J R. Guzzo
O ex-presidente Lula, já há muitos anos, vive num estado permanente de
mentira; é duvidoso, à essa altura, que consiga dizer a verdade, mesmo
fazendo força. Na campanha eleitoral tudo ficou pior.
Ele precisa falar
mais – e, aí, o resultado inevitável é que passa a mentir mais.
É uma
falsificação automática, compulsiva e arrogante de todos os fatos, mesmo
os mais evidentes.
Deixou, para ele, de ser apenas uma maneira
desonesta de se ver a realidade; virou uma doença.
Há tempo, até a
eleição, para Lula fazer um último esforço de superação e romper limites
ainda desconhecidos em matéria de mentira.
Mas é difícil, francamente,
que consiga igualar seu acesso mais recente de impostura em estado bruto
– uma entrevista na qual disse que “o PT está cansado de pedir
desculpas”.
Foto: EFE É, possivelmente, a mentira mais grosseira de todas as que disse neste seu esforço para voltar a presidência da República. “Cansado?” Como assim, “cansado”? Quando foi que o PT ou ele mesmo pediram alguma desculpa a alguém pela calamidade moral que foi o seu governo?
Nunca, em tempo algum. Acontece exatamente o contrário: Lula chefiou o governo mais corrupto dos 522 anos de história do Brasil, foi para a cadeia por roubar, e até hoje não pediu um fiapo sequer de desculpa por nada do que fez.
É, aliás, um dos aspectos mais grosseiros de sua má conduta, e motivo de cobrança o tempo todo – sua recusa em reconhecer erros de qualquer natureza, pedir perdão e demonstrar um mínimo de humildade.
Ao contrário, quanto mais fica provada a ladroagem desesperada da sua passagem pela presidência, mais agressivo ele se torna – convenceu a si mesmo, e quer convencer os outros, que é o Brasil que deve desculpas a ele.
É uma falsificação automática, compulsiva e arrogante de todos os fatos, mesmo os mais evidentes. Deixou, para ele, de ser apenas uma maneira desonesta de se ver a realidade; virou uma doença
Lula, em seu progressivo surto de negacionismo, está cansado, isso sim, de ser chamado de ladrão. Mas o que é que se pode fazer quanto a isso? [sendo tal cansaço a razão principal do seu pavor de povo, um líder popular que foge de gente, as pessoas; quase sempre seus comícios são reuniões em locais fechados, entrada controlada e, quando muito, com a presença de algumas dezenas de participantes - em sua maioria devotos. E mesmo assim, é comum pessoas que participam de tais reuniões - em sua maioria, idiotas - são roubadas, furtadas.]
Quem diz que ele é ladrão, oficialmente, é a justiça brasileira, que o condenou pelos crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro, em três instâncias sucessivas e por nove magistrados diferentes.
Não é mais possível, agora, apagar esse fato, nem os vinte meses que ficou num xadrez de Curitiba – nem as confissões de culpa, por corrupção, nos processos da Lava Jato, nem a devolução de fortunas em dinheiro roubado.
Quem, neste mundo, devolve dinheiro que não roubou? Não há como responder a isso.
Lula pode ter ganhado de presente, numa decisão alucinada do Supremo, a anulação das quatro ações penais movidas contra ele.
Pode fazer com que os seus agentes no TSE proíbam a divulgação das imagens do Sete de Setembro, quando multidões foram às ruas manifestar apoio ao concorrente – proibiram, até mesmo, a divulgação nas redes sociais, como se o Twitter ou o Youtube fossem candidatos à presidência da República, e estivessem mostrando as imagens em seu espaço no horário eleitoral.
Pode proibir que as pessoas vejam o adversário nos funerais da Rainha Elizabeth II e na tribuna da ONU.
Pode querer ganhar as eleições no tapetão da alta justiça de Brasília, ou fazendo dobradinha com o Papa.
O que ele não pode é resolver um problema que não tem solução, desde o primeiro dia da campanha eleitoral: o carimbo eterno de “corrupto” que está pregado na sua testa.
O que pode fazer é ficar fugindo dos debates na televisão e querendo enganar o público com novos embustes, como essa história das “desculpas”. É o que sobrou.
J. R. Guzzo, colunista - Gazeta do Povo - Revista Oeste