Dagomir Marquezi
Reportagem especial do Sunday Times revela detalhes sinistros sobre a origem da covid-19
Mapa da China com marcador na cidade de Wuhan | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock
“Cientistas
em Wuhan, trabalhando ao lado dos militares chineses, estavam combinando
os coronavírus mais mortais do mundo para criar um novo vírus mutante
assim que a pandemia começou”, começa a longa matéria do Sunday Times.
“Investigadores que examinaram comunicações interceptadas ultrassecretas
e pesquisas científicas acreditam que os cientistas chineses estavam
executando um projeto secreto de experimentos perigosos, que causaram um
vazamento do Instituto de Virologia de Wuhan e iniciaram o surto de
covid-19. (…) Investigadores norte-americanos dizem que uma das razões
pelas quais não há informações publicadas sobre o trabalho é que ele foi
feito em colaboração com pesquisadores do exército chinês, que o
financiava e que, segundo eles, buscava a criação de armas
biológicas.”
Como essas informações foram obtidas? “O
Sunday Times revisou centenas de documentos, incluindo relatórios
anteriormente confidenciais, memorandos internos, artigos científicos e
correspondências por e-mail obtidos por meio de fontes ou por ativistas
pela liberdade de informação nos três primeiros anos desde o início da
pandemia. Também entrevistamos os investigadores do Departamento de
Estado dos Estados Unidos — incluindo especialistas na China em ameaças
pandêmicas emergentes e em guerra biológica — que conduziram a primeira
investigação significativa dos Estados Unidos sobre as origens do surto
de covid-19.”<img
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300w" sizes="(max-width: 1368px) 100vw, 1368px" data-eio="p" />Reportagem publicada no último dia 11 na edição dominical do
Times | Foto: Reprodução
Como essas informações foram obtidas? “O Sunday Times revisou centenas de documentos, incluindo relatórios anteriormente confidenciais, memorandos internos, artigos científicos e correspondências por e-mail obtidos por meio de fontes ou por ativistas pela liberdade de informação nos três primeiros anos desde o início da pandemia. Também entrevistamos os investigadores do Departamento de Estado dos Estados Unidos — incluindo especialistas na China em ameaças pandêmicas emergentes e em guerra biológica — que conduziram a primeira investigação significativa dos Estados Unidos sobre as origens do surto de covid-19.”<img decoding="async" width="1368" height="896" src="https://medias.revistaoeste.com/qa-staging/wp-content/uploads/2023/06/rasgadinho1-1.jpg" alt="" class="wp-image-952855" srcset="https://medias.revistaoeste.com/qa-staging/wp-content/uploads/2023/06/rasgadinho1-1.jpg 1368w, https://medias.revistaoeste.com/qa-staging/wp-content/uploads/2023/06/rasgadinho1-1-300x196.jpg 300w" sizes="(max-width: 1368px) 100vw, 1368px" data-eio="p" />Reportagem publicada no último dia 11 na edição dominical do Times | Foto: Reprodução
Em
2009, o governo norte-americano ajudou a financiar o instituto com US$
18 milhões por intermédio de uma ONG chamada EcoHealth Alliance — algo
como “Aliança da EcoSaúde”. Seu presidente, o inglês Peter Daszak,
dividiu com os cientistas chineses suas técnicas mais avançadas de
manipulação de vírus.
A doutora Shi Zhengli anunciou em
2017 que seu pessoal no Instituto de Wuhan havia conseguido criar nada
menos que oito vírus mutantes, desenvolvidos a partir das fezes de
morcegos encontrados na Caverna Shitou. Dois desses vírus eram capazes
de infectar células humanas.
Virologista chinesa Shi Zhengli dentro do laboratório P4 em
Wuhan, capital da província chinesa de Hubei | Foto: Johannes Eisele/AFP
O marco zero
E é a partir daí que a pesquisa científica se torna um enredo típico dos filmes de James Bond ou Missão: Impossível. Segundo um dos investigadores do governo norte-americano, “o rastro de documentos começa a escurecer”. Foi exatamente quando o programa secreto começou. “Minha opinião é que a razão pela qual [a pesquisa em] Mojiang foi encoberta foi o sigilo militar relacionado à busca [do exército] pela capacidade de uso duplo em armas biológicas, virológicas, e em vacinas”, disse o investigador, que não quis se identificar.
O marco zero da pandemia aparentemente ocorreu no mês de
novembro de 2019, quando pesquisadores de Wuhan foram levados para o
hospital com sintomas que hoje identificamos como covid-19. O silêncio
do regime chinês foi absoluto. Um mês depois, o resto do mundo foi
atingido pelo novo vírus.
O Departamento de Estado
norte-americano passou então a agir ativamente para descobrir o que
estava acontecendo nas entranhas do regime comunista chinês no período
anterior ao surgimento da covid. Serviços de inteligência dos Estados
Unidos tiveram acesso inédito a “metadados, informações telefônicas e de
internet”.
Xi
Jinping, ditador da China | Foto: Reprodução/Flickr
Ratos humanizados
Um dos
cientistas que trabalhavam com o Departamento de Estado, o doutor Steven
Quay, declarou que não fazia o menor sentido acreditar que vírus de
morcego pudessem ser transmitidos para humanos. “Seria a primeira vez
que isso aconteceria na história da ciência humana.” A covid-19 seria um
claro caso de criação proposital de vírus por meio de “ratos
humanizados”: “Você infecta os ratos, espera uma semana mais ou menos, e
depois recupera o vírus dos ratos mais doentes. Então você repete o
processo. Em questão de semanas, essa evolução direcionada produzirá um
vírus que pode matar todos os ratos humanizados”. Isso explicaria,
segundo ele, por que o vírus surgiu tão marcadamente adaptado para
infectar humanos.
Um dos cientistas que trabalhavam com o Departamento de Estado, o doutor Steven Quay, declarou que não fazia o menor sentido acreditar que vírus de morcego pudessem ser transmitidos para humanos. “Seria a primeira vez que isso aconteceria na história da ciência humana.” A covid-19 seria um claro caso de criação proposital de vírus por meio de “ratos humanizados”: “Você infecta os ratos, espera uma semana mais ou menos, e depois recupera o vírus dos ratos mais doentes. Então você repete o processo. Em questão de semanas, essa evolução direcionada produzirá um vírus que pode matar todos os ratos humanizados”. Isso explicaria, segundo ele, por que o vírus surgiu tão marcadamente adaptado para infectar humanos.
A
covid-19 seria um claro caso de criação proposital de vírus por meio de
“ratos humanizados” | Foto: Shutterstock
O relatório do
Departamento de Estado deixa explícito o objetivo da criação desse
vírus: “Apesar de se apresentar como uma instituição civil, os Estados
Unidos determinaram que o Instituto de Virologia de Wuhan colaborou em
publicações e projetos secretos com o exército chinês. O Instituto de
Virologia de Wuhan tem realizado pesquisas secretas, incluindo
experimentos em animais de laboratório, em nome do exército chinês desde
pelo menos 2017″.
Um dos investigadores declarou que os
militares chineses estão envolvidos com o Instituto de Wuhan desde 2016,
quando as conclusões dos experimentos se tornaram cada vez mais
secretas. Segundo a matéria do Sunday Times, as pesquisas em Wuhan eram
realizadas em parceria com a Academia de Ciências Médicas Militares — um
ramo de pesquisas do Exército de Libertação Popular (ELP), o nome
oficial das Forças Armadas da China.
Um livro publicado por essa
mesma academia, em 2015, declarava que o Sars representava uma “nova
era de armas genéticas” (…) que podiam ser “manipuladas artificialmente
em um vírus emergente de doença humana, que então era transformado em
arma e utilizado”. Os autores do livro, pesquisadores do ELP, falavam
abertamente sobre armas biológicas e colaboraram diretamente com os
cientistas de Wuhan.
O relatório do Departamento de Estado deixa explícito o objetivo da criação desse vírus: “Apesar de se apresentar como uma instituição civil, os Estados Unidos determinaram que o Instituto de Virologia de Wuhan colaborou em publicações e projetos secretos com o exército chinês. O Instituto de Virologia de Wuhan tem realizado pesquisas secretas, incluindo experimentos em animais de laboratório, em nome do exército chinês desde pelo menos 2017″.
Um dos investigadores declarou que os militares chineses estão envolvidos com o Instituto de Wuhan desde 2016, quando as conclusões dos experimentos se tornaram cada vez mais secretas. Segundo a matéria do Sunday Times, as pesquisas em Wuhan eram realizadas em parceria com a Academia de Ciências Médicas Militares — um ramo de pesquisas do Exército de Libertação Popular (ELP), o nome oficial das Forças Armadas da China.
Um livro publicado por essa mesma academia, em 2015, declarava que o Sars representava uma “nova era de armas genéticas” (…) que podiam ser “manipuladas artificialmente em um vírus emergente de doença humana, que então era transformado em arma e utilizado”. Os autores do livro, pesquisadores do ELP, falavam abertamente sobre armas biológicas e colaboraram diretamente com os cientistas de Wuhan.
Caindo do telhado
Qual é a lógica por
trás da pesquisa? Segundo os investigadores entrevistados pelo Sunday
Times, a ideia seria transformar vírus em armas e, ao mesmo tempo,
trabalhar numa vacina contra essas novas doenças. Na cabeça desses
militares, os chineses sobreviveriam vacinados, enquanto o resto do
mundo seria dizimado pelo novo vírus modificado. O raciocínio não prevê o
estado de caos de uma pandemia, mas é típico de mentalidades
autoritárias.
A rapidez com que os chineses produziram uma vacina
quando a covid-19 saiu de controle só aumentou essa suspeita. O doutor
Robert Kadlec concluiu que a vacina chinesa contra a covid (coordenada
pelo cientista militar Yusen Zhou) já estava sendo trabalhada em
novembro de 2019 — antes, portanto, da pandemia.
Qual é a lógica por trás da pesquisa? Segundo os investigadores entrevistados pelo Sunday Times, a ideia seria transformar vírus em armas e, ao mesmo tempo, trabalhar numa vacina contra essas novas doenças. Na cabeça desses militares, os chineses sobreviveriam vacinados, enquanto o resto do mundo seria dizimado pelo novo vírus modificado. O raciocínio não prevê o estado de caos de uma pandemia, mas é típico de mentalidades autoritárias.
A rapidez com que os chineses produziram uma vacina quando a covid-19 saiu de controle só aumentou essa suspeita. O doutor Robert Kadlec concluiu que a vacina chinesa contra a covid (coordenada pelo cientista militar Yusen Zhou) já estava sendo trabalhada em novembro de 2019 — antes, portanto, da pandemia.
O que estará acontecendo neste exato momento no interior das paredes do Instituto de Virologia de Wuhan?
Leia também “Procuram-se profissionais de tecnologia”
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Dagomir Marquezi, colunista - Revista Oeste