Alexandre Garcia
"O município é o mais importante ente federativo na vida dos
brasileiros. Por isso, a eleição do dia 15 é a mais significativa no
nosso sistema democrático"
Os resultados têm consequências também no Distrito Federal. Ainda há tempo para repensar decisões. Ainda há tempo para decidir a quem você, da vizinhança do DF, vai dar poder de chefiar a prefeitura de onde você vive e o poder de fazer leis municipais. Gente que vai decidir a limpeza da cidade, as condições das praças, das calçadas, das ruas que você frequenta. Gente que pode dar licença a uma boate ou a um bar na vizinhança, a um posto de gasolina na esquina. Gente que pode decidir se você dorme com barulho ou com silêncio; se haverá um transporte urbano conveniente para você ir ao trabalho, para seus filhos irem e voltarem da escola. Se o SUS vai funcionar bem se sua família precisar.
[não há muito o que se discutir sobre a importância das eleições municipais - mesmo que o produto delas, não seja dos melhores.
Agora o que é um absurdo, um verdadeiro desperdício de dinheiro público, é a realização de eleições a cada dois anos.
Milhões de reais são gastos para eleger vereadores e prefeitos, em eleições exclusivas, o que resulta em eleições a cada dois.
Bastaria incluir vereadores e prefeitos nas eleições para presidente, governadores, senadores e deputados - alcançando do vereador ao presidente - com tal medida teríamos eleições gerais a cada quatro anos e muito dinheiro público seria economizado = valor suficiente para custear parte dos programas de complementação de renda, ainda tão necessários.
Por oportuno: muitos não sabem que a Justiça Eleitoral só existe no Brasil e que apesar da especialidade, as decisões de sua Instância máxima - TSE - podem ser reformadas pelo STF, inclusive no muito utilizado recurso de decisão monocrática.]
O município é o mais importante ente federativo na vida
dos brasileiros. O prefeito é o governante mais próximo dos
contribuintes; o vereador é o representante mais próximo dos seus
representados. Por isso, a eleição do dia 15 é a mais significativa no
nosso sistema democrático. Na maciça maioria dos municípios brasileiros,
o cidadão pode falar com o prefeito e o vereador na rua, na praça, no
canteiro de uma obra municipal. Falar, cobrar, fiscalizar, sugerir. Nas
grandes cidades, há ouvidorias para esse contato, e há os bairros a que o
vereador está ligado e representa. Tudo isso conduz a importância de
você pensar e repensar no seu voto, nestes próximos dias.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) me fez embaixador
da Justiça Eleitoral no movimento EuVotoSemFake. Não sou ingênuo para
acreditar que fake news/notícias falsas vieram com as redes sociais.
Elas existem desde sempre e não são exclusividade das redes sociais. Na
condição de participante desta campanha, tenho postado mensagens de
alerta a quase 3 milhões de seguidores no twitter. Tenho avisado sobre o
lobo em pele de cordeiro. Quem se aproveita do tamanho, peso e tradição
para induzir o eleitor. Quem mistura fato com opinião, quem deforma o
fato e cria um factóide. Não se deixe iludir. Vote por você, não deixe
que pensem por você. [nos parece que o lobo em pele cordeiro é facilmente identificável;
acrescentamos um pequeno destaque: uma apresentadora de TV, em seu noticiário diário, deixou o protocolo de lado, apresentando uma notícia com evidente viés de comentário e fazendo apologia a prática com claro objetivo: estimular o racismo reverso - aliás, não foi a única vez que a apresentadora trocou a notícia (que tem obrigação de apresentar) por comentário.]
Na interatividade do twitter, tenho recebido queixas
sobre a qualidade dos candidatos que os partidos oferecem. O eletricista
Marcelo me disse que, em 43 anos de vida, só votou para presidente em
2018 por falta de opção. Respondi a ele que, nas outras eleições, ele
transferiu para outros o poder de escolha ao se omitir. Muitos partidos
se formaram com um único princípio: o de receber os fundos partidários e
eleitorais. Escolhas de candidatos têm como critério a popularidade,
mas não o preparo, o altruísmo, a honestidade, o histórico pela
comunidade. Mesmo assim, a alternativa não é a omissão, mas o voto,
ainda que possa ser difícil decidir.
Alexandre Garcia, jornalista - Coluna no Correio Braziliense