Esta é,
por enquanto, a eleição das minorias. Isso porque, até agora, pesquisas como a
do Ibope ontem mostram os principais candidatos oscilando em torno do patamar
de 25% da preferência. Nenhum deles pode se achar seguro de que vai obter mais
de 50% dos votos válidos no domingo 7 de outubro.
Projeções
sobre eventual avanço de Jair Bolsonaro na maioria dos estados nordestinos,
antigos redutos do PT que somam 26,6% dos votos do país, animam reuniões de
empresários em São Paulo, pontuadas por desembolsos crescentes. A torcida para
a eleição acabar logo no primeiro turno é apenas desejo manifesto do
antipetismo, sobretudo entre líderes do agronegócio.
Falta
combinar com o eleitorado, que ainda mantém elevados os índices de rejeição a
Bolsonaro (46%) e ao “advogado de Lula” (30%), como Fernando Haddad se
apresenta.
Os candidatos,
sem exceção, deveriam aproveitar esse intervalo de imprevisibilidade a 12 dias
do primeiro turno para apresentar um pedido de desculpas aos brasileiros. Eles
devem isso, porque são protagonistas de um histórico fracasso.
Encerram
um ciclo de três décadas, iniciado no funeral da ditadura, empenhados numa
campanha de volta ao passado da Guerra Fria. Disputam uma eleição com mochila
recheada de falsificações da história, e um catálogo de ilusões baratas. Omitem o
futuro corrosivo na esquina de 2019. Não souberam, ou quiseram, reinventar o
modo de fazer política — apelo recorrente nas ruas e nas urnas desde 2013.
O que
está aí é um espetáculo de realismo mágico, onde todos perdem no final. Vitória
nessas circunstâncias dificilmente levará a uma sólida coalizão governamental.
O eleito não terá bancada expressiva no Congresso e deverá amargar dificuldades
crescentes com um Judiciário ativista e um Legislativo mais fragmentado. É a
eleição da exclusão. Atrás da cabine de votação oculta-se um Estado em colapso,
consumindo 40% de tudo que os brasileiros produzem.
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