir muito bem as coisa$ que o levaram a abrir as portas do Jaburu para Joesley, protagonista de cinco ações penais, agora um corrupto confesso, Temer falou de um Brasil que sua maleabilidade ética comprometeu. “O Brasil exige que se continue no caminho da recuperação econômica que traçamos, para colocar o país nos trilhos.”

De tanto conviver com a corrupção, o brasileiro adaptou-se às reações das autoridades em apuros. Há método na desfaçatez. Percebe-se como tudo vai acabar. O Brasil deixou de ser um país imprevisível. Tornou-se uma nação tristemente previsível. Temer mantém o compromisso de devolver o gigante aos trilhos. Já é possível enxergar o pus no fim do túnel.

Fonte: Blog do Josias de Souza