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sexta-feira, 15 de julho de 2016

Em Havana, Dilma usou 561 palavras para não dizer coisa com coisa

Se Dilma reprisasse no Senado o delirante monólogo de Havana, até as grazziotins, os lindbergs e os cardozos aprovariam a imediata decretação do impeachment


Convidada a explicar a inexplicável gastança com uma escala em Lisboa, a presidente usou mais de 500 palavras numa só resposta para não dizer coisa com coisa 


O depoimento de Dilma Rousseff na comissão especial do impeachment do Senado seria o primeiro e último confronto entre parlamentares com a faca nos dentes e uma oradora que só se apresenta para plateias amestradas há quase quatro anos, quando a vaia no Morumbi inaugurou a interminável procissão de hostilidades. A opção pela fuga foi mais que uma silenciosa confissão de culpa. Foi também uma maldade com milhões de brasileiros prontos para acompanhar pela TV, ao vivo, a mais longa discurseira de improviso da mulher sapiens que inventou o dilmês.

Vídeo: Entrevista coletiva de Dilma Rousseff em Havana

Mesmo recitando discursos produzidos por assessores que redigem frases compreensíveis, Dilma já protagonizou derrapagens espetaculares. Uma delas ocorreu em 2009, na Conferência do Clima realizada em Copenhague. No meio da leitura do palavrório, a então ministra-chefe da Casa Civil espantou o auditório com a afirmação sem pé nem cabeça: “O meio ambiente é, sem dúvida nenhuma, uma ameaça ao desenvolvimento sustentável”. Se entra em pane até quando lê, o neurônio solitário entra em parafuso quando impelido a mentir de improviso.

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Foi o que aconteceu em Havana em 28 de janeiro de 2014, já no início da entrevista concedida pela presidente para justificar a parada em Lisboa do Aerodilma, que decolara da Suiça com destino a Cuba. No dia 25, ela fora fotografada depois do jantar no estrelado restaurante Eleven, onde havia presidido uma mesa para 12 convivas. Pilhada em flagrante, a Primeira Passageira inventou uma “escala técnica obrigatória”, decidida minutos antes do embarque, para explicar a gastança na capital portuguesa: à conta do regabofe somaram-se as diárias das 45 suítes dos hotéis Ritz e Tivoli que hospedaram a gorda comitiva.

Logo se descobriu que a escala fora determinada já no dia 22, quando a presidente que muito aprecia comida lusitana ainda voava para a reunião anual de Davos. No dia seguinte, enquanto alguns assessores cuidavam da hospedagem, outros providenciavam a reserva no restaurante. A “escala técnica obrigatória” só existiu na cabeça de Dilma, para camuflar o desperdício de dinheiro extraído dos impostos. Como mostra o vídeo, a entrevista em Havana começou com a festiva passagem por Portugal. “A senhora está chateada com as notícias sobre sua escala em Lisboa?”, quis saber uma repórter.

A resposta, reproduzida a seguir sem correções nem retoques, submeteu o idioma, o raciocínio lógico e a verdade a uma selvagem sequência de torturas:

Olha, eu… eu vou te falar, viu, eu acho fantástico. Porque que eu vou te falar o que eu acho fantástico. Eu fui pra Zurique… e pra Davos. E tinha uma estrutura em Zurique e Davos. E não comparem o gasto em Zurique ou na Suiça com o gasto em Portugal, tá certo? Num vamo compará… Agora, interessante que foram procurá meu gasto lá em Portugal e não em Zurique. A minha estrutura, aliás, até, ocês lembram, houve aquela crítica violenta ao Aerolula, ocês lembram disso? Bom, o avião chamado Aerolula, ele não tem autonomia de voo, ao contrário dos aviões do México e de outros países. .. 
da… da Argentina, aqui cê vai achá vários aviões com maior autonomia que a minha. 

Eu, pra ir, faço uma escala. Para voltar, eu faço duas. Para voltar pro Brasil. Neste caso agora, nós tínhamos uma discussão. Eu tinha de saí de Zurique, pudia i para Boston… pudia i ou pra Boston… até porque… ocês vão me perguntá: mas não é mais longe? Num é, não: a Terra é curva, viu? De Zurique eu ia… pra Boston, pra Pensilvânia, ou pra Washington. Acontece, como ocês sabem, tinha, pudia ter, pudia, não se sabia se confirmaria ou se não confirmaria, tinha um problema forte lá da… das… por causa das nevascas. Então, a Aeronáutica montou outra alternativa. Eu cheguei. Qual é essa outra alternativa: eu fui para Lisboa cum a equipe que estava comigo em Zurique e Davos. Tá? E…e…  lembra bem, hein. Tem uma parte da equipe que faz mais escala do que eu, porque o meu é um Bo… é um Airbus 319, o deles é avião da… da… um avião do, da Scavi, um avião reserva, ele tem menos autonomia ainda do que o meu. Então, saí de Zurique, pousei em, na Lisboa, em Lisboa às 5h30 da tarde e, e fui embora às 9h da manhã. Quem anunciou que eu estava passando um fim de semana em Lisboa não sabe fazer a conta. Eu dormi em Lisboa.

No que se refere a restaurante, eu quero avisá pra vocês o seguinte: é exigência de todos, para todos os ministros, eu só faço exigências que eu também exijo de mim, que quem jantá ou almoçá  comigo pague a sua conta. Já houve casos, chatos, no dia do meu aniversário, porque a conta foi um pouquinho alta, e tinha gente qui … qui, que não vô dizê quem, que estava acostumado a qui seria um pagamento do governo. No meu aniversário, eu paguei a minha parte, porque é assim que eu lido com isso. Então não vem, eu posso escolhê o restaurante que for desde que eu pague a minha conta. 

Eu pago a minha conta. Pode ter certeza disso. Pode olhá em todos os restaurantes que eu estive, em alguns causando constrangimento, porque fica esquisito uma presidente e uma porção de ministros fazendo aquela conta: é quanto pra cada um, pô, soma aí, deu quanto, e com calculadora. Tem gente que acha estranho. eu acho que isso é extremamente democrático e republicano. Não tem a menor condição de alguma vez eu usá cartão corporativo. Não fiz isso. Até no meu caso está previsto pra mim cartão corporativo. Mas eu não faço isso porque eu considero que é de todo oportuno que eu dê exemplo, diferenciando o que é consumo privado do que é consumo público.

Nenhum jornalista se animou a perguntar quem pagou o conglomerado de suítes (e qual foi a forma de pagamento). Nenhum cobrou da entrevista alguma justificativa para o sigilo que esconde desde maio de 2013 as despesas com viagens presidenciais. E ninguém ousou pedir que traduzisse para o português o besteirol em dilmês castiço. Numa só resposta, a governante desgovernada usou 561 palavras para não dizer coisa com coisa.

O vídeo permite imaginar como seria o falatório no Senado: uma reprise piorada do delirante monólogo de Havana. Sob pressão, pendurada em álibis mambembes, Dilma não duraria mais que cinco perguntas. Até as grazziotins, os lindbergs e os cardozos aprovariam a imediata decretação do impeachment.

Fonte: Coluna do Augusto Nunes

 

 

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Neurônio conquistador

Dilma ensina que uma conquista precede outra conquista

“É difícil falar tudo que nós fazemos, mas vou tentar. Primeiro, eu queria dizer uma coisa: para nós, toda conquista, toda e qualquer conquista, é sempre apenas um começo. Você conquista e depois você tem que continuar conquistando. Então, toda conquista é apenas um começo. Nós sabemos que a luta é uma luta contínua, quando a gente fala de direitos. A conquista é só o começo”.

Dilma Rousseff, nesta quinta-feira, na Conferência Nacional dos Direitos Humanos, explicando em dilmês castiço que uma conquista é o começo de outra conquista, sem esclarecer o que pretende conquistar depois da conquista do impeachment.

Fonte: Coluna do Augusto Nunes 

 

 

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Dilma na campanha eleitoral manda professora economista fazer PRONATEC e SENAI; só que deixou desde outubro de pagar o Pronatec



Dilma não paga o Pronatec desde outubro. Ou: De como jaqueira não dá caju. Ou: “Faz Pronatec, Elisabete!”

 Entrou para o terreno do folclore eleitoral a estupefaciente resposta que a então candidata Dilma Rousseff (PT) deu à economista Elisabete Maria no último debate eleitoral de 2014, promovido pela Rede Globo. Desempregada, com 55 anos, Elisabete quis saber que proposta tinha a soberana para as pessoas na sua condição, com qualificação profissional, mas com dificuldades para arranjar emprego em razão da idade.


VEJA O VÍDEO: Dilma manda economista fazer PRONATEC e SENAI para se qualificar para emprego

Falando o dilmês castiço, um idioma derivado do javanês, a soberana não teve dúvida: mandou a mulher buscar qualificação profissional no Senai e no Pronatec. A resposta era tão absurda que nem errada era. Tratava-se apenas de dizer qualquer coisa. Elisabete olhava pra ela perplexa.

Pois bem. Reportagem de FábioTakahashi, na Folha desta quinta, informa que as 500 escolas privadas que aderiram ao programa não recebem o repasse do governo desde outubro. Sim, senhores: o Pronatec programa que Dilma surrupiou do seu adversário de 2010, José Serra, mas vá lá   — e o tal “Mais Especialidades”, na área de saúde, foram os dois carros-chefes da campanha da reeleição.

Informa o jornal: “Diretores de escolas ouvidos pela Folha dizem que a explicação do governo é que os recursos estão contingenciados (bloqueados). A União enfrenta situação que combina alta de gastos nos últimos anos com arrecadação abaixo do previsto em 2014. O Ministério da Educação afirmou à reportagem que o repasse de janeiro não foi feito devido ao atraso na aprovação do Orçamento de 2015. Mas não explicou o problema dos meses de 2014”.

Eis aí. Já não se trata agora de apontar apenas os estelionatos eleitorais em relação ao que Dilma disse que faria e que, certamente, não fará. Descobre-se que programas que estavam em curso começam também a ir para o vinagre. As escolas dizem que, se não receberem logo o dinheiro, sairão do programa.  Está começando a ficar tão fácil bater no governo Dilma que preciso ficar me segurando aqui para não tentar fazer o difícil — na verdade, o impossível —, que é falar bem. 

Revejam o vídeo. Dilma manda dona Elisabete fazer o Pronatec alegando que falta ao Brasil mão de obra qualificada. A mulher é economista, santo Deus! E assim vamos: do improviso para a falta de noção e da falta de noção para o improviso. Não é por acaso que o país terá dois anos seguidos de recessão. Por enquanto. Jaqueira não dá caju.

Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo