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domingo, 7 de maio de 2023

A história se repete - Ana Paula Henkel

Revista Oeste

Entra dia, sai dia, os brasileiros assistem atônitos às inconstitucionalidades perpetradas por homens e mulheres da (in)justiça no Brasil

 

Jair Bolsonaro e Daniel Silveira | Foto: Montagem Revista Oeste/PR/Câmara dos Deputados

No filme Groundhog Day, de 1993 (no Brasil lançado com o nome de Feitiço do Tempo), o meteorologista Phil Connors, interpretado por Bill Murray, viaja até Punxsutawney, na Pensilvânia, para cobrir as celebrações da data que marca a metade do período entre o solstício de inverno e o equinócio da primavera no Hemisfério Norte. O Groundhog Day, ou Dia da Marmota, deriva-se da superstição de imigrantes holandeses e alemães do Estado da Pensilvânia de que, se uma marmota sair de sua toca neste dia e vir sua sombra, ela voltará para sua toca, e o inverno continuará por mais seis semanas. Se o roedor não conseguir ver sua sombra, a primavera chegará mais cedo. 
Filme Feitiço do Tempo | Foto: Divulgação

O filme é considerado um clássico e uma das maiores comédias românticas de todos os tempos, mas poderia ser a realidade dos brasileiros demonstrada principalmente na cena em que Connor está em um bar local e diz a um homem: “Eu acordo todos os dias, bem aqui em Punxsutawney, e é sempre 2 de fevereiro. E não há nada que eu possa fazer sobre isso. O que você faria se estivesse preso em um lugar e todos os dias fossem exatamente iguais, e nada do que você fizesse importasse?”

Uma parte importante do DNA da história comunista é como usam o Estado para transformá-lo de acordo com os ideais marxistas

Há pelo menos três anos, quando vamos comentar as principais notícias do dia de segunda a sexta-feira, antes no programa Os Pingos nos Is e agora no Oeste Sem Filtro, falamos do Supremo Tribunal Federal e quase sempre de Alexandre de Moraes.  
Depois de inúmeros atos ilegais cometidos pela Corte e por ministros que deveriam apenas salvaguardar e aplicar a Constituição Federal, mantendo assim o equilíbrio e a sanidade jurídica no país, o que mudou no Brasil? Para eles, nada. Para nós, tudo. Não temos mais ordenamento jurídico, as leis são diariamente vilipendiadas por pessoas que deveriam honrar a confiança da sociedade.  
Mas não é essa a realidade no Brasil. Entra dia, sai dia, os brasileiros assistem atônitos às inconstitucionalidades perpetradas por homens e mulheres da (in)justiça no Brasil. Estamos vivendo um eterno dia da marmota? Onde vamos chegar?

Abro minhas anotações das notícias e dos comentários que fizemos no Oeste Sem Filtro nas últimas semanas e parece que sou o próprio jornalista Connors no filme de 1993. Pacheco, STF, TSE, Alexandre de Moraes, Daniel Silveira preso, livre, preso, julgado, livre, preso… Bolsonaro, Bolsonaro, Bolsonaro… Um ministro do STF interferiu na prerrogativa do Executivo, outro ministro ignorou tal premissa do Congresso, ministro do TSE — que também é ministro do STF — decreta censura e é seguido por outra ministra do tribunal constitucional no Brasil… Prisões sem a devida investigação e o devido processo legal, perseguições políticas, criminalização de opiniões… O que está acontecendo? 
O Brasil saiu do caminho do progresso, mesmo aos trancos e barrancos, saiu do despertar político e saudável dos últimos anos para entrar nas páginas ruins dos livros de história quando Estados totalitários e policialescos viraram o cotidiano de populações inteiras. Medo, insegurança, instabilidade econômica e social que se instalam pelos devaneios cometidos por narcisistas autoritários.Sessão plenária do STF, 26/4/2023 | Foto: Nelson Jr./SCO/STF

Projetos de lei que visam a censurar e amordaçar qualquer um que cometa o “crime hediondo” de abrir a boca contra o novo sistema no Brasil são tocados a toque de caixa e com a pressa de quem precisa silenciar dissidentes e opiniões contrárias ao sistema.                Apenas ditaduras e regimes de exceção agem dessa maneira.                   O famigerado PL 2630 saiu do caráter de votação urgente nesta semana, os comunistas não tinham os votos necessários para calar a boca de meio mundo, mas vai entrar em campo agora o STF para matar essa no peito e marcar o gol de placa para os fãs de Karl Marx.

A sanha de calar a imprensa livre é antiga, bem antiga.
O que precisamos sempre fazer é o exercício da volta às páginas da história para entender como os totalitários agem. Eles mudam de roupa, mas não mudam de estratégias. Não é só no filme Feitiço do Tempo que o Brasil parece acordar todos os dias. Ao tomarem o poder, em 1917, os bolcheviques agiram imediatamente contra o que consideravam “jornais hostis que disseminam desinformação”. Um decreto aprovado em 27 de outubro de 1917 declarava com todas as letras as medidas extraordinárias que seriam adotadas com o objetivo de cortar a corrente de “calúnias” em que a imprensa teria o prazer de afogar a nova vitória do povo. Os sanguinários revolucionários, ídolos dos comunistas tupiniquins, avisaram que, quando “a nova ordem fosse consolidada”, ou seja, todos estivessem tomados pelo medo de abrir a boca, todas as medidas administrativas contra a imprensa seriam suspensas — o que nunca aconteceu.

O decreto sobre a imprensa dos bolcheviques em 1917 deu ao governo o poder de emergência para fechar quaisquer jornais que apoiassem a contrarrevolução, criando um monopólio estatal de publicidade. A data, 1917, parece estar num passado bem distante de todos nós, mas as linhas do decreto soviético nem tanto. O documento deu ao governo o controle dos meios eletrônicos de comunicação e estabeleceu um “Tribunal Revolucionário de Imprensa”, além do poder de censurar a mídia. Jornalistas e editores que cometessem crimes de desinformação” seriam punidos pela Cheka, a primeira polícia secreta da Rússia, que, segundo algumas estimativas em comum de vários historiadores, pode ter executado até 100 mil pessoas consideradas “inimigas de classe” durante o Terror Vermelho. A Cheka também estava autorizada a impor multas ou penas de prisão. Você ainda tem alguma dúvida de que falta pouco para chegarmos a este Estado policialesco? Você ainda tem alguma dúvida de que é este cenário que os comunistas no Brasil querem para todos nós?Membros do conselho da Cheka, em 1918 | Foto: Wikimedia Commons

Uma parte importante do DNA da história comunista é como usam o Estado para transformá-lo de acordo com os ideais marxistas. Uma vez no poder, os comunistas reorganizam completamente o aparato do Estado para melhor perseguir seus objetivos de engenharia social e poder absoluto. Nada pela metade. Historicamente, os governos comunistas, por definição, criaram Estados de partido único (mesmo que outros partidos existam, eles não desempenham nenhuma função política), impedindo que indivíduos não alinhados com o partido e seus objetivos chegassem ao poder, cerceando suas liberdades, suas ideias e sua voz. E, para isso, sequestram ou alinham-se a um corrupto Poder Judiciário, que desfigura as leis para benefício do novo sistema.

No filme de 1993, depois de perceber que não consegue mais sair do mesmo dia, o personagem de Bill Murray encontra um mendigo todos os dias e, em um gesto de desprezo, faz questão de bater nos bolsos da calça como se nunca tivesse dinheiro. Mais tarde, preso naquele feitiço do tempo e com a mente adormecida, o jornalista tenta ajudar repetidamente o mendigo, mas acaba descobrindo que não importa o que faça, o homem sempre morre. Mas há uma lição até mesmo em uma comédia romântica que, claustrofobicamente, eu diria, pode mostrar o que estamos vivendo no Brasil. Mesmo em uma já consolidada ditadura do Judiciário alinhada a comunistas, a lição da Oração da Serenidade, escrita pelo teólogo Reinhold Niebuhr e posteriormente usada pelos Alcoólicos Anônimos pelo mundo, precisa ser lembrada: “Deus, conceda-me a serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem de mudar as coisas que posso, e sabedoria para saber a diferença”.

Uma das ideias centrais de Friedrich Nietzsche, filósofo alemão cuja obra exerceu uma influência profunda na história intelectual moderna, é imaginar a vida como uma repetição sem fim dos mesmos eventos que repetimos. Como isso moldaria suas ações? O que você escolheria para viver por toda a eternidade? O que podemos mudar hoje no Brasil? Por incrível que pareça, muito. Não sei se veremos a mudança necessária de imediato, mas o que estamos deixando para nossos filhos e netos?

Não dá mais para procrastinar o encontro com a realidade que vai requerer um esforço igualmente histórico de todos nós. Cada dia que vivemos não é tão diferente do anterior. No entanto, as mudanças existem, precisam acontecer e estão nos detalhes e nas ações que pedem a nossa coragem para ser exaltados para poderem seguir seu caminho de transformação.  As páginas ruins da história estão diante de nós. Em preto e branco e em todas as cores. Precisamos mergulhar no legado de coragem de homens e mulheres que quebraram o feitiço do mal, dedicando suas vidas à entrega de um futuro melhor às futuras gerações.

Johann Goethe (1749-1832), filósofo, cientista e escritor alemão, resume em seu célebre pensamento que não podemos deixar que a inércia nos contagie: “No momento em que nos comprometemos, a providência divina também se põe em movimento. Todo um fluir de acontecimentos surge ao nosso favor. Como resultado da atitude, seguem todas as formas imprevistas de coincidências, encontros e ajuda, que nenhum ser humano jamais poderia ter sonhado encontrar. Qualquer coisa que você possa fazer ou sonhar, você pode começar. A coragem contém em si mesma o poder, o gênio e a magia”.Johann Wolfgang von Goethe, pintura a óleo de Joseph Karl Stieler, 1828 | Foto: Wikimedia Commons

O escritor britânico G. K. Chesterton, quando fala da grande geração que salvou o mundo do eixo nazifascista, sempre enaltece que ali havia heróis na essência do termo — em pensamento e ação, em força e capacidade de sacrificar tudo por todos, ressaltando de maneira emocionante que eram jovens que não foram movidos pelo ódio do que estava na frente, mas por amor ao que deixavam para trás.

O Brasil precisa do nosso amor e coragem.


A coragem contém em si mesma o poder, o gênio e a magia. Se a história se repete para o mal, ela também pode se repetir para o bem.

Leia também “Boa noite, Cinderela”
 
 
 

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Crianças ‘brincam’ de strippers em Parada Gay na Pensilvânia

Durante uma manifestação LGBT realizada na Pensilvânia, nos Estados Unidos, crianças e jovens “brincaram” de strippers. Em vídeos divulgados nas redes sociais, é possível ver homens e mulheres aplaudindo a “performance” dos adolescentes, que se penduravam em postes e faziam “pole dance”. O evento, realizado em 30 de julho, foi subsidiado pelos pagadores de impostos.

Nova moda americana envolve ensinar jovens a fazer ‘pole dance’, como ocorre em boates. Evento teve dinheiro público

A Libs of TikTok, uma conta no Twitter conhecida por republicar vídeos de ativistas “progressistas”, publicou uma imagem de uma suposta carta do governador da Pensilvânia, o democrata Tom Wolf, promovendo o evento.

Em 13 de julho, Wolf anunciou os beneficiários do programa PA Pride Community Grant, que visa a incentivar as celebrações do público LGBT. O Central PA Pride Festival, em que crianças “brincaram” de strippers, foi um desses destinatários. O evento recebeu US$ 10 mil dos pagadores de impostos.

“Eventos e festivais edificantes, que celebram o pertencimento, a acessibilidade e a inclusão, enviam mensagens de que, na Pensilvânia, todos são bem-vindos para buscar sua felicidade”, disse Carrie Fisher Lepore, funcionária do Departamento de Desenvolvimento Comunitário e Econômico (DCED).

Leia mais: “A bandeira LGBTQIA+ se tornou um símbolo woke, artigo de Brendan O’Neill, da Spiked, publicado na Edição 122 da Revista Oeste

Revista Oeste 

 

sábado, 26 de março de 2022

Por que Brasília “esconde”o petróleo gaúcho? - Sérgio Alves de Oliveira

Nos Estados Unidos a exploração do primeiro poço de petróleo viável” deu-se na Pensilvânia,em 1859,em terras do Coronel Edwin Drake.                                                            

Nessa mesma época, no Brasil, durante o regime do “Império”,já se sabia da existência de petróleo no subsolo pátrio. Porém a exploração propriamente dita  deu-se somente na década de 1930, coordenada pelo  Engº Agrônomo Manoel Inácio Bastos. Portanto o petróleo brasileiro “atrasou” cerca de 70 anos,relacionado ao dos Estados Unidos.

Ildefonso Simões Lopes, gaúcho de tradicional família de Pelotas, ao lado do ex--Presidente Getúlio Vargas, Monteiro Lobato e outros personagens não menos importantes,teve toda a sua história intimamente ligada ao petróleo brasileiro. Foi deputado estadual pelo Partido Republicano Rio-Grandense (1897 a 1904),deputado federal (entre 1906 e 1930),Ministro da Agricultura,Indústria e Comércio do Presidente Epitácio Pessoa,de 1919 a 1922,Presidente da Sociedade Brasileira de Agricultura,de 1926 a 1943,fundador da Confederação Rural Brasileira,em 1928, Membro do Estado-Maior  Civil Revolucionário (da revolução de Getúlo Vargas,de 1930),e Diretor  do Banco do Brasil,de 1930 a 1943. Escreveu diversos livros,entre os quais o título “O Petróleo no Brasil”.

Mas a prospecção do petróleo  e gás natural no subsolo do Brasil tem “detalhes” muito difíceis de  compreender. Desde o primeiro momento em que começaram as prospecções  e a exploração do petróleo  e gás natural brasileiros ,na década de 30 do século passado,sabia-se perfeitamente da chamada BACIA DE PELOTAS.a 200 quilômetro da costa gaúcha,com a área superficial marítima de 210 mil Km/2.maior que o território do Estado RS,localizada desde o sul de Santa Catarina até o limite do Rio Grande com o Uruguai.

Sabe-se que a “Bacia de Pelotas” é tão promissora para essa exploração quanto o é a “Bacia do Uruguai”,cujo país  recentemente promoveu uma rodada de leilões com grande sucesso  em área contígua  à “Bacia de Pelotas”,com participação de grandes operadores internacionais,como as britânicas BG e BT,e a francesa “Total”,que já assinaram os contratos.

Ildefonso Simões Lopes, profundo  conhecedor da questão do petróleo, já sabia, no início da década de 1930, quando começou a exploração do petróleo no recôncavo baiano,da existência da “Bacia de Pelotas”. Tanto sabia que escreveu em 1936 um livro com o  título O PETRÓLEO EM PELOTAS,que misteriosamente “sumiu” de todas as prateleiras e bibliotecas,inclusive a da própria Petrobrás,não deixando “rastro” de um só exemplar. Tive a cautela de tentar descobrir alguma coisa na internet. O que teria havido?  Em um dos trabalhos a que tive acesso,também “misteriosamente”, foi riscado do “mapa”a parte que se referia à “Bacia de Pelotas’ relacionada à obra de Ildefonso Simões Lopes”. Lá “pelas tantas”,percebendo-se claramente que houve algum “corte”,aparece “solto” o nome “Ildefonso” (que só poderia ser ele mesmo).

Que tem “boi nessa linha”,tem. Que tem alguma “conspiração”,também tem.

Desde a época de criação do CONSELHO NACIONAL DE PETRÓLEO,em 1938,no Governo Getúlio Vargas,posteriormente  substituído pela  “Agência Nacional de Petróleo,Gás Natural e Biocombustíveis”, em 1999,a opção preferencial pela exploração do petróleo e gás natural tem recaído exclusivamente sobre áreas terrestres a marítimas não compreendias pelo território do Rio Grande do Sul,mais especificamente da “Bacia de Pelotas”. Por que essa exclusão pela ANP? Por que assa exclusão  do SUL ,se a exploração dessas riquezas  minerais custariam menos que a do pré-sal,por serem em águas menos profundas?

Por que esse “lero-lero” das autoridades federais sobre os leilões na “Bacia de Pelotas”,que nunca se efetivam? Seria alguma “lembrança” nada animadora em relação à “Revolução Farroupilha”, de 1835? Medo em dar “combustível” para os gaúchos reativarem a sua revolução interrompida,  inexplicavelmente,  pelo “Pacto de Ponche Verde”,de 1845?

Teria algum sentido “esconder” e petróleo gaúcho da “Bacia de Pelotas” nessa época em que o petróleo e seus derivados  se tornam cada vez mais raros e caros?

Teria algum sentido o fato de Brasil ter “atrasado” a exploração do seu petróleo em 70 anos,comparado com os Estados Unidos? E o da “Bacia de Pelotas”já estar há  mais de 90 anos atrasado em relação às outras regiões do Brasil? Qual o critério para essas  opções? Econômico? Político? De “compadrio”? Discriminações regionais?

Sérgio Alves de Oliveira

Presidente do Partido da República Farroupilha-PRF (proscrito)


quarta-feira, 23 de março de 2022

Governador da Flórida quer tirar de atleta trans medalha de torneio universitário: 'Perpetuando uma fraude'

O Globo

Lia Thomas venceu prova dos 500m livres na natação

O governador da Flórida, Ron DeSantis, do Partido Republicano, afirmou que pretende pedir a impugnação do resultado da prova que coroou a atleta transgênero Lia Thomas campeã dos 500m estilo livre em um torneio universitário dos Estados Unidos. O político pretende que o título fique com a segunda colocada na prova, Emma Weyant.

Se você olhar para o que a NCAA fez ao permitir basicamente que os homens competissem no atletismo feminino, e neste caso a natação (...) Você tinha a mulher que terminou em primeiro, era de Sarasota (cidade da Flórida), Emma Weyent. Ela ganhou a medalha de prata, mesmo sendo uma superestrela em toda a sua carreira. Precisamos parar de permitir que se perpetuem fraudes para o público disse o político.

Entenda:  Nadadora transexual enfrenta críticas ao quebrar recordes femininos, após três anos competindo entre os homens

DeSantis é do mesmo estado no qual nasceu Emma Weyant. Ela, no entanto, disputou o torneio representando a Universidade da Virgínia, onde estuda, e perdeu a prova de 500 metros estilo livre para Thomas por apenas 1,75 segundo, com o tempo de 4m34s99, o melhor de sua carreira. — Precisamos parar de permitir que organizações como a NCAA perpetuem fraudes. Ela [Emma] ganhou isso. Competir nesse nível é muito difícil. E você não sai da cama e faz isso. Isso exige coragem. Isso exige determinação. Ela teve o tempo mais rápido de qualquer mulher no atletismo universitário — disse DeSantis.

 Competindo pela Universidade da Pensilvânia, Lia se tornou a primeira mulher trans a conquistar um título universitário nos Estados Unidos, vencendo a prova com a marca de 4min33s24. A nadadora já havia sido alvo de críticas em 2021, após quebrar uma série de recordes universitários, por exemplo, ao terminar uma prova 38 segundos à frente da segunda colocada.

A atleta, que é uma mulher transexual, nadou entre os homens por três anos, sob o nome de batismo Will Thomas, e trocou de categoria após um ano de hiato. A USA Swimming, órgão americano que regula o esporte, modificou recentemente as regras para a presença de pessoas transgêneros em suas competições.

[Saiba mais sobre 'homens' que treinam com outros homens,CLIQUE AQUI........ -  ....................fazem a transição e passam a competir com as mulheres que treinam com outras mulheres, OU AQUI.] 

No entanto, a entidade decidiu não implementar as regras já em 2022, considerando que “mudanças adicionais neste momento poderiam ter impactos injustos e potencialmente prejudiciais” para os atletas. Erica Sully, outra rival de Lia na prova da última semana, negou que tenha feito qualquer tipo de protesto no pódio.

Esportes - O Globo

 


terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

É chegada a hora de despertar - Ana Paula Henkel

Protesto de caminhoneiros no Canadá contra a obrigatoriedade de vacinação | Foto: Darryl Barton
Protesto de caminhoneiros no Canadá contra a obrigatoriedade de vacinação -  Foto: Darryl Barton 

O evento ficou mundialmente famoso devido ao filme Groundhog Day, de 1993, lançado no Brasil com o nome de Feitiço do Tempo. O roteiro apresenta o meteorologista Phil Connors, interpretado por Bill Murray, que reluta em viajar para Punxsutawney, na Pensilvânia, para cobrir as celebrações do Dia da Marmota da pequena cidade, por considerar a cobertura do tradicional evento uma perda de tempo. Já hospedado em um hotel local, ele acorda no dia seguinte e se vê preso em um looping temporal, sendo forçado a viver o feriado repetidamente. Todas as manhãs, em sua cama no Cherry Tree Inn, ele desperta com a música I Got You, Babe, de Sonny e Cher, tocando no rádio-relógio:

“They say we’re young and we don’t know / We won’t find out until we grow / Well I don’t know if all that’s true / ‘Cause you got me, and baby, I got you…”

“Dizem que somos jovens e não sabemos / Não vamos descobrir até crescermos / Bem, eu não sei se tudo isso é verdade / Porque você me tem, e baby, eu tenho você…”

Mas o filme de 1993, considerado uma das maiores comédias de todos os tempos, dirigido por Harold Ramis e produzido por Ramis e Trevor Albert, pode, no entanto, ser em alguns aspectos um ensaio sobre uma perspectiva mais atual que nunca. Em um bar local, Connor desabafa com um homem: “Eu acordo todos os dias, bem aqui em Punxsutawney, e é sempre 2 de fevereiro. E não há nada que eu possa fazer sobre isso. O que você faria se estivesse preso em um lugar, e todos os dias fossem exatamente iguais, e nada do que você fizesse importasse?”

Os dias continuam a se repetir e, sem esperança, Connors decide se comportar da pior maneira possível, já que “nada muda”. E este é o dispositivo quase escondido no filme, que acaba se tornando atemporal, como um perfeito atalho para os dias atuais, no melhor sentido de “a mesma coisa de sempre em um dia diferente”. Connors passa um número desconhecido de dias repetindo exatamente o mesmo dia várias vezes. Todas as outras pessoas vivenciam aquele dia pela “primeira” vez, enquanto Connors tem de encarar sua rotina como Sísifo, personagem da mitologia grega condenado a empurrar eternamente uma enorme pedra morro acima que, ao atingir o seu topo, cai novamente, fazendo esse processo ser repetido por toda a eternidade.

Há exatos dois anos, escrevemos sobre liberdade, sobre autonomia, sobre direitos, sobre a verdade, sobre uma pandemia que devorou o intelecto humano

O que poderia ser apenas um filme de comédia, muitas vezes tachado de tolo, na verdade mostra algumas pistas de um possível mistério central que nos aproxima de um arco moralmente mais denso e poderoso para o personagem principal. 
Quando Connors percebe que não é louco e que pode, na verdade, viver para sempre sem consequências (se não há amanhã, como ser punido?), ele se entrega ao seu “eu adolescente”. Fuma dezenas de cigarros sem medo de julgamentos ou doenças, dirige embriagado, usa um leque de mentiras para levar muitas mulheres para a cama, rouba dinheiro e se perverte de uma maneira descontrolada. Depois de mais uma noite de orgias e bebedeira, ele declara: “Não vou mais jogar pelas regras deles!”.

Algum tempo depois de abusar de uma liberdade que acreditava ter, Connors é tomado por um vazio inexplicável e se torna suicida, percebendo que toda a gratificação material e sexual do mundo não se sustenta espiritualmente. De qualquer forma, ele culpa a marmota e, em um pacto de assassinato-suicídio, mata o roedor. Mas nem isso faz com que Connors acorde de seu pesadelo. Depois de inúmeras tentativas de tirar sua própria vida, ele continua acordando no dia seguinte, sem ser o dia seguinte. No fim, exausto e sem expectativas de sair daquela maldição, resolve dar uma guinada. Começa a tocar piano, ler poesia, decide ajudar os moradores locais em assuntos grandes e pequenos, incluindo pegar um menino que cai de uma árvore todos os dias, mas que nunca lhe agradece, apaixona-se pela pessoa que jamais imaginaria se apaixonar; e começa a prestar atenção no amor em várias camadas e vertentes.

Ele, então, descobre que há algumas coisas que não pode mudar, mesmo repetindo-as todos os dias. E, em sua dedicação pelo seu presente, finalmente acorda em 3 de fevereiro, destravando o ciclo interminável do Dia da Marmota. A maldição é suspensa quando Phil Connors agradece pelo dia em que acabou de viver, deixando o melhor que podia no presente, mesmo sabendo que teria de repetir tudo mais uma vez no dia seguinte. Connors lentamente percebe que o que faz a vida valer a pena não é o que você obtém dela, mas o que você coloca nela.

Uma das ideias centrais de Friedrich Nietzsche, filósofo alemão cuja obra exerceu uma influência profunda na história intelectual moderna, é imaginar a vida como uma repetição sem fim dos mesmos eventos que repetimos. 
Como isso moldaria suas ações? 
O que você escolheria para viver por toda a eternidade? 
Mas esse existencialismo não explica o apelo mais amplo de um filme aparentemente bobo que conversa com nossa atual realidade e sociedade. É na ressonância religiosa, que tanto tentam expurgar de nossa vida cotidiana (vide as eternas ordens de lockdowns para igrejas e templos, a tentativa da diminuição da importância da fé), que o filme chamou minha atenção na última vez a que o assisti. Connors vai para sua própria versão do inferno, do qual ele é libertado ao abandonar seu egoísmo e se comprometer com atos de amor da vida real de quem está à sua volta.

Peças inesperadas no tabuleiro
Desde 2020, quando sento semanalmente para pensar no assunto que abordarei em meu artigo semanal, às vezes tenho a sensação de que estamos vivendo no filme de 1993, no Dia da Marmota
O que você faria se estivesse preso em um lugar, e todos os dias fossem exatamente iguais? 
Há exatos dois anos, escrevemos sobre liberdade, sobre autonomia, sobre direitos, sobre a verdade, sobre uma pandemia que devorou o intelecto humano e sobre personagens que continuam desafiando as novas leis do silêncio impostas ao mundo. Martin Kulldorff, Jonathan Isaac, Robert Malone, Joe Rogan, Eric Clapton, Novak Djokovic, Aaron Rodgers, Nicki Minaj, quantos nomes temos trazido para demonstrar a bravura de homens e mulheres que continuam, com declarações firmes, expondo os covardes. 
Nomes que decidiram não aceitar mais as guilhotinas virtuais e a imposição de que todos nós temos de sentar no sofá quente dos lobbies. Mas, mesmo depois de tantos excepcionais exemplos, o que mudou? Estamos vivendo um eterno Dia da Marmota? Aonde vamos chegar? Estamos, realmente, fazendo tudo o que podemos fazer para estancar essa insanidade? 
O que você fez, aí mesmo, perto de você, para quebrar esse ciclo medonho?

Em toda revolução importante, e acredito que estamos dentro de uma, peças inesperadas podem surgir. A última movimentação nesse tabuleiro, crucial para a sobrevivência da liberdade como a conhecemos no mundo, foi brilhantemente feita pelos canadenses, mais especificamente os caminhoneiros canadenses. O que começou como um protesto local, ignorado pela mídia, agora se transformou em uma manifestação mundial contra o fascismo da covid. Após as medidas do governo canadense de impor vacinas para caminhoneiros que cruzam a fronteira EUA–Canadá, os motoristas lançaram um movimento de protesto apelidado de “Freedom Convoy”, que começou na Província da Colúmbia Britânica, no início da semana passada, e chegou à capital canadense, Ottawa, na última sexta-feira.

(...)

O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, saiu às pressas da capital para um destino não informado e disse essa semana que os manifestantes que estavam em Ottawa eram uma “pequena minoria de marginais” que mantêm “visões inaceitáveis que não representam as opiniões dos canadenses que pensam nos outros”. Tamara Lich, uma das principais organizadoras do grupo Freedom Convoy 2022, disse, em um vídeo postado na conta do Facebook do grupo — perfil que foi derrubado pela plataforma: “Este é um evento familiar, seremos pacíficos e não instigaremos nada. Estamos todos preparados para ficar aqui o tempo que for preciso. Estamos juntos para recuperar nossas liberdades”.

(...) 

Na Holanda, motoristas realizaram seu próprio protesto de comboio, “tudo e todos sobre rodas” são bem-vindos. Aqui nos EUA, caminhoneiros planejam o início de um grande comboio, que deverá sair da Califórnia nas próximas semanas e atravessar o país até a capital, Washington, DC, para protestar contra a tirania do inútil passaporte vacinal, que não bloqueia a transmissão do vírus.
Achatar a curva, lockdown, vacina, tranca tudo e não questiona nada, transmissões em alta, nova cepa, passaporte vacinal, agora vamos achatar a curva, lockdown, vacina, tranca tudo e não questiona nada, transmissões em alta, passaporte vacinal…  
E o rádio-relógio continua tocando a mesma música. E a vida segue imitando a arte. E se o amanhã que deixaremos para os nossos filhos for o mesmo de hoje? 
Um conto draconiano que sufoca qualquer palavra contra os tiranos? 
Uma repetição sem inspiração, sem propósito e sem esperança?
 
(...)

Não dá mais para procrastinarmos o encontro com a realidade, que vai requerer um esforço de todos nós. Cada dia que vivemos não é tão diferente do anterior. No entanto, as mudanças existem e estão nos detalhes que precisam da nossa coragem para ser exaltados e para seguir seu caminho da transformação. Às vezes, só estamos entediados e repetindo nossos maus hábitos porque estamos no piloto automático, dentro no nosso próprio feitiço do tempo. E nos acomodamos, ouvindo a música de Sonny e Cher, esperando que o feitiço se quebre sozinho… “Dizem que somos jovens e não sabemos / Não vamos descobrir até crescermos…”.

Nessa tragicomédia que estamos vivendo, o que fazemos, de fato, como os caminhoneiros canadenses, para quebrar o feitiço que tentam nos impor nos últimos dois anos? 
Os tempos são assustadores, mas a inspiração está por toda parte. Não interessa mais se tudo não passa de um sonho ruim ou um pesadelo. É chegada a hora de despertar.

Leia também “É assim que as coisas mudam”

MATÉRIA COMPLETA - Ana Paula Henkel, colunista - Revista Oeste


quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Esportes femininos dominados por homens biológicos - Rodrigo Constantino

VOZES - Gazeta do Povo

Depois que a integrante da equipe de natação feminina da Universidade da Pensilvânia, Lia Thomas, anteriormente conhecida como Will Thomas, venceu mais duas disputas contra nadadoras no sábado, uma colega de equipe que preferiu permanecer anônima se manifestou, dizendo: “As mulheres agora são cidadãs de terceira classe”. Lia Thomas venceu as disputas de estilo livre de 100 e 200 jardas contra a Universidade de Harvard.


A colega de equipe anônima disse ao The Washington Examiner: Lia não estava nem perto de ser competitiva como homem nas 50 e 100 jardas. Mas só porque Lia é biologicamente um homem, [Lia] é naturalmente melhor do que muitas mulheres nas 50 e 100 jardas ou qualquer coisa que [Lia] não fosse boa como homem.”

A companheira de equipe continuou: “As principais pessoas da NCAA, que estão no conselho de administração… não estão protegendo os direitos das mulheres. Imagine se houvesse esse tipo de desigualdade nos esportes masculinos. Ou alguém descobriu sobre doping em um esporte masculino. Seria consertado em um piscar de olhos. Todo mundo estaria em cima disso. Mas porque são mulheres, elas não se importam.”

“As pessoas vieram até mim e disseram que isso é tão errado”, disse ela. “Eu sou tipicamente liberal, mas isso já passou dessa questão. Isto é tão errado. Isso não faz nenhum sentido. Estou tentando fazer tudo o que posso sem prejudicar meu futuro para impedir que isso aconteça. Eu não posso simplesmente sentar e deixar algo assim acontecer. Não vou apenas sentar e dizer: 'Meus direitos estão sendo retirados, uma pena'. É embaraçoso que as pessoas não estejam se manifestando mais."

"Não consigo ver como alguém se sente bem sobre isso", desabafou. O The Examiner apontou os dados: Para a equipe de natação feminina da Universidade da Pensilvânia de 2021-2022, o melhor tempo para as 50 jardas livres é de 22,78 segundos, realizado por Thomas. Comparativamente, o melhor tempo masculino no mesmo evento durante esta temporada é de 20,32 segundos. O tempo recorde de Thomas para as mulheres teria sido o 17º melhor tempo para os homens este ano. Além disso, o desempenho de Thomas foi o terceiro tempo mais rápido para a equipe feminina da universidade nas últimas 13 temporadas.

Numa coluna de opinião na Fox News, escrita pela nadadora Sandra Bucha, o título já deixa claro o tamanho do problema: "Homens devolvendo as mulheres à margem dos esportes". No subtítulo, ela diz: "Quase todas as organizações em posição de proteger as mulheres atletas estão deixando a bola cair". Ela conta um pouco da luta que travou no passado dentro do esporte: "Em 1972, a American Civil Liberties Union me representou em um processo contra a Illinois High School Association, argumentando que, se não houvesse time feminino em uma escola, uma menina deveria poder competir por uma vaga no time masculino. Na decisão do juiz distrital contra nós, ele concordou que deveriam existir equipes separadas para meninas, mas também descobriu que permitir meninas em equipes masculinas não seria justo devido às gritantes diferenças biológicas entre os sexos".

O esporte feminino floresceu com a divisão, mas hoje a ex-nadadora lamenta a situação das meninas: "Mas agora, quase meio século depois, uma nova geração de mulheres e meninas está enfrentando os mesmos desafios que eu, só que com uma reviravolta: elas estão perdendo suas melhores oportunidades atléticas para homens que se identificam como mulheres". Ela continua: "Alguns atletas do sexo masculino estão pressionando muito pelo que consideram sua melhor oportunidade para o sucesso atlético, mesmo que isso signifique eliminar as condições equitativas para as mulheres, mesmo que isso signifique que anos de tempo, esforço e sacrifícios de atletas do sexo feminino não valem nada".

É a volta dos anos 60, e as mulheres ficam do lado de fora torcendo para homens, ou fingindo que estão torcendo. "Se os ideólogos 'woke' não estão do lado das mulheres, a ciência está. Os grupos que fiscalizam o atletismo feminino estão tendo que ignorar muita realidade física para justificar essas competições desequilibradas. Como o juiz do meu caso observou, os homens têm maior capacidade pulmonar, massa muscular, estrutura óssea e até mesmo comprimento do braço do que as mulheres. Nenhuma quantidade de supressão de testosterona pode mudar esses fatos", conclui.

A ideologia de gênero declarou guerra à ciência, matou a biologia, parte da premissa absurda de que homens e mulheres não são diferentes, ou sequer existem do ponto de vista objetivo. O resultado disso para o esporte feminino tem sido catastrófico. Homens biológicos que se identificam como mulheres têm ocupado os espaços e colocado as mulheres de verdade para escanteio
Cada vez mais mulheres - e homens decentes - se revoltam contra tamanha injustiça, mas muitos ainda sentem medo de confrontar a patrulha 'woke'. Se continuar essa tendência, porém, será o fim dos esportes femininos.
 
 

Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Trump 2024 - Valor Econômico

Bruno Carazza

Engana-se quem acredita que Trump seja carta fora do baralho: Biden venceu, mas o trumpismo sai fortalecido

[dois registros:
- a menção, no título, "Trump 2024", não se refere a um terceiro mandato para Donald Trump - a legislação americana só permite dois mandatos = as eleições 2020 estão judicializadas, o que não permite  considerar Trump derrotado por Biden.
Igualmente qualquer menção,   na matéria,  a uma vitória de Biden é consequência do que consideramos  precipitação ou excesso de otimismo do articulista, tendo em vista a judicialização do apuração das eleições, evento que torna, apesar de improvável, uma reversão possível.]

 “I’ll be back”, teria dito o presidente Grover Cleveland ao deixar a Casa Branca depois de perder a reeleição em 1888. E ele cumpriu a promessa. Ao dar a volta por cima em 1892, Cleveland ainda é, até hoje, a única pessoa na história americana a governar o país em dois mandatos não consecutivos (1885-1888 e 1893-1896). Donald Trump pode lhe fazer companhia em 2024.

Cleveland era democrata - e o vínculo partidário não é a única característica que o diferencia de Trump. Discreto, fez da austeridade e da retidão seus principais ativos políticos. Na sua primeira eleição, sofreu uma intensa campanha difamatória na imprensa, com os adversários acusando-o de ter um filho ilegítimo. Ao ser questionado por seus apoiadores sobre qual deveria ser a sua estratégia de defesa, respondeu com uma frase que marcou época: “Tell the truth”. Ao assumir que caiu em tentação e admitir a possibilidade de ser pai da criança, Grover Cleveland mereceu um voto de confiança do puritano eleitorado americano no final do século XIX.

Mas à parte a coloração partidária, a discrição e a postura em relação ao dilema “fato ou fake”, há pontos em comum entre eles. Ambos tiveram uma carreira política meteórica: em apenas dois anos, Cleveland elegeu-se prefeito de Buffalo, governador de Nova York e presidente da República, enquanto Trump... bem, todos sabemos o quão rápida foi sua ascensão.

Os dois presidentes também viveram em mundos muito polarizados. Cleveland chegou ao poder derrotando seu adversário James Blaine por apenas 0,3% dos votos nacionais e se não fosse uma diferença de apenas 1.200 votos no estado de Nova York, teria perdido a disputa no Colégio Eleitoral - assim como Donald Trump venceu Hillary Clinton com margens apertadas e ainda perdendo nacionalmente.

Ao tentarem a reeleição, tanto Cleveland quanto Trump ampliaram seu eleitorado, mas por um triz não conseguiram manter o domínio sobre Estados relevantes, e acabaram sendo derrotados. Em 1888, Nova York e Indiana representaram para Grover Cleveland o que Georgia, Pensilvânia e Michigan foram para Trump em 2020.

Quatro anos depois, o retorno de Cleveland à Casa Branca foi possível pelo agravamento da situação econômica, o acirramento das disputas raciais no país e a ausência de alternativas no seio de seu partido - condições que podem contribuir para a volta de Trump em 2024. A vitória [sic] de Joe Biden vem sendo efusivamente comemorada como o fim de uma era. Analistas chegaram a dizer que “a aventura populista norte-americana chegou ao fim” e que a razoabilidade e a sensatez se impuseram de modo definitivo sobre a truculência das táticas de Donald Trump. Calma lá.

Deixando de lado a teatralidade das acusações de fraude e as ameaças de judicialização do resultado das urnas, Trump poderá deixar a presidência de cabeça erguida. Ele conseguiu mobilizar seu eleitorado para fazer frente à onda azul que se mobilizou desde os protestos em resposta ao assassinato de George Floyd, manteve o domínio republicano em suas bases tradicionais e ainda angariou votos em redutos antes considerados monopólio democrata, como parcelas relevantes do eleitorado latino - tudo isso em meio a uma pandemia e uma crise econômica sem precedentes na história recente.

A derrota trumpista [sic] se deu em margens tão apertadas quanto as de 2016, o que evidencia que os Estados Unidos continuam tão divididos quanto antes, tanto geográfica (litoral x interior, cidades grandes x zonas rurais) quanto demograficamente (brancos x não brancos, homens x mulheres, alta x baixa escolaridade). Não é por outro motivo que tanto Joe Biden quanto Kamala Harris, em seus discursos da vitória, usaram a mesma expressão: “curar o país”, como se ele sangrasse em função de tantas divisões.

Amainar diferenças tão acirradas até 2024 será uma tarefa hercúlea, ainda mais se os democratas não conseguirem o controle do Senado. É bom lembrar que nem Barack Obama, com todo o seu carisma e contando com oito anos de mandato, conseguiu vencer resistências, unificar o país e fazer sua sucessora. Como a Emenda nº 22 da Constituição americana não impede um ex-presidente que perdeu a eleição de candidatar-se de novo, Donald Trump tem à sua frente quatro anos para fazer campanha e azucrinar o governo de Joe Biden pelas redes sociais e manipulando as atenções da mídia.

Outra circunstância que o favorece é a ausência de novas lideranças em ambos os partidos. Do lado republicano, ainda que existam críticas às suas postura e personalidade, nenhum nome lhe faz sombra. Entre os democratas, as primárias deste ano, com um número recorde de pré-candidatos e a escolha recaindo sobre um senhor de 77 anos, dizem muito sobre o deserto de alternativas.

É verdade que o atual presidente tem um passado nebuloso e a perda da imunidade presidencial abre flancos para processos judiciais que podem inviabilizar um plano de retorno ao centro máximo do poder nos Estados Unidos. Nesse caso, ainda lhe restaria um plano B, que atende pelo nome de Donald Trump Jr.

Clãs sempre fizeram parte da política americana: John & John Quincy Adams, no alvorecer da República, e George H. & George W. Bush são duplas de pais e filhos que chegaram à presidência. Outro exemplo é William Harrison (1841-1844) e seu neto Benjamin Harrison, que derrotou Grover Cleveland em 1888. Também tivemos os Dead Kennedys na década de 1960 e o casal Clinton mais recentemente, todos com grande protagonismo. E ainda há Michelle Obama - que nega interesse em entrar no jogo, mas parece ser uma carta guardada na manga dos democratas para o futuro.

Com um perfil super ativo nas redes sociais, papel de comando nas campanhas do pai e tendo participado como consultor na administração que se encerra, não seria surpresa ver Trump Jr., 43 anos, sendo preparado para assumir o bastão do pai caso ele não possa concorrer em 2024. É muito cedo para especular sobre o que vai acontecer nos EUA daqui a quatro anos. Mas engana-se quem acredita que Trump seja carta fora do baralho. [excelente registro: Há a possibilidade de Trump ser beneficiado por um  resultado favorável na judicialização que empreende - o que deixa margem para propor uma mudança de legislação, não impossível, que permita ser candidato a um terceiro mandato em 2024; lhe resta também, caso seja alvo de decisão judicial adversa, se candidatar em 2024.]

Bruno Carazza,  mestre em economia, doutor em direito - Valor Econômico

 

sábado, 7 de novembro de 2020

Juiz da Suprema Corte dos EUA manda Pensilvânia separar votos enviados pelo correio

O Globo e AFP

Decisão será apreciada neste sábado pelo plenário e pode beneficiar o presidente Donald Trump 

[Talvez, por enquanto  apenas um provável talvez, a esquerda e seus apoiadores mais uma vez fracassem.
A Suprema Corte mandou separar os votos enviados pelo correio e se decidir que tais votos são inválidos - valendo  apenas os conferidos pelos  eleitores que compareceram às seções eleitorais - ou que sejam considerados apenas os presenciais e os enviados via postal (no caso destes,  valendo que chegaram ao destino até o dia das eleições, 3 nov 2020) abre espaço para que a decisão seja válida para todos os estados = TRUMP VENCE.]
Várias pessoas foram às ruas exigindo que todos os votos fossem contados Foto: Getty Images
Várias pessoas foram às ruas exigindo que todos os votos fossem contados Foto: Getty Images
O juiz Samuel Alito, da Suprema Corte dos Estados Unidos, determinou que votos recebidos na Pensilvânia após 3 de novembro sejam contados separadamente, de acordo com uma ação do Partido Republicano. Uma decisão colegiada dos nove juízes da Corte deverá ser tomada neste sábado. A quantidade de votos nesta situação, no entanto, é pequena e provavelmente não influenciará no resultado final, segundo imprensa americana.

Mesmo que Trump consiga uma improvável virada, ele ainda precisaria ultrapassar Biden na Geórgia, onde haverá uma recontagem devido à pequena margem entre os candidatos, e em ao menos mais um estado um dos estados onde a apuração ainda está pendente — Arizona, Nevada Carolina do Norte, para ter chances de se reeleger. Dos cinco estados, o presidente só lidera neste último.

A Pensilvânia é a mais provável fiel da balança das eleições americanas, cuja apuração se prolonga desde a noite de terça-feira. Com 96% dos votos apurados, Biden lidera com 49,6% dos votos, contra 49,1% de Trump. A vantagem do ex-vice-presidente, que ultrapassou Trump na manhã de sexta-feira, não para de crescer e deve continuar a se expandir, já que parte dos votos restantes são postais ou originários de redutos eleitorais democratas.

O secretário de estado da Pensilvânia já ordenara que todas as cédulas que chegassem entre quarta-feira, 4 de novembro, e sexta-feira, 6 de novembro, fossem separadas daquelas que chegaram até o dia da eleição, enquanto se aguarda um litígio em andamento, a pedido dos republicanos, para decidir a validade desses votos. "Dados os resultados da eleição geral em 3 de novembro de 2020, a votação na Pensilvânia pode muito bem determinar o próximo presidente dos Estados Unidos", disseram os republicanos. "Não está claro se os 67 conselhos eleitorais do condado estão deixando de lado as votações tardias".

Pela lei do estado, votos que chegassem até três dias após a eleição poderiam ser normalmente computados — extensão aprovada para garantir que atrasos no correio não impedissem que votos por correspondência entregues dentro do prazo fossem aferidos. Como os EUA não têm uma Justiça Eleitoral unificada, cada estado define suas próprias regras.[conforme o caso uma decisão da Suprema Corte  tem validade nacional; 

decisões monocráticas de grande repercussão, são proferidas em situações excepcionais e, de imediato,  são submetidas do plenário para decisão final.]

Em razão da pandemia de Covid-19, mais de 65,4 milhões votaram desta maneira em 2020 — em sua maciça maioria, eleitores do Partido Democrata. Diante disso, Trump tenta há meses pôr em xeque a lisura da modalidade, mesmo sem quaisquer evidências de irregularidade.Os ataques se consolidaram após Biden ultrapassar o presidente na disputa em uma série de estados disputados, consolidando-se como favorito para vencer a eleição. Como votos pelo correio levam mais tempo para ser apurados que os presenciais, modalidade mais popular entre os republicanos, já se esperava que as primeiras parciais mostrassem uma ilusória vantagem republicana e que os democratas ganhassem força com o tempo.

Diante da derrota iminente, o presidente Trump reiterou que contestará judicialmente os resultados nos estados em que a vitória de Biden ocorre por pequena margem  —  apesar de ele próprio ter vencido nos estados de Michigan, Wisconsin e Pensilvânia em 2016 por uma margem total de apenas 80 mil votos. Além da Pensilvânia, a campanha republicana entrou com ações judiciais na  quinta para suspender a contagem em Michigan, Geórgia e Nevada, além de recontagem em Wisconsin, e dois de seus pedidos já foram rejeitados pela Justiça.[nada ainda definido, mas os pedidos rejeitados foram por juízes singulares ou de instância inferiores.]

 O Globo e AFP

quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Ganha uma viagem à Pensilvânia quem souber que cartas o presidente tem - Elio Gaspari

Folha de S. Paulo - O Globo

Bolsonaro deve mostrar seu jogo

Os males do governo Bolsonaro são muita briga e poucos objetivos. Talvez nem se possa dizer que o presidente embaralha as cartas; ele as rasga     

Às segundas, quartas e sextas, o ministro Paulo Guedes briga com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Às terças, quintas e sábados, fazem as pazes. Todo dia, Guedes briga com Rogério Marinho, seu colega do Desenvolvimento Regional. Insatisfeito com as brigas que arrumou, Ricardo Salles, do Meio Ambiente, insulta o chefe da Secretaria de Governo, general da reserva Luiz Eduardo Ramos. Do alto de sua erudição, num discurso em que se disse poeta e falou até em grego, o chanceler Ernesto Araújo disse ao mundo que “o Brasil hoje fala em liberdade através do mundo, se isso faz de nós um pária internacional, então que sejamos esse pária”. (Se o Brasil virou um pária, isso nada tem a ver com o discurso da liberdade.) Bolsonaro, o maestro dessa banda de música, briga com governadores, vacinas e colaboradores.

Faz tempo, diante da anarquia do fim do governo de João Figueiredo, o general Golbery do Couto e Silva dizia que uma pessoa pode ir para a rodoviária parando em todos os guichês, pedindo um desconto na passagem. Podia até conseguir, mas não podia deixar de dizer para onde queria ir. Olhando o mesmo quadro, Tancredo Neves queixava-se: “Ninguém joga só embaralhando. Tem que dar carta a alguém, e o Figueiredo não está dando carta alguma. Está com todas na mão”. (O tempo mostrou que o general não tinha mais carta, e Tancredo foi eleito presidente em 1985.)

Ganha uma viagem à Pensilvânia quem souber que cartas Bolsonaro tem. Talvez nem se possa dizer que embaralha as cartas. Ele as rasga. Rasgou Gustavo Bebianno, Sergio Moro, Santos Cruz e Luiz Henrique Mandetta. Marcou a do general Eduardo Pazuello. Admita-se que o capitão tem o objetivo de se reeleger, com o apoio do Centrão e dos auxílios emergenciais. [admita-se, até por uma questão de justiça e verdade, que o capitão não criou a pandemia, que impôs a necessidade dos auxílios emergenciais.] Para isso, precisaria que a eleição presidencial viesse rapidinho. Ela não virá, quem está a caminho é uma insegurança econômica bafejada pelo desequilíbrio fiscal. Com o emagrecimento da mística eleitoral que acompanhou sua vitória de 2018, resta-lhe a fidelidade do Centrão. Se ele pudesse, deveria marcar um jantar com Dilma Rousseff, ela acreditou nessa fidelidade.

Muita briga e poucos objetivos, os males do governo Bolsonaro são. Quem sabe onde foi parar aquele programa Pró-Brasil? Era pó e ao pó reverteu. Durante seu governo, o país foi infelicitado por uma pandemia que matou mais de 160 mil pessoas. Não foi ele quem trouxe o coronavírus, mas, em oito meses de angústia, dele não partiu uma só ação ou fala que contribuísse para a boa ordem sanitária. Ressalvem-se a rapidez e o alcance dos R$ 600 mensais que tiraram milhões de pessoas do caminho da fome. Essas medidas, contudo, não deram eficácia à cloroquina no combate à “gripezinha”.

Amanhã completam-se 116 anos da criação, no Rio de Janeiro, da Liga contra a Vacina Obrigatória. Pelo andar da carruagem, Bolsonaro quer liderar um movimento parecido. Em 1904, muita gente boa, como Rui Barbosa, combatia a vacinação contra a varíola, que naquele ano mataria quatro mil pessoas na cidade. Em 1980 a Organização Mundial da Saúde certificou a erradicação da doença. No governo de Rodrigues Alves, o Brasil andou para a frente.

Folha de S. Paulo - Jornal O Globo - Elio Gaspari, jornalista


Já há um derrotado nos Estados Unidos: as pesquisas eleitorais - Matheus Leitão

A credibilidade das sondagens fica abalada porque a folgada margem para Biden não aconteceu, qualquer que seja o resultado

Independentemente de quem ganhar as eleições norte-americanas, o que ainda permanece incerto na manhã desta quarta-feira, 4, as pesquisas eleitorais são o primeiro grande derrotado do pleito de 2020 nos EUA. A credibilidade delas sai, assim como em 2016, chamuscada, mas neste ano será ainda mais grave porque havia um consenso de que os erros de quatro anos atrás haviam sido corrigidos.

Não foram, aparentemente. A metodologia de segurança, de fato, continua a não ser encontrada – podendo se dizer, sem exagero, que é desconhecida dentro deste processo eleitoral complexo e dividido por delegados, que é o dos Estados Unidos. O que as pesquisas mostravam, antes da abertura das urnas, era uma margem grande de probabilidade de vitória de Joe Biden contra Donald Trump. Os institutos garantiram que tinham identificado falhas e corrigido. Terão que voltar às suas planilhas.

O que temos testemunhado desde ontem à noite? Nas pesquisas, o estado do Texas estava apertado, mas com estreita tendência pró-Trump. As pesquisas acertaram. Mas na Flórida, por exemplo, a previsão era empate, mas pró-Biden. Erraram feio. A vitória foi de Trump. Em Ohio, a análise era de empate, mas com um leve movimento pró-Trump. Acertaram. Na Georgia, no entanto, empate pró-Biden. Ou seja, por enquanto estão errando.

Usando apenas esses estados como ponto de partida entendemos a gravidade dos erros das pesquisas eleitorais. São lapsos que, no caso da Flórida e da Georgia, por exemplo, envolvem 45 delegados. É um número considerável se o objetivo é obter 270 delegados para ganhar a eleição. Michigan e Wisconsin, dois estados que eram apontados como vitórias de Biden, estão incertos e podem dar vitória a Trump. Erraram em prever um favoritismo folgado, isso já se sabe. O mesmo foi previsto no estado da Pensilvânia, onde o republicano, neste momento, tem uma vantagem forte, mas são esperados votos enviados pelos correios, que podem ser majoritariamente em favor do candidato democrata.

O quadro real é mais de contagem de condado a condado para decidir o próximo presidente da mais importante potência econômica do mundo. Acontece que algumas pesquisas davam probabilidade de vitória de Biden de até 90%, vendo um mapa bem mais folgado para o candidato democrata do que para o republicano. Alguns estados não fecharam, mas a verdade que centros de pesquisas, como Nate Silver, previam vitórias folgadas para Biden em estados que têm revelado uma outra realidade.

Voltando ao ponto principal, trata-se de uma eleição apertada, decidida voto a voto, em uma contagem que pode varar a semana, olhando condado por condado. Isso porque alguns estados contarão os votos que chegaram pelos correios devagar. Mesmo em caso de viradas nos estados ainda abertos, na direção do que havia sido apontado nas pesquisas, nenhuma delas previu uma disputa tão acirrada em tantos colégios eleitorais norte-americanos.

Matheus Leitão, jornalista - Blog Matheus Leitão - VEJA


terça-feira, 13 de outubro de 2020

Biden já fala em ‘trapaça’ em caso de derrota

Democrata disputa com Trump a presidência dos Estados Unidos

joe biden - trapaça - eleições dos estados unidos

Joe Biden é candidato a presidente dos Estados Unidos pelo Partido Democrata | Foto: Reprodução/Instagram

O democrata Joe Biden, rival do republicano Donald Trump na corrida pela presidência dos Estados Unidos, já tem justificativa em caso de derrota nas urnas. No último fim de semana, o candidato do Partido Democrata afirmou que só perderá a eleição se houver algum tipo de “trapaça.”

Leia mais: “Trump e Biden não entram em acordo e debate é cancelado”

“Vocês precisam votar, porque o único jeito de nós perdermos esta eleição é se houver trapaça nos locais de votação”, disse Biden, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Na sequência, sem apresentar quais seriam as fraudes possíveis, o democrata informou que aceitará o resultado do pleito — independentemente de vencer ou não. A declaração de Biden foi feita em ato de campanha na Pensilvânia. O Estado da região Nordeste dos Estados Unidos é considerado um swing state, onde historicamente não há preferência definida entre republicanos ou democratas. De acordo com análise publicada no site FiveThirtyEight, a Pensilvânia poderá decidir a eleição deste ano.

Eleição norte-americana
Joe Biden disputará com Donald Trump, atual mandatário do país e que busca a reeleição, a preferência do eleitorado norte-americano. A eleição presidencial dos Estados Unidos está marcada para 3 de novembro. Com parte do povo votando pelos correios, a expectativa é que o anúncio do resultado leve dias para ser confirmado.

Revista Oeste - Anderson Scardoelli


sexta-feira, 10 de julho de 2020

Projeto Lincoln, criado por dissidentes republicanos, usa armas da direita para atacar Trump - O Globo

Objetivo é minar presidente em estados que tradicionalmente votam no partido, e obrigá-lo a dispersar esforços na campanha

O 'Lincoln Project' é formado por republicanos insatisfeitos com o rumo que o partido tomou sob o comando de Trump Foto: Reprodução
O 'Lincoln Project' é formado por republicanos insatisfeitos com o rumo que o partido tomou sob o comando de Trump 
Foto: Reprodução
Criado em dezembro do ano passado, o Lincoln Project (Projeto Lincoln) reúne ex-estrategistas e consultores do Partido Republicano e é o responsável pela produção desse e de outros vídeos. Com 1,2 milhão de seguidores no Twitter, o grupo ganhou fama com produções que atacam Trump, mas com um discurso mais alinhado a antigos eleitores republicanos insatisfeitos com o atual ocupante da Casa Branca.

Fogo amigoKanye West diz que vai concorrer à Presidência dos EUA
O mais compartilhado dos vídeos causou a ira do presidente americano, que foi às redes sociais atacar os fundadores do Projeto Lincoln. Trump lembrou que muitos deles participaram de campanhas de candidatos que derrotou nas primárias do partido em 2016.
“Um grupo de Republicanos Apenas No Nome que fracassaram enormemente 12 anos atrás, depois há oito anos e que foram vencidos por mim, um iniciante na política, quatro anos atrás, copiaram (sem imaginação) o conceito de uma propaganda de Ronald Reagan, fazendo o possível para ficarem quites com seus fracassos”, escreveu Trump, de madrugada, no Twitter.

A propaganda que enfureceu Trump foi divulgada em maio e tem mais de 2 milhões de visualizações no YouTube. Os criadores fizeram um jogo de palavras com uma das mais famosas propagandas do ex-presidente Ronald Reagan (1981-1989), um herói para os republicanos.

Com o título “Morning in America” (Manhã nos Estados Unidos), a peça original da década de 1980 mostrava um país em franco crescimento graças à política econômica adotada pelo partido. Em maio, entretanto, o Projeto Lincoln usou o mesmo modelo para apresentar uma visão oposta: “Mourning in America” (Luto nos Estados Unidos) mostrava cidades decadentes, o crescente desemprego e o fracasso do governo federal em lidar com o novo coronavírus.
— Nós esperamos o máximo possível para formar o grupo porque esperávamos que alguém, sobretudo alguém eleito, faria isso antes. Nós queremos pôr Trump na defensiva — afirma John Weaver, um dos fundadores.

(.....)

Em 2016, Trump focou seu tempo e dinheiro em estados do chamado Cinturão da Ferrugem, como Wisconsin, Michigan e Pensilvânia, alguns dos mais afetados pela realocação de indústrias fora do país. A vitória nos três estados, por uma diferença menor que 0,8 pontos percentuais, foi a diferença que garantiu a eleição de Trump no Colégio Eleitoral, mesmo sem ter a maioria dos votos populares em nível  nacional. 

Em O Globo, MATÉRIA COMPLETA



segunda-feira, 29 de julho de 2019

Pensa que ninguém vê? Pesquisa mostra que sites pornô coletam e repassam dados dos visitantes - O Globo

 Fora do Tema - Utilidade Pública

Sérgio Matsura

Monitoramento ocorre até no modo anônimo. Pesquisa mostra que mais de 90% das páginas adultas coletam informações

Pesquisadores americanos descobriram que mais de 90% dos sites pornô repassam informações de seus visitantes a terceiros Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo
Pesquisadores americanos descobriram que mais de 90% dos sites pornô repassam informações de seus visitantes a terceiros Foto: Marcelo Theobald / Agência O Globo
Estudo realizado por pesquisadores da Microsoft e das universidades Carnegie Mellon e da Pensilvânia, nos Estados Unidos, revela que 93% dos sites pornográficos repassam dados dos seus visitantes para terceiros, incluindo preferências sexuais. E nem os navegadores anônimos servem de proteção para a privacidade desses internautas ávidos por cenas quentes.

Viu isso? Empresas espionam com robô quais tarefas no trabalho podem ser feitas sem você
 
Os pesquisadores analisaram os 22.484 sites pornográficos listados pelo Alexa no ranking de 1 milhão de endereços mais visitados da internet. Com a ajuda de um software, eles descobriram que, em média, cada site repassa dados de navegação para sete servidores de terceiros por meio de códigos. Ao todo, os pesquisadores identificaram 230 companhias e serviços recebendo essas informações, concentrados na indústria de publicidade digital. Com isso, essas empresas conseguem formar um perfil mais completo dos internautas, com informações íntimas sobre seus interesses eróticos, para oferecer propaganda quando eles visitam outros endereços na rede.

Segundo Timothy Libert, professor de Ciência da Computação em Carnegie Mellon, os rastreadores coletam o histórico de navegação, com as URLs que são visitadas. O problema é que, em muitos casos, apenas o nome do site já revela muito sobre os gostos sexuais dos visitantes. Na análise, 44,97% dos endereços sugeriam o gênero, orientação ou preferências sexuais. Como exemplo, citam nomes como “hdgayfuck.com”, “bestialitylovers.com” e “boyfuckmomtube.com”. Ao visitar sites desse tipo, internautas têm seus registros repassados para terceiros.

Leia neste link a reportagem completa