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domingo, 18 de dezembro de 2016

Planalto dará presente bilionário às teles - alguém do governo vai ganhar com tanta generosidade

Um escândalo silencioso: governo e Congresso articulam perdão de multas e a transferência de milhares de bens dos contribuintes a empresas de telefonia

[no governo Lula uma tele ganhou bilhões (OI/Telemar) e o filho do Lula - o Lulinha - se tornou milionário.

E no governo Temer quem será o felizardo?]

O Planalto vestirá sua melhor roupa para a festa desta terça-feira. Haverá a cerimônia de sanção do projeto de lei que moderniza as regras do setor de telecomunicações, ainda gerido por normas defasadas dos anos 90. No pacote, o governo está dando de bandeja às teles um patrimônio bilionário coisa de 20 bilhões de reais, pelas estimativas mais modestas —, exatamente num momento de penúria e no qual se pede tanto sacrifício para o ajuste das contas públicas. Paralelamente, promove-se um perdão de outros 20 bilhões de reais em multas dessas mesmas teles, totalizando um presentaço fenomenal de 40 bilhões de reais em bondades. A maior agraciada com o pacote natalino é a enrolada Oi.

O jabuti é assim: originalmente, quando os contratos das teles terminassem, em 2025, todas teriam a obrigação de devolver à União parte do patrimônio físico que vinham usando e administrando desde a privatização. São milhares de imóveis, além de carros, antenas, torres, cabos, instalações, redes. Agora, sob as “regras modernizadoras”, todo esse patrimônio, em vez de ser devolvido aos contribuintes como originalmente previsto, será incorporado pelas teles, com a condição de que elas invistam o valor equivalente em seus negócios. Quem não adoraria um presente assim?

A questão, neste momento, é avaliar o exato valor desse patrimônio. Uma auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União informa que o valor total pode passar de 100 bilhões de reais uma fortuna capaz de aliviar em um ano até o déficit da Previdência.
Colaborou Marcelo Sakate

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sexta-feira, 8 de julho de 2016

A delação que compromete Dilma



Em depoimento, a dona da Pepper, Danielle Fonteles, afirma que recebeu recursos "por fora" num total de R$ 58 milhões, para abastecer as campanhas de 2010 e 2014. Quem a orientou no esquema foi o braço direito da presidente, Giles Azevedo

ENCONTROS SECRETOS
As reuniões entre Giles Azevedo e Danielle Fonteles ocorreram na própria residência da dona da Pepper, no Lago Sul, em Brasília
Assessor especial de Dilma Rousseff, o discreto Giles Azevedo é considerado no Palácio do Planalto os olhos e os ouvidos da presidente da República. O único na Esplanada com autorização para falar em nome de Dilma e a quem ela confia as mais delicadas tarefas. Por isso, quem recebe instruções do fiel auxiliar da presidente não entende de outra maneira: ele fala na condição de enviado da principal mandatária do País. Foi com essa credencial que Giles se aproximou da publicitária Danielle Fonteles, dona da agência Pepper Interativa.

 Em uma série de encontros, muitos deles mantidos na própria residência da publicitária no Lago Sul, em Brasília, Giles orientou Danielle a montar a engenharia financeira responsável por abastecer as campanhas de Dilma de 2010 e 2014 com recursos ilegais. A maior parte do dinheiro oriunda de empreiteiras do Petrolão e de agências de comunicação e publicidade que prestam serviço para o governo federal. As revelações foram feitas pela própria dona da Pepper em seu acordo de delação premiada, a cujo conteúdo ISTOÉ teve acesso. Ainda não homologado, o depoimento tem potencial explosivo, pois sepulta o principal argumento usado até agora por Dilma para se apresentar como vítima de um “golpe” destinado a apeá-la do poder: o de que não haveria envolvimento pessoal seu em malfeitos.
 


quinta-feira, 23 de junho de 2016

Lições do naufrágio da Oi



Por ser o símbolo da megalomania de Lula, vale reconstituir a trajetória do empreendimento que enriqueceu um punhado de espertos, em detrimento dos contribuintes

As “campeãs nacionais” foram empresas escolhidas durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva para disputar o mercado mundial com as gigantes estrangeiras contando com vasto financiamento e participação estatal.

Pretendia-se gerar conglomerados que fossem ao mesmo tempo competitivos e ajudassem a acelerar o desenvolvimento nacional. O retumbante fracasso de tal iniciativa pode ser medido pelo esfarelamento da Oi, a empresa criada para ser a “supertele nacional” e que acaba de pedir recuperação judicial – a maior da história brasileira, com uma dívida total de R$ 65,4 bilhões. Por ser o símbolo da megalomania de Lula, vale reconstituir a trajetória desse empreendimento que tanto embalou os sonhos de grandeza da tigrada e enriqueceu um punhado de espertos, em detrimento dos contribuintes.

O caso da Oi é marcado por intrigas e negócios suspeitos mesmo antes da existência formal dessa empresa. Tudo começou em 1998, quando a Telemar arrematou a Tele Norte-Leste no leilão de concessão do sistema Telebrás. O consórcio, formado a toque de caixa, era liderado por uma construtora, companhias de seguro e uma empresa da área comercial. [sempre lembrando que tudo começou com o ‘investimento’ a fundo perdido pela antiga Telemar, atual OI, na GAMECORPS, empresa de fundo de quintal do Lulinha, filho de Lula, e que se dedicava a fabricar joguinhos eletrônicos. O valor do investimento US$ 5.000.000 foi o suficiente para Lula assinar um decreto permitindo que a Telemar, atual OI, se associasse a Brasil Telecom com liberdade de atuar em todo o território nacional.

O investimento na GAMECORPS ocupa lugar de honra na galeria de corrupção montada pela petralhada: foi o primeiro suborno de um membro da ‘famiglia’ da Silva.] Sem dinheiro para honrar o compromisso, o grupo apelou para os cofres públicos, associando-se aos fundos de pensão de estatais Previ, Petros e Funcef e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em uma conversa gravada ilegalmente, o então ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, qualificou a Telemar de “telegangue” e de “rataiada”, o que dá uma ideia da natureza do jogo que estava sendo jogado.

Dez anos mais tarde, em 2008, a Telemar já havia trocado de nome – passara a se chamar Oi, numa tentativa de dinamizar a marca, já com vista à expansão que teria generoso apoio do governo Lula. O governo petista esperava transformar a empresa na “supertele verde e amarela” com a compra da Brasil Telecom, o que de fato ocorreu.

No entanto, para que a compra fosse concretizada, foi necessário que Lula alterasse o Plano Geral de Outorgas, eliminando a regra que restringia a atuação da operadora somente em uma das quatro regiões em que o País foi dividido. Foi assim, com uma canetada, que a Oi se tornou a primeira tele de alcance nacional.

Para que a reconstituição dessa trajetória não fique incompleta, não se pode esquecer que um dos sócios da Oi, a Andrade Gutierrez, havia sido o principal doador da campanha de Lula à reeleição em 2006. E também não se pode ignorar que, em 2005, a antiga Telemar investiu R$ 5 milhões na compra de 30% da Gamecorp, empresa de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, especializada em programas de TV e em jogos para celular, que fechou aquele ano com prejuízo superior a R$ 3 milhões. No ano seguinte, a Telemar/Oi investiu mais R$ 5 milhões na empresa, sem que isso fosse capaz de reverter as perdas da empresa de Lulinha.

Graças a esse modo de fazer negócios – eivado de interesses que nada têm a ver com a boa administração – a Oi jamais chegou a ser a “supertele” que Lula queria. Ao contrário, a empresa afundou em dívidas, obrigando o governo a intervir para salvá-la. A solução, mais uma vez envolta em situações mal explicadas, foi a fusão da Oi com a Portugal Telecom, em 2010. A transação entrou nos radares da Lava Jato e das autoridades portuguesas, pois surgiram suspeitas, ainda sob investigação, de que houve pagamento de propina a integrantes do PT – José Dirceu entre eles.

A fusão da Oi com a Portugal Telecom fracassou, e a dívida tornou-se impagável. A companhia jamais cumpriu a função alardeada por Lula – na lista das maiores empresas do mundo feita pela revista Forbes, a Oi amarga o 1.464.º lugar. Entre as 19 empresas brasileiras que aparecem no ranking, ela perde para 17. É evidente, portanto, que a experiência das “campeãs nacionais” não deu certo, pela simples razão de que esse grau de intervenção do Estado causa profundos desequilíbrios, gerando escassos ganhos para o desenvolvimento do País. E o resultado menos visível dessa estratégia é a corrupção, cuja extensão ainda se desconhece.

Por: Augusto Nunes – Coluna do Augusto Nunes

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Delírios estatistas e corrupção na quebra da Oi

Num fato para a História, o PT se liga aos três maiores fracassos empresariais do país desde Cabral: Petrobras, Sete Brasil e a ‘Supertele’. Há causas comuns

A virtual quebra da Oi, sacramentada pelo pedido de proteção judicial, outro nome de concordata, representa a conversão em pó de delírios estatistas, expressos no sonho que virou pesadelo de ressuscitar o espírito da velha Telebras por meio de uma empresa de capital na prática misto, turbinada com dinheiro público via BNDES (sempre ele), fundos de pensão de estatais e, mais tarde, com um braço internacional baseado em Lisboa (Portugal Telecom, Banco Espírito Santo), com extensões na África de língua portuguesa (Angola, Cabo Verde).

Foi assim que a Telemar, saída de várias costelas da privatização das teles regionais do grupo Telebras, com exceção da Telesp, virou a “Supertele”, em que lulopetistas e a CUT (via fundos de pensão, Previ, Petros, Funcef) tiveram grande influência. E certamente benefícios. Mas, no final, dissabores. A ver se vêm processos.  No outro lado do Atlântico estavam a família Espírito Santo e o primeiro-ministro José Sócrates, com quem o próprio Lula manteria contato. Implodido o grupo Espírito Santo, num caso de fraudes financeiras de repercussão mundial, a Portugal Telecom, que no descenso da ex-supertele veio a ser o maior acionista da Oi, também ruiu. Sócrates, condenado à prisão em regime fechado e, depois, domiciliar, volta e meia é citado na imprensa portuguesa como parceiro de Lula no lado obscuro da proximidade entre a tele dos sonhos lulopetistas, também dos socialistas portugueses, e da família Espírito Santo.

Neste roteiro de seriado de escândalo corporativo, circulam o ex-ministro José Dirceu, trancafiado em Curitiba, como um operador dessa proximidade entre o partido e portugueses, Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, virtual dona da Oi num determinado momento, e apanhado na Lava-Jato. Não se sabe se na delação premiada de Otávio haverá algum capítulo sobre a aventura ultramarina. Ou sobre o patrocínio de Dirceu e dos governos Lula e Dilma à vinda de portugueses para montar no Brasil um grupo de comunicação companheiro. Este também não resistiu à debacle de todos.


Restam, como sempre nessas operações, prejuízos para os contribuintes, via perdas do BNDES (a Telemar era um dos “campeões nacionais” do banco). Também para funcionários de estatais, por meio dos prejuízos dos seus fundos de pensão, e por tabela novamente o Tesouro, onde as empresas públicas baterão à porta, no socorro aos planos de seguridade dos empregados. Perdem, ainda, 877 mil pequenos acionistas, além de investidores internacionais, com os quais deverão micar títulos de dívida da telecom.

A Oi se transforma na maior recuperação judicial do país, com uma dívida de R$ 65 bilhões. Só seria superada se a Petrobras fosse uma empresa privada, condição em que tomaria o mesmo caminho. Mas a estatal também socializará seus rombos quando for ao Tesouro, como as demais. Fica, então, para a História que o lulopetismo está ligado aos três maiores fracassos empresariais no Brasil de Cabral até agora, considerando o estouro da Sete Brasil, outro projeto delirante com o selo do PT, para substituir a importação de plataformas. Como esperado, gerou propinas, ineficiência e um rombo de R$ 19,3 bilhões


Fonte: Editorial - O Globo


terça-feira, 21 de junho de 2016

Oi, um símbolo do lulismo vai ao chão

Recuperação judicial da Oi é a pá de cal na política dos 'campeões nacionais'

VÍDEO: Símbolos do lulismo ao chão

Crédito farto do BNDES para criar gigantes empresariais brasileiras deixou histórico de quebras de companhias e, agora, registra o maior pedido de recuperação judicial da história

 Mais a maldição do petróleo, a recessão e a má gestão populista assolando o Rio de Janeiro

Com pedido de recuperação da Oi, bancos terão que aumentar proteção contra calotes

Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco, Caixa e BNDES são as instituições com maior exposição à companhia; débitos bancários da empresa somam 16,8 bilhões de reais

Nesta segunda-feira, a Oi entrou com pedido de recuperação judicial. A dívida da companhia, de 65,4 bilhões de reais, faz desse o maior pedido do gênero já registrado no país - e joga de vez uma pá de cal sobre a malograda política de campeões nacionais, empreendida pelo governo petista a partir de 2008.

Apesar de toda a ajuda federal, essas companhias nem sempre se mostraram capazes de assumir a posição de liderança que almejavam. No caso específico da Oi, a "supertele nacional" jamais chegou a ameaçar a posição das rivais Vivo, Claro e TIM em telefonia celular.  Entre outros negócios que foram eleitos como prioritários pelo governo, o resultado foi variado: enquanto a JBS se tornou líder global em carnes e a Fibria é a maior empresa de celulose do país, a LBR, de lácteos, pediu recuperação judicial e saiu do mercado. O frigorífico Marfrig também tem atuado no vermelho e precisou vender ativos.

E mais: a política de eleger campeões nacionais para competir globalmente criou um grupo de "perdedores nacionais", segundo quem não estava no grupo dos ungidos. Em setembro do ano passado, o empresário Graciano Roberto Russo, ex-controlador do frigorífico Independência, compareceu ao Congresso para prestar depoimento à CPI do BNDES, que analisava, entre outras coisas, os critérios de escolha dos tais campeões nacionais.

As declarações de Russo foram didáticas e pungentes sobre os efeitos colaterais da estratégia criada pelo governo. "Quando se faz uma política de campeões nacionais e o governo arbitra, automaticamente cria-se uma cadeia de perdedores", disse ele. O Independência, um dos "perdedores", quebrou em 2009, enquanto a JBS virou uma gigante global - com as bênçãos do BNDES.

A "supertele nacional" surgiu em 2008, quando a Oi se fundiu com a Brasil Telecom, criando à época uma empresa com atuação em todos os Estados, à exceção de São Paulo. Para que essa fusão fosse feita, o governo teve de mexer na legislação - havia uma série de entraves legais ao negócios. [lembram que a OI, quando era Telemar, investiu a fundo perdido US$ 15 MI na Gamecorps - empresa de fundo de quintal, suposta produtora de jogos eletrônicos, de propriedade do Lulinha (filho do Lula e o primeiro da 'famiglia' Lula da Silva a se envolver com malfeitos)? Com tal investimento Lula assinou decreto mudando a legislação e com isso permitiu que a OI se espalhasse por todo o Brasil .]

Em 2013, também com uma ajuda do governo, a Oi, já em dificuldades, se uniu à Portugal Telecom. A ideia foi vendida, à época, como uma forma de criar uma multinacional de língua portuguesa capaz de concorrer até em outros continentes. Mas nada disso deu certo, a dívida da empresa não parou de subir e acabou culminando na recuperação judicial.

Insucessos - "O BNDES até ajudou companhias no passado. As que prosperavam eram aquelas que precisavam de capital e tinham bons projetos", Sergio Lazzarini, professor do Insper. A Embraer, por exemplo, foi um caso que contou com ajuda estatal e conseguiu prosperar.

O exemplo de sucesso da Embraer não tem paralelo com a política mais recente, em particular com a Oi. "No caso da Oi, houve uma conjugação política importante. Foi uma movimentação que buscava duas coisas: resolver os conflitos que estavam ocorrendo entre os acionistas e a decisão do governo Lula de criar grandes grupos", afirma o professor. De acordo Lazzarini, a política de campeãs nacionais acabou no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. "Um divisor de águas foi a tentativa do Abílio Diniz de fundir o Carrefour e o Pão de Açúcar, com o dinheiro do BNDES. Na época, foi extremamente criticado."

Em entrevista recente, Rodrigo Zeidan, professor de economia da Fundação Dom Cabral, disse que um dos problemas da política de campeãs nacionais foi não ter focado em setores estratégicos, mas sim em empresas que mantinham boa relação com o governo. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, em 2013, o então presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou que a promoção da competitividade de grandes empresas era uma política que havia se exaurido. Coutinho contestou, à época, o termo "campeãs nacionais". O BNDES diz que associar o banco a campeãs nacionais pressupõe que há privilégios a poucas empresas, o que seria incorreto. No entanto, as empresas que não entraram na lista de eleitas dizem que o que ocorreu foi exatamente isso - o benefício aos amigos do governo -, como atesta o depoimento de Graciano Roberto Russo à CPI do BNDES em 2015.

Prioridade - Pelo menos, agora, com o pedido de recuperação judicial, o BNDES terá uma vantagem. Os credores com garantia real - casos do BNDES e o BRB (Banco de Brasília) - são os que deverão receber primeiro, além dos credores trabalhistas. Os demais credores entram em fila separada. "No fundo, o pedido de recuperação judicial não é ruim para a Oi. Eles caíram na real de que a situação é crítica e que a reestruturação terá de ser feita", disse uma fonte a par do assunto.

 O pedido de recuperação judicial da Oi, ocorrido nesta segunda-feira, terá impacto imediato no balanço dos grandes bancos brasileiros. Eles terão de elevar as despesas com provisões para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, no segundo trimestre deste ano para fazer frente a esse novo evento. As dívidas inseridas no processo da Oi somam 65,4 bilhões de reais. Entre os principais credores da companhia estão Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco, Caixa Econômica Federal e BNDES.

De acordo com fontes, o BB teria exposição entre 4 bilhões de reais e 4,5 bilhões de reais. Já o Itaú tem cerca de 2 bilhões de reais em fianças bancárias e não em empréstimos, diz outra fonte. O Bradesco, afirma um executivo, tem 2,7 bilhões de reais, também em fianças bancárias. A exposição da Caixa é de cerca de 2 bilhões de reais, dos quais uma pequena parte conta com provisionamento, além de 1,8 bilhão de reais em debêntures (títulos de dívida) emitidos pela Oi. O BNDES tem exposição de cerca de 4 bilhões de reais. Na proposta feita pela Oi aos credores e divulgada na última sexta-feira, a empresa informava uma dívida de 16,8 bilhões de reais com as instituições financeiras.

Geralmente, os bancos provisionam 30% dos créditos de empresas que entram com pedido de recuperação judicial, segundo analistas. Isso ocorre mesmo sem o regulador exigir um provisionamento específico em casos de pedido de proteção feitos por empresas em dificuldades. Trata-se, no entanto, do mínimo exigido para provisionamento em caso de atrasos de 91 a 120 dias, conforme resolução do Banco Central.

Cada instituição tem sua política de provisionamento específica. No primeiro trimestre, os grandes bancos já tiveram seus resultados afetados pelo pedido de recuperação da Sete Brasil, que não chegou a um consenso com a Petrobras.

Sem intervenção - A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) afirmou nesta terça-feira que decidiu não intervir na condução do grupo de telecomunicações Oi, mesmo com o pedido de recuperação judicial apresentado pela companhia. A Oi é a maior concessionária de telefonia do país.

Em nota à imprensa, a autarquia afirma que acredita na possibilidade de recuperação de equilíbrio econômico-financeiro da empresa e que vai adotar "ações específicas de fiscalização". A agência não informou quais medidas serão tomadas.

Fonte: Estadão - Conteúdo

 

terça-feira, 1 de março de 2016

O PCC, o PT e as eleições: uma organização trafica drogas; a outra, as dificuldades e sonhos dos brasileiros



Executivos da Andrade Gutierrez afirmaram, em delação premiada, que a empreiteira pagou ilegalmente dívidas da campanha de Dilma Rousseff em 2010.
Segundo a confissão, celebrou-se um contrato fictício com a agência Pepper — que trabalhava para a candidatura —, e, por esse expediente, mais de R$ 5 milhões foram parar nos cofres da companheirada

A metáfora e a comparação são matéria prima essencial da literatura. Ou, mais amplamente, do texto narrativo. Se o autor quer deixar ainda claro ao leitor a natureza daquilo que diz ou revela, costuma recorrer a tais expedientes. Eles abrem a percepção de quem lê. Farei isso agora. Pensem no PCC, a mais famosa organização criminosa do Brasil, embora, eu desconfio, possa não ser a maior e esteja longe de ser a mais rica.

Imaginem agora que Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, o chefão da organização, decida que chegou a hora de participar ativamente da política. Todos conhecem as fontes de financiamento do PCC: tráfico de drogas, roubo de carga, transporte público alternativo etc.

Agora pegue-se esse dinheiro de origem criminosa para financiar candidaturas. Atenção: vou introduzir na narrativa o que chamarei de “chave para o dilema ético”. Não! Marcola não quer candidatos bandidos. Acredita que o PCC deva eleger apenas freiras dos pés descalços, beatos que defendem os direitos humanos, homens e mulheres acima de qualquer suspeita.
Pergunta-se: essa eleição está ou não está contaminada?

Agora voltemos ao dia. Executivos da Andrade Gutierrez confessaram, em delação premiada, que a empreiteira pagou ilegalmente dívidas da campanha de Dilma Rousseff em 2010. Segundo a confissão, celebrou-se um contrato fictício com a agência Pepper — que trabalhava para a candidatura —, e, por esse expediente, mais de R$ 5 milhões foram parar nos cofres da companheirada. Notem: mesmíssimo método do mensalão!

Notas para compor o quadro: 1) a Andrade Gutierrez é a principal acionista da Oi, aquela que pôs a antena perto do sítio que Lula diz ter ganhado “de presente” de um sindicalista. E a Oi é a sucedânea da Telemar, aquela que se tornou sócia de Lulinha na Gamecorp. 2) Em 2010, a campanha de Dilma foi comandada pelo trio Antonio Palocci, José Eduardo Dutra (já morto) e José Eduardo Cardozo, o novo Advogado-Geral da União. Sigamos na comparação que instrui moralmente.

Venham cá: faz assim tanta diferença se quem financia as campanhas eleitorais é o PCC ou um partido especializado em arrecadar dinheiro ilegal junto a empresas que operam serviços públicos? Digam-me: as freirinhas que fossem eleitas com dinheiro do PCC seriam diferentes de Dilma, que teve a campanha financiada por dinheiro ilegal amealhado pelo PT? Vocês acham o quê?

E, ora vejam, esse dinheiro de campanha é apenas expressão mínima de um método, não? A Andrade Gutierrez fez um acordo de delação premida com multa de R$ 1 bilhão. Os executivos delatores relataram irregularidades nas obras da Hidrelétrica de Belo Monte, na usina nuclear de Angra 3, na Petrobras e em três estádios da Copa do Mundo: Arena Amazonas, Maracanã e Mané Garrincha, em Brasília.

Do ponto de vista eleitoral, nada mais pode ser feito no que diz respeito àqueles R$ 5 milhões. Não é possível cassar um mandato de Dilma que já expirou. No caso das demais obras, o sobrepreço e o pagamento de propina se deram também no curso do primeiro e do segundo mandatos de Dilma.

A interpretação obtusa do Parágrafo 4º do Artigo 86 da Constituição tem permitido que o dispositivo constitucional se torne um valhacouto. Lá está escrito:
“§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções.”

O texto integra a Constituição de 1988. A reeleição foi aprovada no país em 1997. É evidente que o que vai acima não dá ao governante de turno o direito de delinquir à vontade, bastando, para que fique impune por pelo menos mais quatro anos, que consiga se reeleger. Essa interpretação é uma piada grotesca. Até porque o indivíduo pode, como fez Dilma, cometer crimes com o intuito de se reeleger mesmo. Ou a pedalada fiscal não foi precisamente isso?

Mas voltemos
Mas volto ao ponto, caras e caros! Trata-se de saber se um país pode ou não pode ser governado por uma organização criminosa, que se move nas sombras para arrecadar dinheiro, usando para isso os instrumentos da ameaça e da chantagem.

Se pode, fiquemos à espera das freirinhas de Marcola. Já que, segundo este particular ponto de vista, não há mesmo diferença entre PCC e PT. Um trafica drogas. O outro trafica as dificuldades e os sonhos do povo brasileiro.

Fonte:  Blog do Reinaldo Azevedo