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quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Além de agir como Papa - criando calendário acrescentando dias a alguns meses - Lula deixa de entregar 33 recibos de aluguel

Além de problema com recibos, defesa de Lula deixa de entregar 33 comprovantes de aluguel

Cobertura vizinha à de Lula, em São Bernardo do Campo, é alvo de processo em Curitiba

Os recibos de aluguel apresentados à Justiça pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentam incorreções. Dos 26 comprovantes apresentados, dois trazem datas que não existem: 31 de junho de 2014 e 31 de novembro de 2015. Os recibos referentes a 2012 — são seis — trazem o mesmo erro de digitação quando menciona São Bernardo do Campo, cidade onde fica o apartamento. Em vez de São Bernardo, aparece “São Bernanrdo”. Embora o contrato de locação assinado pela ex-primeira-dama Marisa Letícia tenha começado em fevereiro de 2011, apenas 26 recibos foram entregues. Se considerado apenas até o fim de 2015 (último registro), 33 comprovantes deixaram de ser entregues, assim como não foram apresentados documentos bancários sobre a forma com que os pagamentos foram efetuados.


O aluguel em questão refere-se à cobertura vizinha à de Lula, em São Bernardo do Campo. Nos dois mandatos do petista, a Presidência alugou o imóvel para garantir a segurança do então presidente. Quando ele deixou o cargo, em 2011, continuou a ocupar o imóvel. O que a Lava-Jato revelou é que, no fim de 2010, o apartamento foi comprado por Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente. Para a força-tarefa da Lava-Jato, Costamarques é intermediário e o apartamento foi comprado pela Odebrecht em benefício do ex-presidente Lula.
 
Acusado pelo MPF de lavagem de dinheiro, Costamarques mudou sua versão ao ser interrogado pelo juiz Sergio Moro, no início deste mês. Na Polícia Federal, havia dito que comprou o apartamento como investidor. A Moro, disse que adquiriu a pedido de Bumlai e que só começou a receber aluguel um dia depois da prisão do pecuarista, em novembro de 2015. Ele disse também que só cobrou uma vez e que estava num hospital quando foi procurado pelo advogado Roberto Teixeira, amigo de longa data e compadre de Lula, que lhe avisou que ele começaria, a partir dali, a receber o aluguel.

Costamarques disse que os pagamentos foram feitos em sua conta em dinheiro, por meio de depósitos em caixas eletrônicos. Como há limite para a quantidade de notas, o valor do aluguel era fracionado em dois ou três depósitos.


A defesa de Costamarques afirmou que seu cliente só se pronunciará em juízo. Caberá a ele, no entanto, elucidar a origem dos recibos apresentados à Justiça pela defesa de Lula. Costamarques deverá ser chamado a dizer se assinou e quando assinou a quitação do aluguel. E se havia recibos, qual o motivo de ele não ter citado os comprovantes quando prestou depoimento a Moro.

ERRO IRRELEVANTE, DIZ DEFESA
Procurada ontem pelo GLOBO, a defesa do ex-presidente Lula não informou como foram feitos os pagamentos. Em nota, os advogados disseram apenas que, pela lei, bastaria ser apresentado o último recibo de pagamento a Costamarques com reconhecimento de quitação, “sem ressalva de débitos anteriores”, para que todos os pagamentos fossem considerados realizados, de acordo com o Código Civil.


Os defensores afirmaram ainda que dois dos 26 recibos contêm erro material em relação à data de vencimento dos aluguéis que estão sendo pagos e que isso não tem qualquer relevância para o valor probatório dos documentos: “Por meio deles, D. Marisa recebeu expressamente quitação dos aluguéis, na forma do artigo 319, do Código Civil, sendo isso o que basta para rebater todos os questionamentos (..)”.
“A tentativa de transformar os recibos no foco principal da ação é uma clara demonstração de que nem o Ministério Público nem o juízo encontraram qualquer materialidade para sustentar as descabidas acusações formuladas contra Lula em relação aos contratos da Petrobras”, diz a nota.

Ao depor a Moro, Lula atribuiu à sua mulher, a ex-primeira-dama Marisa Letícia, que morreu neste ano, a responsabilidade por pagar o aluguel e reunir documentos para o imposto de renda.  — Eu não tratava dos meus assuntos caseiros. Inclusive quem fazia o acerto, juntava papelada para declarações de imposto de renda era minha querida esposa — disse o ex-presidente a ao juiz Sergio Moro.

DECLAROU SEM RECEBER
O contrato de aluguel foi assinado pela ex-primeira-dama em 2011. Apesar de ter dito que não recebeu nada até novembro de 2015, Costamarques, assim como Lula, registrou no imposto de renda transferências que somaram cerca de R$ 200 mil.

Ao depor a Moro em Curitiba, Lula disse que desconhecia a inadimplência do aluguel. Costamarques disse que declarou as informações à Receita Federal porque temia que Bumlai deixasse de cumprir a promessa de lhe pagar pela compra do apartamento.
Sergio Moro chegou a perguntar a Glaucos da Costamarques se ele havia feito uma declaração falsa à Receita Federal.  — É. Mas acontece o seguinte. O que eu ia fazer. Eu tinha um contrato de aluguel. Eu declarei que eu recebi, mas eu não recebi. Mas eu tinha perspectiva de receber. Eu comprei — afirmou Glaucos, na ocasião.

O juiz perguntou ao ex-presidente se ele tinha os comprovantes de pagamento e ouviu a seguinte resposta: — Ah, deve ter, deve ter, querido. Deve ter (...) Eu, se for mexer na arca, sabe, no baú que está lá em casa, eu posso achar esses documentos. Mas isso deve estar no meu imposto de renda.

Em seu primeiro depoimento, em outubro do ano passado, Costamarques havia dito que Teixeira recebia em seu nome os aluguéis provenientes do imóvel e fazia a compensação com valores devidos ao advogado por serviços advocatícios recebidos. Teixeira negou. O rastreamento das contas mostrou que Costamarques recebeu R$ 800 mil da DAG Construtora, investigada por ser usada pela Odebrecht para pagamentos ilícitos.

A defesa de Lula afirmou ontem que Marcelo Odebrecht tenta ampliar seus benefícios de delator da Lava-Jato ao dizer que R$ 4 milhões doados ao Instituto Lula saíram da conta de propina mantida pela empresa para abastecer o PT. Os advogados apresentaram cópia de uma contabilidade oficial da construtora Norberto Odebrecht na qual constam doações ao Instituto Lula de igual valor — em quatro repasses de R$ 1 milhão. 

Fonte: O Globo

 

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Lula respeite os mortos!

Moro dá 15 dias a Lula para provar que valores bloqueados são de Marisa

Lula respeite os mortosL
Lula respeite os mortos
O juiz federal Sérgio Moro deu prazo de 15 dias para que a defesa do ex-presidente Lula prove que metade dos R$ 606 mil de contas bancárias ligadas ao petista tem como origem a parte da ex-primeira-dama Marisa Letícia no patrimônio do casal. Ela morreu em fevereiro.

Ao condenar o ex-presidente a 9 anos e 6 meses de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva, Moro também mandou confiscar R$ 16 milhões supostamente oriundos de uma conta de propinas que a OAS teria com Lula e seu partido. O magistrado entendeu que o petista é culpado por receber, como vantagem indevida, o triplex no condomínio Solaris, no Guarujá (SP), e suas respectivas reformas, custeados com R$ 2,2 milhões da empreiteira. O Banco Central bloqueou R$ 7,1 milhões de um plano de previdência empresarial em nome do presidente, R$ 1,8 milhão de aposentadoria privada e R$ 606 mil de contas bancárias.

A defesa havia pedido que R$ 303 mil fossem desbloqueados pelo magistrado sob o argumento de que eram parte da meação da ex-primeira-dama Marisa Letícia. "Relativamente ao pedido de resguardo da meação dos ativos financeiros, deve igualmente a defesa realizar a demonstração necessária, juntando os extratos, a documentação e esclarecendo a origem dos recursos bloqueados, inclusive nos planos de previdência privada, a fim de que se possa verificar se trata-se de verbas de natureza comunicável ou não ao cônjuge”, anota Moro.

O magistrado ainda explica que “o Bacenjud (o sistema eletrônico de comunicação entre o Poder Judiciário e as instituições financeiras, por intermédio do Banco Central), bloqueia o saldo do dia, não impedindo a movimentação da conta posteriormente ou o recebimento nela de novos créditos”.

Fonte: Estadão - Conteúdo

 

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Favores a Lula na mira dos investigadores



Bancado por três envolvidos no petrolão, o sítio Santa Bárbara abre definitivamente o portão da Lava Jato para o ex-presidente
No final de seu governo, no segundo semestre de 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizia a amigos que queria levar uma vida tranquila após deixar o Palácio do Planalto. Confidenciava aos mais próximos, alguns deles ouvidos por ÉPOCA, que sentia falta das tardes de futebol e churrasco no Los Fubangos, sítio modesto que curtia com os companheiros antes de chegar ao poder. Um dos amigos a ouvir os desejos de Lula foi José Carlos Bumlai, empresário e lobista que viria a ser preso na Operação Lava Jato, acusado de embolsar propina do petrolão.

Ainda não se sabe de quem partiu a ordem para providenciar um novo refúgio ao então presidente, nem sequer se houve uma ordem verbal e explícita, mas, dali a poucos meses, Bumlai tomou para si a tarefa – e se jactou dela entre os familiares de Lula e dirigentes do PT. Nascia o Santa Bárbara, um sítio na área rural de Atibaia, a cerca de 60 quilômetros de São Paulo, generosamente reformado para combinar com as preferências de lazer de Lula. Seis anos depois, as negativas do ex-presidente sobre a propriedade do sítio e a revelação dos nomes dos responsáveis pela reforma do imóvel transformaram o bucólico Santa Bárbara na maior encrenca já enfrentada pelo petista.

No papel, o sítio Santa Bárbara pertence aos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar, parceiros comerciais de Fábio Luís da Silva, filho de Lula que no primeiro mandato do pai se tornou um empreendedor de sucesso na área de tecnologia, graças à compra de sua empresa pelo grupo da empreiteira Andrade Gutierrez, também envolvida na Lava Jato. [vale lembrar que o inicio da riqueza do Lulinha foi o investimento de US$ 5.000.000  feito pela antiga TELEMAR, atual OI, em uma empresa de joguinhos para computador que o pupilo de Lula tinha – a GAMECORP; ;
Feito o investimento, a fundo perdido, já que a ‘gamecorps’  não valia sequer R$ 5.000, Lula retribuiu assinando um decreto que permitiu a fusão da TELEMAR com a BRASIL TELECOM resultando na gigantesca OI.]  

Desde que passou a ser questionado sobre o Santa Bárbara, Lula admitiu apenas, e mesmo assim somente por meio de sua assessoria, “frequentar” o local, que seria de propriedade de “amigos” dele, “em dias de descanso”. Em nota, a assessoria de Lula afirmou: “Embora pertença à esfera pessoal e privada, esse é um fato tornado público pela imprensa já há bastante tempo. A tentativa de associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem do ex-presidente”.  Os assessores de Lula tentavam demonstrar que se tratava de uma falsa questão.

Não é, conforme apontam as evidências publicadas pela imprensa e investigadas pela Força-Tarefa da Lava Jato e  por promotores paulistas. Na segunda-feira, dia 1º, a reportagem publicada por ÉPOCA revelou a fragilidade da versão de Lula. A partir de dados públicos dos gastos e dos deslocamentos dos seguranças de Lula, ÉPOCA descobriu que, desde 2012, o ex-presidente e sua família foram 111 vezes a Atibaia. Como todo ex-presidente da República, Lula tem direito a uma equipe de seguranças e assessores pelo resto da vida. 

Os salários e os custos do trabalho deles são pagos com dinheiro público, como manda a lei. As informações fornecidas pela Presidência da República mostram que sete seguranças dedicados a Lula passaram, no total, 283 dias na cidade. Em média, a cada cinco dias um segurança de Lula foi deslocado a Atibaia, em datas que incluem fins de semana, períodos de férias escolares, feriados e até o Réveillon. Quem visita amigos tantas vezes? Isso é frequência de dias de descanso na propriedade de amigos ou é uma casa de veraneio?

Até surgir o escândalo do petrolão, Lula e seus aliados referiam-se cotidianamente ao “sítio em Atibaia” como um local de descanso do ex-presidente. Testemunhas e notas fiscais comprovam que o Santa Bárbara foi projetado, reformado direta e indiretamente com dinheiro das empreiteiras Odebrecht e OAS e da Usina São Fernando, que pertence a Bumlai. Três dos principais beneficiários do petrolão, portanto, financiaram o sítio. Nenhuma das três partes desse consórcio deu qualquer explicação sobre os gastos. E por que Odebrecht, OAS e Bumlai empenhariam tamanha generosidade à dupla Jonas Suassuna e Fernando Bittar? Até agora, Suassuna e Bittar permanecem em silêncio – como todos os que devem explicações nesse caso. 

Entre outubro de 2010 e janeiro de 2011, a propriedade de 173.000 metros quadrados, com lago e uma casa antiga, ganhou uma segunda casa com quatro suítes e um espaço para churrasqueira. O jornal Folha de S.Paulo mostrou, a partir de entrevistas com fornecedores, que pelo menos R$ 500 mil foram gastos em materiais para a obra, tocada pelo engenheiro Frederico Barbosa, da Odebrecht. Além do engenheiro, a empreiteira comprou o material no comércio local. À OAS coube, entre outros consertos, reformar e instalar equipamentos na cozinha. Amigo de Lula desde 2002, o empresário José Carlos Bumlai forneceu o arquiteto Ingenes Irigaray Neto, que vive em Dourados, Mato Grosso do Sul, a mesma cidade de Bumlai, e já trabalhou para a Usina São Fernando.

Em qualquer circunstância seria desconfortável para um homem público como Lula admitir que empreiteiras com negócios bilionários com o governo, e um amigo beneficiado por empréstimos do BNDES, pagaram a reforma do sítio. Mas a Lava Jato deixa tudo muito, muito pior. O presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, está preso em São José dos Pinhais há quase oito meses. Contra sua empresa pesam acusações – apoiadas em fortes evidências – de participar de um cartel que pagava propina a diretores, políticos e lobistas em troca de obras. Além de bancar a reforma, a Odebrecht figura entre as maiores contribuintes do Instituto Lula e uma das principais clientes da LILS, a empresa aberta por Lula para agenciar suas palestras no exterior. A Odebrecht foi a principal contratante das 47 palestras que Lula fez no exterior entre 2011 e junho do ano passado. Logo após o término das reformas, Lula deixou de ser cliente para ser prestador de serviços para a Odebrecht, ao fazer duas palestras, uma na Bahia e outra no Panamá.

Assim como Marcelo Odebrecht, José Carlos Bumlai está preso em Curitiba. Ele é suspeito de ter conseguido um contrato para a construtora Schahin com a Petrobras, em troca de um empréstimo para o PT. Bumlai prosperou no governo Lula, a ponto de montar uma usina de álcool, bancada em parte com recursos do BNDES. Era conhecido como um caminho mais curto para quem queria chegar a Lula. Em seu acordo de delação premiada, o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, disse que foi por essa trilha: pagou R$ 2 milhões de propina a Bumlai para tentar emplacar um negócio entre a OSX, do empresário Eike Batista, e a Sete Brasil, o filhote que forneceria sondas para a Petrobras explorar o pré-sal. Segundo Baiano, no começo de 2011, quando o concreto da reforma do sítio ainda estava fresco, Bumlai levou o presidente da Sete, João Carlos Ferraz, para uma conversa com Lula em seu instituto, com o intuito de facilitar as coisas entre Sete Brasil e OSX. Na ocasião, o Instituto Lula disse que o ex-presidente “não se envolveu como intermediário de empresas e não autorizou José Carlos Bumlai a usar o nome dele para qualquer tipo de lobby”.


O terceiro contribuinte do sítio foi a construtora OAS, cujo presidente, Leo Pinheiro, passou uma temporada em Curitiba, foi condenado a 16 anos de prisão e recorre em liberdade. A empresa de Pinheiro é caso de dupla parceria com Lula na área de imóveis. Além do sítio, bancou a reforma no tríplex reservado para a família do ex-presidente no Condomínio Solaris, em Guarujá. De acordo com documentos publicados pelo site O Antagonista e pelo jornal O Estado de S. Paulo, a OAS fez a reforma e comprou móveis e equipamentos para as cozinhas do sítio e do apartamento. Testemunhas viram Pinheiro em pessoa visitar o tríplex com a ex-primeira-dama Marisa Letícia. 

Não foi a única deferência da OAS com os Lulas da Silva. Na semana passada, ex-cooperados da Bancoop, a cooperativa de bancários que começou a construção do Solaris, quebrou e repassou à OAS, reclamaram da diferença de tratamento. Enquanto a maioria foi pressionada pela OAS a decidir em pouco tempo se colocaria mais dinheiro para terminar a obra micada, Lula teve cinco anos para isso. A OAS ainda bancou uma reforma de cerca de R$ 770 mil no imóvel. Com a Lava Jato na rua, em 2015, Lula desistiu do apartamento.

A Força-Tarefa em Curitiba e o Ministério Público do Estado de São Paulo investigam se Lula ocultou patrimônio. O sítio em Atibaia e o apartamento em Guarujá, que deveriam ser refúgios para o ex-presidente, não darão descanso a Lula. Abriram os portões da Lava Jato para o petista.

Fonte: Época